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Parte I Enquadramento teórico

3. A Biblioteca Escolar 2.0

3.3. O bibliotecário 2.0

Num mundo onde as mudanças ocorrem a uma velocidade atroz e as escolas se mantêm, por natureza, estruturas tradicionais onde as mudanças se operam a um ritmo diferente, como pode a Biblioteca Escolar adaptar-se e transformar-se numa Biblioteca Escolar 2.0, que interage com os seus utilizadores, que serve de plataforma à criação de conteúdos e serviços, que proporciona experiências multimédia diversificadas e, sobretudo, que desempenha um papel preponderante no desenvolvimento de competências de literacia essenciais ao sucesso de um cidadão que vive na sociedade do séc. XXI?

Quanto a nós esta mudança só se poderá operar através de uma mudança de atitude por parte do(s) responsável(is) pela Biblioteca Escolar que deverão incidir nos seguintes aspetos:

Uma nova gestão da Biblioteca Escolar – A gestão da BE não pode ser

deixada ao improviso ou ao sabor das correntes. Como bem sabem os navegadores: “nenhum vento é favorável para quem não sabe para onde vai”. Também a Biblioteca Escolar, face aos desafios que lhe são colocados, necessita de uma gestão eficaz e esclarecida que lhe permita ser permanentemente proactiva, inovadora, útil e adequada, de acordo com uma estratégia previamente definida. Esta política de gestão deve contemplar ainda um espaço e tempo para uma avaliação e monitorização de percursos e de resultados.

Disponibilizar um serviço Web 2.0, de acordo com King (2007) deve ser um ato de gestão pensado e não algo que aparece de acordo com as últimas novidades, sendo que este ato de gestão terá de poder responder às seguintes questões: Porquê? Qual a necessidade do utilizador a que se quer corresponder; o quê: qual vai ser o produto final; quem? Quem se vai encarregar da tarefa; como se vai fazer para disponibilizar esse serviço; quando? Qual será o momento adequado para implementar o serviço?

Lopez acrescenta outro tipo de reflexões às quais a biblioteca deve encontrar resposta antes de se lançar na “aventura” de entrar nas redes:

¿En qué se beneficiará nuestra organización por pertenecer a la red? ¿Mejorará algunos de nuestros puntos débiles? ¿Accederemos a nuevos recursos, medios o contactos? ¿Qué podemos aportar al desarrollo de la red y de proyectos comunes dentro de ella? […] ¿Cómo se mantiene la red? ¿Necesita de recursos propios o es suficiente com los recursos que comparten entre sí quienes la tejen? ¿Cuál debe ser su modelo de funcionamiento, el marco lógico y/o ético y/o metodológico en el que se producen las interacciones en la red?” (2003, pp. 11-12)

A adesão a uma rede social por parte da Biblioteca Escolar colocando-a numa lógica de Biblioteca 2.0 convoca-a para outra forma de gestão da informação. É necessário pois que a Biblioteca entenda que inicia um novo caminho que implica alguma mudança de mentalidade não sendo possível manter algum imobilismo quando se trata de ter uma presença na Web. Não se fidelizam públicos nestes ambientes sem uma atitude proactiva e dinâmica e não faz sentido nenhum a adesão a uma rede social apenas porque é moda ou porque todas as escolas vizinhas já o fizeram. Mudar por mudar pode, neste campo, ser desastroso por levar os seus públicos a descrer das potencialidades da Biblioteca Escolar. Nada há de mais frustrante do que tentar interagir com um ser que nunca mais “aparece”, nem renova os seus “sinais”.

Toda esta mudança que se deseja de uma biblioteca 1.0 para uma biblioteca 2.0 não se pode fazer sem a figura do bibliotecário. Como forma de se fazer uma aproximação à mudança de atitude pretendida, apresenta-se o possível perfil de um PB 2.0 disponibilizado por Seoane Garcia no seu Blogue Deakialli DocuMental

1- Reconoceré que el universo de la cultura informacional está cambiando muy rapidamente y que las bibliotecas tienen que responder positivamente a esos cambios para reforzar los servicios que los usuarios necesitan y quieren.

2 - Me educaré sobre la cultura informacional de mis usuarios y buscaré formas de incorporar lo que aprendo a los servicios de la biblioteca.

3 - No seré paternalista en relación a mi biblioteca, sino que observaré claramente su situación y haré una evaluación honesta lo que puede ser mejorado. 4 - Seré un participante activo para mejorar mi biblioteca.

5 - Reconoceré que las bibliotecas evolucionan muy lentamente y trabajaré con mis colegas para fomentar nuestra sensibilidad a que esto cambie.

6 - Seré valiente para enfrentarme a la propuesta de nuevos servicios y nuevos modos de mejorarlos, aunque algunos de mis colegas sean reacios.

7 - Mostraré ilusión por los cambios positivos y transmitiré esto a mis colegas y usuarios.

8 - Dejaré de lado las prácticas de antaño si hay un modo mejor de hacerlas ahora incluso si éstas me parecen muy importantes.

9 - Tendré una actitud práctica y experimental con respecto a los cambios, estando dispuesto a cometer errores.

10 - No esperaré hasta que algo sea perfecto para lanzarlo al público, sino que lo mejoraré continuamente basándome en el feedback del usuario. (Seoane Garcia, 2006)

Da nossa parte, para além das competências que já referimos em capítulo anterior, sistematizaríamos as novas e necessárias competências do PB apoiando-nos na reflexão de Fernández-Villavicencio (2009a) que as agrupa em quatro áreas:

1- Nível de sensibilização:

Ter uma atitude de mudança e constante melhoria do serviço que se presta; estar familiarizado com o uso das novas tecnologias; conhecer os princípios, ferramentas e aplicações da Web social; ter uma atitude 2.0; reconhecer a necessidade de criação ou adaptação de novos produtos e serviços.

2- Nível de conhecimento das práticas:

Experimentar e participar nas redes sociais de modo a conhecer as necessidades dos utilizadores; formar-se e formar no uso destas aplicações.

3- Nível do domínio das ferramentas:

Avaliar a conveniência da aplicação destas ferramentas nos produtos e serviços da sua própria biblioteca ou criação de outros novos; elaborar documentos de trabalho que

sirvam de marco e compromisso de qualidade, para a planificação e funcionamento de serviços Web 2.0; Propor o uso de determinadas ferramentas para a melhoria de produtos/serviços ou a criação de outros novos que respondam às necessidades do utilizadores e fomente a sua participação.

4- Nível de domínio metodológico:

Liderar projetos de implementação de ferramentas da web social na biblioteca priorizando a participação dos utilizadores e o diálogo; planificar a sua implementação e gestão; coordenar grupos de trabalho para a implementação destas ferramentas; avaliar o seu funcionamento; controlar os seus resultados; participar em comunidades nacionais e internacionais de ambientes bibliotecários que se criaram e criam para a discussão destes temas; estabelecer um plano de marketing e de promoção dos novos serviços e aplicações da web social na biblioteca; ser capaz de incitar e dinamizar o uso de redes sociais, captar potenciais utilizadores para os produtos e serviços que a biblioteca põe em práticas.

Temos consciência de que este trabalho não é fácil, que as mudanças propostas não se implementam “de um dia para o outro”, que os processos de inovação têm sempre associadas dificuldades em encarar a mudança e que todo este trabalho não pode assentar unicamente na figura do professor bibliotecário pois há outras lideranças na escola que é necessário fazer mobilizar.