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171Nos últimos anos, algumas ações e recursos voltados para populações específicas,

como a de usuários de drogas, tem diminuído bastante, por falta de apoio governamental.

Ainda assim, as ações da Sociedade Civil não são contempladas nas estratégias e nos relatórios nacionais; no caso do orçamento, existe uma inexistência de relação direta entre as ONG e as fontes financiadoras.

Outro aspecto a ser observado diz respeito à linha de financiamento adotada para execução do orçamento nacional no campo da seleção de projetos da Sociedade Civil voltados para a prevenção, atenção e apoio em HIV/aids. Nesse âmbito, embora haja foco no apoio às redes sociais, verificam-se: 1) priorização de algumas pautas em detrimento de outras sem consulta à Sociedade Civil; e 2) tendência à tutela das organizações brasileiras a escritórios locais de agências norte-americanas, baseados na conformação de redes sociais/temáticas para execução dos projetos financiados. Além disso, a preconização do modelo de financiamento dos projetos em rede pode pressupor uma homogeneidade na linha de atuação, inserção política e capacidade técnica gerencial das organizações, minimizando as especificidades organizacionais, locais e regionais.

Falta sensibilização do setor privado em relação à parceria com o setor comunitário.

O último edital em que o Departamento Nacional de DST, Aids e Hepatites Virais liberou recursos para a formação de redes não fortaleceu as redes já existentes e tampouco criou novas. Na verdade, funcionou como um instrumento de enfraquecimento dos organismos já existentes.

4. Em que medida a Sociedade Civil está incluída no monitoramento e avaliação (M&A) da resposta ao HIV:

a. No desenvolvimento do plano nacional de M&A?

Baixa Alta

0 1 2 3 4 5

b. Na participação no comitê/grupo de trabalho nacional responsável pela coordenação das atividades de M&A?

Baixa Alta

0 1 2 3 4 5

c. Nos esforços locais de M&A?

Baixa Alta

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Comentários e exemplos:

No âmbito federal, a participação da Sociedade Civil no Monitoramento e Avaliação está bem adiantada, deixando a desejar, entretanto, nas coordenações locais (estados e municípios). Também há pouca participação no M&A dos Planos e Ações de Metas, junto aos conselhos de saúde e junto às coordenações de DST/Aids.

As organizações da Sociedade Civil não têm estrutura para manter atividades permanentes.

No que tange ao contexto local, não há políticas de monitoramento e avaliação tanto no âmbito municipal quanto estadual. Assim sendo, a participação da Sociedade Civil resume-se ao parecer do Plano de Ações e Metas Estadual emitido pelo Conselho Estadual de Saúde. Nos poucos espaços de monitoramento e avaliação, as proposições da Sociedade Civil não são acatadas pelos órgãos governamentais. A Sociedade Civil trabalha junto aos conselhos e comissões esforçando-se para avaliar as políticas públicas vigentes. No entanto, não existem dados qualitativos que sirvam de base para avaliar e monitorar o impacto das políticas locais no enfrentamento da epidemia.

O M&A ainda é um desafio para a Sociedade Civil e o setor governamental. Embora exista a idéia da importância desta atividade, poucas ações são implementadas em parceria com a Sociedade Civil.

O Estado conta com diversos sistemas de coleta de dados e monitoramento nas suas diferentes ações, nem todos compatíveis entre si, ou com cobertura e periodicidade semelhantes. Isso dificulta o trabalho da Sociedade Civil, que muitas vezes não consegue obter e analisar com propriedade as informações necessárias para sugerir aos gestores locais ações mais efetivas no enfrentamento da epidemia. É necessário um esforço contínuo, por parte do governo, no sentido de apoiar a Sociedade Civil para um melhor desempenho das suas ações de controle social, visando, inclusive, aprimorar a sua contribuição nos espaços formais já existentes de participação comunitária, em especial os conselhos de saúde (municipal, estadual e nacional).

A irregularidade nos repasses dos recursos do Plano de Ações e Metas de DST e Aids estadual/municipal para a Sociedade Civil (10%), ou de editais do Departamento Nacional de DST, Aids e Hepatites Virais, deixa um hiato muito grande nas ações, posto que, não havendo repasse de recursos à Sociedade Civil, não há como executar suas atividades.

5. Em que medida a diversidade da Sociedade Civil está representada na participação nos esforços em HIV/Aids (ex.: redes de pessoas vivendo com HIV, organizações de profissionais do sexo, organizações religiosas)?

Baixa Alta

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Comentários e exemplos:

No nível federal existem várias comissões onde se concentram esforços para o combate à epidemia com a participação da Sociedade Civil em sua diversidade. Porém, nos níveis locais (estados e municípios), essa participação varia de acordo com a política atual dos governos que, em muitos casos, impedem a participação da Sociedade Civil.

6. Em que medida a Sociedade Civil pode acessar:

a. apoio financeiro adequado para implementar suas ações em HIV?

Baixa Alta

0 1 2 3 4 5

b. apoio técnico adequado para implementar suas ações em HIV?

Baixa Alta

0 1 2 3 4 5

7. Que porcentagem dos seguintes programas e serviços em HIV e aids estima-se que sejam prestados pela Sociedade Civil?

Prevenção para os jovens <25% Prevenção populações sob maior risco

- UDI <25%

- HSH 25-50%

- Profissionais do sexo 25-50%

Aconselhamento e testagem <25% Redução do estigma e da discriminação >75% Serviços clínicos (IO/TARV)* <25% Atenção domiciliar terapêutica <25%

Programas para as OCV** <25%

* IO: Infecções oportunistas/TARV: terapia antirretroviral ** OCV: Órfãos e outras crianças vulneráveis

OBS. Devem ser incluídas neste quesito as pessoas afetadas pela coinfecção TB/HIV, que são altamente vulneráveis.

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Em geral, como você avaliaria o esforço para aumentar a participação da Sociedade Civil em 2009?

2009 Ruim Excelente

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Quais foram os principais avanços alcançados desde 2007 nessa área:

Participação nas consultas públicas e na discussão dos planos de enfrentamento da aids para segmentos vulneráveis específicos.

Na verdade, o que houve foi um esforço por parte da Sociedade Civil para manter-se nos espaços de participação e controle social. Mas não houve avanços significativos nos níveis locais, inclusive para o adequado financiamento das ações da Sociedade Civil.

Para 2010, existe a proposta de aumentar a participação do movimento de Pessoas Vivendo com HIV e Aids na CNAIDS. Haverá a inclusão do movimento de mulheres e jovens, além da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids.

Quais desafios permanecem nessa área?

Há escassez de novas lideranças na Sociedade Civil, sendo necessário ter em mente a formação dessas lideranças. Além disso, os espaços existentes de controle e participação social são consultivos e, não necessariamente, absorvem e/ou incorporam as contribuições da Sociedade Civil. É necessário avançar para que a tomada de decisão se processe de maneira democrática, fazendo uma ponderação entre os anseios do governo e os da Sociedade Civil.

Outro desafio apontado é o financiamento das ações e qualificação técnica da Sociedade Civil para implementação de suas ações. Foi enfatizado pelas organizações que as ações da Sociedade Civil não visam a substituir os serviços que são dever do Estado. As linhas de financiamento para a Sociedade Civil precisam ser mais constantes, menos burocratizadas e não sofrer interrupções. No último monitoramento feito pelos membros da CAMS, foi constatado que a maioria dos estados está com mais de um ano de atraso no repasse dos 10% do Plano de Ações e Metas para as Organizações da Sociedade Civil. Há estados no país em que esse tempo chega a três anos. Há outros onde a burocracia é intensa, como o estado de Goiás, onde a legislação exige que todo e qualquer convênio, por menor que seja, seja aprovado pela Assembléia Legislativa. Isso dificulta sobremaneira o repasse às ONG.

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