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2 O DIREITO DO TRABALHO RURAL

2.2 AS RELAÇÕES DE TRABALHO RURAL

2.2.2 O Empregador rural

Nos termos da lei n.º 5.889/73, art. 3º e parágrafos, está disciplinado o seguinte conceito:

Art. 3º Considera-se empregador rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados.

§1º Inclui-se na atividade econômica referida no caput deste artigo, a exploração industrial em estabelecimento agrário não compreendido na CLT.

§2º Sempre que uma ou mais empresas, embora tendo cada uma delas personalidade jurídica própria, estiverem sob direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico ou financeiro rural, serão responsáveis solidariamente nas obrigações decorrentes da relação de emprego.

      

85

Idem. Ibidem, p. 371.

86

Elogia-se a técnica de redação utilizada, porque o legislador considerou reflexos os conceitos de empregado e de empregador rural. Isto porque, como já observara José Augusto Rodrigues Pinto, essas são duas

[...] figuras simetricamente opostas de uma relação jurídica, ambos se caracterizam de acordo com as mesmas exigências da relação estabelecida, apenas invertendo-se os pólos nos quais se colocam.87

Maurício Godinho Delgado afirma que “é importante, nesse contexto, definir- se a figura do empregador rural, já que sua existência é que viabiliza a existência do empregado rural”.88

A melhor técnica de redação está presente nos elementos que compõem a definição de empregador rural:

a) Pessoa física ou jurídica, porquanto somente a pessoa é sujeito de direito. A pessoa pode ser natural ou pode ser uma ficção jurídica, mas é sempre uma pessoa que contrata os empregados.

Russomano, nos comentários ao Estatuto do Trabalhador Rural, afirma:

Ora, apenas as pessoas, naturais ou jurídicas, podem ser sujeitos de direitos e de obrigações. A empresa, por sua natureza, é uma unidade econômica. Não possui personalidade jurídica própria. O empresário – seja pessoa natural, seja pessoa jurídica – é que assume os direitos e as obrigações relativas à empresa.89

É conveniente a demonstração desse comentário, tendo em vista que aquele autor estava se referindo “a um grave erro técnico contido no art. 2º da Consolidação, que diz, expressamente, que empregador é a empresa”.90

Felizmente, o mesmo erro da CLT não se verificou na redação do art. 3º da lei n.º 5.889/73, atualmente em vigor.

b) Proprietário ou não. Aqui o legislador enaltece o fato de ser empregador aquele que organiza os fatores de produção (matéria-prima, capital e trabalho), podendo ser o dono, o parceiro ou o arrendatário, sem ser, necessariamente, o proprietário. Mas esta desnecessidade, nas palavras de Carvalho, “é regra em qualquer empresa (rural ou urbana)”.91

      

87

PINTO, José Augusto Rodrigues. Curso de direito individual do trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr., 2000, p. 122.

88

DELGADO, Maurício Godinho. Introdução ao direito do trabalho. São Paulo: LTr., 1995, p. 321.

89

RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários ao estatuto do trabalhador rural. Op. cit., p. 25 (grifos no original).

90

Idem. Ibidem.

91

c) Exploração de atividade agroeconômica. De acordo com Márcio Túlio Viana,92 “agroeconômica é a atividade agrícola ou pastoril, voltada para a economia

de mercado”. Por esta razão, estão excluídas as produções destinadas à auto- subsistência e as entidades sem fins lucrativos.

Ressalta-se que, por disposição legal do parágrafo primeiro, a exploração industrial em estabelecimento agrário está incluída na atividade econômica. Por esta razão, o regulamento, Decreto n.º 73.626/74, disciplina, no art. 2º e parágrafos 3º, 4º e 5º, o que é a indústria rural:

Art. 2º Considera-se empregador rural, para os efeitos deste Regulamento, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com o auxílio de empregados.

[...]

§3º Inclui-se na atividade econômica referida no caput, deste artigo, a exploração industrial em estabelecimento agrário.

§4º Consideram-se como exploração industrial em estabelecimento agrário, para os fins do parágrafo anterior, as atividades que compreendem o primeiro tratamento dos produtos agrários in natura sem transformá-los em sua natureza, tais como:

I – o beneficiamento, a primeira modificação e o preparo dos produtos agropecuários e hortigranjeiros e das matérias-primas de origem animal ou vegetal para posterior venda ou industrialização;

II – o aproveitamento dos subprodutos oriundos das operações de preparo e modificação dos produtos in natura referidas no item anterior.

§5º Para os fins previstos no §3º, não será considerada indústria rural aquela que, operando a primeira transformação do produto agrário, altere a sua natureza, retirando-lhe a condição de matéria-prima.

Tal restrição efetuada pelo Decreto acima referido, nas palavras de José Otávio de Souza Ferreira,93 trouxe como conseqüência, para uma parte da doutrina,

a exclusão dos “trabalhadores das usinas de açúcar e álcool, mesmo aqueles que trabalham diretamente no campo, como os cortadores de cana, do conceito de trabalhadores rurais”.

Neste sentido é que Marcio Túlio Viana afirma:

“assim, por exemplo, é indústria rural aquela que dá o primeiro tratamento ao arroz, beneficiando-o. Mas não a que usa a cana-de-açúcar para fazer cachaça, nem a que transforma a aroeira em móveis de sala”.94

Faz-se necessário realçar, mais uma vez, a idéia exposta e repetida ao longo deste texto, porquanto o trabalho braçal efetuado pelos cortadores de cana-de-

      

92

VIANA, Márcio Túlio. O trabalhador rural. Op. cit., p. 289.

93

FERREIRA, José Otávio de Souza. Relação de emprego rural. In:GIORDANI, Francisco Alberto da Motta Peixoto; MARTINS, Melchiades Rodrigues; VIDOTTI, Tarcio José. [Coord.]. Direito do Trabalho

Rural. Homenagem a Irany Ferrari. 2. ed. São Paulo: LTr., 2005, p. 405.

94

açúcar não pode ser considerado de índole industrial, apenas pelo fato de que o produto final será obtido com a transformação do primeiro vegetal colhido. Aqueles cortadores e também os tratoristas e os irrigadores, conforme já foi dito, executam trabalho braçal e não um trabalho industrial.

A agroindústria da cana-de-açúcar atua em dois ramos distintos, que são as atividades agrícolas de plantio e de colheita da cana e as atividades industriais que se destinam a operar “a primeira transformação do produto agrário, alterando a sua natureza e retirando-lhe a condição de matéria-prima” (art. 2º, parágrafo 5º, Decreto n.º 73.626/1974).

Por este motivo, deve-se adotar o entendimento segundo o qual é o local da prestação do trabalho humano não eventual, oneroso, subordinado e dependente que caracteriza o contrato de trabalho. A localização vincula tanto o empregado rural, quanto o empregador rural, desde que este exerça atividade agroeconômica.

A agroindústria é considerada atividade rural se localizada em propriedade agrária.

Este também é o pensamento de Maurício Godinho Delgado:

O essencial é que sua atividade seja agroeconômica, ainda que se valha, no conjunto do seu empreendimento, de instalações e métodos industriais (ou, até mesmo de instalações e métodos comerciais).95

Merece ainda destaque o fato de que Godinho considera que o Decreto n.º 73.626/74 tem um “viés manifestamente inconstitucional”, porquanto fraciona o enquadramento do empregador agroeconômico, restringindo o conceito de indústria rural. Razão pela qual esse autor conclama o aplicador do Direito a “preservar a maior precisão e amplitude do conceito de empregador rural da Lei de Trabalho Rural hoje vigorante, sem restrições significativas ao conceito de indústria rural”.96

d) Caráter permanente ou temporário. Qualquer que seja a duração da exploração agroeconômica, a atividade já caracteriza o empregador rural.

Russomano adverte que não se pode confundir temporariedade com eventualidade, porquanto “o temporário ou transitório pressupõe, ao contrário do eventual, a continuidade do serviço ou da atividade desenvolvida”.97

      

95

DELGADO Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr., 2008, p. 389 (grifos no original).

96

Idem. Ibidem, p. 390.

97

RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários ao estatuto do trabalhador rural. Op. cit., p. 27 (grifos no original).

Quanto ao empregador rural “equiparado”, previsto no art. 2º, parágrafo primeiro, do Decreto n.º 73.626/74 (Regulamento), deve exercer a atividade agroeconômica de forma habitual, em caráter profissional, de acordo com Márcio Túlio Viana.98 Ainda segundo este mesmo autor, “caso contrário, será empregador

urbano. Exemplo: uma empresa de terraplenagem, que, vez por outra, destoca pastos”.99

e) Diretamente ou através de prepostos. Aqui é importante ressaltar que a responsabilidade é sempre da pessoa natural ou jurídica considerada empregador.

É o empregador rural quem assume o risco da atividade e não o preposto, que é considerado um simples mandatário.

f) O auxílio de empregados é lógico, porquanto, “como qualquer outro empregador, somente o é quem emprega, tornando-se sujeito de relação empregatícia”.100

É importante ressaltar, como o faz Baccarin101

, que o cultivo da cana-de- açúcar estabelecia relações entre três categorias sociais: os industriais ou usineiros, os agricultores ou fornecedores de cana e os trabalhadores rurais. O Instituto do Açúcar e do Álcool (I.A.A.) foi criado, justamente, para regulamentar essas relações. Entretanto, a partir dos anos 1960, o Estado passou a incentivar a incorporação de unidades menores ou pouco eficientes pelas grandes indústrias, em nome da racionalidade e da produtividade.

Isto provocou uma profunda alteração não só na escala de produção de determinados produtos, como também modificou as relações de trabalho. O assalariamento da força de trabalho passou a ser a relação predominante. Verificou- se a expulsão dos trabalhadores das propriedades e a redução da quantidade de terras ocupada por parceiros, posseiros e pequenos produtores.102

      

98

VIANA, Márcio Túlio. O trabalhador rural. Op. cit., p. 290.

99

Idem. Ibidem, p. 291.

100

CARVALHO, Augusto César Leite de. Direito individual do trabalho. Op. cit., p. 150.

101

BACCARIN, José Giacomo. A constituição da nova regulamentação sucroalcooleira. Op. cit., p. 16-17.

102

ALVES, Francisco José da Costa; PAULILLO, Luiz Fernando; SILVA, Edson Antônio da. A

flexibilização dos direitos trabalhistas chega ao campo: o caso do setor citrícola – o ouro que virou suco. Revista legislação do trabalho, n. 2, v. 60, fev., 1996, p. 222. Esses mesmos autores

esclarecem que “os estabelecimentos com menos de 50 ha detinham 3% da área agricultável na década de 70, na década de 80 detinham apenas 2,4%. Os estabelecimentos com mais de 5.000 ha detinham 67% na década de 70, na década de 80 detinham 69,7%”.

Isto implicou na diminuição de fornecedores independentes de cana-de- açúcar.103

José Carlos Evangelista de Araújo explica o projeto de modernização conservadora da agricultura brasileira:

No Brasil em geral, e na zona rural em particular, os processos de modernização tecnológica que redundaram em aumento da produtividade do trabalho e portanto de geração de riquezas, não implicou em melhor divisão de renda, ampliação das liberdades políticas e oferta de políticas públicas materialmente inclusivas, típicas do chamado welfare state. Mas pelo contrário, implicou em aprofundamento da exploração econômica e da marginalização político-social, em explícita demonstração daquilo que se convencionou chamar de “capitalismo selvagem”.104

A agroindústria é pensada como a forma pela qual o capital se mundializa na agricultura, porquanto é através dela que o campo se articula à dinâmica da sociedade global.105

Para a instalação da agroindústria tornou-se necessária a introdução de novas tecnologias nos cultivos, de modo a influenciar a qualidade e a produtividade das culturas. As novas técnicas estão presentes nas sementes, nos insumos usados nos diferentes tipos de adubos e nas tecnologias de irrigação.

O acesso a sistemas de crédito aqueceu o mercado imobiliário rural e favoreceu a especulação de terras. Aqui Francisco José da Costa Alves alerta para o fato de que a política de concessão de terras não foi extensiva a todos, pois houve propriedades e culturas que não puderam se inserir no padrão de industrialização compulsório da agricultura.106

Só tiveram acesso ao crédito as grandes propriedades produtoras de determinadas culturas importantes ao modelo, isto é, consumidoras de insumos industriais. Os pequenos produtores, em pequenas propriedades e menos capitalizados, que ocupavam terras menos férteis, ou mais afastadas dos centros, que utilizavam práticas de produção tradicionais e mão-de-obra familiar ficaram à margem.107

      

103

ZAFALON, Mauro. Avanço da cana concentra a produção de grandes usinas. Folha de São

Paulo, São Paulo, 29 abr. 2007, Dinheiro, p. B3. “Pedro Ramos, professor e pesquisador da Unicamp

(Universidade Estadual de Campinas), diz que só 25% da cana moída pelas usinas é proveniente de fornecedores independentes. Os outros 75% são matéria-prima das usinas”.

104

ARAÚJO, José Carlos Evangelista de. Modernização e conflito: os dilemas colocados pela questão agrária no Brasil. In: GIORDANI, Francisco Alberto da Motta Peixoto; MARTINS, Melchiades Rodrigues; VIDOTTI, Tarcio José. [Coord.]. Direito do Trabalho Rural. Homenagem a Irany Ferrari. 2. ed. São Paulo: LTr., 2005, p. 25.

105

GAMA, Paula Werner da. O trabalho rural no Brasil e o trabalho decente. Op. cit., p. 103.

106

ALVES, Francisco José da Costa; PAULILLO, Luiz Fernando; SILVA, Edson Antônio da. A

flexibilização dos direitos trabalhistas chega ao campo. Op. cit., p. 221. Os autores utilizam o termo

“compulsório” porque o crédito estava articulado à obrigação de utilização de determinadas práticas de produção agrícola, com forte consumo dos insumos industriais. Tratava-se de uma operação de crédito casada.

107

É isso precisamente que se verifica nos dias atuais. São essas características que predominam no Nordeste açucareiro, isto é, a concentração de incontáveis quantidades de terras em poder de poucos proprietários.

No mesmo diapasão, é preciso ainda se deter no estudo da figura do consórcio de empregadores. De acordo com Edilton Meireles, essa figura é simples, pois “decorre da união de diversos empregadores rurais que, em conjunto, contratam empregados para lhes prestar serviços”. Pelo consórcio, o empregado fica vinculado a vários empregadores rurais e estes se ligam por um pacto de solidariedade.108

O mesmo autor adverte para a utilização incorreta do termo, haja vista que, no ordenamento jurídico brasileiro, o consórcio se forma quando duas ou mais empresas se agrupam para desenvolver determinado empreendimento. Neste sentido, essa reunião não gera a formação do grupo econômico, pois não há colaboração empresarial em torno de suas atividades. No caso do “consórcio de empregadores” as empresas não executam atividades em comum. A única comunhão reside no fato da contratação do mesmo trabalhador por diversos empregadores.109

Paula Werner da Gama afirma que essa modalidade começou a ser utilizada no meio rural, principalmente nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, porém sem regulamentação legal específica. A Portaria n. 1964, do Ministério do Trabalho e Emprego, de 01 de dezembro de 1999, foi o primeiro diploma a disciplinar a matéria. Somente em 09 de julho de 2001, a lei n.º 10.256, destinada a alterar a lei n.º 8.212, de 24 de julho de 1991, introduziu nesta o art. 25-A, que passou a reger o instituto no ordenamento jurídico trabalhista estatal brasileiro.110

Dorothêe Susanne Rüdiger ensina que

o consórcio de empregadores rurais é uma solução criativa, pois se apóia nos antigos laços de vizinhança no campo, para estabelecer vínculos estáveis de trabalho e para ligar os trabalhadores à rede de benefícios trabalhistas e previdenciários.111

      

108

MEIRELES, Edilton. Grupo econômico trabalhista. São Paulo: LTr., 2002, p. 348.

109

Idem. Ibidem.

110

GAMA, Paula Werner da. O trabalho rural no Brasil e o trabalho decente. Op. cit., p. 122.

111

RÜDIGER, Dorothêe Suzanne. Da gambiarra à conexão em rede: problemas teóricos jurídicos do consórcio de empregadores rurais como empregador único. In: GIORDANI, Francisco Alberto da Motta Peixoto; MARTINS, Melchiades Rodrigues; VIDOTTI, Tarcio José. [Coord.]. Direito do Trabalho

Marco Antônio César Villatore112 aponta inúmeras vantagens do instituto para

os empregados, pois o consórcio possibilita a formalização de emprego, sem determinação de prazo, traz segurança jurídica e maior garantia de solvência, isonomia salarial entre os empregados do consórcio e aqueles contratados isoladamente, fixação de residência, proteção da família, proteção à saúde e benefícios previdenciários. Para os empregadores as vantagens se apresentam pela divisão de pagamento dos salários e demais encargos, inclusive rescisões contratuais, entre os consorciados; desburocratização na formalização dos contratos e junto ao INSS; estrutura comum de gerenciamento dos empregados rurais; formalização de CEI; diminuição de concorrência entre os empregadores rurais e facilidade de negociação e de formalização de acordo coletivo de trabalho junto às entidades sindicais da categoria.

O mesmo autor enxerga ainda as vantagens que nascem para terceiros: facilidade de fiscalização do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho; diminuição do trabalho informal e do trabalho escravo; aumento de arrecadação para o INSS, de contribuições sindicais obrigatórias e possibilidade de negociação coletiva.113

No que concerne ao trabalho rural nas usinas de cana-de-açúcar, Villatore informa que há consórcios de empregadores rurais registrados nos Estados de Alagoas, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte e São Paulo.114

Em que pese o objetivo do legislador no sentido de tentar eliminar a precarização das relações de trabalho rural, percebe-se que existem grandes dificuldades práticas que contribuem para a inviabilidade efetiva do consórcio de empregadores rurais. De acordo com as palavras de Dorothêe Susanne Rüdiger, ele sofre de fragilidade jurídica, isto é, não tem fundamento legal sólido e não tem sustentação jurídica satisfatória. A autora diz, e é forçoso concordar com ela, que a figura abriga “um verdadeiro paradoxo: o consórcio de empregadores não constitui uma pessoa, mas é empregador, portanto é tratado como se pessoa fosse”.115

      

112

VILLATORE, Marco Antônio César. Consórcio simplificado de empregadores rurais In:GIORDANI, Francisco Alberto da Motta Peixoto; MARTINS, Melchiades Rodrigues; VIDOTTI, Tarcio José. [Coord.]. Direito do Trabalho Rural. Homenagem a Irany Ferrari. 2. ed. São Paulo: LTr., 2005, p. 430.

113

Idem. Ibidem, p. 435-437.

114

Idem. Ibidem, p. 433.

115

RÜDIGER, Dorothêe Suzanne. Da gambiarra à conexão em rede: problemas teóricos jurídicos do consórcio de empregadores rurais como empregador único. Op. cit., p. 88.

É evidente que a globalização e a revolução tecnológica fazem aparecer novas relações de trabalho. Sendo assim, merecem ser aplaudidas iniciativas que incentivam a formalização dos contratos de emprego nas usinas de cana-de-açúcar para que se alcance o fim almejado pelo trabalho decente.

3 O TRABALHO DECENTE NA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO