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Capítulo II. Os recursos audiovisuais e sua utilização em sala de aula

3. Os recursos audiovisuais no ensino

Segundo Piaget (1969: 86), “educar es adaptar el individuo al medio social ambiente”. Por estas palavras, pode-se concluir que educar é conseguir que o indivíduo se adapte ao meio social que o envolve. E para isso, ele necessita de aprender. No entanto, para que este se torne recetivo à aquisição de novos saberes, é necessário gerar nele um interesse pelo conhecimento.

Se a aprendizagem não for motivada pela necessidade ou interesse, a tendência é que os conhecimentos adquiridos caiam no esquecimento. Nesta situação, uma metodologia que pode ser utilizada para evitar que isso aconteça é a utilização de recursos audiovisuais na sala de aula. Estes recursos, quando corretamente utilizados pelo profissional de ensino, poderão tentar seduzir o aluno, oferecendo-lhe algo que ele procura ou de que necessita, proporcionando-lhe satisfação.

Quando, em casa, se assiste a um programa de televisão, uma pessoa pode apreender vários tipos de conhecimentos. Dependendo do grau de interesse, pode chegar a reter o conteúdo de forma muito mais efetiva do que na escola. Eventualmente, no contexto escolar, o uso de recursos audiovisuais deve poder ser também encarado como uma atividade agradável e descontraída, visto que são esses fatores que garantem que haja uma maior recetividade aos conhecimentos a transmitir. De acordo com Silbiger (2005: 375), “o potencial educativo dos meios de comunicação de massa, em especial dos audiovisuais é inquestionável”. Por este motivo, também considera que as instituições de ensino não podem ficar indiferentes a esta inovação tecnológica, que modifica “profundamente o processo de assimilação emocional e racional da realidade” (Silbiger 2005: 375), e que os profissionais de ensino devem deixar de ver os audiovisuais como ameaça ao ensino tradicional e devem utilizar estes recursos tão preciosos.

De facto, hoje em dia já se pode afirmar que o audiovisual é um meio educativo em potencial. As facilidades técnicas trazidas pelo computador, vídeo, projetor, quadro interativo e o seu custo relativamente acessível tornaram viável o uso destes meios em sala de aula. No entanto, ainda não se pode falar de uma plena exploração do seu potencial educativo e este facto deve-se provavelmente à ausência de uma análise profunda das suas vantagens e desvantagens e de quais os seus alcances didático-pedagógicos.

No entanto, em Mecías e Elebaires (2009:3), pode-se encontrar referência a algumas vantagens de trabalhar com materiais audiovisuais, nomeadamente:

-Trabaja con varios contenidos simultáneamente: socio-culturales, lingüísticos, paralingüísticos, gramaticales, variedades del español, etc.

- Colabora con la ruptura de la clase tradicional profesor-expositor. - Motiva a los estudiantes a superar un nuevo desafío.

- Mejora la interacción entre los alumnos y el profesor

- Distiende el clima formal de la clase por medio de los trabajos en grupo / parejas. - Provoca como disparador nuevas discusiones, intercambios, participación oral y más comunicación entre los estudiantes y el profesor.

No que respeita às desvantagens de trabalhar com materiais audiovisuais, os autores mencionam o seguinte:

- El profesor debe contar con recursos de manejo de Internet / video

- El profesor puede pensar que no sabe utilizar los recursos y por eso no se acerca a ellos para encontrar la sencillez de su manipulación.

- El material debe estar probado para que no falle en clase

- La clase tiene como soporte un recurso que puede no funcionar perfectamente por lo cual recomendamos siempre tener un plan alternativo.

- Calidad del material, generalmente son buenas las condiciones aunque a veces podemos hallar buen material de trabajo con muy mala calidad.

(Mecías e Elebaires 2009: 3)

Não obstante, pode-se referir que os recursos audiovisuais são o resultado da interação de imagens, música, texto, som e movimento, tratando-se, por isso, de um recurso didático que desperta a imaginação e a criatividade, sensibiliza e provoca emoções com o intuito de apelar ao interesse e motivação do aluno. E, tal como refere Silbiger (2005: 377), “isto facilita a apreensão da informação, sua interpretação e, por fim, a incorporação à bagagem cultural pré-existente, ampliando-a e renovando-a. Nesta situação se processa a aprendizagem significativa”.

Tendo em conta que um dos recursos audiovisuais na prática de ensino supervisionado que teve mais destaque foi o uso do vídeo, curta-metragem, notícia e publicidade, recorrendo sempre ao filme, considerou-se pertinente a pesquisa mais aprofundada sobre este recurso audiovisual.

Silbiger (2005: 377) menciona que Hoban e Ormer (1951), dentro do Programa de Pesquisa de Filmes Instrutivos, da Universidade da Pensilvânia, desenvolveram um estudo sobre os fatores que determinam a eficácia do audiovisual, nomeadamente do filme, na educação. De acordo com esta autora, algumas das conclusões a que estes chegaram foram as seguintes:

 O valor dos filmes educativos: com a visualização de filmes, as pessoas aprendem mais em menos tempo, além de que certos filmes facilitam o pensamento crítico e a solução de problemas.

 Princípios que determinam a influência dos filmes educativos: os filmes têm maior influência quando o seu conteúdo reforça e/ ou amplia conhecimentos, atitudes e motivações pré-existentes.

 Princípio de especificidade: quanto mais específica for a determinação do público- alvo e dos objetivos propostos pelo filme, mais os recetores aproveitarão o conteúdo.

 Princípio de relevância: o alcance de um filme é maior quando o seu conteúdo tem relevância direta para o público-alvo.

 Princípio de variabilidade da audiência: as reações diante de um filme variam em função de fatores como a alfabetização cinematográfica, da inteligência abstrata, da experiência prévia em relação ao tema.

 Princípios das variáveis de ensino: quando inserido de forma adequada num projeto didático-pedagógico, o filme tende a ser mais eficaz como instrumento de ensino-aprendizagem.

 Princípio da liderança do professor: as qualidades do educador e a forma como ele apresenta o filme tem relação direta com a eficácia do processo educativo.

Após a delimitação destes princípios, concluiu-se que um dos meios audiovisuais a utilizar na prática supervisionada seria o vídeo, porque, tal como nos diz Silbiger (2005: 377), “o desafio é manter a perspetiva do divertimento e do prazer propiciados pela fruição do vídeo, aliando tal atividade ao compromisso com a educação” e continua dizendo que esta estratégia “empresta” a mesma “motivação afetiva” ao processo de ensino-aprendizagem que o consumo regular dos meios de comunicação de massa, gerando uma aprendizagem espontânea.

Não se pode esquecer, no entanto, que um ensino que recorra à utilização de recursos audiovisuais deve abranger duas dimensões, uma delas é o uso do audiovisual como recurso didático e a outra é aquela que encara o audiovisual como objeto de análise. Um aluno perante um recurso audiovisual deve ter a capacidade de analisá-lo criticamente e fazer uma avaliação crítica do que viu, ouviu, sentiu. Nas palavras de Silbiger, para desenvolver a pedagogia da imagem, o professor precisa de conhecer os mecanismos do

seu funcionamento e ter noções didáticas de como ensinar os alunos com o auxílio deste recurso, porque “o professor pode, deve e precisa ser um dos agentes da desmistificação da imagem como representação fiel da realidade” (Silbiger 2005: 378).

Através da utilização destes recursos, está-se também a apelar a uma “educação afetiva”, que, tal como Teixeira (2007: 1) refere,

[…] desenvolve a compreensão dos conhecimentos, experiências diferentes, bem como a identificação mútua que é a empatia na vida social. Tenta deliberar na pessoas o desejo de ajudar através da sensibilidade, sinceridade e honestidade, quando ouvindo sobre as experiências dos outros.

E, de facto, não poderiam vir mais a calhar as palavras de Silbiger (2005: 379): “desconsiderar a importância da interação entre afetividade e razão para se produzir o conhecimento, significa condenar a produção didática ao fracasso”.

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