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Neurose Depressiva As seguintes características necessitam ser bem conhecidas:

AS PRINCIPAIS SÍNDROMES CLÍNICAS

5. Neurose Depressiva As seguintes características necessitam ser bem conhecidas:

a) As manifestações clínicas mais comuns de um neurótico depressivo consistem no fato de que, em um grau maior ou menor, ele apresenta um estado de desvalia, de desânimo, uma sensação de vazio, uma fácil auto-recriminação e uma forma de resignação pela obrigação de viver (ou de sobreviver). Um sentimento comum a todos os deprimidos é o de uma baixa auto-estima. Uma neurose depressiva pode se apresentar de uma forma cronificada, ou sob a modalidade de agudizações intermiten­ tes. É importante que o terapeuta tenha bem claro o diagnóstico clínico do quadro depressivo, especialmente no que tange à possibilidade de que a depressão possa estar sendo de natureza endógena, em cujo caso o uso associado de uma medicação antidepressiva é de comprovada utilidade.

b) Muitas vezes, o estado depressivo não se manifesta claramente no plano afetivo, e nem mesmo por um humor de tristeza, sendo que os sintomas tipicos são substituídos e ficam mascarados por outros equivalentes, como, por exemplo, alguns rasgos de fuga maniaca, alguma forma de adicção, por somatizações, bem como por uma conduta de natureza masoquista, que pode atingir um nível de risco de uma autodestruição. c) A história genético-dinâmica costuma evidenciar que a mãe desse pa­

ciente deprimido também foi uma pessoa depressiva, que não conse­ guiu funcionar como um adequado continente que pudesse conter as angústias e a agressão de seu filho. Da mesma forma, na história de um paciente deprimido sempre há a vivência de importantes perdas, reais ou fantasiadas.

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d) A depressão pode se instalar no indivíduo devido a um forte abalo nar­ cisista, isto é, quando ele não preenche as expectativas de seu ego ideal (a imagem de perfeição que ele tem de si próprio) e as do ideal do ego (as expectativas grandiosas que ele acredita que os outros, representantes dos seus pais, esperam dele)

e) Outro aspecto a considerar é que a pessoa deprimida possa estar aufe­ rindo um ganho secundário dessa gua condição, a partir de sua crença de que a dor, o sofrimento e o seu infortúnio representam um passapor­ te que lhe reassegure a atenção e o afeto dos outros.

f) No curso das psicoterapias, o paciente deprimido representa uma cons­ tante fonte de preocupações para o terapeuta, quer pela carga ansiogê- nica do afeto depressivo e nihilista, quer pelos riscos masoquistas, e até suicidas, que parecem sempre iminentes. A sensação contratransferen- cial pode ser o de uma sensação de impotência, e dai o risco de que o terapeuta fique identificado com a depressão de seu paciente.

II. PSICOSES

O que define a situação psicótica de um indivíduo é o fato de que, em algum grau de intensidade, ele está rompido com a realidade. Este último aspecto tem um tão largo espectro de possibilidades que justifica a utilização de um esquema simplificador, em três categorias: Condições Psicóticas; Estados Psicóticos e Psi­ coses propriamente ditas.

•a) As condições psicóticas dizem respeito à presença de intensos núcleos psicóticos (corresponde ao que Bion denomina de “parte psicótica da personalidade”, a qual, em estado latente e em grau moderado, faz parte do mundo interno de qualquer pessoa) que estão subjacentes a certas neuroses, como, por exemplo, as obsessivas, fóbicas ou histéricas gra­ ves. Os indivíduos portadores dessas condições psicóticas não eviden­ ciam com nitidez uma ruptura com a realidade, no entanto, eles são potencialmente vulneráveis a essa possibilidade, tendo em vista que eles apresentam um elevado grau de ansiedade, que está contida pela sua organização defensiva adaptativa.

b) Os estados psicóticos designam os pacientes que, sem serem franca­ mente psicóticos, apresentam um relevante nível de regressividade. Es­ te tipo de psicotismo aparece na clínica nos estados borderline, em personalidades demasiadamente paranóides ou narcisistas, em perver­ sões, psicopatias, drogadições, hipocondrias graves, etc. Do ponto de vista psicanalítico, eles podem ser enquadrados como “pacientes difí­ ceis”. termo que está em voga.

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c) As psicoses propriamente ditasindicam que o juízo crítico e o senso de realidade do indivíduo estão seriamente prejudicados. Em linhas muito gerais, estas psicoses compreendem três tipos: esquizofrenias, psicoses afetivas (também conhecidas como “psicoses maníaco-depressivas”) e psicoses orgânicas.

d) As esquizofrenias,por sua vez, também apresentam um vasto elastério de tipo, grau e natureza da doença. O termo “esquizofrenia” tanto pode designar uma florida reação psicótica aguda (a qual, se bem manejada, pode ser de um excelente prognóstico, inclusive o de uma plena recupe­ ração e preservação da personalidade sadia), como pode indicar um processo insidioso e sem sintomas ruidosos, mas que podem ser irrever­ síveis e de péssimo prognóstico.

e) As psicoses afetivas,clinicamente, podem ser unipolares (os surtos psi­ cóticos são unicamente de natureza depressiva ou maníaca) ou bipola- res (há uma alternância entre as duas formas). A forma maníaca (ou hipomaníaca em que os sintomas nem sempre são claramente percebi­ dos pelos outros) se apóia no clássico tripé: controle, triunfo e desprezo, sendo que, além disso, há uma intensa instabilidade afetiva e uma aceleração do pensamento e da conduta. A forma depressiva, pelo con­ trário, manifesta-se por uma lentidão e um aplastamento geral, sendo que a auto-estima cai a um grau zero, o que representa um sério risco de suicídio. As psicoses afetivas têm uma nítida etiologia endógena, de natureza constitucional hereditária, e costumam responder bem a um plano terapêutico que combine os recursos da psicoterapia (a de grupo, tem se mostrado ser excelente para estes pacientes), com os modernos psicofármacos, como os antidepressivos e os produtos com sais de lítio. f) As psicoses orgânicassão aquelas que podem resultar de traumatismos

cranianos, assim como de acidentes vasculares cerebrais, ou de doen­ ças como a sífilis, ou as degenerativas do tipo arteriosclerose cerebral, doença de Alzeimer, senilidade, etc.

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