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O ânimo pela democracia, aplaudido nas colónias

No documento Timor-Leste, outro rosto da história (páginas 93-103)

Pós ter concretizado a Revolução do 25 de Abril, sob decisão tomada pelas forças armadas de forma pacífica, na sociedade portuguesa, o eco ventilou-se entusiasmar a província timorense propor a criação da própria autoridade politica de direcção colectiva do país. Quando os supostos líderes se trocavam opiniões à necessidade de formalizar associações partidárias, já as colónias africanas entravam em negociações com o poder colonial. Quer dizer, os seus ideais em decénio, promoviam inspirar decisões à constante mobilização das massas alternativa ao sistema político existente, chegavam a sua meta preconizada. O que se importa recordar que, ao novo cíclo pressuposto, internamente, era concorrido quase por toda a sociedade local, levara o poder colonial a esgotar-se das suas capacidades humanas e políticas 208. Não só em termos de reivindicação interna, mas o eco exterior conquistou posições que ajudavam pelo rápido êxito dos estatutos, localmente reclamados 209.

O ano a seguir ao acontecimento, o acto aplaudido não se limitara abstracto, tornara-se em real construção a alterar de imediato os estatutos das colónias da África portuguesa em países independentes e soberanos. A euforia emocional, assumiu o seu nível espectacular na Guiné-Bissau, em este, ser o primeiro a proclamar a sua independência em Setembro do mesmo ano, 1974 210. Angola, veio a ser igualmente proclamda a 11 de Novembro de 1975, ainda que a perturbasse por cruel guerra civil sem fim previsto 211. Os restantes tiveram a sua oportunidade no mesmo ano.

O Timor-Leste está, na sua longividade geográfica da Europa, não estava alheio do que acontecia aos povos irmãos da África Lusa. Fica-se a perceber, na colónia, não havia, concretamente, nenhum movimento separatista que punha em causa a autoridade colonial tanto como os europeus portugueses, residentes na província. Ainda que o considerasse modorra, distante do mundo dos modernos, as novidades do MFA, chegaram, mobilizaram a opinião pública da sociedade local sobre objctivos, sem rodeios e nem hesitações, a grupos evoluídos.

O novo capítulo comunicativo tornou timorenses mais esclarecidos na ansiedade de se comporem como cérebros teóricos na condução das associações políticas para definir o destino timorense, que não podia ser ignorá-lo, oportunamente.

208 Cann, John P., contra insurreição em África (1961-1974), o modo português de fazer a guerra, Atena, 1998, p. 19;

209 Rodrigues, Francisco Martins (Entrevista), Revista História in“25 Anos do 25 de Abril quando a rua se

fez rio, ano XXI (Nova Série) mensal n.º 13 – Abril 1999, p. 48;

210 Mourre, Michel, Dicionário de História Universal Vol. II, Edições ASA, 1998, p. 615; 211 Idem, Ibidem, Vol. I, P. 67;

Muitos funcionários públicos, abandonaram as suas funções, suicidaram-se ideologicamente na prática a organizar as populações em torno do futuro estatuto do Território.

Os anseios tornaram-se em construção ideológica a servir os programas preconizados pelas futuras associações políticas, sob a luz da Lei n.º 7/75 de 17 de Julho de 1975 sobre opções coloniais 212. A primeira associação foi, a UDT (União Democrática Timorense), fundada a 11 de Maio de 1974. O Partido apresentava os seguintes princípios:

«...

- Defesa de uma autonomia progressiva, materializada através de uma participação cada vez maior dos timorenses... mas sempre à sombra da bandeira de Portugal;

- Defesa do direito à autodeterminação;

- Defesa da integração de Timor numa comunidade de língua portuguesa;

- Defesa de princípios democráticos, das liberdades, da justa repartição dos rendimentos...»

Pelos vistos revela um aspecto principal a uma autonomia gradual, no sentido de fazer parte da comunidade portuguesa, mas sem uma ideologia definida. As pessoas que lideravam este partido eram timorenses, alguns deles tiveram curso de formação fora da província: Eng.º Mário Carrascalão, chefe do Serviço Florestal, Domingos Oliveira, Francisco Lopes da Cruz, ambos ex-seminaristas de Macau, altos funcionários da Alfândega, César Mouzinho, administrador da Câmara. Começavam a transmitir os propósitos da associação, muitos letrados da capital entrariam em linha de partilha. A conquista de adeptos é agora ser sentido no interior do Território, cada vez, as populações vão expressando as suas opiniões face a presente novidade, ao mesmo tempo questionando.

Na maioria das pessoas achavam que a liberdade criada na Metrópole fosse ao Timor-Leste, bastava-se um movimento como locutor válido para alterar o sistema político. Todas as atenções mais viradas em torno da UDT em como esta, iria negociar com a autoridade colonial para o fim dos propósitos preconizados.

Entretanto, em escassos dias, a 20 de Maio do mesmo ano, nascerá a ASDT (Asociação Social-Democrata Timorense), mais tarde se transformará em FRETILIN (Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente). Um partido político de inspiração do socialismo e da democracia e dos princípios:

« - Direito à independência (autonomia progressiva, com vista a uma independência); - Rejeição do colonislismo e prevenção activa contra o neocolonialismo;

- Participação imediata dos elementos válidos timorenses na administração e governo local;

212 Magalhães, António Barbedo de, Timor Leste na encruzilhada da transição indonésia, Edição Gradiva, 1999, p. 116;

- Não discriminação racial, estabelecendo-se um clima de paz e de amizade entre as diferentes raças do território, salvaguardando-se intransigentemente a segurança e a ordem interna;

- Luta activa contra a corrupção;

- Política de boa vizinhança e de cooperação em todos os sectores e a todos os níveis com todos os países da área gepgráfica de Timor, mas preservando-se incondicionalmente os superiores interesses do Povo Timorense.».

Os elementos deste novo, apareciam como dínamo, cujos nomes mais conhecidos, em termos de grau literário da época, Francisco Xavier do Amaral, ex- seminarista jesuíta/diácono de Macau, desistiu-se da ordenação sacerdotal, alto funcionário da Alfândega e será o presidente da FRETILIN, Nicolau Lobato, ex- seminarista de Dare/Díli, viria a ser número um do partido até ser morto por tropa indonésia, José Ramos Horta, antigo aluno dos padres de Soibada e jornalista do “A Voz de Timor”, perseguido pela PIDE e desterrado para Moçambique, Abílio de Araújo, estudante da Casa de Timor em Lisboa, Mari Alkatiri, era aluno do Liceu “Dr. Francisco Machado” Díli e topógrafo. Constituindo assim, uma autoridade política do novo partido, entra promovendo as aspirações defendidas junto da sociedade timorense com vista à uma nova sociologia do País 213.

O clima de apetência pela promoção ideária cresce em meio público, em conformidade daquilo que cada um formulava, apoderava-se da juventude estudntil em divisões. Os grupos jovens constituídos, cada um transportava os programas políticos ao interior em busca de adesões populares aos respectivos partidos por eles seguidos. Na medida que os dias passavam o chamado “futuro de Timor”, entrava em discussões públicas e com autoridades portuguesas de como estas garantirem o entendimento entre forças políticas, já reconhecidas oficialmente.

Na sequência do surgimento de dois grandes partidos, aparece o partido menoritário, APODETI (Associação Popular Democrática Timorense). Sem expressão, inicialmente fora aderido pelos timorenses que tinham sido implicados no acto rebelde de 1959, ocorrido em Viqueque, Uato Lari, Uato Carbau e Baguia e os árabes, excepto Mary Alkatiri e Hamis Bassarewa mantiveram-se firmes na FRETILIN 214. Os seus líderes principais Arnaldo Reis de Araújo, professor primário, antiaustraliano e antiportuguês na II G.M., José Osório Soares, ex-seminarista de Macau, funcionário que por razões de fraude e outras fora suspenso de actividade do chefe do posto administrativo e que alegava ser vítima das autoridades portuguesas face à sua simpatia pró-indonésia e Guilherme Gonçalves, liurai/chefe tradicional de Atsabe. Partido este de princípios que preconizam a integração de Timor-Leste na

213 Pires, Mário Lemos, Descolonização de Timor - Missão Impossível? 3.ª edição, Publicações Dom Quixote, 1994, pp. 38-44;

República Indonésia. Contudo, a autoridade colonial vai-se inteirar das propostas das

três facções e acompanhá-las face as expectativas da sociedade timorense, e, surgirão mais duas: Movimento Trabalhista e Associação Popular Monárquica Timorense (KOTA = Klibur Oan Timor Aswain) 215.

Quanto a Igreja Católica no quadro da óptica da sociedade local, não havia problemas da existência de partidos de que coloração que fosse. Logo a partida, constatava-se os principais líderes, todos eram alunos de colégios missionários, e muitos deles são colegas dos párocos, menos o Mary Alkatiri, muçulmano, mas era aluno das escolas de domínio cristão, mais tarde, viria a casar com uma timorense cristã católica, sobrinha do actual bispo de Díli, D. Ricardo.

Pelos movimentos partidários em função de seus programas, o Trabalhista e KOTA não tinham ideologias claras/vagas, notava-se um distanciamento mais acentuado da população e da juventude. Porém, todos, tiveram a oportunidade de se expressarem junto das populações. A prioridade de cada uma era centrada na crença de conseguir em torno de si, mais apoios de massas para melhor servir Timor-Leste independente e livre, no futuro. Os dois, designadamente FRETILIN e UDT, desde sempre optaram o português como língua oficial, além do Tétum até a actualidade 216.

Ao longo do governo do Estado Novo, a grande maioria dos nativos continuava ser analfabeta até a queda do regime. Um dos pontos mais reivindicativos no programa da FRETILIN para ser combatido, a partir do início das campanhas através da metodologia de alfabetização aplicada nalgumas povoações. Começando a ser aderido pelos jovens e adultos dos bairros que faziam parte da capital: Becora, Comoro, Benamauk, Kameia, Karau Mate, Lakeru Laran, Lahane; Hera e Metinaro. A partir de Agosto de 1974, entrou em funcionamento. Ao fim de cada semana, os centros de alfabetização, aí se encontram em grande número para ensaiar as músicas tradicionais e de revolucionárias, conhecido por convívio. Deste rumo, promove-se inovar as culturas tradicionais, além de transmitir o programa que a FRETILIN traçou. O pragmatismo cultural com que começou, foi uma arte mobilizadora que o partido optou. Dentro de poucos tempos no campo de campanhas, a FRETILIN era já apontada

215 Associação Monárquica/KOTA, o líder era ex-seminarista e sargento militar português, Tomás

Ximenes, falava bem português, escrevia-o com facilidade. Filho de um professor catequista/pianista dos padres. Após o serviço militar passara a trabalhar nos CTT. Em Agosto de 1974, gozava licença graciosa, em Lisboa. Durante a estadia, manteve-se contactos com algumas figuras de inspiração monárquica portuguesa, outros políticos e por último teve audiência com o Secretário-Geral do PCP, Álvaro Cunhal. Éramos colegas do mesmo Serviço, em Díli, 1972-1975, e com ainda outro responsável de topo da FRETILIN, Mau Hun, o primeiro substituto de Xanana Gusmão do pós captura. Na ausência do chefe, cada um entregava-me dactilografar os programas manuscritos dos respectivos partidos para serem lidos na estação de rádio difusão, pós hora laboral.

216 Gunn, Geoffrey G., Timor Loro Sae: 500 anos, Livros do Oriente, 1999, p. 296;

de sucesso superior217. A expressão consciencialização penetrou nas montanhas pela acção da juventude urbana despertar o espírito de consciência pelos valores de justiça, direito que Timor-Leste merecerá. Os apoiantes da UDT, muitos deles são retirados em muitos sítios; APODETI, é conotada por partido de traição e sem expressão junto do povo; os pequenos KOTA e Trabalhista, nos seus gabinetes não se entusiasmam com nada, por campanhas, em insucesso 218.

O esforço UDT, é um embaraço, determina distanciar-se dos sonhos que tanto esperava. O estado das coisas assim correra, leva esta a acusar a FRETILIN admitir ideologias marxista/leninista e comunistas, apontadas para: Abílio de Araújo, Guilhermina de Araújo, António Carvarino, José Amâncio da Costa, Vicente Manuel Reis, Hélio Pina, Júlio César, Venâncio Gomes da Silva, estudantes idos de Lisboa por importar as doutrinas marxistas, seguidas por movimentos independentistas das colónias de África portuguesa. Considerados portadores de inspiração antireligiosa e descatolização da sociedade timorense e a possível desagregação da sociedade 219.

A propaganda opositora da FRETILIN começava espantar as camadas de fidelidade cristã, a qual, interrogando entre si no que se refere a situação religiosa, tendente a maioria timorense. Percebia-se que à época, a liderança política da FRETILIN manteve-se contactos com a hierarquia da Igreja Católica local, alegando-se respeitar a instituição representar os cerca 90 por cento dos timorenses católicos. Alguns sacerdotes ficavam descontentes com a notícia ser conhecida pelos sectores profissionais e evoluídos de matriz político. Mostravam o desgosto pela FRETILIN. A turbulência gerava-se entre os grupos jovens da FRETILIN/UDT, dia pós dia, cada vez, anunciava a incapacidade da autoridade legítima mantê-los a ordem. Por outro lado, os partidos minoritários, em clandestinidade negociavam com o país vizinho na hipótese de, um dia destes, afundaria o partido maioritário – Indonésia não quereria ver o Timor português ser porta do comunismo.

A própria UDT, afirmando-se incapaz na corrida, agora, altera-se o jogo: envia sua delegação a Jacarta com vista a comunicar as evoluções da situação em curso, no território. Pretenderia que a Indonésia lhe garantisse apoio a neutralizar acções indesejáveis admitidas, em Timor-Leste 220.

Vendo-se a preocupação da sociedade timorense por ver-se impressionada com o princípio de um partido pro-integração do país na R.I.. Os líderes da

217 Idem, Ibidem, p. 296; 218 Idem, Ibidem, p. 296;

219 Abreu, Paradela de, Timor a Verdade histórica, 2.ª Edição, Luso Dinastia, 1997, p. 158;

220 Francisco Lopes da Ceuz e Costa Mouzinho, recebidos por general Moertopo, cf. Santos, António de Almeida, Quase memórias da descolonização de cada território em particular, 2.º Vol. Casa das Letras, 2006, pp. 331ss;

FRETILIN/UDT negociavam criar uma coligação, no sentido de se edificar uma frente única de assumir esta responsabilidade, a 21 de Janeiro de 1975 221. Registou-se aqui o primeiro esforço em busca de uma Unidade de todos os timorenses na luta pelo direito a autodeterminação e independência. E como atrás referimos, depois da delegação da UDT ter encontro com os políticos indonésios, em Jakarta, de regresso, os membros de ambos os partidos se desentenderam e a coligação se dissolveu, ainda no ano de 1975 do dia 26 de Maio 222.

No envolvimento do processo pela Comissão de Desolonização de Timor, em propostas às três associações políticas, vendo-se a ausência de perspectivas de um acordo, ainda que fossem conduzidas as conversações separadamente com uma delas, as posições eram inconciliáveis quanto ao destino do Leste timorense.

Em clima de complexidade, à APODETE, embora se afirmasse internamente sem expressão, conseguia o novo aliado vizinho que se prometia apoiar-lhe por meios adequados de campanhas hostis de propaganda com vista a absorver as propostas pró independência. Ora, em ambiente de séries ameaças evidentes, aos negociadores viram-se embaraçosos no prosseguimento de conversações 223.

A obra de Fernando Lima, desenha-nos o desenrolar das posições partidárias, extremamente inconciliáveis, constituíam uma boa oferta à Indonésia de ver brevemente concrtetizar as suas intenções por Timor português. A última esperança que seja possível reter o cenário indesejável, remeteria para a cimeira de Macau por mediação directa dos membros da Comissão de Descolonização Nacional, prevista para 15 de Junho de 1975 224. A reunião decorrera, em 26 e 27 do mesmo, por aquela data fora ocupada pela sessão do Comité dos 24 das NU, em Lisboa, em que trataria das questões de descolonização e do novo regime português. Igualmente falaria do programa de Timor-Leste. Única hipótese a conciliar a sociedade timorense dividida, torná-la em unidade por um objectivo comum. À FRETILIN, percebeu toda a ideia que norteia o processo político à mudança de um país colonial em estatuto político independente, viu-se atormentado por princípios advogados para um novo colonizador. Neste sentido, que a assinatura de Acordo de Macau, a FRETILIN recusa- se estar presente e a atitude de protesto contra posições que sempre ignoram da construção de entidade singular do País dos Belos, era inflexível 225. Portanto, quando se deu a Cimeira em Macau, estavam os participantes a delegação portuguesa,

221 Lima, Fernando, Timor da Guerra do Pacífico à Desanexação, Instituto Internacional Macau, 2002, p. 220;

222 Idem, Ibidem, p. 234; 223 Idem, Ibidem, p. 235; 224 Idem, Ibidem, p. 236;

225 Santos, António de Almeida, Quase memórias do colonialismo e da descolonização, I Volume, Casa das Letras, 2006, p. 522;

chefiada por major Vítor Alves, membro do Conselho da Revolução, era formada por Almeida Santos, ministro da Coordenação Interterritorial, Jorge Campinos, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, o então major Adelino Coelho, chefe de gabinete do governador de Timor, e o major Francisco Mota, da Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas do território. Os partidos UDT e APODETI, representados, respectivamente, por José Osório Soares e Costa Mousinho, diziam ser pela primeira vez os dois estarão sentados lado a lado 226.

Indicava-se a sensação de medo, no silêncio pesava na maioria dos timorenses de que Portugal viria abandonar a colónia, uma vez verificava-se baldado o esforço feito pela Comissão de Autodeterminação de Timor 227.

Deve-se recordar o pôs II Grande Conflito, nas décadas de 50, o domínio francês é determinado desmoronar-se na Indochina, quando tentara o regresso ao estatuto anterior, fora recusado pelo movimento vietnamita do Norte. Uma decisão apoiada pelos comunistas chinês e da União Soviética. À parte do Sul de Vietname era do regime ditatorial, mas complicara-se com a oposição interna comunista.

Os conselheiros americanos apoivam os sulistas, no sentido de neutralizar a «teoria dos dominós», quer isto dizer, tratava-se dos países da região em evitarem cair um a um em lago comunista.

A resistência do Norte vietnamita desenhava-se sindromático comunista ao interesse americano. E os EUA intensificaram o bombardeamento no pequeno país que se reivindicava pela liberdade, onde a opinião pública internacional dava-lhe justa razão. Considerando o ataque como acto negativo e oposto ao prestígio da intervenção pela liberdade e de vitória sobre o nazismo e associada com a contradição interna americana, forçaram-os sair em Saigão 228. Aos vietnamitas do Norte e aliados sulistas apoderaram-se do porto Saigão, no mês de Abril de 1975. O regime estendeu- se aos países da Indochina. Contudo, a política rigorosamente imposta, tornara a economia vietnamita dependente da União Soviética, mais tarde resolveria aproximar- se da China e dos EUA 229. Por outro lado, os países do Sudeste Asiático, pró Ocidente e Estados Unidos constitui-se barreira anti-comunista, e a Indonésia permitiu aos submarinos americanos esconder-se nas profundidades do mar de Timor. Relações estas afirmam o sinónimo de entendimento da região com Estados ocidentais da Europa e EUA.

226 Lima, Fernando, Timor da Guerra do Pacífico à Desanexação, Instituto Internacional Macau, 2002, p. 237;

227 Gunn, Geoffrey G., Timor Loro Sae: 500 anos, Livros do Oriente, 1999, p. 303;

228 Boniface, Pascal (direc.), Atlas das Relações Internacionais, Nova Edição, Plátano Edotora, 2009, p. 74;

Perante o desenrolar da situação política timorense, de forma inconciliar internamente, em Lisboa, o Anwar Sani, embaixador indonésio afirmava a posição do seu país não ter ambições territoriais, a não ser por livre opção timorense, estaria disposto recebê-lo (Fernando Lima, p. 236). E quanto a declaração vinda de Jakarta doutro político, John Naro, membro do parlamento indonésio salientava que o seu governo não quereria ver Timor-Leste copiar a história da Goa de 1961. Uma velada alusão vista pelos observadores de que a política de Jakarta preparava-se ocupá-lo pela força 230.

No quadro da evolução política promovida pela FRETILIN, esta recordando-se das relações e das expectativas de vizinhança, representada por uma delegação, liderada por Ramos Horta visitara Jakarta, recebida por MNE da Indonésia, Adam Malik, no mês de Junho de 1974. Durante a troca de impressões, este garantiu a delegação que o governo da Indonésia não tinha quaisquer intenções ao alargamento de fronteiras terrestres, e respeitar a liberdade do povo Timor-Leste a escolher seu destino 231. Mais tarde comentaria-se que os risos vizinhos são bons, e por detrás, as apetências pela colónia se crescem.

A Indonésia, habilmente jogaria pela via diplomática para se concretizar em como Portugal enfrentara as consequências de 25 de Abril. Uma delegação aproveitou visitar Lisboa contactatar os líderes políticos do novo regime, donde comunicava ser

No documento Timor-Leste, outro rosto da história (páginas 93-103)