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4. Educação a Distância e as novas tecnologias da informação e comunicação

4.2. O papel do professor em ambientes de aprendizagem a distância

Em ambientes de aprendizagem em EAD, é costume dizer que a relação pedagógica é desenvolvida por tutores apoiados por diferentes meios e ferramentas pedagógicas. Tutor é aquele que protege, difunde, ampara, confere dependência e sujeição, de acordo com o significado da palavra. No entanto, essas características não fazem parte do perfil de um profissional de um ambiente de aprendizagem que, visando uma ação participativa, de relações com os pares e principalmente reflexiva, busca potencializar o ato educativo.

De acordo com Litwin (2001), as tarefas dos tutores nos programas de educação a distância consistem, da perspectiva da aprendizagem dos estudantes, em orientar e reorientar os processos de compreensão e de transferência. Do ponto de vista do ensino, os tutores concebem atividades complementares que favorecem o estudo de uma perspectiva mais ampla ou integradora, atendendo às situações e aos problemas particulares de cada aluno. Favorecem também o intercâmbio entre estudantes e formulam as propostas para esse fim. Comenta que dado o impacto das novas tecnologias na modalidade, as atuais propostas de tutoria foram substituindo os clássicos encontros presenciais pela utilização de canais de comunicação como o correio eletrônico e que essas mudanças geraram novos problemas no que diz respeito à quantidade de alunos que os tutores podem atender pois lançar a pergunta e responder dia a dia às preocupações de cada aluno implica uma ampla dedicação a essas tarefas.

Gutierrez (1994) questiona o conceito de tutoria e propõe que as atividades do profissional potencializador sejam exercidas pelo assessor pedagógico que, além de complementar, facilitar e possibilitar a mediação pedagógica, deve estabelecer uma “comunicação empática” entre ele e o estudante.

Referindo-se ao profissional que rege um ambiente de EAD, Valente et al. (2002) afirmam que a construção do conhecimento é, basicamente, a concepção cientificamente fundada e adequada à vida no mundo pós-moderno. No entanto, ele admite que em um determinado momento educacional é apropriado o professor passar informação e, em outros, auxiliar o aprendiz a construir seu conhecimento com maior ou menor autonomia, conforme suas possibilidades. “O

educador deve saber como intervir nestas situações e escolher a abordagem pedagógica mais adequada”(p. 4).

Struchiner et al. (1998), apontando nesta mesma direção, afirmam que para abraçar a abordagem construtivista em EAD é necessário estar aberto não apenas à reflexão sobre o processo de construção, mas também à auto-reflexão, revisão de valores e práticas por aqueles que estão envolvidos na elaboração do projeto. Significa “também estar aberto às características do

contexto, isto é, da situação que gera o programa de EAD, inclusive assumindo, quando pertinente e necessário, vários modelos e estratégias educativas de outras abordagens”(p. 11).

Desta forma, ultrapassando o conceito de tutoria, este profissional, de acordo com Struchiner (1998), será melhor denominado facilitador ou orientador pedagógico e deve ser estimulado, em sua formação, a construir as seguintes competências: (1) desenvolver base teórico conceitual de sua prática, vivenciando-a de forma coerente com a abordagem construtivista; (2) conceber a aprendizagem como interaprendizagem: educador e educando aprendem com suas ações e reflexões, pois ambos são responsáveis pelo conhecimento produzido; (3) desenvolver poucos conceitos com maior profundidade, encorajando os alunos a buscarem outros pontos de vista, a desejarem aprender e entender, apropriando-se e responsabilizando-se pelo conhecimento produzido; (4) propiciar a análise de experiências significativas, desenvolvendo a reflexão crítica sobre as experiências da vida e da prática diária dos alunos; (5) ser um facilitador, levando o aluno a construir seu próprio entendimento da realidade a partir de múltiplas perspectivas de análise; e (6) promover a comunicação entre os grupos, compreendendo a educação como um processo de comunicação em que se privilegia o intercâmbio de experiências e a circulação de saber entre os agentes do processo (educandos e educadores).

Para Valente et al. (2002), que definiram diferentes tipos de ambientes a distância, dependendo da abordagem utilizada, o professor pode ter um papel mais ou menos ativo. Na abordagem “broadcast”, o professor tem um papel fundamental na preparação do material a ser enviado ao aluno. O envio do material nem precisa ser feito por um professor. Na abordagem da “escola tradicional” virtualizada, o professor tem a função de enviar a informação bem como as atividades a serem resolvidas e receber algum tipo de resposta do aluno. Dependendo do que o aluno envia, o professor pode registrar o recebimento da tarefa ou corrigi-la e interagir com o aluno para que a mesma seja re-elaborada e melhorada. Nesse caso ele pode ser mais ativo, contribuindo efetivamente para um processo educacional que auxilie o aluno na construção do seu conhecimento. Na abordagem do “estar junto virtual”, o professor tem a função de criar ambientes de aprendizagem que favoreçam a construção do conhecimento pelo aluno. Isso somente pode acontecer quando o professor tem chance de conhecer o aluno e participar das atividades de planejamento, observação, reflexão e análise do trabalho que o aluno está realizando. Isto permite ao professor interagir com o aluno, fornecendo informação ou desafiando-o no sentido de fazer com que o ciclo de aprendizado aconteça e o aluno possa gradativamente vencer etapas na resolução do problema ou projeto em execução – a prática do aluno cria condições para a reflexão e a formalização de conceitos de modo que ele possa praticar a teoria e teorizar a prática, certamente auxiliado pelo professor.

Diante dos novos rumos da educação à distância, colocam-se também novos desafios ao professor que irá atuar nesse ambiente. É preciso que os programas sejam constituídos de docentes preocupados com a atualização dos temas de seu campo ou domínio e, ao mesmo tempo, com a compreensão de seus alunos, privilegiando tanto a atenção individual, através de mensagens particulares, como a constante atenção aos ambientes de discussão dos grupos, para que as discussões sejam mantidas em direção aos objetivos do curso.