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25. FOTO 25 – Material de Proteção

8.1. O contexto

Localiza-se na mesoregião do nordeste paraense, mais especificamente na microrregião bragantina, paralela à extinta estrada de ferro de Bragança. Constitui-se de 800,30 km2 . Limita-se ao norte com o município de Marapanin e Maracanã, à leste com município de Nova Timboteua, ao sul com o município de Santa Maria do Pará e a sudoeste com o município de São Francisco do Pará. Além de seu distrito sede, as localidades mais importantes que o constituem são: Porto Seguro, Vila São Jorge, Vila Curi, Colônia do Prata, Cumaru, Pacajá, Monte Negro e Primeiro Caripi. O principal meio de transporte que liga o município à capital do Estado é o rodoviário, através das rodovias BR-316 e PA-127.

O município foi criado em 26 de outubro de 1906, originado do núcleo colonial Jambu-Açu, fundado em 1895 a partir de uma política estadual de colonização da região bragantina, onde a ferrovia ocupava lugar estratégico como via de escoamento dos produtos extraídos e/ou produzidos no núcleo para a cidade de Belém, sendo que os custos de manutenção inicialmente eram de responsabilidade do governo, o tendo sido do núcleo no momento em que a produção passou a auferir lucros. Em 1901 existiam 1.980 moradores no núcleo, cinco engenhos fabricavam aguardente, 44 fornos produziam farinha e nos roçados existiam plantações de milho, arroz feijão, frutas e cana de açúcar.

Segundo Santos (2001), o processo de colonização iniciou-se através da chegada espontânea de migrantes paraenses, premidos pelas necessidades sociais de reprodução, tendo como via de acesso o rio, tendo se configurado a ocupação ao longo das margens dos rios Maracanã e Livramento. Entre 1895 e 1900, entram em cena imigrantes espanhóis e com a Ferrovia Belém – Bragança em 1901, o processo de ocupação toma força com a chegada de nordestinos, tendo sido em 1903, criado o povoado de Igarapé-Açu, compreendendo do kilômetro 99 da ferrovia até o rio Caripi. Inicialmente pertencendo ao município de Santarém Novo, para finalmente em 26 de novembro de 1906 ser criado o município de Igarapé-Açu.

Segundo o Senhor Mário Jatene em relato à pesquisadora Neila Reis sobre a formação do município de Igarapé-Açu:

“O município de Igarapé-Açu teve seu início através da colonização do Núcleo Colonial de Jambu-açu. Era governador do Estado, o doutor Paes de Carvalho. Então, ele querendo colonizar a região Bragantina, ele através do governo espanhol, conseguiu trazer uma colonização espanhola pra região. E em 1896 chegaram os primeiros imigrantes espanhóis aqui na região de Igarapé-Açu.

Teve início a colonização à margem direita do rio Jambu- Açu, margeando também o pico da estrada de ferro, que serviu de pico pra Estrada de Ferro de Bragança. Com a colonização espanhola a região começou a ser desenvolvida. Veio o trem. Era governador, o doutor Augusto Montenegro. Quando foi no dia 09 de março de 1903, o trem chegou na Vila de Igarapé-Açu. Então, o povoado que tinha começado, na hoje Praça São Sebastião, começou a sentir um surto de desenvolvimento com a chegada do trem. Assim foi chegando os primeiros habitantes; depois dos espanhóis chegaram os cearenses, os nordestinos. E logo após começou a chegar outros habitantes de outras nações, como os meus pais, meus avós que eram libaneses. E chegaram aqui no ano de 1908. Então, assim começou Igarapé-Açu.

Quando foi em 1906, com o desenvolvimento da área, do povoado de Igarapé-Açu, da Vila de Igarapé-Açu e a decadência do município de Santarém Novo, o governo do Estado, através da Lei 985 de 26/10/1906 criou o município de Igarapé-Açu. Sendo nomeado o seu primeiro gestor, organizador do município, o doutor Ângelo Cesarino Valente Doce. Quando foi no dia 15 de novembro do mesmo ano foi dado posse à Comissão Organizadora do município de Igarapé-Açu. Então, daí pra cá, Igarapé-Açu foi se desenvolvendo. Quando foi no dia 30 de novembro, houve a primeira eleição no município, sendo candidato único a prefeito, o doutor Cesarino Doce. A eleição tinha três urnas: duas aqui na Vila e uma na Colônia Santo Antônio do Prata. O doutor Cesarino Doce foi eleito tendo uma votação de 348 votos, assim começou a vida política do município.”

(SANTOS, 2001, referente a entrevista do Sr.Mário Jatene transcrito das notas de campo da autora)

“Com o passar do tempo as coisas foram mudando, Igarapé-Açu também atravessou uma fase muito crítica, muito (...). Em 43 o município foi dividido, foi criado o município de Nova Timboteua, ficando os distritos de Velha Timboteua, Taciateua e Peixe-Boi para o novo município.”

Em 61,mais uma vez o município foi desmembrado, sendo criado o município de Santa Maria do Pará, ficando o distrito de Taciateua para Santa Maria e assim Igarapé-Açu vem vivendo até hoje. A cidade tem um desenvolvimento em termos de população e abertura de novos bairros; mas em termos de produção, o município caiu muito. Eu que vivi a minha vida, a minha infância, a minha juventude aqui em Igarapé-açu, cheguei a percorrer todo o município de Igarapé-Açu montado numa bicicleta. Quem conheceu as colônias de Igarapé-açu como eu conheci e viaja pelo interior, sente até saudade porque era um povo mais rústico, trabalhavam naquele método empírico, mas era um povo bom, um povo trabalhador! Fazia gosto entrar na casa de um agricultor, tudo que queria, tinha! Cansei de almoçar galinha caipira, (a coisa melhor do mundo); trazia fruta, tapioca; era uma coisa que não se vê mais. Hoje a gente anda no interior, passa até fome! Se não levar o que comer, não come! Então, Igarapé-Açu viveu essa época, época do trem; muito boa a época que o trem fazia linha por Igarapé-Açu, era muito bom! Eu acho que o desenvolvimento muita coisa melhorou, mas muita coisa se perdeu! Hoje nós temos telefone, energia dia e noite, rodovia mas nós não temos aquilo que tínhamos: sossego!” SANTOS, 2001, referente a entrevista do Sr.Mário Jatene transcrito das notas de campo da autora)

Atualmente, conforme os dados estimados pelo IBGE para o ano de 1999, o município tem uma população de 33.517 habitantes, com uma densidade demográfica de 41,88 habitantes por Km2 , sendo um dos municípios mais populosos do Estado. A dinâmica de crescimento populacional vem se comportando de forma ascendente, sendo

a média anual no período de 1980 a 1991 de 1,57%, no período subseqüente, de 1991 a 1996 chega a 2,34%, com uma taxa de crescimento superior a da micro-região e a do Estado. No estado do Pará, se referenciarmos a partir da década de 80, observa-se um aumento da taxa de urbanização. Os dados do censo de 1991 apontam uma superação de 3,45 pontos percentuais em favor da população urbana. Porém, essa tendência não se deu de forma hegemônica para o conjunto dos municípios que compõem o Estado, conforme tabela abaixo, é possível observar o comportamento do município ora em foco em relação à microrregião a que pertence.

TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR ÁREA, DENSIDADE DEMOGRÁFICA E TAXA DE URBANIZAÇÃO – ANO 1996

MUNICÍPIO POPULAÇÃO ÁREA EM Km2 DENSIDADE DEMOGRÁFICA TAXA DE URBANIZAÇÃO • Capanema 53.662 613,40 87,48 81,84 • Bragança 84.826 2.344,10 36,19 60,13 • Peixe Boi 7.044 452,30 15,57 53,00

• Sta. Maria do Pará 19.939 459,80 43,36 52,54

• Primavera 8.779 287,10 30,58 52,32 • Igarapé-Açu 30.651 800,30 38,30 50,95 • Nova Timboteua 13.707 492,10 27,85 46,87 • S. Franc. Do Pará 10.194 476,10 21,41 40,29 • Augusto Corrêa 30.248 889,20 34,02 35,12 • Santarém Novo 4.463 230,50 19,36 29,98 • Bonito 10.124 564,80 17,92 21,07 • Tracuateua 17.815 771,90 23,08 20,37 • Quatipuru 10.106 321,70 31,41 0,00 TOTAL 301.558 8.703,30 34,65 54,00 FONTE: IBGE - 1996

No que tange a Igarapé Açu, é possível observar uma discreta alteração na distribuição da população quanto à ocupação do espaço urbano ou rural. Em 1980 havia maior participação relativa da população rural, perfazendo esta 58,47%, porém, em 1996, observa-se uma inversão, passando a população urbana a ser superior em 1,9 pontos percentuais.

Quanto à composição da população, segundo a estrutura etária, de acordo com os dados da Contagem Populacional de 1996, em torno de 68% da população tem menos que 30 anos. Sua distribuição por faixa etária, conforme tabela abaixo demonstra um percentual significativo de crianças e adolescentes, fato que demanda do município serviços de saúde e educação voltados para esta população e da população economicamente ativa recursos e estratégias de sobrevivência para manter o grupo. Ao município se coloca ainda a necessidade de implementação de uma política de geração de emprego e renda, evitando a migração dos adolescentes.

TABELA 2 – DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO DE ACORDO COM A FAIXA ETÁRIA–ANO 1996

FAIXA ETÁRIA ABSOLUTO PERCENTUAL

• 0 a 4 anos 4.014 13,10 • 5 a 9 anos 4.246 13,85 • 10 a 14 anos 4.315 14,08 • 15 a 29 anos 8.249 26,91 • 30 a 49 anos 5.845 19,07 • 50 a 64 anos 2.377 7,76 • Acima de 64 anos 1.540 5,02 • Idade Ignorada 65 0,21 TOTAL 30.651 100,0 FONTE: IBGE – 1996

No que se refere à classificação da população conforme o sexo, em Igarapé- Açu é possível observar a partir de dados de 1996 uma pequena predominância da população masculina, cerca de 2,32 pontos percentuais. Esta diferença pode ser considerada como uma característica peculiar a uma grande parte dos municípios paraenses, em especial aqueles com um percentual significativo da população vivendo na zona rural, face à tradição que garante ao filho homem a herança da condição social e a terra do pai, para dela viabilizar seu próprio sustento e de sua família de reprodução, permanecendo no seu lugar de origem, enquanto que à filha é destinado o casamento, devendo acompanhar o marido na busca dos meios de sobrevivência ou a busca de trabalho em área próxima ou até na cidade.