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III.3 Estar aqui: escrita e “crise política”

2 REPRESENTAÇÃO E MOBILIZAÇÃO COLETIVA: A ASSOCIAÇÃO

2.3 O pequeno mundo dos “medalhões” do jornalismo

2.3.1 O articulador

Ainda que tenha começado na reportagem, a tônica da carreira de Marcelo José Beraba foi a ocupação de postos de direção e chefia de redações e sucursais de dois dos maiores jornais impressos do país, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, posições de “liderança” que podem ter favorecido a sua buscar por tentar mobilizar os jornalistas para “fazerem algo” em face do assassinato de Tim Lopes, em 2002. Beraba é considerado, junto com Rosental Calmon Alves, um dos principais responsáveis pelo processo inicial que levaria à criação da ABRAJI, em função da iniciativa que tomou de tentar articular jornalistas em torno da ideia de fundar uma nova entidade profissional. Foi ainda o primeiro presidente da associação (2003-2007).

Nascido no Rio de Janeiro em 1951, com 64 anos quando foi entrevistado116, e morador do bairro do Rio Comprido, era filho de um comerciante de jóias com ensino primário “autodidata”, que “lia muito, lá em casa tinha muitos livros, tinhas todos os grandes escritores brasileiros”, e de mãe dona de casa com ensino médio completo. Cresceu num ambiente bastante marcado pela presença de jornais, particularmente O Globo, Jornal do Brasil e Jornal dos Sports, aos quais lia diariamente.

Sua formação básica foi realizada principalmente em escolas privadas, sendo uma parte dela em seminários, entre 1964 e 1966, primeiramente em Vila Velha, no Espírito Santo, e depois no interior do estado do Rio de Janeiro. Teria sido no seminário o início do seu interesse pelo jornalismo, onde produziu um “jornalzinho” e desenvolveu sua inclinação por literatura e escrita.

116 Os dados coligidos a partir da sua entrevista foram aqui eventualmente complementados por outras

Ao retornar para a capital fluminense, entrou no Colégio Santo Inácio117, em Botafogo, para os estudos secundários. Passou em primeiro lugar no vestibular para a Escola de Comunicação da UFRJ, no final de 1970, mas começou a trabalhar antes mesmo de iniciar a faculdade. Beraba era vizinho de um ex-repórter do jornal O Globo, que ainda trabalhava no jornal, mas em outro setor. As afinidades entre os dois – além do interesse por jornalismo, ambos foram seminaristas – fizeram com que o ex-repórter indicasse o nome de Marcelo Beraba para trabalhar naquele jornal, onde iniciou suas atividades em fevereiro de 1971, um mês antes do começo dos seus estudos superiores na área.

Durante boa parte da sua carreira profissional, a intersecção entre jornalismo e política esteve presente. Ainda como estudante secundarista, chegou a participar de passeatas, mas sem se ligar a nenhum movimento. No entanto, ao ingressar no universo das redações, se engajou rapidamente no movimento sindical, particularmente dedicado a constituir uma oposição ao chamado “pelego”, que ocupava a diretoria à época118. A diretoria “pelega” seria

assim classificada porque não agiria em favor das redações, com posições políticas consideradas “reacionárias”. Inclui sua atuação sindical num movimento mais amplo, constituído por uma “rede de oposições sindicais” que lutava para “derrubar os pelegos no movimento sindical”. Nesse processo de engajamento, integrou ainda a uma organização de esquerda clandestina, a Ação Popular Marxista-Leninista (APML).

Além do sindicato, na sua “luta contra a ditadura” colaborou com periódicos da “imprensa alternativa” em paralelo às suas atividades profissionais formais em O Globo. Foi o caso dos jornais Movimento e Bagaço (KUCINSKI, 1991, p.70), por exemplo. Com maior ênfase, dedicou-se à produção do jornal Em Tempo, também considerado “alternativo”, “um jornal de frente, de esquerda”, do qual foi diretor da sucursal carioca no final dos anos 1970.

O jornal Em Tempo surge de um “racha” no jornal Movimento (este mesmo um produto do “racha” em Opinião), em 1977, em São Paulo. Este “racha” foi “um marco da reorganização das esquerdas brasileiras” (KUCINSKI, 1991, p.XVII). Assim como Movimento, era um projeto de alcance nacional, o que lhe gerou problemas financeiros com o tempo, algo muito comum entre os veículos “alternativos”. Em Tempo era constituído por “um conglomerado de forças heterogêneas”, tendo como ideólogo maior o sociólogo Francisco de Oliveira, autor de críticas ao que chamava de “saída elitista para a crise”. Francisco de Oliveira proclamava como tarefa do “campo popular” a atuação por uma “saída

117 Instituição considerada “tradicional”, fundada em 1903, de caráter privado e pertencente à Companhia de

Jesus.

118 Trata-se do Sindicado dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, historicamente

democrática”, que implicaria a “livre organização dos trabalhadores”. Esse foi o principal mote de Em Tempo, segundo Kucinski (1991, p.348).

A articulação da oposição sindical foi exitosa e o jornalista em questão ocupou a diretoria do sindicato em três ocasiões. Beraba participou da direção nas duas últimas, tendo sido vice-presidente do sindicato. Em 1984, disputa novamente, desta vez postulando a presidência da entidade, eleição na qual sua chapa é derrotada: “Aí, no que eu perdi a eleição, eu considerei que minha fase de participação no movimento sindical tava dada: nós tínhamos derrubado o pelego, tínhamos feito muitos movimentos (...). E tava dado que eu ia mergulhar na profissão sem divisão, inteiro” (Entrevista com Marcelo José Beraba, concedida em 15 mar. 2016).

Até 1984, portanto, conciliou as atividades jornalística e política. Trabalhou durante os anos 1970 em O Globo, migrando para a sucursal carioca da Folha de S.Paulo em outubro de 1984, no início do Projeto Folha, onde foi repórter, chefe de reportagem e diretor da sucursal. Permanece na sucursal carioca até 1988, ano em que vai para São Paulo, também pela Folha, começando como editor do caderno de Cidades. No começo de 1989, passa a ser o editor de política do jornal, particularmente do caderno “Diretas-Já”, quando cobriu a eleição presidencial. É promovido a secretário de redação do jornal em 1991, função na qual permanece até 1995. Nesse período, dirigiu a “equipe de jornalistas investigativos” do jornal na cobertura dos “escândalos” envolvendo o então presidente Fernando Collor de Mello e o tesoureiro da sua campanha, Paulo César Farias.

O seu interesse pelo jornalismo investigativo e a necessidade sentida de ver esse esquema de entendimento profissional melhor difundido e suas práticas correlatas mais estabelecidas no Brasil mostra-se anterior à criação da ABRAJI. Assim como Rosental Alves e outros presidentes da ABRAJI, Beraba foi um dos jornalistas brasileiros a operar como courtier ao empreender a importação, para o Brasil, de modelos e saberes profissionais majoritariamente gestados nos Estados Unidos.

Na década de 90 (acho que foi 94), eu fiz uma viagem pros Estados Unidos de três semanas, só visitando entidades que trabalhavam com investigação jornalística e tudo mais (em Washington, Nova Iorque, Tucson, Minneapolis, em vários lugares, Filadélfia e tudo mais), e implantei um monte de coisas na Folha: foi quando a gente criou um núcleo, que, naquela época, eram pessoas que gostavam...: Fernando Rodrigues participava, José Roberto de Toledo (...), Mario Cesar Carvalho (...), Frederico Vasconcelos (...), Elvira Lobato... Então, a gente criou um ambiente de discussão mais sistemático sobre isso (Entrevista com Marcelo José Beraba, concedida em 15 mar. 2016).

Retorna ao Rio de Janeiro depois de sete anos na capital paulista em função do convite que recebeu para ser o editor-executivo do Jornal do Brasil (1996-1998). Neste jornal, novamente empreende experiências no sentido de difundir o jornalismo investigativo entre os profissionais que comandava.

[Marcelo Beraba] já vinha da Folha de S.Paulo com muita experiência de matéria de profundidade, ele tinha já um sonho de criar isso. Então, a gente foi buscar... Antes da ABRAJI nascer, no Jornal do Brasil, ele trouxe jornalistas do México. Lá existia – acho que nem existe mais – uma associação chamada Periodistas de Investigación. Ele trouxe um cara de lá que deu uma oficina pra gente. A internet tava começando naquela época, então, jornalismo investigativo era aprender a usar a internet, aprender a usar Excel (Entrevista com Marcelo do Nascimento Moreira, concedida em 15 mar. 2016).

No final de 1998 vai para a TV Globo, onde assume a função de editor-executivo do Jornal da Globo, que ocupa por mais ou menos um ano. Retorna para os impressos após convite da Folha de S.Paulo, novamente para assumir a sucursal carioca do jornal, que já havia dirigido entre 1985 e 1988. Dirige a sucursal entre 1999 e a primeira metade de 2004119, quando passa a ser o ombudsman120 do jornal, até abril de 2007. Retorna para a sucursal do Folha no Rio após esse período, e lá fica até julho de 2008, quando atende a convite do jornal O Estado de S.Paulo para também dirigir a sua sucursal carioca. Em 2009, se desloca novamente para São Paulo, para dirigir a redação do “Estadão”. Em 2011, reassume a direção da sucursal do Rio de Janeiro do mesmo jornal, função que ainda ocupava em 2016. Além da vinculação sindical ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e à Federação Nacional dos Jornalistas, Beraba é ainda associado à Investigative Reporters and Editors (IRE), dos Estados Unidos.

2.3.2 “O prazer do ofício”

Presidente da ABRAJI no biênio 2008-2009, Angelina Silva Nunes é a primeira e até o momento única mulher a liderar a entidade. É também um dos seis jornalistas brasileiros a fazer parte do ICIJ, ONG de jornalistas investigativos que conta com 249 membros em mais de 90 países, que trabalham em cooperação em torno de investigações de caráter

119 Beraba, ao longo deste período na Folha de S.Paulo, seguidamente compôs uma banca de jurados que avaliou

os melhores trabalhos investigativos sobre casos de corrupção na América Latina, premiação promovida pela ONG Transparência Internacional e pelo IPYS.

120 No seu período de ombudsman, Beraba recebeu, em 2005, um prêmio concedido pela “excelência em

jornalismo”, concedido pelo Internacional Center for Journalists (ICFJ) e pelo Knight Center, em Washington (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0611200506.htm. Acesso em: 04/05/2019).

transnacional. Filha de pai fuzileiro naval (músico), natural do interior de Sergipe, e mãe constureira, Nunes faz parte de uma família de seis irmãs, todas com ensino superior por universidades públicas. Seus progenitores não avançaram nos estudos, tendo cursado apenas o ensino fundamental, de onde provém parte da importância conferida aos investimentos educacionais das filhas: “(...) os pais dos meus pais tinham se separado, então eles tinham aquela coisa... Na verdade, nós fomos criadas para ser independentes e ter profissões e tal. Isso é interessante porque lá na frente isso vai influenciar a forma de trabalhar, a forma de encarar as coisas também” (Entrevista com Angelina Silva Nunes, concedida em 14 mar. 2016).

Carioca, residente inicialmente no município de Queimados, na Baixada Fluminense, estudava no “melhor colégio particular” da cidade vizinha, com bolsa. Por volta dos seus 15 anos, passa a estudar em Nova Iguaçu, também em escola particular e como bolsista. Em 1973, seu pai é transferido para Salvador, para onde segue toda a família. Pela primeira vez, as filhas do casal estudam em uma escola pública, o que teria representado uma experiência “diferente”. Nunes concluiu seu ensino médio na capital baiana. Inicialmente inclinada para a área de biologia, é influenciada por uma das irmãs, que já estudava Comunicação. Com 17 anos, entra no curso de Comunicação Social da UFBA, onde fez até o terceiro período. Por ser a mais nova da turma, conviveu com uma diversidade de pessoas mais velhas, entre elas “o cara que era presidente do sindicato dos bancários e era mega especialista em greve (...). Esse mix é interessante porque aí você começa a se interessar por outras coisas também”. Com o retorno do pai ao Rio de Janeiro, em 1977, volta a residir na Baixada, e continua a faculdade na UFRJ, na região da Urca, concluindo em 1982.

Dentro do curso, objetivava seguir carreira na publicidade, mas foi influenciada por um dos seus professores, Nilson Lage – um dos “teóricos” mais reconhecidos nos estudos da área de comunicação –, a seguir no jornalismo. Começou com um estágio em assessoria de imprensa na CVB, em 1982. Um ano após formada passa a ser repórter de vídeo da TVE-RJ e produtora e repórter da rádio MEC.

Segue em produção em reportagem de vídeo entre 1984 e 1985, desta vez trabalhando na TV Manchete. Até então com experiência principalmente no jornalismo televisivo, Nunes diz ter tido “sorte” ao trabalhar com jornalistas que vinham do jornal impresso, que teriam lhe ensinado a necessidade de uma “apuração mais profunda”, diferente da cobertura considerada “rasa” da televisão.

Em 1987, durante alguns meses, trabalhou em uma produtora de vídeo com coberturas voltadas para a temática ambiental. Anteriormente, suas pautas eram mais relacionadas a

cultura e entretenimento. Em novembro desse ano, faz uma prova de seleção e começa a fazer parte da redação de O Dia. Sua entrada no jornal se deu no contexto da migração de uma equipe do Jornal do Brasil, que foi para O Dia objetivando implantar um novo projeto gráfico e editorial. O Dia era visto como um jornal “sensacionalista”. A intenção era que o jornal continuasse popular, mas “um popular de qualidade”. Essa equipe buscou recrutar profissionais como “um novo perfil” que lhes auxiliassem nas mudanças que julgavam necessárias (NUNES, 2015, p.10).

Em O Dia, caiu na “vida real”, ao se tornar setorista da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, substituindo uma colega que se encontrava de férias. Começou esse trabalho “na marra”, devido à pouca familiaridade com o universo da política municipal. Passou a acompanhar diariamente as votações de projetos que tivessem interesse para o público do jornal, e os bastidores do Legislativo municipal, ao longo de pouco mais de quatro anos, até meados de 1991.

Como setorista da CMRJ, começou a se familiarizar com coberturas de denúncia relacionadas à administração pública, com suas especificidades, como a leitura e depuração do conteúdo do Diário Oficial da cidade para a produção de reportagens. O objetivo principal era de “trazer à tona os contratos irregulares, licitações de cartas marcadas e editais suspeitos (...). A descoberta do que era irregular e ilegal estampava com destaque a primeira página do jornal (...). Os sucessivos escândalos (...) contribuíram para o descrédito dos políticos” (NUNES, 2015, p.10-11). Passado um mês como setorista, foi efetivada na função, recebendo um aumento de salário. Com o passar do tempo, expandiu suas coberturas para a ALERJ, prefeitura e governo estadual, tribunais de contas e assim por diante.

Depois de dar muitos “furos” em O Dia, é convidada para ir para o jornal O Globo, em 1991, “por conta do meu trabalho”. Entra no jornal como repórter da editoria de Geral, que engloba assuntos variados, e não apenas as coberturas políticas às quais já estava habituada. Depois voltou a cobrir as casas legislativas, entre outras pautas (saúde, educação, exclusão social, etc.).

Na nova redação, conheceu uma jornalista que lhe ensinou a “ler Diário Oficial de uma outra forma”, lhe permitindo fazer matérias “mais profundas” em administração pública. Nove anos depois (2000), dentro do jornal, assume a função de editora-assistente e passa a comandar uma equipe de repórteres “investigativos” especializada em administração pública, composta por seis profissionais. Permaneceu 15 anos como editora dessa equipe, quando foi demitida do jornal.

No início da década de 2000, Nunes recebeu um convite para sair do jornal. Durante a negociação com o diretor de O Globo, incluiu uma especialização como condição para a sua permanência. O jornal possuía um convênio com o IUPERJ, e tinha direito a uma vaga para algum dos seus profissionais que manifestasse interesse. Assim, entre 2002 e 2003, fez uma especialização em políticas públicas e governo, período em que também deu aulas de “matérias práticas” (redação jornalística e projeto jornalístico) na UNESA, instituição privada de ensino superior. Também foi voluntária em projetos sociais, dando aulas em favelas, quando convidada.

Em 2006, ainda pelo jornal, fez um MBA em “formação de executivos Infoglobo”, no IBMEC, “que foi esse mesmo diretor que me colocou pra fazer”. Mais recentemente, realizou mestrado em Comunicação pela UERJ, concluído em 2015, com pesquisa sobre a “imprensa popular” do Rio de Janeiro. Após sair de O Globo, tornou-se professora da ESPM-Rio, ministrando um módulo sobre “metodologia da reportagem” na especialização em jornalismo investigativo da instituição. Iniciou ainda, em conjunto com outras jornalistas, um projeto jornalístico voltado para mulheres com mais de 50 anos.

A jornalista define o trabalho jornalístico como uma “carpintaria”, no qual “não há lugar para enganadores” (NUNES, 2011, p.27). Fazendo uso da chamada Reportagem com Auxílio do Computador (RAC), um dos trabalhos de Angelina Nunes que lhe rendeu notoriedade e reconhecimento profissional foi a série de reportagens “Homens de bens”, publicada pelo jornal O Globo, em 2004, “uma das mais premiadas reportagens investigativas do Brasil (...), um trabalho reconhecido e premiado dentro e fora do país e que ajudou a disseminar a RAC num tempo em que ela ainda não era tão conhecida” (TOLEDO, 2011, p.18). O trabalho recebeu o prêmio Esso do mesmo ano (BELOCH e FAGUNDES, 2006, p.170-171).

A série identificava a evolução patrimonial de deputados da ALERJ ao longo das legislaturas de 1996 e 2001. Entre os impactos da série está a abertura, pela Receita Federal, de uma investigação sobre as declarações de renda apresentadas pelos parlamentares do Rio de Janeiro, e a abertura de inquérito pelo Ministério Público, que acusou alguns políticos por enriquecimento ilícito. Além disso, outros jornais país afora, inspirados no trabalho de Nunes e equipe, fizeram levantamentos semelhantes durante eleições posteriores. A mesma equipe dirigida por Angelina Nunes, logo após, realizou o mesmo levantamento, desta vez focando nos vereadores, chegando a conclusões semelhantes. Antes delas, “já fiz matérias denunciando fraudadores e falcatruas e fiz isso com tudo documentado, com documentos que eu coletei durante a apuração” (NUNES, 2011, p.29).