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O CEE-TO e a Estrutura Administrativa do Estado

3. CAPÍTULO III – TRAJETÓRIA HISTÓRICA DOS CONSELHOS DE

4.2. O S ISTEMA DE E NSINO DO T OCANTINS

4.2.1. O CEE-TO e a Estrutura Administrativa do Estado

Como observado anteriormente, após a criação legal do Estado do Tocantins, muito havia que se fazer para que este se consolidasse. A primeira medida política foi então adotar, através do Decreto Legislativo n° 001, de 1° de janeiro de 1989, a Constituição e a legislação infraconstitucional de Goiás, até que a Constituição do Estado do Tocantins fosse promulgada. Essa mesma legislação autorizava o Governador a baixar Medidas Provisórias - MP durante esse período, viabilizando a implantação do Estado.

Assim, no primeiro dia de janeiro de 1989, através das MP n° 1 e n° 5, o CEE-TO foi criado juntamente com as Secretarias de Estado e outros Conselhos. Mais tarde, esta última MP se consolidou na Lei Estadual n° 5, de 23 de janeiro de 1989. O CEE-TO, que já existia e estava em funcionamento, foi então citado no artigo 133 da Constituição do Estado, promulgada em outubro daquele mesmo ano. Explicitamente, algumas regras foram instituídas, tais como: a sua função, a sua forma de composição e o tempo de mandato dos seus Conselheiros. O CEE-TO é apresentado como órgão de nível de Direção

Superior, independente, na estrutura administrativa, dos demais órgãos do sistema, mas no âmbito da Seduc.

Diferente do que aconteceu na MP n° 5, de 1989 e na Lei Estadual n° 5/89, o CEE- TO não aparece na estrutura administrativa da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Desporto – SEC, definida pela Lei n° 264, de 18 de abril de 1991 e, uma de suas atribuições constitucionais, a fiscalização do ensino, passa a ser confiada à Secretaria:

Art. 7 °

IV - Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Desporto – SEC: ensino de 1°, 2° e 3° graus, assistência ao educando, fiscalização do ensino, processo e memória cultural da população, patrimônio artístico, literário e documental, desporto e lazer; (TOCANTINS, 1991b, grifo nosso)

Em 17 de outubro de 1991 o Governo Estadual, por meio da Lei n° 308, promove outra reforma administrativa do Poder Executivo e cria a Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Desporto – SEDUC- com quatro conselhos: o Conselho Estadual de Educação, Ciências e Tecnologias, o Conselho Estadual de Cultura, o Conselho Estadual de Desporto, o Conselho Estadual de Alfabetização e Cidadania. A mudança do Conselho de Educação para Conselho Estadual de Educação, Ciências e Tecnologias – COEDU- trouxe certa estranheza para os Conselheiros, afinal aquele era o único Conselho que, desde sua criação, permanecia ativo e com grande demanda de atividade. Indagada sobre o por que do fato, a Presidente do CEE-TO à época, afirma, em entrevista: “Eu me lembro que houve muita tristeza da nossa parte. (...) suprimiram a nossa atividade!”.

O Regimento da Seduc, aprovado pelo Decreto n° 6.221, de 24 de agosto de 1992, indicava em seu artigo 50 que os quatro Conselhos seriam regulamentados por atos específicos do Governador, onde definiriam competências e composição. Mesmo diante desta reforma, o CEE-TO “subsistiu à Lei”, e continuou ininterrupto em sua agenda, de forma que o COEDU nunca veio à ser implantado:

Realmente ele não substituiu à lei. Por quê? Porque este Conselho (CEE-TO) já estava e este ai (COEDU), ia depender de muitas outras coisas. Ciências e Tecnologia [...] nós não estávamos ainda prontos. Então é aquela coisa: num Estado que começa, fica como que um sonho, mas sua concretização vem depois [...] Foi isso, mas a 1ª instância o Conselho (CEE-TO) continuou trabalhando normalmente. (Professora Margarida Lemos)

Acredita-se que um fator preponderante para não instalação deste Conselho seja a sua inconstitucionalidade, haja vista que tanto o CEE-TO quanto o Conselho de Ciências e Tecnologias são Conselhos constitucionais no Tocantins, previstos separada e independentementes.

Em 1995 uma nova reforma aconteceu na estrutura organizacional do Poder Executivo do Estado. Através do Decreto n° 3739, do dia 1° de maio, o Governo indicou quais órgãos compunham a Administração Direta e Indireta que integravam o Poder Executivo. Nesta reforma, o CEE-TO foi indicado como órgão Colegiado, vinculado à Secretaria de Educação e Cultura. Este Decreto foi complementado por outro, o Decreto n° 048, de 29 de maio de 1995, que, por ter finalidade de definir a estrutura interna de cada Secretaria de Estado, não mencionava o CEE-TO

Novas reformas administrativas foram realizadas em anos seguintes sem, no entanto, alcançaram o CEE-TO. A unidade administrativa integrante da estrutura básica do Poder Executivo, responsável pela educação e pelo ensino no Estado, passou por diversas alterações na sua denominação: Secretaria de Educação e Cultura, na Lei n° 1.046, de 26 de janeiro de 1999, com alterações da Lei n° 1.062, de 13 de abril de 1999; Secretaria da Educação, na Lei n°1.124, de 01 fevereiro de 200040; e por fim, retorna à nomenclatura de 1999, Secretaria da Educação e Cultura pelo Decreto n° 1.532, de 19 de junho de 2002.

Curiosamente, nos Decretos n° 1.532/02 e n° 2.070, de 30 de abril de 2004, os quais definem subsídios para os servidores lotados na Seduc, consta o Cargo em Comissão do Secretário-Executivo do CEE-TO. Na última reforma ocorrida na estrutura da Seduc – pelo Decreto n° 2.243, de 3 de novembro de 2004, a Secretaria-Executiva do CEE-TO aparece como uma das 13 unidades ligadas ao Gabinete da Secretaria de Educação.

Confusa a situação do CEE-TO dentro da estrutura de Governo no Estado do Tocantins: o CEE-TO, previsto na MP n° 1 de 1989, criado pela MP n° 5 e pela Lei n° 5 de 1989, e, confirmado pelo art. 133 da Constituição do Estado, é um órgão normativo,

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O Governo do Estado decretou algumas reformas, neste período, baseado na Medida Provisória n° 197, de 1° de maio de 1995.

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Esta lei delega poder ao chefe do executivo para proceder a reformas administrativas através de Decretos. Por isso a partir desta data, até o fim deste trabalho, as reformulações são indicadas por Decretos e não mais por lei como dantes.

consultivo e fiscalizador do Sistema Estadual de Ensino, que passa a ser também órgão de assessoramento do titular da Seduc e a estar vinculado à Seduc com o advento de sua regulamentação pela Lei Complementar n° 8, de 11 de dezembro de 1995. As leis do Sistema Estadual de Ensino fazem sempre menção ao Órgão, determinando à Secretaria a tarefa de apóiá-lo no que se refere à estrutura e à logística. Pautados nestas legislações, tentou-se materializar a posição do CEE-TO, dentro da estrutura administrativa do Estado, em organogramas que seguem como apêndices deste trabalho.