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O livro Português: Linguagens (PL) – Cereja e Magalhães (2003a)

CAPÍTULO 3: METODOLOGIA DE PESQUISA

2. Visão geral dos livros didáticos analisados

2.1 O livro Português: Linguagens (PL) – Cereja e Magalhães (2003a)

O livro Português: Linguagens (PL) organiza-se em nove unidades, cujo eixo norteador é a literatura, conforme quadro a seguir:

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UNIDADES TEMAS/CAPÌTULOS

Unidade I A Comunicação. A Literatura da Idade Média

ao Quinhentismo

Capítulo 1: Linguagem, comunicação e interação Capítulo 2: Introdução à Literatura

Capítulo 3: O Poema

Capítulo 4: As origens das literaturas portuguesa e brasileira Capítulo 5: O texto teatral

Capítulo 6: O Quinhentismo no Brasil

Unidade II História Social do Barroco

Capítulo 7: Barroco: a arte da indisciplina Capítulo 8: O Barroco em Portugal e no Brasil Capítulo 9: O relato

Capítulo 10: Texto e discurso

Capítulo 11: O texto argumentativo oral: o debate regrado Unidade III

História Social do Arcadismo

Capítulo 12: O Arcadismo

Capítulo 13: O texto argumentativo escrito Capítulo 14: O Arcadismo em Portugal Capítulo 15: Acentuação

Unidade IV História Social do

Romantismo

Capítulo 16: Romantismo: a arte da burguesia Capítulo 17: O Romantismo em Portugal Capítulo 18: O Romantismo no Brasil – A poesia Capítulo 19: A notícia

Capítulo 20: Introdução à semântica

Capítulo 21: O Romantismo no Brasil – A prosa

Unidade V

História Social do Realismo, do Naturalismo e do

Parnasianismo

Capítulo 22: O Realismo: a realidade desnuda

Capítulo 23: O Realismo em Portugal. O realismo e o Naturalismo no Brasil

Capítulo 24: A reportagem Capítulo 25: Pontuação

Capítulo 26: O Parnasianismo no Brasil Capítulo 27: A crônica

Unidade VI História Social do

Simbolismo

Capítulo 28: O Simbolismo: a linguagem da música Capítulo 29: A crítica

Capítulo 30: O Simbolismo em Portugal e no Brasil Capítulo 31: O texto argumentativo: o editorial Capítulo 32: Concordância. Concordância verbal

Unidade VII História Social do

Modernismo

Capítulo 33: O Pré-Modernismo Capítulo 34: O texto publicitário Capítulo 35: Concordância nominal

Capítulo 36: Arte Moderna: liberdade e ação Capítulo 37: O Modernismo em Portugal

Capítulo 38: O Modernismo no Brasil – A primeira fase Capítulo 39: O conto Unidade VIII A Segunda Fase do Modernismo – A Prosa e A Poesia Capítulo 40: O romance de 30 Capítulo 41: A carta argumentativa Capítulo 42: Regência verbal e nominal Capítulo 43: A poesia de 30

Capítulo 44: O texto dissertativo-argumentativo Unidade IX

A Literatura Contemporânea

Capítulo 45: A geração de 45

Capítulo 46: O texto dissertativo-argumentativo Capítulo 47: Tendências da Literatura contemporânea

Quadro 9 - Organização dos objetos de ensino nos respectivos capítulos do livro Português: Linguagens (PL) – Cereja e Magalhães (2003a)

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As unidades acima relacionadas são divididas em capítulos classificados em três categorias: Literatura (conteúdos e textos literários), Língua: uso e reflexão (conhecimentos gramaticais e análise linguística); Produção de Texto (leitura e produção de textos). Ao final de cada unidade, há uma seção Intervalo (sugestões de projetos). Observamos, ainda, neste quadro anterior, que a quantidade de capítulos em cada unidade é variável.

Podemos perceber que os autores, nesta distribuição, propõem o ensino de alguns gêneros (poema, texto teatral, relato, notícia, reportagem, crônica, conto), relativos a diferentes esferas de produção (literária, jornalística, principalmente), articulando-os com o ensino clássico de tipos textuais (principalmente o texto dissertativo-argumentativo, que é objeto dos exames vestibulares).

No Catálogo do PNLEM/2006, os avaliadores confirmam que as abordagens de leitura, de produção de texto e de linguagem oral são elaboradas pelos autores a partir das teorias do texto e do gênero. Informam, também, que as atividades de leitura voltadas para a produção de texto, principalmente, estão organizadas com base nos gêneros e nos tipos de texto. Resta-nos verificar, em nosso capítulo seguinte, como tais abordagens são elaboradas pelos autores deste LDP.

Em relação ao ensino de literatura, o quadro anterior pode apontar para a “tradicional exposição sobre os estilos de época expostos em ordem cronológica e associados aos seus contextos históricos” (BRASIL, 2006b, p. 59).

No Manual do Professor (doravante MP) deste livro, os autores argumentam que a abrangência dos diferentes campos (objetos) de ensino de português (leitura/literatura, produção de textos e língua) mediante diferentes práticas de linguagem pode contribuir ativamente no processo de construção de alguns valores e habilidades tais como: “solidariedade, ética, aceitação do diferente, autonomia, afetividade, cidadania, aprendizagem permanente, capacidade de adaptação a situações novas, de estabelecer transferências e

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relações, de debater, de argumentar, de interferir na realidade e transformá-la” (CEREJA; MAGALHÃES, 2003b, p. 3).

Entretanto, quanto a esta proposta dos autores, entendemos, pela distribuição transcrita no quadro anterior, que os objetos propostos nos capítulos não parecem estabelecer uma articulação entre si que possa contribuir para tais objetivos mencionados. Veremos adiante por que razão.

Na Tabela 1 abaixo, apresentamos a quantidade de capítulos, em cada unidade, destinados a cada eixo de ensino, para melhor visualização do que este LDP propõe:

UNIDADES LITERATURA PRODUÇÃO LÍNGUA

Unidade I 3 2 1 Unidade II 2 2 1 Unidade III 2 1 1 Unidade IV 4 1 1 Unidade V 3 2 1 Unidade VI 2 2 1 Unidade VII 4 2 1 Unidade VIII 2 2 1 Unidade IX 2 1 1 TOTAL 24 15 9

Tabela 1 - Distribuição quantitativa dos eixos de ensino nas respectivas unidades do livro Português: Linguagens (PL) – Cereja e Magalhães (2003a)

Podemos, pois, perceber que este livro didático destina maior número de capítulos ao ensino de literatura, confirmando o nosso registro anterior de que o eixo norteador das Unidades é a Literatura.

Estes dados confirmam, também, o registro dos pareceristas do PNLEM/2006 sobre o fato de que “a maior parte do volume59 é consagrada ao

estudo da literatura” (BRASIL, 2006b, p. 62). Entretanto, isso não nos parece um aspecto negativo, pois, como observamos, estes capítulos trazem textos e questões de compreensão. Portanto, resta-nos observar a natureza destes textos e suas respectivas atividades propostas.

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Nesta edição do PNLEM, os LDP foram, por exigência do FNDE, apresentados em volume único para os três anos do Ensino Médio.

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No MP, os autores enfatizam que “o trabalho com literatura prioriza a leitura e a análise do texto literário” (CEREJA; MAGALHÃES, 2003b, p. 5). Entretanto, no Catálogo do PNLEM/2006, os pareceristas registram que a leitura do texto literário é explorada pelos autores, porém em segundo plano. Pretendemos confirmar estes dados quando das análises das atividades que apresentaremos no próximo capítulo.

Os capítulos são divididos em seções. Essas seções variam de acordo com os objetos de ensino, como: nos capítulos destinados ao ensino de Literatura, há uma Introdução (síntese do estilo de época), Leitura (texto literário para interpretação) e Do texto ao contexto histórico (texto didático informativo associado ao movimento literário). Nos capítulos de Produção de Texto há Trabalhando o gênero (leitura e interpretação de um texto no gênero ou tipo de texto), Produzindo o texto (produção escrita) e Para escrever (subsídios gramaticais para a escrita). Nos capítulos de Língua: uso e reflexão há seis seções e todas elas têm como objetivo desenvolver determinados conteúdos gramaticais, inclusive com a utilização de textos para esse fim específico.

Não há uma seção específica para leitura, conforme registro do Catálogo do PNLEM/2006. Verificamos que muitos textos são trabalhados para a construção de componentes de outros eixos de ensino, além da leitura.

No caso dos capítulos sobre conteúdos gramaticais (Língua: uso e reflexão), por exemplo, apesar de no MP os autores afirmarem que “busca-se o texto e o discurso, em vez do mero reconhecimento e classificação de determinadas categorias gramaticais” (CEREJA; MAGALHÃES, 2003b, p. 3), constatamos que os textos apresentados nesses capítulos não trazem atividades de compreensão, mas sim de exercícios de análise das categorias linguísticas trabalhadas como objetos de ensino nas respectivas seções. Funcionam, portanto, como corpus linguístico e não como textos para serem lidos e interpretados. Assim, não foram considerados em nossos levantamentos quantitativos.

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Verificamos que somente nos capítulos sobre literatura e sobre produção de textos são propostas atividades de compreensão sobre os textos escolhidos pelos autores para trabalhar estes objetos.

Estes capítulos, com suas respectivas seções, são aqueles nos quais buscamos os textos, em seus respectivos gêneros e esferas, para observarmos a natureza da coletânea destinada à leitura, para responder à primeira pergunta de pesquisa, e as correspondentes atividades de compreensão/interpretação propostas a partir desses textos, com o objetivo de responder à segunda pergunta de pesquisa.

Segundo os pareceristas do PNLEM/2006, “para cada série são destinadas três unidades e, ao final de cada três, há uma seção composta por questões de vestibulares e do ENEM” (BRASIL, 2006b, p. 60). Este dado parece apontar para a preocupação dos autores em relacionar os conteúdos de cada série, distribuídos nas respectivas unidades, aos exames de avaliação de acesso ao ensino superior, nos moldes do que se já se fazia à época do Colégio Pedro II, conforme registramos no Capítulo 1.

Passemos, agora, para uma visão geral do segundo livro que é objeto de análise.