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3. Procedimentos Metodológicos da Pesquisa

3.3. O Instrumento de Pesquisa e Coleta de Dados

A presente pesquisa utiliza uma sequência básica de passos para a coleta e para o tratamento dos dados conforme apresentado pela Figura 19 - Passos para a Coleta e o Tratamento dos Dados (Creswell, 1998; Moustakas, 1994; apud Carvalho e Vergara, 2002). Os meios de coleta de dados compreendem, basicamente, as entrevistas semi-estruturadas e a observação participante nos cenários das situações sociais do mundo real. Em outras palavras, os objetivos da pesquisa orientam as questões propostas, mas seu conteúdo, sua sequência e sua enunciação estão nas mãos do entrevistador. Neste caso, questionários fechados são inapropriados. Muita instrumentalização prévia costuma fechar os olhos do estudioso para a essência daquilo que será examinado (Carvalho e Vergara, 2002). Segundo Thorne (2001) apud Carvalho e Vergara (2002), as entrevistas não padronizadas, semi-estruturadas não são, de maneira alguma, casuais. Elas devem ser tão cuidadosamente planejadas quanto os questionários estruturados. A meta da entrevista é obter uma descrição de uma experiência, a partir da qual serão determinados padrões experimentais capazes de gerar uma compreensão essencial do fenômeno. A entrevista deve manter a estrutura de uma conversa, não uma sucessão linear de perguntas e respostas. O curso do diálogo depende do entrevistado e do entrevistador. O diálogo tende a ser circular, ou seja, o entrevistador permite que o entrevistado construa livremente suas respostas, mas procura conduzir o foco da conversa para o tema da pesquisa.

Figura 19 - Passos para a Coleta e Tratamento dos Dados (adaptado de Carvalho e Vergara, 2002)

O instrumento de pesquisa para o levantamento dos requisitos do novo modelo foi composto por um questionário de questões abertas destinadas a propiciar um roteiro para entrevistas semi-estruturadas junto a um grupo de partes interessadas e especialistas em PCTs.

Para o desenvolvimento do instrumento de pesquisa foram estabelecidas algumas dimensões (clusters de significado) a serem analisadas durante as entrevistas para o estabelecimento dos requisitos da arquitetura do modelo para financiamento de parque (Figura 20). As dimensões utilizadas foram:

1) A infra-estrutura do parque tecnológico: envolvendo a infra-estrutura física disponível no empreendimento e a localização do parque;

2) A qualidade do ambiente de inovação do parque: a presença de políticas de cooperação entre empresas e pessoal de pesquisa, a oferta de mão de obra

para as atividades empresariais e a presença de serviços especializados em tecnologia e inovação;

3) O modelo de gestão adotado pelo parque: nível de profissionalismo na gestão do parque e seu modelo de governança corporativa;

4) A estratégia de sustentabilidade econômica e financeira utilizada pelo parque: a viabilidade econômica e financeira do empreendimento, seu modelo de financiamento e estratégias de sustentabilidade adotada;

5) Visão geral do parque tecnológico: modelos de parcerias entre os

stakeholders, a cooperação em P&D e as políticas de sustentabilidade

ambiental do parque tecnológico.

A Tabela 4 a seguir apresenta o elenco dos entrevistados pela pesquisa. No total foram entrevistadas 22 pessoas: 10 pessoas ligadas às empresas de base tecnológica (EBTs), 10 pessoas ligadas aos parques tecnológicos e incubadoras de empresas, e 2 pessoas ligadas a viabilização de negócios imobiliários. Uma descrição mais detalhada sobre os entrevistados será apresentada no capítulo “Os Resultados da Pesquisa para o Estabelecimento dos Requisitos Básicos do Modelo”.

Tabela 4 - Elenco das Entrevistas na Pesquisa de Campo Elenco das Entrevistas 1ª. Etapa de Entrevistas 2ª. Etapa de Entrevista

Pessoal de Empresas - EBT 10 entrevistas (dirigentes e sócios de EBTs - empresas de base tecnológica) Especialistas em PCTs 6 entrevistas (dirigentes de incubadoras ligadas a PCTs, consultores, acadêmicos e governo) 4 entrevistas (dirigentes de PCT e incubadoras, acadêmico e governo)

Outros Stakeholders 2 entrevistas (Negócios Imobiliários)

As perguntas básicas desenvolvidas para as entrevistas semi-estruturadas abordaram os seguintes tópicos:

 O que você considera essencial para um Parque Tecnológico auto- sustentável?

 Quais seriam os fatores críticos de sucesso para a criação e operação de um Parque Tecnológico auto-sustentável no Brasil?

 Quais as características que um Parque Tecnológico deve ter para ser viável em termos de sustentabilidade econômica e financeira no Brasil?

 O que de forma nenhuma este parque não pode deixar de ter?

 Quais seriam os elementos críticos para a criação e operação de um Parque Tecnológico auto-sustentável no Brasil?

 Quais as características que um Parque Tecnológico privado deve ter para ser viável em termos de sustentabilidade econômica e financeira no Brasil?  O que é essencial para a existência do parque?

Após a conclusão das entrevistas, os dados e impressões coletados durante as entrevistas foram compilados, organizados e agrupados por categoria (clusters de significados). Como mencionado, os dados coletados não foram tratados por procedimentos estatísticos e remeteram à dinâmica qualitativa da pesquisa, possibilitando uma melhor compreensão da problemática e seus contextos.

Versões preliminares mais aprimoradas do modelo foram então estabelecidas. Essas versões preliminares e mais aprimoradas do modelo foram alvo de publicações e apresentações de artigos científicos em conferências nacionais e internacionais (Gargione, Plonski e Lourenção, 2005, 2006, 2009, 2010). Com base em críticas aos artigos apresentados nos eventos, foi possível dar continuidade ao aprimoramento da arquitetura do modelo em estudo.

Vale salientar que as entrevistas feitas com os especialistas na segunda etapa das entrevistas possibilitaram o levantamento de bibliografia adicional relevante, normalmente não pertencente a periódicos acadêmicos, além da análise de documentos referentes às práticas de estruturação e gestão de PCTs no Brasil e no exterior, incluindo aqui as estratégias de negócios adotadas pelos empreendimentos. O contato com especialistas promoveu ainda a possibilidade de se explorar e revisar questões complexas em profundidade (governança e financiamento), bem como formular novas perguntas sobre os tópicos relativos à pesquisa.

4. Os Resultados da Pesquisa para o Estabelecimento dos