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1.1 O Materialismo Dialético e Histórico e a proposta da Educação Ambiental críticaAmbiental crítica

1.2.1 O processo de investigação: preparando a exposição

O embasamento teórico adotado e a postura de quem efetiva a pesquisa, é necessário para evidenciar quais passos foram dados para a materialização das fases qualificadas como de ‘investigação’ e ‘exposição’ desse estudo.

Primeiramente, o tipo de estudo, segundo abordagem de Triviños (1992), é exploratório-descritivo. Utilizamos, então, duas fases que se complementam a fim de atingir nossos objetivos, os quais extrapolam o objetivo do estudo e da problemática que o tema envolve, pois o que nos move é escrever uma tese com embasamento marxista e sob a perspectiva da Educação Ambiental crítica, logo, requer uma contextualização da estrutura social e econômica assim como da totalidade que envolve os fenômenos estudados. E, para isso, torna-se imprescindível explorar (no sentido de investigar) e descrever as relações que permitiram a determinado fenômeno, no movimento que lhe é peculiar, apresentar-se com a sua forma atual. Segundo Triviños,

Os estudos exploratórios permitem ao investigador aumentar sua experiência em torno de determinado problema. O pesquisador parte de uma hipótese e aprofunda seu estudo nos limites de uma realidade específica, buscando antecedentes, maior conhecimentos para, em seguida, planejar uma pesquisa descritiva ou de tipo experimental. (TRIVIÑOS, 1992, p. 109).

Assim, esse estudo é do tipo qualitativo, onde o quantitativo é seu suporte de grandeza, com encaminhamento exploratório e descritivo da realidade observada em suas etapas abstrata e concreta, com tratamento de um estudo de caso, devido à especificidade que possui de se tratar de uma associação de trabalhadores/pescadores artesanais do estuário da Lagoa dos Patos/RS, dentre outras formações sociais de mesmo tipo que participam de uma política pública para a pesca denominada de Projeto Rede.

Detalhando um pouco mais, identificamos nosso estudo de caso como ‘observacional’, pois utiliza métodos de coleta de materiais21

e informações em reuniões

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Ferraro (2012) traz importante discussão sobre as falsas dicotomias entre pesquisa qualitativa e quantitativa abordando as compreensões de diferentes perspectivas teóricas.

do Projeto Rede. Coleta de materiais que se plasmaram através de nossas anotações das falas e temas pronunciados pelos participantes das reuniões, nas quais ressaltamos que se iniciam antes mesmo de adentrarmos em nosso processo de doutoramento, pois o Projeto Rede inicia em 2006. Acompanhamos esse processo – seu movimento –, na época como extensionista como já comentado em outro local dessa tese.

A esses apontamentos se somaram nossas reflexões imediatas perante as falas dos participantes. Cabe salientar que as falas de nossos sujeitos da pesquisa, os trabalhadores/pescadores que pertencem ao quadro de sócios da APESMI, receberam maior atenção.

Outra forma de coleta de materiais adotada nesse estudo foi a entrevista semiestruturada, a qual é assim definida por Triviños (1992):

Em geral, aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa. (TRIVIÑOS, 1992, p. 146).

Conforme esse autor, e assim o seguimos, que o roteiro da entrevista semiestruturada elaborada, constituído de questões fundamentais, não foram criadas a

priori, sendo resultado da teoria que alimenta esse estudo e, também, de materiais

coletados nas reuniões do Projeto Rede. Além disso, coletamos materiais produzidos pelas coordenações do Projeto Rede, em suas diferentes fases.

Portanto, estabelecemos como caminho de tese um conjunto integrado de técnicas de coleta de materiais que é denominado de ‘triangulação’, na medida em que foram utilizadas diferentes formas para coletá-los (observação participante, análise documental e entrevista), as quais, por sua vez, se interligam com o contexto de planejamento desse estudo, e com o contexto maior que abrange a estrutura socioeconômica e cultural do macro-organismo social do sujeito.

Para Triviños (op. cit.) a técnica de triangulação de materiais integra três elementos:

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Utilizamos o termo “materiais” em substituição a “dados” seguindo as observações de Triviños (1992), sendo que esse último termo pode representar erroneamente que as informações coletadas representam somente forma quantitativa, isto é, passíveis de serem medidas, ao passo que o termo “materiais” representa melhor nossa pesquisa, que é qualitativa, mas como afirmamos, também possui natureza quantitativa.

 Processos e produtos centrados no sujeito (entrevistas, observação, fotografias, documentos etc.);

 Elementos produzidos pelo meio do sujeito (documentos legais, oficiais, dados estatísticos etc.);

 Processos e produtos originados pela estrutura socioeconômica e cultural do macro-organismo social do sujeito (modos de produção, forças e relações de produção, meios de produção e classes sociais etc.).

Para finalizar essa seção que tratou dos caminhos metodológicos desse estudo, seção que apesar de suscitar, tem a pretensão de sustentar todo o complexo processo de tese, destacamos que a entrevista semiestruturada foi efetuada com o coordenador da APESMI, e que tem sua história de vida integrada à história de existência da associação, sendo ele quem, desde o início, tem procurado, por muitos meios, manter coeso o grupo de trabalhadores/pescadores, apesar de todas as dificuldades e desafios que se apresentaram. Entrevistado esse, que tem sido cada vez mais reconhecido no município e região pelo trabalho que realiza em prol da classe de trabalhadores em geral e da categoria social que participa.

Entrevistamos, também, a coordenadora do Projeto Rede em sua última fase, sendo esta atividade planejada para que pudéssemos fechar algumas lacunas de nosso estudo, e, também, para conhecermos as perspectivas de futuro para a rede de trabalhadores da pesca artesanal, e em específico para a APESMI, haja vista que este projeto não seria renovado pelo seu financiador, o MPA.