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O papel da mulher nas estruturas, na gestão e na liderança.

Quais são as suas habilitações literárias? (indique, por favor, o nível de escolaridade que concluiu)

3.3.2 Análise das Entrevistas

3.3.2.5 O papel da mulher nas estruturas, na gestão e na liderança.

No primeiro capítulo, observamos que, no Antigo Testamento, algumas mulheres assumiram a liderança de várias comunidades, quer a nível político, quer a nível religioso. Perante estes exemplos, com o resultados do inquérito anterior bastante favorável ao envolvimento da mulher na gestão e liderança nas paróquias308 e com os exemplos de liderança das mulheres na sociedade, decidimos abordar mais concretamente os inquiridos sobre a possibilidade de liderança das mulheres nas paróquias, na gestão e na integração as mulheres organização estrutural da Igreja. Deste modo, os religiosos e clérigos responderam que a mulher tem capacidade de liderança, de gestão e de organização, mas que nunca deixe de estar ligada à figura, que tem a missão de conduzir o povo309.

D. José Cordeiro, bispo de uma diocese carente de ministros ordenados e de paroquianos, afirma que a mulher já se encontra realmente na gestão das paróquias, onde mostram, naquilo que fazem, a sua humanidade e maternidade310. Outros aspectos, questionados pelo Padre Gonçalo, que tem conhecimento sobre grandes lideranças femininas, é se continua a fazer sentido a paróquia ser a única forma de organização das comunidades cristãs ou se a paróquia deve ser estruturada clericalmente, visto já acontecer outras formas de comunidades geridas por mulheres e essa experiencia tem sido bastante proveitosa, como acontece em movimentos mistos, mosteiros femininos, entre outros. E, também, porque não colocar mulheres em cargos eclesiais, que não estejam ligados intrinsecamente com o ministério ordenado, como nos serviços de comunicação, imprensa, informação da Santa Sé, paróquia, acção diplomática?311 No que diz respeito à diferença entre homem e mulher, devia- se escutar a voz da mulher, olhando para a sua capacidade de leitura da realidade, pois na complementaridade contribui-se para o progresso da civilização humana.312

307Cf. “A diferença vital entre as mulheres e os homens, orientada para a entrega reciproca de si” do capitulo 2. 308Cf. “A gestão e a liderança das paróquias pode ser entregue a mulheres” do capitulo 3.

309 Cf. Anexo 9 – Entrevista a Pe. Fernando Escola; Anexo 10 – Entrevista a Ir. Eliete Feliciano. 310 Cf. Anexo 13 - Entrevista a D. José Cordeiro.

311 Cf. Anexo 22 - Entrevista a Padre Gonçalo Portocarrero Almada, 312 Cf. Anexo 9 – Entrevista a Pe. Fernando Escola

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Do ponto de vista dos leigos, Susana Laranjeira, leiga comprometida na pastoral catequética e estudante de Teologia, considera que tanto os homens como as mulheres têm capacidades de liderança313, como se vê nas áreas sociais e politicas 314. Apesar do gestor Nuno Serrenho, onde tem algum conhecimento em realidades paroquiais africanas e portuguesas, afirma que muitas paróquias já se encontram geridas por mulheres. Os políticos Maria de Belém e Ricardo Silva, que assumem cargos de liderança de governo e de comunidades civis, mostram que a mulher é dotada de atributos de líder, como comprovado em espaços públicos e privados, com a sua sensibilidade, instinto maternal, intuição, valores seguros, bom senso, equilíbrio, sentido de justiça315. E justificando esta opinião, a psicóloga Paula Caminhas e a médica Maria Amélia Ferreira, conhecedoras do físico e psicológico das pessoas, afirmam que é natural da mulher o instinto de liderança e de acolhimento, tal como ela é como mãe, com grande inteligência emocional e humanitária, que se enquadra numa gestão de paróquias, enquadrada numa identidade cognitiva e emocional no relacionamento. E vão mais longe, dizendo que se a igreja não aproveita este atributo natural da mulher, não vai usufruir do “stock de sensibilidade”.316 Algumas mulheres leigas, comprometidas com a

Igreja e ao mesmo tempo com a sociedade civil, apontam para falhas que travam a transformação e modernização da Igreja, falando de uma leitura da realidade eclesial apenas por homens. A mulher também é capacitada academicamente e dá exemplos de grande liderança. Nas paróquias, os párocos fazem diferença no tratamento de colaboradores homens e mulheres, que a mulher de facto é muito comprometida na Igreja, mas quando se trata de assuntos económicos, decisões, entre outros, os párocos optam por homens, falando de um medo da ameaça feminina. E também, que em detrimento do tipo de comunidades e realidades, os homens e mulheres poderiam exercer todos os ministérios317. Por outro lado, alguns consideram que o elo entre Cristo e a Igreja, a administração dos sacramentos e o rosto da paróquia é o presbítero, o que não impeça a colaboração da mulher318, mas nunca ultrapassando a sua figura319. Contudo, num equilíbrio de opiniões, deveria ser avaliada as capacidades de cada um320, no relacionamento entre si e os paroquianos, desprendidos de hierarquias, funções sociais, género, etnia e despadronização321. E apesar de a mulher ter

313 Cf. Anexo 8 – Entrevista a Susana Laranjeira 314 Cf. Anexo 12 – Entrevista a Rosa Ribeiro

315 Cf. Anexo 18 - Entrevista a Maria de Belém Pina; Anexo 15 - Entrevista a Ricardo Silva 316 Cf. Anexo 16 - Entrevista a Paula Caminhas, 2; Anexo 23 -Entrevista a Maria Amélia Ferreira

317 Cf. Anexo 20 – Entrevista a Maria de Fátima Pimparel; Anexo 8 – Entrevista a Susana Laranjeira; Anexo 18 – Entrevista a Maria de Belém Pina.

318 Cf. Anexo 11 – Entrevista a Pedro Salvador. 319 Cf. Anexo 19 – Entrevista a José Miguel Serrão. 320 Cf. Anexo 12 – Entrevista a Rosa Ribeiro 321 Cf. Anexo 14 – Entrevista a Idália Serrão.

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capacidade de chefia, ela devia ter bem presente o seu papel enquanto mulher, ou seja, o que ela poderia fazer ou coordenar, sem ultrapassar a figura do pároco ou vice-versa322.

Sendo as mulheres já catequistas, professoras de teologia, ministras da comunhão, e adorne os altares, as mulheres poderiam também ingressar nos variados Conselhos, órgãos de decisão, de representação e de evangelização323. Seria necessário uma maior formação do clero e dos leigos para a não descriminação da mulher, pois sentem que pode ser motivo de afastamento de muitas pessoas da Igreja 324. O homem e a mulher poderiam completar-se mais, abraçando várias causas, sobretudo no respeito pela dignidade humana, afirmação dos valores da fé, do humanismo e dos direitos humanos325.

Contudo, de facto o trabalho de liderança feminina, que vimos no Antigo Testamento foi de facto muito positivo. Além disso, na actualidade, a mulher está presente no mundo do trabalho. Nós vimos grandes mulheres, líderes em comunidades religiosas, em empresas, na política e em cargos de gestão. Com estes exemplos, os movimentos feministas mostram a capacidade da mulher na gestão, que poderia ser importante nas comunidades religiosas326. Segundo o magistério, seria importante uma complementaridade com o homem, para poderem responder, com a sua grande riqueza feminina, à própria vocação humana no meio sociedade. Não devemos levar a presença da mulher a uma ausência extrema na Igreja, porque de facto, como vimos nos dados recolhidos, a mulher já assume uma gestão das comunidades de culto, desde a participação dos ministérios litúrgicos, bem como fábricas paroquiais e manutenção. Ser pároco implica de facto a ordenação, devido ao ministério que exerce, mas o que não significa que o pároco retire funções, como está previsto pelo próprio direito canónico, ao próprio leigo. Deve fundamentar uma comunidade activa e participativa e interactiva, deixando de centrar tudo apenas na figura do pároco. Todos nós somos convidados á missão. Somos sacerdotes, profetas e reis, através do nosso baptismo. 327