• Nenhum resultado encontrado

Num distrito onde se empregava algodão egípcio misturado com o das Índias

Orientais:

O salário médio dos fiandeiros que trabalhavam com a mule era, em 1860, de 18 a 25 xelins, e agora é de 10 a 18 xelins. Isso não se deve exclusivamente à pior qualida- de do algodão, mas também ã velocidade reduzida da mule, a fim de dar ao fio uma torção mais forte, pelo que em tempos normais se faria pagamento extra de acordo com a tarifa de salários. p. 43-44, 45-50.! Embora o algodão das lndias Orientais possa ter sido processado, aqui e acolá, com lucro para o fabricante, vemos que os trabalhado- res são prejudicados com ele ver lista de salários, p. 53! em comparação com o ano de 1861. Se se consolidar o emprego de Surat, os trabalhadores exigirão a mesma re- muneração de 1861; mas isso afetaria seriamente o lucro do fabricante, caso não fosse compensado pelo preço, seja do algodão, seja dos produtos fabricados. p. 105.!

Aluguel de casas.

Os aluguéis dos trabalhadores, se os cottages por eles habitados pertencem ao fabri- cante, são por estes freqüentemente deduzidos dos salários, mesmo quando se trabalha em jomada reduzida. Apesar disso caiu o valor dessas propriedades, e casinholas se conseguem hoje 25 a 50% mais baratas que antes; um cottage que custava antes 3 xelins e 6 pence por semana, consegue-se hoje por 2 xelins e 4 pence e, às vezes, até por menos. p. 57.!

20' Torcedor. N. dos T.! 21' Dobadeiro. N. dos T.!

104 TRANSFORMAÇÃO DA MAIS-VALIA E DA TAXA DE MAIS-VALIA EM TAXA DE LUCRO

Emigração. Os fabricantes eram naturalmente contra a emigração dos trabalha- dores porque eles,

na espera de melhores tempos para a indústria algodoeira, queriam manter à mão os meios para explorar suas fábricas de maneira mais vantajosa. Por outro lado, vários fabricantes são proprietários das casas em que moram os trabalhadores por eles empre- gados, e pelo menos alguns deles contam como absolutamente certo receber mais tarde parte dos aluguéis vencidos, que não foram pagos. p. 96.!

O Sr. Bernall Osborne, num discurso a seus eleitores ao Parlamento, em 22 de

outubro de 1864, disse que os trabalhadores de Lancashire se comportaram como os antigos filósofos os estóicos!. Ou como ovelhas?

CAPÍTULO VII

Observações Suplementares

Suponhamos, conforme admitido nesta seção, que a massa de lucro apropria-

da em cada esfera particular da produção seja igual ã soma da mais-valia produzida pelo capital total investido nessa esfera. Mesmo assim, o burguês não identificaria o lucro com a mais-valia, isto é, com o mais-trabalho não-pago, e certamente pelas

seguintes razões:

1! No processo de circulação ele esquece o processo de produção. A realização do valor das mercadorias - que implica a realização de sua mais-valia - equivale para ele à feitura dessa mais-valia. {Uma lacuna deixada no manuscrito indica que Marx pretendia desenvolver esse ponto mais detalhadamente. - F. E.}

2! Suposto o mesmo grau de exploração do trabalho, mostrou-se que, abstrain- do todas as modificações trazidas pelo sistema de crédito, todos os golpes aplicados e fraudes recíprocos entre os capitalistas e ainda a escolha favorável do mercado, a taxa de lucro pode ser muito diferente, conforme a matéria-prima seja adquirida

mais ou menos barata, com maior ou menor conhecimento de causa; conforme a

maquinaria empregada seja produtiva, adequada e barata; conforme a organização global das diversas etapas do processo de produção seja mais ou menos perfeita, o desperdício de material seja eliminado, a direção e supervisão sejam simples e eficazes etc. Em suma, dada a mais-valia para determinado capital variável, depen- de ainda muito da habilidade empresarial individual, seja do próprio capitalista, seja de seus superintendentes e vendedores, se essa mesma mais-valia se expressa nu- ma taxa de lucro maior ou menor, e, portanto, se fornece uma massa de lucro maior ou menor. Suponhamos que a mesma mais-valia de 1 OOO libras esterlinas, produ- to de 1 OOO libras esterlinas em salários, esteja relacionada na empresa A com capi- tal constante de 9 OOO libras esterlinas e na outra empresa, B, de 11 OOO libras es-

terlinas. No caso A temos I' = %% §!- = 10%. No caso B, I' = Í

=

= 8 1/3°/6. O capital global produz em A relativamente mais lucro que em B, pois em A a taxa de lucro é mais alta que em B, embora em ambos os casos o capital

variável adiantado = 1 OOO e a mais-valia dele extraída também = 1 OOO, haven-

do, portanto, em ambos os casos o mesmo grau de exploração do mesmo número de trabalhadores. Essa diferença na representação da mesma massa de mais-valia,

106 TRANSFORMAÇÃO DA MAis-vAL1A E DA TAXA DE MAis-vALiA EM TAXA DE LUCRO

ou a diversidade das taxas de lucro e, portanto, dos próprios lucros, com igual ex- ploração do trabalho, pode provir ainda de outras causas; mas pode decorrer tam- bém única e exclusivamente da diferença na habilidade empresarial com que se dirigem os dois negócios. E essa circunstância leva O capitalista a acreditar - convence-O - que seu lucro é devido não à exploração do trabalho, mas pelo menos parcial- mente a outras condições, independentes dela, a saber, à sua ação individual.

DO que expomos nesta Seção I segue que é errônea a concepção de Rodber- tus' segundo a qual diferentemente do caso da renda fundiária, em que, por exemplo, a superfície do solo permanece a mesma, enquanto a renda cresce! uma mudança na grandeza do capital não influi na proporção entre lucro e capital, nem, portanto, na taxa. de lucro, pois quando cresce a massa de lucro, cresce também a massa do capital, sobre a qual ela é calculada e vice-versa.

lsso só é verdadeiro em dois casos. Primeiro, quando as demais circunstâncias, e precisamente a taxa de mais-valia, são supostas constantes, ocorre uma mudança no valor da mercadoria que é a mercadoria-dinheiro. O mesmo se dá no caso de uma mudança apenas nominal de valor, alta ou baixa do signo de valor, com as demais circunstâncias constantes.! Seja O capital global = 100 libras esterlinas e O lucro = 20 libras esterlinas, sendo, portanto, a taxa de lucro = 20%. Se O ouro cair ou subir2' 100%, no primeiro caso O mesmo capital que antes valia 100 libras

esterlinas valerá 200 libras e O lucro terá um valor de 40 libras esterlinas, isto é,

representar-se-á nessa expressão monetária, em vez de 20 libras esterlinas como antes. No segundo caso, O capital cai a um valor de 50 libras esterlinas, e O lucro se re- presenta num produto no valor de 10 libras esterlinas. Mas, em ambos os casos,

200 : 40 = 50 : 10 = 100 : 20 = 20%. Em todos esses casos, entretanto, não

ocorreria uma mudança de grandeza do valor-capital, mas apenas na expressão mo- netária do mesmo valor e da mesma mais-valia. Assim, não poderia ser afetado m/C,

nem a taxa de lucro.

O outro caso é quando uma mudança real de grandeza do valor tem lugar, mas essa mudança de grandeza não é acompanhada por mudança na proporção de U : c, isto é, sendo constante a taxa de mais-valia, a proporção entre O capital gasto em força de trabalho O capital variável considerado como índice da força de trabalho posta em movimento! e O capital gasto em meios de produção permanece a mes- ma. Nessas circunstâncias, tenhamos C ou nC ou C/n, por exemplo, 1 000 ou 2 000 ou 500, O lucro, sendo a taxa de lucro de 20%, será no primeiro caso = 200, no

segundo = 400, no terceiro = 100; mas %% = =

-% = 20%.

Quer dizer, a taxa de lucro permanece aqui invariável porque a composição do ca- pital continua a mesma e não é atingida pela mudança de sua grandeza. Acréscimo ou decréscimo da massa de lucro indica aqui, portanto, apenas acréscimo ou de- créscimo na grandeza do capital empregado.

No primeiro caso há uma mudança apenas aparente na grandeza do capital em-

pregado; no segundo ocorre uma mudança real de grandeza mas não na composi-

ção orgânica do capital, na proporção entre sua parte variável e sua parte constante. Mas, excetuados esses dois casos, a mudança de grandeza do capital empregado

1° RODBERTUS-JAGETZOW. Sociale Brie’e an von Kirchmann. Dritter Brief: Widerlegung der Ricardo'schen Lehre von der Grundrente und Begründung einer neuen Rententheorie. Berlim. 1851. p. 125. Marx faz detalhada análise crítica da teoria da taxa de lucro de Rodbertus em Theorien über den Mehrwert. N. da Ed. Alemã.!

2' Se O ouro cair... 100%..." é um cochilo de Marx. pois algo que cai 100% perde totalmente seu valor e nenhum valor real poderia representar-se em ouro. Pelo que segue, O que Marx tinham em mente era: Se O ouro cair 50% ou subir

OBSERVAÇÕES SUPLEMENTARES 107

é conseqüência de uma mudança precedente de valor de um de seus componentes e, por isso à medida que não varie, juntamente com o capital variável, a própria mais-valia!, de uma mudança na grandeza relativa de seus componentes; ou essa mudança da grandeza como no caso de trabalhos em grande escala, introdução de nova maquinaria etc.! é a causa de uma mudança na grandeza relativa de ambos os seus componentes orgânicos. Em todos esses casos, com as demais circunstân- cias constantes, a mudança de grandeza do capital empregado tem de ser acompa-

nhada, portanto, por uma mudança simultânea da taxa de lucro.

A elevação da taxa de lucro provém, portanto, sempre de um aumento relativo ou absoluto da mais-valia, em relação a seus custos de produção, isto é, ao capital global adiantado, ou de uma diminuição da diferença entre taxa de lucro e taxa de

mais-valia.

Oscilações na taxa de lucro, independentes de mudanças nos componentes or- gânicos do capital ou da grandeza absoluta do capital, são possibilitadas pelo fato de que o valor do capital adiantado, qualquer que seja a forma, como capital fixo ou circulante, em que existe, sobe ou cai em conseqüência de um acréscimo ou decréscimo, independente do capital já existente, do tempo de trabalho necessário a sua reprodução. O valor de cada mercadoria - e portanto também das mercado- rias em que consiste o capital - é determinado não pelo tempo de trabalho neces- sário contido nela mesma, mas pelo tempo de trabalho socialmente necessário, exigido para sua reprodução. Essa reprodução pode suceder em circunstâncias que a difi- cultam ou que a facilitam, diferentes das condições da produção original. Se nas circunstâncias modificadas se necessita, em geral, do dobro ou da metade do tem- po para reproduzir o mesmo capital material, este, com valor constante do dinheiro, se antes valia 100 libras esterlinas valerá agora 200 libras esterlinas, respectivamente 50 libras esterlinas. Se essa alta do valor ou desvalorização atingisse todas as partes do capital do mesmo modo, também o lucro expressar-se-ia, correspon.dentemente, no dobro ou na metade da soma de dinheiro. Se, entretanto, ela implica uma altera- ção na composição orgânica do capital, aumentando ou diminuindo a relação da parte de capital variável com a constante, a taxa de lucro, com as demais circunstân-

cias constantes_, aumentará ao aumentar relativamente e diminuirá ao diminuir rela-

tivamente o capital variável. Se apenas o valor monetário do capital adiantado sobe ou cai em virtude de uma mudança de valor do dinheiro!, subirá ou cairá na mes- ma proporção a expressão monetária da mais-valia. A taxa de lucro permanece in-

SEÇÃO II

CAPÍTULO VIII

Composição Diferente dos Capitais em Diversos Ramos da Produção e a Diferença Resultante Disso nas Taxas de Lucro

Na seção precedente demonstrou-se, entre outras coisas, como, com taxa de

mais-valia constante, a taxa de lucro pode variar, subir ou cair. Neste capítulo supõe-se pois que o grau de exploração do trabalho e, portanto, a taxa de mais-valia e a du- ração da jornada de trabalho, em todas as esferas da produção em que se divide o trabalho social num país dado, têm a mesma grandeza, o mesmo nivel. Quanto às muitas diferenças na exploração do trabalho em diversas esferas da produção, Adam Smith já demonstrou detalhadamente que elas se compensam por vários motivos reais ou aceitos pelo preconceito, e, por isso, como diferenças apenas apa- rentes e efêmeras, não entram em conta na investigação das condições gerais. Ou- tras diferenças, por exemplo no nível do salário, baseiam-se em grande parte na diferença entre trabalho simples e complexo, já mencionada no começo do Livro Primeiro, p. 19,2` e, ainda que tornem bem desigual a sorte dos trabalhadores nas diversas esferas da produção, não atingem de modo algum o grau de exploração do trabalho nessas diversas esferas. Se, por exemplo, o trabalho de um ourives se paga mais caro que o de um jornaleiro, então o mais-trabalho do ourives produz, na mesma proporção, mais-valia maior que a do jornaleiro. E se a equalização dos salários e das jornadas de trabalho, e, por conseguinte, da taxa de mais-valia, entre as diversas esferas da produção e mesmo entre os diversos investimentos de capital na mesma esfera da produção for impedida por variados obstáculos locais, ainda assim ela se realiza mais e mais com o progresso da produção capitalista e com a subordinação de todas as condições econômicas a este modo de produção. Por im- portante que seja o estudo dessas fricções para qualquer trabalho especial sobre o salário, na investigação geral da produção capitalista elas devem ser negligenciadas como fortuitas e não-essenciais. Em tal investigação geral supõe-se sobretudo sem- pre que as condições reais correspondam a seu conceito, ou, o que é 0 mesmo, as condições reais só são representadas na medida em que expressam seu próprio tipo geral.

A diferença entre as taxas de mais-valia dos diversos países e, portanto, no grau nacional de exploração do trabalho, para a presente investigação é totalmente indi-

l' SMITH. A. An lnquiry into the Nature and Causes o’ the Wealth of Nations. Livro Primeiro. cap. 10: Of wages and profit in the different employments of labour and stock`. N. da Ed. Alemã.!

2° O Capital. Op. cit. v. l. t. 1. p. 51-52.

112 A TRANSFORMAÇÃO DO LUCRO EM LUCRO MEDIO

ferente. O que queremos expor nesta seção é justamente a maneira como se esta- belece uma taxa de lucro geral dentro de um país. E claro, entretanto, que, na comparação das diversas taxas nacionais de lucro, só se precisa conjugar o desen- volvido antes com o que será desenvolvido aqui. Primeiro considere-se a diversida- de das taxas nacionais de mais-valia, e depois compare-se, com base nessas taxas

de mais-valia dadas, a diversidade das taxas nacionais de lucro. Na medida em que sua diversidade não resulta da diversidade das taxas nacionais de mais-valia, ela de-

ve ser causada por circunstâncias em que a mais-valia é suposta, como na investiga- ção neste capitulo, por toda parte, como igual, constante.

No capítulo anterior mostrou-se que, suposta constante a taxa de mais-valia,

a taxa de lucro, que determinado capital proporciona, pode subir ou cair em conse-

qüência de circunstâncias que aumentam ou diminuem o valor desta ou daquela parte do capital constante, e assim afetam a relação entre os componentes constan- tes e variáveis do capital. Observou-se ainda que as circunstâncias, que prolongam ou reduzem o periodo de rotação de um capital, podem afetar de maneira seme-

lhante a taxa de lucro. Como a massa de lucro é idêntica à massa de mais-valia,

à própria mais-valia, mostrou-se também que a massa de lucro - em contraste com a taxa de lucro - não é atingida pelas oscilações de valor mencionadas. Estas mo- dificam apenas a taxa em que se expressa uma mais-valia dada e, portanto, um lu- cro de grandeza dada, isto é, modificam sua grandeza relativa, sua grandeza comparada com a grandeza do capital adiantado. A medida que, em conseqüência daquelas oscilações de valor, ocorria vinculação ou liberação de capital, podia ser afetada, por essa via indireta, não apenas a taxa de lucro, mas o próprio lucro. Entretanto, isso só valia para o capital já engajado, e não para o investimento novo de capital; e além disso, o aumento ou diminuição do próprio lucro dependia sempre da medi- da em que, em conseqüência daquelas oscilações de valor, se podia, com o mesmo capital, pôr em movimento mais ou menos trabalho, portanto com o mesmo capital - com taxa de mais-valia constante - podia ser produzida uma massa maior ou menor de mais-valia.. Bem longe de contradizer a lei geral ou constituir uma exce- ção dela, essa aparente exceção era, na realidade, apenas um caso particular de aplicação dessa lei geral.

Quando na seção anterior se mostrou que, com grau constante de exploração do trabalho, com mudanças de valor dos componentes do capital constante e igual- mente com mudança no período de rotação do capital, a taxa de lucro se alterou, então segue disso, por si mesmo, que as taxas de lucro de diversas esferas da pro- dução, existentes simultaneamente uma ao lado da outra, serão diferentes se, com as demais circunstâncias constantes, o período de rotação dos capitais empregados for diferente ou se a relação de valor entre os componentes orgânicos desses capi- tais, nas diversas esferas da produção, for diferente. O que antes considerávamos como mudanças ocorridas sucessivamente no tempo com o mesmo capital, passa- mos a considerar agora como diferenças simultâneas entre investimentos de capital existentes paralelamente em diversas esferas da produção.

Por conseguinte, teremos de investigar: 1! as diferenças na composição orgâni- ca dos capitais; 2! as diferenças em seus períodos de rotação.

O pressuposto em toda essa investigação é obviamente que, ao falar de com- posição ou rotação do capital em determinado ramo da produção, nos referimos sempre ã proporção normal média do capital investido nesse ramo da produção, tratando-se em geral da média do capital global investido na esfera determinada e não das diferenças fortuitas entre os capitais individuais investidos nessa esfera.

Como além disso se pressupõe que a taxa de mais-valia e a jornada de trabalho sejam constantes, e como esse pressuposto implica também a constância do salário, então certo quantum de capital vanável expressa certo quantum de força de traba- lho posta em movimento e, por conseguinte, determinado quantum de trabalho que

COMPOSIÇÃO DIFERENTE DOS CAPITAIS EM DIVERSOS RAMOS DA PRODUÇÃO 113

se objetiva. Assim, se 100 libras esterlinas expressam o salário semanal de 100 tra-

balhadores, indicando, portanto, de fato, a força de 100 trabalhadores, então n × 100