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O ENVELHECIMENTO NA AMÉRICA LATINA E UNIÃO EUROPEIA

SUMÁRIO

1.1 O ENVELHECIMENTO NA AMÉRICA LATINA E UNIÃO EUROPEIA

Na América Latina, o envelhecimento é considerado a partir dos 60 anos, pois nos países menos desenvolvidos, a esperança de vida é de cinco anos menos que os países desenvolvidos (OPAS/OMS, 2005). Para esta mudança foram seguidos os critérios das Nações Unidas e das estatísticas mundiais sobre envelhecimento. Sendo que, a idade acima dos 65 anos é um critério restritivo nos países desenvolvidos (Sanz, 2006).

A maioria dos países da América Latina não é envelhecida, com exceção, do Uruguai (17,1%), Cuba (13,7), Argentina (13,3) e Chile (10,2). Os demais países da América Latina estão envelhecendo, mas, com ritmo muito diferente ao dos europeus. Como sabemos, o processo do envelhecimento está diretamente relacionado às tendências de natalidade, à fecundidade, à mortalidade e à esperança de vida ao nascer (Sanz, 2006).

No ano de 2000, o envelhecimento na América Latina foi de 8%, menor que a média mundial 10%. Esta porcentagem foi considerada ainda menor quando comparada com a Europa e Espanha, que juntas superam os 22%. Seguindo este critério, os países em que as pessoas com 65 anos e mais de idade estão acima da média mundial, são considerados envelhecidos. Portanto, o Uruguai, Cuba, Argentina e Chile são países envelhecidos porque têm taxas elevadas de envelhecimento e estão aproximadas a dos países europeus. O Brasil está em um grupo que ocupa uma média de 7% de adultos com 60 anos e mais, juntamente com Panamá, Costa Rica, El Salvador e Peru (Sanz, 2006).

Ainda neste ano (2000), o Uruguai, Chile e Argentina reduziram sensivelmente sua taxa de natalidade, mortalidade e fecundidade, compondo um modelo mais avançado de envelhecimento. A taxa bruta de natalidade se encontrou abaixo de 20% e o número médio de filhos por mulher em torno de 2,1 ou 2,2. Em Cuba, a taxa bruta de natalidade foi de 11,7% e número médio de filhos por mulher foi de 1,5. No Brasil, está se acelerando o decréscimo da taxa de natalidade e fecundidade e, a taxa bruta de natalidade está em torno de 25% e a média de filhos por mulher está abaixo de três (Sanz, 2006).

À medida em que os países vão envelhecendo, encontramos uma diminuição das taxas de mortalidade. Em países da América Latina, a mortalidade ainda está alta, como o Haití (9,8%), Uruguai (9,3%), Brasil, 6,8% e, Costa Rica (4%), mas, a tendência é diminuir (Sanz, 2006).

A esperança de vida ao nascer1 está relacionada ao desenvolvimento econômico e à baixa natalidade. Encontramos uma grande heterogeneidade entre os países da América Latina.

Na Costa Rica, a esperança de vida é maior, em torno de 21,3 anos para os homens e 24 anos para as mulheres, no Haití, de 15,9 anos para os homens e 16,9 para as mulheres (Sanz, 2006). Portanto, na Costa Rica, a esperança de vida é maior que no Haiti e, em ambos, é maior no sexo feminino.

No Brasil, observa-se aumento da esperança de vida ao nascer, mas, as taxas ainda são baixas diante dos países envelhecidos. Os países envelhecidos apresentam uma renda per capita mais elevada e, como consequencia, o aumento da esperança de vida é diferente para o homen e a mulher. Uma mulher latino-americana que completou 60 anos tem esperança de vida média de três anos a mais que o homem, diferença esta que é a metade nos países desenvolvidos. Por exemplo, no Uruguai são de cinco anos, no Chile, 3,8 e no Brasil, 3,3 anos. Por um outro lado, os países sobre-envelhecidos, em que as pessoas chegaram aos 75 anos de idade e vivem mais anos em relação à esperança de vida ao nascer, podemos encontrar uma taxa entre 25% a 30%. Em Cuba e Uruguai, 28 a 30% e no Brasil, inferior a 20% (Sanz, 2006).

A desruralização, migração da população da área rural para a urbana também contribui para o envelhecimento. Na União Europeia como na América Latina este processo é desencadeado pela industrialização e terceirização. O Uruguai, Argentina, Cuba e Chile têm forte concentração da população na área urbana (85%), enquanto que, os países mais pobres como Haiti, Guatemala, é menos freqüente a desruralização (55%) e no Brasil, o ritmo da urbanização é mais moderado (Sanz, 2006).

1 Esperança de vida ao nacer é o número médio de anos que um recém-nascido esperaria

viver se estivesse sujeito a uma lei de mortalidade. Instituto Brasileiro Geográfico e Estatístico (IBGE). Brasília. [citado 2009 abr. 28]. Disponível em:

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/co nceitos.shtm

Por outro lado, muitos países se apresentam com envelhecimento rural porque a população jovem está indo para a cidade em busca de tecnologia e trabalho.

No período de 2000 até 2010, está previsto que todos os grupos de idades crescerão em todas as áreas urbanas e haverá predomínio de mulheres sobre os homens, ao contrário da área rural, na qual existe predomínio do homem (Sanz, 2006).

No século XXI, o crescimento mundial de pessoas com mais de 65 anos representa um grande desafio para o governo e o serviço sanitário e social. A OMS, consciente do problema e de acordo com seus objetivos de promoção da saúde, celebrou em 1999, o ano internacional das pessoas idosas. Iniciou sua campanha com o programa “envelhecimento e saúde”, para promover o envelhecimento ativo e a qualidade de vida das pessoas idosas (Sanz, Paricio, 2006).

O envelhecimento da sociedade europeia se converte em problema quando a demanda dos serviços sociais utilizados pelos idosos, não corresponde à oferta destes serviços e a sociedade mantém as mesmas respostas, de quando, o número de idosos era sensivelmente menor. De uma outra maneira, se pode resumir que as pessoas idosas, cada vez mais, solicitam o serviço sócio sanitário, tornando-o mais caro (Sanz, Paricio, 2006).

Os idosos da sociedade europeia moderna já não se conformam em ter um lugar no sol, desejam acumular qualidade aos anos ganhos, com esforço individual e contando com o apoio de todos os demais. Para compreender este processo, a União Europeia tem focado os gastos sociais na economia e em sua distribuição.

O envelhecimento na Espanha começou em 1950, quando a taxa de pessoas com 65 anos e mais, representava 7%. Nos últimos 40 anos esta taxa cresceu de forma ininterrupta e, atualmente, se encontra próximo aos 17%. Neste último período, cabe destacar dois momentos: o crescimento da população idosa (1950 até 1970) e uma aceleração do processo de envelhecimento (1970 até a atualidade). Até 1970, a taxa de natalidade era

muito alta e a de mortalidade estava decrescendo em um ritmo mais lento que a taxa de natalidade, ocorrendo o fenômeno conhecido como baby

boom. Nos anos seguintes, ocorreu a redução progressiva da taxa de natalidade e um estancamento da mortalidade, levando ao aumento do número e porcentagem de idosos em relação à população total (Sanz, Paricio, 2006).

As causas da diminuição da natalidade foram a planificação familiar (métodos contraceptivos) e o trabalho exterior da mulher (emprego). Estes fatores provocaram uma mudança cultural a partir dos anos 60 e 70. As mudanças culturais foram paralelas a uma diminuição da ideologia religiosa tradicional (menor influência das ideias cristãs e das fundamentalistas da natalidade), “melhor é ter poucos filhos, mas, que eles estejam bem, é mais

cômodo e se considera que assim todos os membros da família poderão viver melhor” (Nistal, Carrillo, Jiménez, 2008).

A Espanha envelhece e seguirá envelhecendo nas próximas décadas. A população de idosos tem crescido mais rapidamente no último século, do que, outros grupos da população. O censo de 2001 reflete pela primeira vez que os idosos com 65 anos são em maior número que os menores de 16 anos de idade (Nistal, Carrillo, Jiménez, 2008).

No período de 1990 a 1999, ocorreu um aumento de sete vezes da população com 65 anos e mais, de 967.754 para 6.739.561. Atualmente, representa 16,8% de um total nacional (40.202.158 habitantes). Em 2010, serão 7,8 a 8 milhões e, em 2050, a população com 65 anos e mais será superior a 12 milhões (Pajares, Fuente, 2004).

Em 1990, o idoso com 80 anos de idade aumentou 12 vezes, chegando a 115.000. Atualmente são 1,5 milhões, em 2010 superarão dois milhões (5% do total) e, em 2050 serão 4,1 milhões (Pajares, Fuente, 2004).

Outro fator que influenciou o envelhecimento na Espanha, foi o aumento da esperança de vida. Uma pessoa que nasceu em 1900, tinha uma

esperança de vida de 35,7 anos de idade, 1930 (51,6 anos), 1950 (64,3 anos), 1990 (80,5 anos) e, na atualidade, para 82,2 anos de idade2.

Segundo INE3, em Catalunha, a esperança de vida ao nascer do homem no período de 1975 a 2002 era respectivamente de, 73,9 e 76,6 enquanto que, da mulher era de 79,7 e 83,2.

Estas diferenças são devido à emigração de jovens para as cidades levando a uma descompensação demográfica, redução da taxa de natalidade, modernização demográfica e à queda da taxa de fecundidade.

Para medir a incidência do envelhecimento na população, existem dois indicadores: índice de envelhecimento (IV)4, a relação dos idosos com 65 anos e mais com a população total e, o índice de dependência (ID)5, a relação da população dependente com 65 anos e mais, somado à população menor de 16 anos, com a população que está entre as idades de 16 e 65 anos de idade (Nistal, Carrillo, Jiménez, 2008).

A probabilidade de envelhecer não é a mesma entre homens e mulheres. Na mulher, após os 65 anos de idade, a expectativa de vida aumenta em relação ao homem.

Para cada 100 mulheres com 65 anos de idade e mais, 74 homens, para cada 100 mulheres com 80 e 84 anos de idade, 59 homens, e, para cada 100 mulheres com 85 anos e mais, 48 homens (Sanz, Paricio, 2006).

Vale ressaltar que existem diferenças culturais na América Latina e na União Europeia (UE). O controle do crescimento da população idosa está relacionado às taxas demográficas, qualidade de vida e com o novo papel dos grupos da população na sociedade moderna.

2 Instituto Nacional de Estadística (INE). España. 2002. [citado 2009 abr. 28]. Disponible

en: http://www.imsersomayores.csic.es

3 Instituto Nacional de Estadística (INE). España. 2006. Esperanza de vida al nacimiento

por sexo. Tabla 6. [citado 2009 abr. 28]. Disponible en: http://www.imsersomayores.csic.es

4 IV= total Población más y anos Población65 5 ID = años a de Población años de menor más Población 65 16 16 65 +