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2.2 O Nível de Serviço Logístico

2.2.3 O Conceito de Gestão de Cadeia de Suprimentos (Supply Chain

De acordo com Rusell (2011), é comum a percepção do conceito de Gestão de Cadeia de Suprimentos (GCS), conhecido em inglês como Supply Chain Management (SCM), como uma nova terminologia para o conceito de Logística Integrada. No entanto, conforme destaca este autor, o conceito de GCS envolve os

sistemas de informação, operações de produção e a interface entre marketing e finanças, sob o ponto de vista estratégico de recursos, processos de negócios, conectividade, compartilhamento de riscos e o envolvimento do fornecedor no desenvolvimento de novos produtos.

É importante destacar que o conceito de Logística Integrada, desde a década de 1990, tem sido inserido em um contexto maior, a GCS, que ultrapassada a ideia de integração interna e abrange um conjunto de processos de negócios com uma clara necessidade de integração de toda a cadeia de suprimentos desde os fornecedores até o consumidor final (FLEURY et al., 2007; FARIA; COSTA, 2008).

De acordo com Pardini e Matuck (2012), as organizações buscam o aperfeiçoamento de práticas que permitam elevar os níveis de produtividade, reduzir custos e melhorar o atendimento aos clientes internos e externos. Para estas autoras, as oportunidades para o aperfeiçoamento destas práticas residem na cadeia de suprimentos, que deve ser mapeada e seus processos otimizados para a obtenção máxima de valor ao cliente.

Para Tan (2001), a GCS contribui para a integração das atividades de compras e Logística com outras atividades-chave corporativas, promovendo a criação de uma estreita ligação entre os processos de manufatura e distribuição. Na visão deste autor, esta postura permite às organizações a entrega de produtos e serviços aos clientes internos e externos, de maneira eficaz e oportuna.

Ballou (2001) explica que, tanto o canal de suprimentos físico quanto o canal de distribuição física possuem uma característica comum, definida por este autor como o hiato de tempo e espaço, ou seja, o fluxo de entradas (suprimentos) e saídas (distribuição) que devem corresponder às atividades integradas definidas pela GCS. De acordo com a definição do Council of Supply Chain Management Professionals - CSCMP (2013), a GCS é:

[...] o planejamento e o gerenciamento de todas as atividades envolvidas na aquisição e fornecimento, transformação e todo o gerenciamento das atividades logísticas. Não obstante, inclui a coordenação e colaboração com os parceiros nos canais, que podem ser fornecedores, intermediários, provedores de serviços logísticos e clientes. Em essência a GCS integra a gestão de suprimentos e a demanda entre estas empresas. A GCS é uma atividade integrada com a primordial responsabilidade de conectar grandes atividades e processos de negócios entre empresas, em um modelo coerente e de alto desempenho de negócios. Inclui todas as atividades de gerenciamento logístico, bem como as operações de manufatura, além de direcionar o controle de processos e atividades entre as áreas de marketing,

vendas, design de produto, finanças e tecnologia da informação (CSCMP, 2013, p.187, tradução nossa).

De acordo com Tan (2001), a GCS é um termo amplo e utilizado de muitas maneiras, comumente encontrado na literatura especializada sob três perspectivas diferentes: 1) como um sinônimo conveniente para descrever as atividades de compras e suprimentos de produtores; 2) para descrever as atividades de transporte e logística de atacadistas e varejistas; e 3) para descrever todas as atividades de valor agregado desde o fornecedor de matérias-primas ao consumidor final, incluindo a Logística Reversa.

Para Tan (2001), as diversas definições encontradas na literatura, muitas vezes, se sobrepõem e não refletem a essência do conceito de GCS que, para este autor, é o comprometimento de todos os membros da cadeia de valor. Pardini e Matuck (2012) corroboram ao afirmarem que o conceito da GCS, remete a existência de uma rede de valor, cujo principal objetivo é permitir o intercâmbio de informações e garantir uma gestão eficiente dos elos entre clientes, fornecedores, distribuidores e produtores.

A GCS, na visão de Lambert e Cooper (2000), é composta por três elementos inter-relacionados: a estrutura da rede; os processos de negócios e o gerenciamento dos componentes. Para estes autores, a estrutura de atividades entre as empresas é essencial para a superioridade em termos competitivos e de rentabilidade, sendo o pré-requisito para seu sucesso a coordenação interna de atividades e a integração de processos com os membros-chave da cadeia de suprimentos.

O objetivo da GCS é a satisfação dos clientes que deve reunir ações integradas de distribuição física, armazenagem, manufatura e suprimentos, bem como promover o relacionamento com os fornecedores e clientes, de modo a proporcionar ao cliente o produto/serviço nas condições e no momento que desejarem a um custo razoável (SILVA; BERTRAND, 2008).

Diante das definições apresentadas, conclui-se que os esforços das organizações, bem como o próprio conceito da GCS convergem para a otimização de recursos e a satisfação total do cliente. Essa otimização, como fator estratégico- chave, pode contribuir para geração de valor e aumento da margem de lucratividade e a Satisfação do Cliente com o aumento da probabilidade de recompra (LAMBERT;

COOPER, 2000; TAN, 2001; BALLOU, 2001; FLEURY et al., 2007; FARIA; COSTA, 2008; SILVA; BERTRAND, 2008; RUSELL, 2011; PARDINI; MATUCK, 2012).

Face às considerações acerca do Nível de Serviço Logístico, Logística Integrada e da Gestão da Cadeia de Suprimentos (GCS) até aqui abordados, faz-se necessário o entendimento dos elementos constituintes do conceito de Nível de Serviço Logístico, foco deste estudo. Neste sentido, os itens seguintes abordam as variáveis inerentes ao Nível de Serviço Logístico, iniciando-se com a integração de toda cadeia a partir dos conceitos até aqui abordados e, posteriormente, a exploração dos elementos-chave que compõem o conceito do Nível de Serviço Logístico, ligados à distribuição física.