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25. FOTO 25 – Material de Proteção

6.3. Os efeitos sobre o ambiente

O risco ambiental resulta de três categorias que envolvem em primeira instância, o risco natural associado ao comportamento dinâmico dos sistemas naturais, considerando como relevante o grau de estabilidade e/ou instabilidade que se expressa na vulnerabilidade do ambiente a eventos críticos. Em segunda instância se coloca o risco tecnológico, definido como o potencial de ocorrência de eventos que causam danos a curto, médio e longo prazo, de forma a consequenciar alterações nas estruturas produtivas, bem como, o risco social, considerando este como resultado de déficits sociais que impedem o pleno desenvolvimento e integridade biopsicossocial do ser humano contribuindo para degradação das condições de vida.

Considerando que os ecossistemas interagem com o efeito antrópico em uma troca contínua e se entendermos que esta relação se dá a partir de práticas construídas socialmente, os modelos de desenvolvimento influenciam de forma decisiva a relação com o ambiente. Assim o tem sido com os efeitos desastrosos com que vem o ambiente sendo penalizado em razão dos agrotóxicos.

Conforme já mencionado anteriormente, a partir de um modelo de desenvolvimento que assolou o país por ocasião dos governos militares e que ainda reverbera nas políticas de (des)incentivo à agricultura no país, os agrotóxicos invadiram o mercado e o ambiente de forma devastadora, sendo este último em sua degradação considerado como uma categoria de custos sociais transitórios e como se o poder de resiliência da natureza fosse capaz de suportar e reverter todas as agressões. A promessa era o aumento da produtividade e do lucro, “por dizer” tem sido as agressões ao ambiente e à população envolvida direta, pela via ocupacional, ou indiretamente, pela via alimentar.

“Está ainda por avaliar cabalmente o impacto da biotecnologia agrícola na saúde ou no meio ambiente. Se a produção pode aumentar exponencialmente, fa-lo-á a custa da biodiversidade. Se plantas e animais podem ser sujeitos à engenharia genética para se tornarem mais resistentes às doenças, à seca, ou aos herbicidas, isso é no fundo um incentivo a tolerar e até a promover a degradação ecológica.” (SANTOS, 1999, p. 292)

Atualmente um problema de proporções mundiais quanto aos custos ambientais. Nos países em desenvolvimento, uma situação sem controle. Particularmente no Brasil, uma tragédia silenciosa. Somos hoje o terceiro mercado consumidor mundial, segundo Trapé, (1994), porém a legislação que regulamenta a produção, a prescrição, a comercialização, o manejo e a utilização no Brasil é pouco eficaz.

Embora tenha sido elaborado por um grupo de ambientalistas e técnicos vinculados a órgãos governamentais que valorizam as questões relacionadas à saúde e ao meio ambiente e reconhecem os riscos inerentes ao uso dos agrotóxicos, o Decreto nº 98.816 de 11 de janeiro de 1990, não tem tido a força de coibição necessária para conter os abusos nesta seara, visto que para tal se faz necessária uma mobilização da sociedade, que ainda desconhece na sua grande maioria os problemas a esta área vinculados.

De acordo com o referido Decreto cabe ao Ministério da Saúde, “avaliar e classificar toxicológicamente os agrotóxicos, seus componentes e afins, com finalidade fitossanitária, de uso nos setores de proteção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas e nas pastagens, quanto à eficiência requerida do produto”. Cabe a Secretaria de Meio Ambiente avaliar os agrotóxicos, seus componentes e afins, destinados à proteção de florestas, de ambientes hídricos e outros ecossistemas. No que se refere ao registro do produto o mesmo Decreto assegura que “os agrotóxicos e afins, que apresentem redução de sua eficiência agronômica ou riscos à saúde humana ou ao ambiente, poderão a qualquer tempo, ser reavaliados, podendo ter seus registros alterados, suspensos ou cancelados”.

Uma série de produtos foram proibidos face seus efeitos deletérios sobre o ambiente e sobre a saúde dos seres humanos e animais, embora continuem sendo produzidos e comercializados dentre eles o: Aldrin, Benomyl, Captafol, Captan, Dimetoato, Dodecacloro, Folpet Maneb, Metiran, Zineb e Paraquat.

As questões na prática cotidiana dos agricultores tem ido no contra fluxo da legislação. O combate às pragas remete a um desequilíbrio dos ecossistemas, ao mesmo tempo que através de mutações genéticas estas se transformam e se fortalecem, demandando novas composições químicas em um interminável ciclo de vida e morte. Neste ciclo, múltiplas outras espécies vão sendo sacrificadas instituindo um desequilíbrio de inúmeras determinações e conseqüências. Em alguns casos a permanência de resíduos destes permanecem por longos períodos no solo, minimizando as possibilidades agrícolas. O que era solução transformou-se em problema.

Ao ecossistema também se coloca enquanto risco, os resíduos de agrotóxicos que se acumulam no solo, interferindo no mecanismo de fotossíntese de algas marinhas, que são o alimento de moluscos e crustáceos que são alimento de peixes, que são consumidos pelo homem. O principal perigo se coloca, então, quando há o ingresso nas cadeias tróficas, afetando inclusive microrganismos que garantem a fixação do nitrogênio através das plantas.

Peres (1999) citando Zebarth (1999) ressalta o impacto ambiental causado pelos agrotóxicos aos mananciais hídricos, superficiais e subterrâneos, considerando

que um sistema agrícola que se pretenda sustentável tem que minimizar a degradação da qualidade da água, visto que os efeitos da contaminação são observáveis a quilômetros das áreas-fonte podendo alcançar mananciais hídricos que abasteçam cidades distantes da área onde os agrotóxicos estão sendo utilizados.

SAÚDE: UM OLHAR SOBRE SI

“...em crise; crise da economia, especialmente a do desejo, crise dos modos que vamos encontrando para nos ajeitar na vida – mal conseguimos articular um certo jeito e ele já caduca. Vivemos sempre em defasagem em relação à atualidade de nossas experiências. Somos íntimos dessa incessante desmontagem de territórios: treinamos, dia após dia, nosso jogo de cintura para manter um mínimo de equilíbrio nisso tudo. [...] quando na desmontagem, perplexos e desparametrados, nos fragilizamos, a tendência é adotar posições meramente defensivas. [...]. Tornamo-nos assim – muitas vezes em dissonância com nossa consciência – produtores de algumas seqüências da linha de montagem do desejo.

Mas tudo isso não é assim tão simples: os inconscientes às vezes – e cada dia mais – protestam. Só que a rigor, não poderíamos chamar isso de << protesto >>. Melhor seria falarmos em << afirmação>> ou em << invenção >>: desinvestem-se as linhas de montagem, investem-se outras linhas; ou seja inventam-se outros mundos.”

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.1. MANIFESTAÇÕES DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA: