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nice pretensamente científicaácomo segredo recém-descoberto do socialismo Essa

redução do valor das mercadorias a seu preço de custo constitui, de fato, a base de seu Banco Popular. Foi' demonstrado anteriormente que os diferentes elementos de valor do produto podem ser representados em partes proporcionais do próprio

produto. Se, por exemplb Livro Primeiro, cap. Vll, 2, p. 211/203!,5` o valor de 20 libras de fio ascende Q 30 xelins - a saber, 24 xelins de meios de produção, 3

xelins de força de trabalHo e 3 xelins de mais-valia -, então essa mais-valia é represen- tável em 1/ 10 do produto = 2 libras de fio. Se, no entanto, as 20 libras de fio são vendidas por seu preço de custo, 27 xelins, então o comprador recebe 2 libras de fio gratuitamente ou a mercadoria foi vendida por 1/10 abaixo de seu valor; mas o trabalhador, depois como antes, efetuou seu mais-trabalho, só que para o compra- dor do fio, em vez de para o produtor capitalista de fio. Seria totalmente falso pressu- por que, se todas as mercadorias fossem vendidas por seus preços de custo, o resultado seria de fato o mesmo que se todas fossem vendidas acima de seus preços de custo, por seus valores. Pois mesmo se valor da força de trabalho, duração da jornada de trabalho e grau de exploração do trabalho fossem equalizados em todos os lugares, mesmo assim as massas de mais-valia contidas nos valores das diferentes espécies de mercadorias seriam completamente desiguais, conforme a diferente composição orgânica dos capitais adiantados para sua produção.8

8 As massas de valor e de mais-valia produzidas por diferentes capitais estão, com dado valor da força de trabalho e igual grau de exploração da mesma, em razão direta às grandezas dos componentes variáveis desses capitais, isto é, de seus componentes transformados em força de trabalho viva. Livro Primeiro, cap. lX, p. 312/303.°!

° Ver O Capital. Op. cit., v. l, t. 1. p. 241.

4' Em janeiro de 1849, Proudhon instituiu um Banco Popular. Deveria servir ã troca direta dos produtos dos pequenos produtores e colocar crédito sem juros ã disposição dos trabalhadores. Esse banco, com cuja ajuda Proudhon esperava realizar uma reforma social, faliu dois meses depois de fundado. Uma detalhada análise crítica dos pontos de vista de Proudhon é apresentada por Marx em sua obra A Miséria da Filosofia.

CAPÍTULO ll

A Taxa de Lucro

A fórmula geral do capital é D - M - D', isto é, uma soma de dinheiro é

lançada na circulação, para se retirar dela uma soma de valor maior. O processo que gera essa soma de valor maior é a produção capitalista; o processo que a realiza é a circulação do capital. O capitalista não produz a mercadoria por ela mesma, não por seu valor de uso ou para seu consumo pessoal. O produto que efetivamen- te interessa para o capitalista não é o próprio produto palpável, mas o excedente de valor do produto sobre o valor do capital nele consumido. O capitalista adianta o capital global sem levar em conta os diferentes papéis que seus componentes de- sempenham na produção de mais-valia. Ele adianta todos esses componentes por igual não só para reproduzir o capital adiantado, mas para produzir um excedente de valor sobre o mesmo. Ele só pode transformar o valor do capital variável, que adianta, num valor mais alto mediante sua troca por .trabalho vivo, mediante explo- ração de trabalho vivo. Mas ele só pode explorar o trabalho ao adiantar, ao mesmo tempo, as condições para a realização desse trabalho: meios de trabalho e objeto de trabalho, maquinaria e matéria-prima, ou seja, ao transformar uma soma de va- lor em sua posse na forma de condições de produção; pois ele somente é capitalista ao todo, só pode empreender ao todo o processo de exploração do trabalho por- que confronta, como proprietário das condições de trabalho, o trabalhador, como mero possuidor da força de trabalho. Já se mostrou anteriormente, no Livro Primei- ro,1' que é exatamente a posse desses meios de produção pelos não-trabalhadores que transforma os trabalhadores em assalariados e os não-trabalhadores em capita-

listas.

Ao capitalista é indiferente considerar a questão como se ele adiantasse o capi- tal constante para extrair lucro do capital variável, ou se adiantasse o capital variável para valorizar o capital constante; como se gastasse dinheiro em salários para dar um valor mais alto a máquinas e matérias-primas, ou se adiantasse o dinheiro em maquinaria e matérias-primas para poder explorar o trabalho. Embora só a parte variável do capital produza mais-valia, só a produz se também as outras partes fo- rem adiantadas, as condições de produção do trabalho. Como o capitalista só pode explorar o trabalho por meio de adiantamento do capital constante, e como ele só pode valorizar o capital constante mediante adiantamento do variável, ambos coin-

I' O Capital. Op. cit., v. l, t. 1, p. 140; t. 2, p. 261-262.

34 TRANSFORMAÇÃO DA MAIS-VALIA E DA TAXA DE MAIS-VALIA EM TAXA DE LUCRO

cidem por igual em sua imaginação e isso tanto mais quanto o verdadeiro grau de seu lucro não for determinado pela relação com o capital variável, mas com o capi- tal global, não pela taxa de mais-valia, mas pela taxa de lucro, que, como veremos, pode permanecer a mesma e no entanto expressar diferentes taxas de mais-valia. Aos custos do produto pertencem todos os seus componentes de valor, que o capitalista pagou ou para os quais ele lançou um equivalente na produção. Esses custos precisam ser repostos para que o capital simplesmente se mantenha ou se produza em sua grandeza original.

O valor contido na mercadoria é igual ao tempo de trabalho que custa sua pro-

dução, e a soma desse trabalho consiste em trabalho pago e não-pago. Para o capi-

talista, pelo contrário, os custos da mercadoria consistem só na parte do trabalho objetivado nela, que ele pagou. O mais-trabalho contido na mercadoria não custa nada ao capitalista, embora custe, tanto quanto o pago, trabalho ao trabalhador e embora, tanto quanto aquele, gere valor e entre na mercadoria como elemento for- mador de valor. O lucro do capitalista provém de que ele tem algo para vender que não pagou. A mais-valia, respectivamente o lucro, consiste exatamente no exceden- te do valor-mercadoria sobre seu preço de custo, isto é, no excedente da soma glo- bal de trabalho contido na mercadoria sobre a soma de trabalho pago contida nela. A mais-valia, qualquer que seja sua origem, é, de acordo com isso, um excedente sobre o capital global adiantado. Esse excedente está, portanto, numa relação com

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