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2.1 Enquadramento

O Laboratório de Tecnologia da Informação e do Conhecimento (LIBER) é um espaço destinado a pesquisas e atividades práticas do Departamento de Ciência da Informação (DCI), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE, Brasil). De acordo com Miranda (2010: 253), o LIBER foi criado em 1996 e tem como linha investigativa, estudar os aspetos relacionados com o acesso à informação através da «construção de instrumentos tecnológicos para resgate, preservação e acesso de acervos», bem como na gestão eletrónica do conhecimento, a qual desenvolve «em ambiente controlado, repositórios e ferramentas que permitem a disponibilização,

gerenciamento e pesquisa de conteúdos em formato digital» (LIBER, 2013)40.

Coordenado pelo Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI), Doutor Marcos Galindo Lima, o LIBER tem como principal objetivo «desenvolver experimentos no campo dos repositórios eletrônicos com o objetivo de tornar acessíveis coleções de obras raras de outras instituições, por meio de convênios e parcerias» (MIRANDA, 2010: 253).

Atualmente, o LIBER conta com uma equipa composta pelo referido Coordenador, dois Professores Colaboradores (ambos do Departamento de Ciência da Infomação/UFPE), dois Investigadores (um da área de Educação e outro de Ciência da Informação), um Gerente de Projetos e bolseiros de apoio técnico.

Neste contexto, Lima ([2011?]: 10) diz que em 2007 o LIBER passou por um processo de «requalificação vocacional», tornando este, num ambiente Multiusuário «agregador de projetos, suporte a investigação científica e facilitador da acessibilidade a serviços especializados em gestão de bens da memória». Objetivo esse confirmado por Miranda (2010: 253), quando diz que: «a informação científico- tecnológica ao lado do desenvolvimento e o tratamento documental são objetos de estudo do Liber. Sua principal característica é desenvolver aplicações práticas interdisciplinares. Tais aplicações estimulam a rotatividade do conhecimento armazenado nas fontes primárias e arquivos de difícil acesso», assim, por ser um laboratório multiusuário e interdisciplinar, permite que haja uma visualização a todos os aspetos do património memorial, desde o acesso, preservação de acervos já existentes, e a análise de riscos à serviço desta preservação (RIBEIRO, 2012).

Face ao exposto, Ribeiro (2012) e Lima ([2011-?]), referem que no ano de 2008 foi aprovado o «Projeto de Ampliação da Capacidade do Laboratório Multiusuário do LIBER», pela Fundação de Amparo a Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE), com o objetivo de «criar condições de operacionalização eficiente para partilha de recursos tecnológicos, criação de estrutura de suporte técnico e formação de expertise» (LIMA, [2011?]: 10). A partir disso, o LIBER, como espaço multiusuário, além de cumprir com os objetivos propostos em seu momento de criação, atualmente trabalha com o foco em duas novas perspetivas: o utilizador e a

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Liber [em linhas]. [Consult. 15 Maio 2013]. Disponível em: <URL: http://www.liber.ufpe.br/portal/index.html>.

infraestrutura de investigação (no âmbito económico e social). De acordo com Lima ([2011?]: 11),

«A primeira dimensão, a do serviço, disponibiliza a capacidade instalada do laboratório para usuários especializados externos gestores de projetos de pesquisa, que não possuem os recursos de T.I. nem pessoal especializado para realização de ações de digitalização de fontes e acercos de interesse científico. A segunda dimensão diz respeito ao provimento da acessibilidade»

Em síntese, o Laboratório de Tecnologia da Informação e Conhecimento detém o seu olhar sobre os aspetos dos «efeitos sociais», «preservação» e «análise de riscos» ao património memorial, possibilitando a resolução destas questões através de um «modelo colaborativo de experiência multiusuária» em Sistemas Memoriais.

É neste contexto que a seguir apresentaremos os projetos em fase de execução pelo LIBER em Instituições de Memória.

2.2 Um Projeto em Instituições Memoriais

Fundamentado no que foi apresentado anteriormente, o LIBER é um laboratório que tem como um dos seus propósitos, a «migração de mídia e construção de repositórios eletrônicos», preservando assim, o património memorial de Instituições de Memória. Destarte, o LIBER conta no seu histórico projetos com a finalidade de tornar possível o acesso a arquivos e bibliotecas memoriais, através da digitalização (transferência de suporte) e construção de repositórios digitais. Neste contexto, o sítio eletrónico do LIBER41 traz a público os projetos que

desenvolve, a saber:

• Ultramar: Sistema de gestão eletrónica de acervos históricos oriundos do Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal;

• Pereira da Costa: Publicação eletrónica dos «Anais Pernambucanos», escritos pelo historiador, folclorista e escritor pernambucano Pereira da Costa;

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Liber [Em linha]. [Consult. 15 Maio 2013]. Disponível em: <URL: http://www.liber.ufpe.br/portal/index.html>.

• Fundação Joaquim Nabuco (FUNDAJ): Desenvolvimento do sistema multimédia para gestão eletrónica de acervos históricos materializado no software CLIO direcionado à gestão da informação;

• Memória do Golpe: Acervo de informação sobre o Brasil no período entre os anos de 1964 e 1985;

• Visão Holandesa: Textos clássicos do domínio colonial holandês (1630- 1654) em formato eletrónico;

• Monummenta Hyginia: Documentação, Informação e História do Brasil nos Países Baixos;

• Software CLIO: Sistema de gestão;

• Memorial Popular: Memorial popular Liedo Maranhão.

• Banco de Teses: Sistema de gestão de informação acadêmica, desenhado para expandir a base de publicações eletrónicas e facilitar o acesso à produção científica e artística da Universidade Federal de Pernambuco.

Destarte, o LIBER desenvolve estes projetos em parceria com as seguintes instituições:

• Fundação Joaquim Nabuco (Brasil);

• Koninkrijk der Nederlanden (Países Baixos); • Fundação Gilberto Freyre (Brasil);

• Royal Netherlands Institute of Southeast Asian and Caribbean Studies (KITLV, Holanda);

• Universidade de Aveiro (Portugal); • Universidade do Porto (Portugal).

No que diz respeito à parceria do referido laboratório ao Núcleo Temático da Seca e do Semi-árido, foi constatado através de uma entrevista informal com a Directora do Departamento de Ciência da Informação (DECIN) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Dra. Andrea Carvalho, que tal parceria surgiu em meados de 2004, quando a mesma participou de uma reunião dos professores do Departamento de Ciência da Informação (DCI/UFPE) e do até então Departamento de Biblioteconomia (DEBIB/UFRN). De acordo com a Dra. Andrea, naquele momento, o Prof. Marcos Galindo (PPGCI/UFPE) apresentou o LIBER,

despertando assim, o interesse desta em importar a metodologia proposta pelo referido laboratório, para o âmbito da UFRN, em especial, ao antigo DEBIB. Posteriormente, foram realizadas outras visitas in loco, com outros professores e um grupo de alunos, para conhecer com mais profundidade o processo de digitalização naquele laboratório. Face ao exposto, no ano de 2005 a parceria institucional foi concretizada, tornando possível a implantação de uma sucursal do LIBER no espaço físico do NUT-Seca, culminando numa formação envolvendo os professores e alunos ligados ao projeto. Em meados de 2009 foi, ainda, realizado uma nova formação com os funcionários técnicos e bolseiros do Núcleo, com a finalidade de atualização dos conhecimentos técnicos da metodologia do LIBER, não tendo existido até ao momento a possibilidade de uma nova formação de atualização.

Assim, cumpre frisar que, embora a sucursal do LIBER na UFRN esteja alojada no espaço do NUT Seca, este não é subordinado daquele, possibilitando a execução de projetos não relacionados com o NUT Seca. Prova disso, foi o «Projeto de Construção do Memorial do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)», do Ministério da Educação (MEC, Brasil), o qual se utilizou os equipamentos e processo de digitalização como ferramenta de execução de tal projeto. No entanto, mesmo estando aberto à execução de outros projetos no âmbito da UFRN, constatou-se que a rotina de trabalho sustenta-se na digitalização do acervo do NUT-Seca, em especial, da Coleção da Carbaúba e da Hemeroteca de Recortes de Artigos de Jornal. Será com base nesta rotina de trabalho que abordaremos de seguida uma proposta de intervenção.