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O potencial motivacional dos audiovisuais no ensino

Capítulo II. Os recursos audiovisuais e sua utilização em sala de aula

2. O potencial motivacional dos audiovisuais no ensino

A tecnologia encontra-se à nossa volta e mudou a forma como se vê o mundo, como se olha para nós próprios e o modo como nos relacionamos. Os recursos audiovisuais associados aos recursos tecnológicos fazem parte do nosso quotidiano e não passa um dia sem que se aceda à Internet para ler mensagens eletrónicas, para utilizar o Facebook, Instagram, ou qualquer outra rede social, para sentir que se está ligado ao mundo. Do mesmo modo, os jovens passam imenso tempo expostos à televisão, ao computador, ao “tablet”, ao telemóvel, ou ainda ao

iphone ou ipad, estabelecendo relações sociais e afetivas por meio destas ferramentas, ligados

a uma realidade virtual que se transformou no seu mundo de relações socioafetivas. Neste sentido,

[…] saber interactuar con las nuevas tecnologías ya no es una opción sino una orden, una de las exigencias de la modernidad y, si muchas personas ya están inseridas en el mundo cibernético, los contextos educacionales también tienen que caminar en consonancia con esos progresos tecnológicos. Por consiguiente, es cada día más notable que los docentes de lenguas extranjeras tenemos que ser lectores, autores e investigadores plurales en medio a este variopinto universo virtual (Ferreira et al. 2014: 53).

Como docentes, pode-se optar por adotar duas posturas: ou se mostra contra estas tecnologias, considerando que estas podem tornar o aluno alheado do mundo que o rodeia; ou se pode tentar utilizá-las a favor da educação.

Apesar de haver opiniões díspares sobre a influência das tecnologias nos jovens, pode-se considerar que o melhor será tentar tirar vantagem delas na educação, porque há uma necessidade emergente de acompanhar os tempos que avançam com uma rapidez desmedida. Não se pode esperar, nem desejar, que os alunos de hoje se desliguem dos aparelhos que os ligam ao mundo, que alimentam a sua curiosidade e, por isso, é necessário que se encontre uma resposta à exigência destes jovens e que se procure uma adequação entre escola e sociedade atual - caracterizada “pelo dinamismo do conhecimento, pelo avanço da tecnologia e pelo desenvolvimento humano na sua dimensão intelectual, afetiva e social” (Prado e Almeida 2003: 5).

Para que isso aconteça, é importante que se reconheça a importância dos recursos tecnológicos, dos quais fazem parte os recursos audiovisuais, como motivadores e pedagógicos. Os recursos audiovisuais associam som e imagem, o que facilita e enriquece a aprendizagem nos alunos. Desta forma, devem-se integrar na planificação de aulas, tendo em conta as quatro destrezas (ouvir / falar / ler / escrever), de modo a que os alunos se sintam como ativos no processo de aprendizagem e não como meros espetadores que recebem a informação.

Há, no entanto, que reforçar a ideia de que a planificação da aula deve estar bem estruturada e assente nos objetivos propostos para que a aprendizagem seja eficaz:

[…] hay que poner de relieve que, el uso de esos recursos tecnológicos en las clases de ELE tiene que estar amparado en una planificación de calidad para que el aprendizaje sea realmente efectivo pues, de lo contrario, la utilización de esta herramienta será solamente entretenimiento, no cumplimento, por lo tanto, con su función de recurso didáctico- pedagógico (Ferreira et al. 2014: 53).

Se os recursos audiovisuais forem encarados como ferramentas facilitadoras do processo de ensino-aprendizagem e não como ameaça ao papel do professor, a aprendizagem pode tornar-se mais motivadora e dinâmica, tendo o aluno um papel muito mais significativo neste processo. Abrem-se portas para o futuro, melhorando o ensino instituído em que a principal ferramenta utilizada pelo professor era o manual didático.

Através de observação direta pode-se aferir que, após a aplicação prática das atividades planificadas na prática de ensino supervisionada, são muitas as possibilidades da utilização das novas tecnologias no processo educativo, de modo a que os alunos se sintam motivados.

Com uma aprendizagem que implica o uso comunicativo da língua estrangeira com o auxílio dos recursos audiovisuais, há um maior interesse nos conteúdos programáticos, porque há uma maior diversidade e inovação na sala de aula. Fomenta-se a autonomia do aluno, porque se pode partilhar conhecimentos, criar e aumentar o hábito de leitura, desenvolver a competência artística e até promover e incitar à reflexão e espírito crítico.

Pode-se considerar que alguns dos resultados visíveis através de observação direta, referidos na prática de ensino supervisionada, são o aumento da motivação, uma melhoria da compreensão da língua espanhola e uma maior satisfação no processo de aprendizagem.

A utilização dos recursos audiovisuais não só aumenta o leque de opções de como expor e desenvolver os conteúdos linguísticos, pragmáticos e socioculturais nos alunos, ajudando-os no processo de aprendizagem do espanhol, como também os ajuda na preparação para a realidade com que se vão deparar ou na qual já se encontram inseridos.

Torna-se emergente, deste modo, a necessidade de os docentes acompanharem o desenvolvimento tecnológico e estarem empenhados em educar indivíduos capazes de atuar no mundo atual, dominado pelas tecnologias. Para que isso aconteça, tem que se caminhar par a par com o progresso, tornando-o aliado na docência.

Por outro lado, além dos recursos audiovisuais que um professor possa utilizar, ele deve saber que o seu papel numa sala de aula é de extrema importância para que a aprendizagem se dê. Pelas palavras de Blikstein (1977: 49), o primeiro recurso audiovisual em aula é o próprio

professor, quando fala e gesticula. E o professor pode ser considerado o mais eficiente “meio audiovisual”.

Deste modo, a sua postura é muito importante, embora o sucesso de aprendizagem não dependa só dele, é dele que parte a capacidade de tentar gerir e favorecer as condições de aprendizagem. É o professor quem conhece os seus alunos, pelo que saberá melhor identificar quais os fatores extralinguísticos que interferem na sua aprendizagem e poderá, mais facilmente, adequar as estratégias de ensino e recursos audiovisuais a adotar dentro da sala de aula. Como salienta Umberto Eco (2007) na revista La Nación:

Lo que hace que una clase sea una buena clase no es que se transmitan datos y datos, sino que se establezca un diálogo constante, una confrontación de opiniones, una discusión sobre lo que se aprende en la escuela y lo que viene de afuera. […] El estudiante estaba diciéndole que hoy existe Internet, la Gran Madre de todas las enciclopedias, donde se puede encontrar Siria, la fusión fría, la guerra de los treinta años y la discusión infinita sobre el más alto de los números impares. Le estaba diciendo que la información que Internet pone a su disposición es inmensamente más amplia e incluso más profunda que aquella de la que dispone el profesor. Y omitía un punto importante: que Internet le dice "casi todo", salvo cómo buscar, filtrar, seleccionar, aceptar o rechazar toda esa información. 3

Além do mais, se o professor se mostrar dinâmico e criativo, maior probabilidade há de que os alunos se sintam motivados a aprender. O professor deve, portanto, adotar uma postura que beneficie um ambiente favorável à aprendizagem e utilizar os recursos audiovisuais em seu benefício.

Os recursos audiovisuais estimulam os cinco sentidos e podem criar uma interligação entre passado, presente e futuro. A presença de filmes, curtas-metragens, excertos de filmes, imagens e outros, estimulam a capacidade da visão através da transmissão de situações reais, de pessoas, de cenários, de cores e das relações espaciais. A música ou efeitos sonoros servem como evocação, de associações a situações vividas e podem antecipar reações e informações. Em suma, como refere Ferreira (2010: 22), “os meios audiovisuais são sensoriais, visuais, linguagem falada, linguagem musical e escrita. Linguagens que interagem sobrepostas, interligadas, somadas, não separadas. Daí a sua força. Atingem-nos por todos os sentidos e de todas as maneiras”.

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