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O novo pensamento clama por um só rosto e uma só fé

No documento Timor-Leste, outro rosto da história (páginas 116-125)

Em consciência apercebe-se que, com a resistência timorense era impossível à Indonésia reconhecer o direito reivindicado e retirar-se de Timor-Leste. Quer dizer isto, não se tratar da questão de matar mais timorenses, diariamente, só que os países de peso político internacionalmente fecharam os ouvidos e nem sequer levantavam a questão de Timor-Leste nas Nações Unidas quando Portugal reivindicava constantemente o direito a autodeterminação e independência junto daquela instituição. E no local, pelos vistos, a voz do bispo ultrapassava de um político, mas em circunstâncias como vivera, surgia também o receio de o prelado ser assassinado à semelhança do Óscar Romero, arcebispo, de São Salvador 259.

Desde a Indonésia ocupou Timor-Leste repetiu vezes críticas:

«A população era muito atrasada. Era muito estúpida (...) Foi a Indonésia que teve de ensinar tudo, de dirigir, de empurrar para o desenvolvimento, construir estradas e casas com andares (...)

A Igreja católica não se rege pelos ensinamentos de Cristo, pelo contrário rege- se segundo a ideologia marxista-leninista por causa da denominação da

FRETILIN, é precisamente isso que a Indonésia veio endireitar».

Face a estes oradores os estudantes viam-se na sua organização de juventude em oposição mais acrescida, pintaram num muro da escola católica Paulo VI a inscrição:

«Quando Timor-Leste for independente acabaremos com os lacaios de Suharto». À escola foi alvo de revista severa militar a exigir a identificação dos alunos responsáveis pela inscrição. Um dos alunos denunciado, descoberto ter caligrafia bem cuidada. O jovem Cláudio Boavida de 26 anos, levado pelos militares nunca mais ter sido visto por todos. Os comentários do “governador” segundo a Agência France- Presse que esta inscrição só podia ter sido uma provocação 260.

Os novos actos decorrentes, desde a nomeação do novo chefe eclesiástico, as autoridades indonésias o viam em silêncio. Não reagia de forma frontal junto dos oficiais responsáveis pelas torturas, fuzilamento e desaparecimentos. Acompanhou, analisou o passar de dramas, empenhado de diplomacia para chegar o que o povo queria do que se passava dia pós dia. Não suportava mais, redigiu uma declaração a ser lida em todas as igrejas do Território, em 5 de Dezembro de 1988, alegando discordar o sistema usado e condena a falsa propaganda pelo respeito dos direitos

259 Santos, José Rodrigues dos, A Ilha das Trevas, Temas e Debates, 2002, p. 157; 260 Revista, Timor-Leste 20 anos de ocupação e 20 anos de resistência, s.l. e s.d., p. 35;

humanos em Timor-Leste. No ano seguinte, dirigiu uma carta ao secretário-geral das Nações Unidas, o então Javier Perez de Cuellar. Solicitou o início do processo de descolonização através de um acto referendário para que o povo de Timor-Leste se pronuncie sobre o futuro destino. Os outros falam pelo povo, enquanto este rejeita a integração forçada 261. E em apoio desta iniciativa, uma carta dirigida pelo bispo japonês Aloisius Soma, assinada por cinco cardeais, 32 arcebispos, 77 bispos e vários outros chefes religiosos da região Ásia-Pacífico 262. Por um lado, Ximenes, era criticado por muitos políticos dizê-lo ser muito servil às autoridades indonésias.

Importa-nos perceber que o longo sofrimento imposto, em todas as suas vertentes, ainda que fosse solicitado por entidades amantes da paz junto das autoridades de Jacarta, para respeitar os direitos humanos em Timor-Leste, em resposta, a repressão elevava-se. Daqui, se vê transformado em altos contributos para que a causa timorense se convertesse numa paixão universal, e a sua vontade firme de ser livre impressionasse o universo dos homens, negado à verdade dos acontecimentos. Gerando assim um novo pensamento por um só rosto e uma só fé, constatado a partir de dentro, passando por pessoas de diferentes cores de sensibilidade política e uma visibilidade credível na quebra do silêncio internacional, como atrás referido. Ao sentir-se as novas ventilações a favor do povo mais perseguido, levam-nos a compreender o que se queria no Reajustamento Estrutural

da Resistência e Proposta de Paz, assumido após ter sido escolhido Xanana

Gusmão como novo líder da Resistência Nacional Timorense, em 1981. A sua mensagem abalou os estudantes nas universidades da Indonésia e a conquistar os apoios em secretismo na própria capital inimiga para furar o muro de granito com o mundo exterior. Endireçou as novas propostas aos líderes lá fora em coordenarem acções entre FRETILIN/UDT, em busca de uma concertação de ideias com a diplomacia portuguesa; conquistar a confiança dos países irmãos de língua oficial portuguesa para demover a dureza e o silêncio dos seus amigos a tomarem uma nova postura pela questão timorense263.

No campo de operação militar, muitos ficaram apreensivos com a morte de muitos soldados indonésios, embora não publicasse os números atingidos desde 1975, considerava uma guerra assaz prolongada, sem vitória política em vista no exterior. Acusando os seus comandantes de quererem lutar pelos altos postos, injustamente. Ao fim de 17 anos contra os independentistas apercebem-se que a integração do Timor-Leste na RI, não é uma tarefa fácil. Muitos indonésios que tiveram

261 Mattoso, José, A Dignidade, Konis Santana e a Resistência Timorense, Temas e Debates, 2005, p. 143; 262 Kohen, Arnold S., Biografia de D. Ximenes Belo por Timor, Editorial Notícias, 2002, pp. 156-158; 263 Gusmão, Xanana, Timor Leste um povo, uma pátira, Edições Colibri, 1994, pp 95-107;

corrida louca a Timor oriental por função militar, deixaram chorar filhos, viúvas e pais junto das autoridades militares, facto que as dava muitas voltas à cabeça em torno do regime indonésio.

As populações, literalmente, são silenciadas na sua própria pátria; povoações, sucos, postos e concelhos administrativos encontram-se sob controle das autoridades militares. As funções de administrador do concelho, ainda que fossem dirigidas por timorenses, mas em cooperação com os javaneses. Onde há agrupamento populacional, aí está uma secção de boinas vermelhas (nangala) ou polícias. Durante a noite faz rusgas as famílias para conferir os membros do agregado familiar, segundo o caderno de recenseamento fornecido pelo RT/RK (chefe da povoação/ajudante deste).

O tipo de organização militar e policial em destacamento e em colocações, era difícil a alguém transmitir as novidades conseguidas do exterior a outras localidades, e as bases de Resistência, quer de recortes de jornais, como por rádios, etc. A maioria por receio não acompanhava a rádio emissora em português: BBC Londres, Japão, Austrália, Lisboa..., em alta noite e as quatro a seis horas de manhã, hora local. Para desfazer a muralha de injustiça, surgiu a ideia de organizar programas de orações de Sagrada Família de casa em casa familiar, para 10 a 20 pessoas presentes, previamente comunicados aos comandantes das respectivas áreas com o apoio dos chefes locais e agentes secretos nativos; outras possibilidades se fazem, nos cemitérios quando se enterrar algum amigo falecido da mesma paróquia. O espaço mais privilegiado de tudo, é a igreja, nos domingos ou dias santos... Alguns empresários, muitas vezes convidavam uns oficiais perigosos a refeições a portuguesa com vinho porto. Durante o jantar ou o almoço, trocavam impressões de amizade, acabariam por desbobinar os planos a implementar, em breve serão conhecidos por todos até as montanhas, em clandestinidade ou fora da pátria.

Com todo o desespero que se sentia anos a fio, anunciava-se a visita do

Santo Padre, em Abril de 1989, por arcebispo Darma Atmadja, responsável de CEI.

Na base desta novidade, muitos políticos sentiam-se de medo de que a visita pontífice seria abençoar a integração de Timor-Leste na RI, e inverter o estatuto da Diocese timorense em ser dependente da CEI 264. Todo o país saberá da data de visita anunciada durante o mês de Setembro. As autoridades indónésias em Timor preocupavam-se pela preparação à chegada papal. A segurança era reforçada por novos batalhões enviados de Jacarta. A circulação e o acesso ao sítio escolhido para

264 Lima, Fernando, Timor da Guerra do Pacífico à Desanexação, Instituto Internacional Macau, 2002, pp. 301 ss;

a missa, transmitida a redução pelos agentes do intel (polícia política) a população durante as noites, para não morrer de sede e de fome durante o dia de visita. Versão por eles adoptada para os fiéis nativos não se aproximarem ocupar o espaço junto ao altar, destinar-se-ia aos indonésios civis vindos da ilha de Flores/Laran Tuka, Atambua e de Kupang, já instruídos para gritarem “viva Indonésia” após a missa. A astúcia fora conhecida por serviços de catequistas, zeladores e escuteiros e provocava reacções em muitos padres.

As notícias multiplicavam-se no seio da população e a curiosidade centrava-se nas palavras que o papa iria pronunciar, na missa... As pessoas ainda interrogavam-se umas as outras se Sua Santidade beijaria o chão quando pisar solo timorense. Por outro lado, via-se a segurança em todo o lado das zonas que constituem a cidade Díli. As conversas entre amigos em grupos são acompanhadas disfarçadamente por pessoas mal vestidas, ligadas as ABRI. Duas gigantes fotografias do Papa João Paulo II e do Presidente da RI, Soeharto, postas à beira da estrada principal, em Díli. Os carros que aí circulavam, ao aproximarem-se das fotos, reduziam a velocidade, fixavam os olhos nos retratos em segundos. Uns independentistas achavam boa ocasião ao interesse político indonésio, para consolidar os seus objectivos, na medida que indo informar os fins da visita às populações, e, mais tarde tudo lhe aconteceria ao contrário. A volta dos rumores, o bispo percebia que o papa não se alinharia em nenhuma política pró Timor-Leste ou Indonésia. Decidiu acalmar os ânimos por meio de uma carta pastoral, na qual recordava que o papa não vem para tratar da política 265.

Finalmente, no dia 12 de Outubro de 1989, é concretizada a chegada pontífice em Jarcarta. Manteve conversas com as autoridades indonésias sobre progresso do país, apelava a unidade do povo, reivindicava a justiça e o direito das minorias. No mesmo dia, cerca das quinze horas, chega no aeroporto de Comoro/Díli, acompanhado por ministro de defesa indonésia, General Leonard Benyamin Moerdani (conhecido por L.B. Moerdani), um católico convicto, incluindo altos funcionários de Jacarta. O sítio escolhido para a missa é Taci Tolu, um pouco a oeste de Díli, lugar onde os soldados massacraram centenas de timorenses durante os anos de 1980- 1983. O largo fora totalmente preenchido pelos cristãos e não fiéis; sacerdotes e freiras vindos doutras províncias da Indonésia mais próximas a juntarem-se aos locais, presentes na cerimónia presidida por Sua Santidade, João Paulo II. Em termos de panorama religioso, essa tarde de 12 de Outubro parecia induzir algo luminoso e inspirador despertavam o coração dos fiéis. Mal terminou as palavras do final, de

repente, próximo ao altar, viram-se abrir as bandeiras e panos com escritas louvando o papa e pedindo-lhe a ajuda pela independência e direitos humanos para Timor- Leste. Manifestação esta, organizada por jovens de cerca de 30: Griataram “VIVA O PAPA” e “VIVA INDEPENDÊNCIA”. Intervieram a polícia política a roupa civil e outras atacar os manifestantes desarmados, batiam-nos com varas, bastões, paus, arrastando-os aos carros. Enquanto a cena decorria, o papa olhou atentamente o sucedido mesmo à frente, e em seguida dirigia-se a sacristia com um sorriso amargo nos lábios. A comunicação social internacional e agências noticiosas que acompanharam a visita tiveram a cobertura (anexo 8). O papa, pessoalmente, ouviu muitos protestos contra a ocupação estrangeira, também não condenou abertamente a Indonésia. Há condenações, decorreriam nos bastidores em silêncio, em favor de quem é vítima pelas realidades de justiça 266.

Dias depois, os serviços secretos culparam o padre Locatelli (italiano) missionário apolítico, no Colégio Salesiano de Fatumaca/Baucau que se encontrava em Timor-Leste desde 1967. A revolta crescia nos manifestantes pelo facto de muitos pais desses jovens do Colégio, foram desaparecidos, mortos e torturados pelos soldados de Jacarta, sem culpa formada contra o Adamastor indonésio. Após o regresso do pontífice, os polícias aprisionaram mais de mil jovens, mais tarde se afirmaria no livro do professor Mattoso 267.

À tarde do dia 12 de Outubro, assim que o papa chega ao aeroposto de Díli, com o bispo Ximenes Belo num carro dirigem-se a nova catedral construída pelos indonésios. D. Carlos falou com o pontífice beijou o chão e rezou demoradamente. De seguida ouviu atentamente os sacerdotes timorenses. Em resposta parecia dar-lhes a coragem e depois desta vendo os padres mostravam-se desanuaviados.

Uma visita do género, fora negociada por enviado vaticanista, monsenhor Roberto Tocci com o Presidente Soeharto, se decorria em secretismo. O resultado residiria nos registos inacessíveis do papa, tanto que em meses antes, surgiam declarações contraditórias que causavam as atenções de figuras de relevância política 268.

Uma guerra imposta a Timor-Leste, em teoria de arrastamento por longos anos, levar-lhe-á ao esgotamento de energia e a morrer aos poucos; dificultar a produção agrícola, os seus gados foram dizimados; forçar converter os cristãos em muçulmanos – Maria por Miriam, Arnaldo por Abdul, Soeleman etc, etc. por aí fora.

266 Santos, António de Almeida, Quase memórias da descolonização de cada território em particular, 2.º Vol., Casa das Letras, 2006, p. 405;

267 Mattoso, José, A Dignidade, Konis Santana e a Resistência Timorense, Temas e Debates, 2005 p. 147; 268 Messias, Jorge, O Crepúsculo dos Deuses. Igreja e Fé?... Igreja e lucro?... Queda ou ascensão?, Campo das Letras, 2001, pp. 139-141;

Tratavam os sacerdotes por tu, bodoh (estúpido) em público. O Povo Maubere vê e sabe, os seus irmãos mais evoluídos, desaparecidos. De novo assiste tratar um clero timorense dessa forma, é algo perturbador. Ver o seu padre perseguido e a perda da igreja paroquial era também perturbador. Poder-se-ia duvidar o segredo escondido na presente atitude, marcadamente política é vista como novo tempo religioso substituído por outro. O ambiente em curso, é seguido por todos, engenhosamente. Quer por recusa aberta ou em silêncio à integração, encontra-se consolidada nacionalmente, cujo o eco se faz sentir no exterior, em leque mais estendido.

A presente situação hostil, a Instituição Católica, entidade que representava autoridade política timorense, uma vez conhecido o difícil retorno da soberania portuguesa; a certeza do objectivo que se joga orgulhosamente por ABRI269 encontraria entraves, sentidos em todas as frentes da Resistência Timorense. Por outro lado, contribuiria os sentimentos indonésios pela mudança à rápida transição do regime a democracia, cujos actuais actores, vistos, mairoes corruptores e de sede pelo sangue dos milhares inocentes. A volta dessa surdez contemporanista de Jacarta, elevou o espírito de liderança timorense na promoção cada vez mais a racionalidade intelectual a descobrir novos meios a definir o total regresso dos ocupacionistas de Timor-Leste, poderia ser conhecido em qualquer momento, não longínquo.

Os sacerdotes quem ajudava os estudantes, com base de liberdade de circulação e manter contactos com grandes multidões para servir de correio aos nacionalistas timorenses. A Resistência em funcionalidade encontrava-se assim, no jogo de tríplice enquadramento: FALINTIL, clandestina e Igreja. Laços completamente

são desfeitos. A ABRI, no território ocupado, sabia este trabalho a pente fino. Só que os sacerdotes com um comportamento que não desse para além dos princípios de neutralidade, tanto que suscitasse forte hesitação dos indonésios deixá-los em liberdade de circulação. Por outro lado, penso eu, na Indonésia, na época descoberta, os portugueses converteram comunidades em catolicismo, particularmente, nas ilhas Molucas/Ambon, Flores, Sumba, Surabaia/Madura, Malam; do Java leste, mesmo em Java central, multiplicaram-se até agora. Razões, obviamente, reivindicam pelas boas relações entre Jakarta e Vaticano.

Neste lado da presença do cristianismo, a reivindicação timorense em questão, conta-se com o apoio invisível da Igreja, e nos bastidores do catolicismo em solidariedade e de outros credos agiam pelo objectivo como bênção e respeito da Indonésia pelo Vaticano como uma forte bofetada em benefício à reviravolta.

269 Abreviatura de Angkatan Bersinjata Republik Indonesia. Em indonésia significa Forças Armadas da República Indonésia;

Após a visita papal os caminhos da diplomacia que foram vedados pelos políticos de Jacarta junto do Vaticano passarão a ser desminados para o prelado timorense. Torna-se encorajdo, apoiado pelos restantes sacerdotes a denunciar os actos atrozes. Chega a confrontar com os comandantes indonésios, em Díli.

A tragédia que imperava em Timor-Leste, ditava a ausência de relações diplomáticas entre as capitais Lisboa/Jacarta. Era difícil Portugal permitir alguém voltar visitar o seu antigo território, mergulhado em mar de brumas e de incógnito. Mas nem era impossível aos portugueses de cristalizar este sonho, há uma luz vista ao fundo do túnel. O General Morais da Silva que libertara os 23 soldados portugueses em poder indonésio em 25 de Julho de 1976, incluindo a saída de 1200 portugueses, timorenses e chineses, acantonados em Atambua para Lisboa, na sequência do encontro em Bangkok dos dias 6 a 9 de Junho entre delegação portuguesa e da indonésia (F. Lima, pp. 266 e 267) visitara o território, no mês de Outubro de 1980. O visitante fora admitido visitar Metinaro, Hera e Maliana, diz-se ficara impressionado com a maior velocidade de expansão de língua indónesia, à medida que se vê aumentar as escolas e informado de a FRETILIN restar 400 guerrilheiros. Manteve encontro com o ministro da defesa indonésia, General Beny Moerdani, responsável pelos programas de integração. O seu relatório segundo se percebia, o governo indonésio desejaria reaver entendimento com Portugal quanto a situação timorense. Um novo dado muito contributivo aos portugueses optar medidas que garantam a sua posição na arena internacional. Em 11 de Junho de 1986, o sucesso dos bastidores resultou a ida do deputado CDS Miguel Anacoreta Correia ao país, da qual afirmara que todos os serviços públicos usavam o “bahasa indonésio”. Obteve informações fidedignas da resistência timorense a controlar grande parte do território, causava grandes danos as ABRI, o povo não podia falar da situação à vontade, ou ao contrário. A língua portuguesa é falada por famílias ligadas a administração e ao ensino portuguesas, dá- se entender de voltar viver de novo com Portugal. O mesmo acrescentava se a Indonésia fosse capaz conquistar o coração do povo timorense (F. Lima, pp. 278-285).

Nos anos de 1970 a 1975, não havia televisão que emitisse os acontecimentos em imagens, decorridos noutras bandas do mundo para que propusesse a nova mentalidade das pessoas em avaliar a presença televisiva. A Indonésia levou consigo o comércio de televisão a Timor-Leste, convidava a população de a adquirir para estar corrente da actualidade internacional e Penbangunan dalam negri (desenvolvimento inerno). O muro de Berlim erguido em 1961 desfeito, ocorrido em Novembro de 1989 é outro sentido 270. Acordou a consciência dos povos do manto nebuloso, de imediato o

compreenderiam - fim da guerra fria entre blocos opostos, EUA/Rússia. E a Kuwait fora invadida por Iraque de Sadam Hussain, libertado por uma coligação ocidental, EUA e Grã-Bretanha onde as forças ocupacionistas foram expulsas com a cobertura de agências noticiosas internacionais. Colocava as pessoas, demoradamente, diante das televisões a contemplar o filme militar, em movimento de retorno à Iraque 271, e, em Timor-Leste, para os jovens, não estavam alheios dos factos.

Como todos, a Indonésia sabe a importância da tecnologia moderna, impõe um novo sentido do constante contacto das sociedades humanas distantes e colonizadas entre si, em segundos. A nova era contribuiu a juventude timorense reivindicar a Indonésia que respeitasse o direito do Povo Maubere. Mas a elite política de Jacarta ignorava o sentido contemporanista transportado por comunicações da presente tecnologia. As ABRI apontam agitações oposicionistas, organizadas por sacerdotes timorenses e de mentores de inconciliação timorense, mais acentuada da RI, na questão da integração.

Mantendo a sua ordem, em activa operacionalidade no território. A agonia do povo é maior, não há outra expressão do dia. Às notícias de todos os dias que se circulam dizer que ontem a noite as bóinas vermelhas a roupa civil de carro sem matrícula, levaram mais os pais de filhos, colegas dos nossos filhos da mesma escola. Indícios que desenham o quotidiano timorense na mira das violentas autoridades ocupacionistas, em continuidade a pintar a incerteza do futuro do país. Uma euforia militar exibida, caracterizava o desconhecimento da questão timorense no mundo exterior cada vez mais conheccido, internamente, resta a retirada da agenda das NU em questão de tempo, conforme muitos indonésios comentavam.

No documento Timor-Leste, outro rosto da história (páginas 116-125)