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6. Espaços de interação

6.1. O Professor e o Aluno – a importância da relação pedagógica

Na atividade profissional da docência, é necessário atribuir a real importância à relação pedagógica, isto é, à forma como o Professor se relaciona com os seus alunos. No caso do nosso pequeno adulto não foi exceção; o Bruno tinha consciência da importância da relação que viesse a estabelecer com os seus alunos, porquanto iria ditar grande parte do sucesso das suas aulas e da sua visão de ensino.

– Sou um rapaz sociável, que consegue rir e fazer rir. – Partilhava o pequeno adulto com o seu colega de casa, num momento em que evidenciava alguma apreensão sobre a realidade que iria encontrar, prosseguindo todavia. – Segundo a minha pesquisa, o relacionamento tem por base o afeto, já que Chalita (2001, p. 142) defende que “os alunos precisam de afeto. E só há educação onde há afeto, onde experiências são trocadas, enriquecidas, vividas”. No entendimento de Velez e Veiga (2010) tem existido um aumento da indisciplina nas escolas, fruto de um problema multidimensional de elevada complexidade, que afeta em grande escala o sistema educativo, nos moldes em que este se tem estruturado. Tendo em conta o referido anteriormente, o Bruno sentiu necessidade de estabelecer, desde o início, uma relação positiva com os alunos, procurando, assim, aumentar a sua predisposição para a prática e, consequentemente, prevenir os comportamentos de indisciplina que pudessem surgir.

– Comunicar da forma como o faço diariamente, com um toque de afetividade e de carinho, poderá ser a melhor estratégia para que os alunos me conheçam e respeitem, fazendo, assim, fluir a aula da forma pretendida. – Pensou para si mesmo o pequeno adulto, em mais um momento de introspeção.

Sendo verdade que o Bruno procurou o caminho dos afetos, das relações positivas, a vertente da autoridade não pôde ser alienada das suas aulas, pelo que o pequeno adulto refletiu de forma cuidada acerca de como deveria ser a sua abordagem e postura. – Quero os alunos com um sorriso na cara, mas não posso agir somente tendo em conta a sua satisfação pessoal, pois existem objetivos a cumprir e metas a atingir. Para os alunos, não posso ser somente “o

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amigo”, necessito que me vejam como uma figura de autoridade, que me respeitem mas que, acima de tudo, confiem em mim. – Continuou o nosso pequeno adulto, numa alusão à ideia defendida por Veldhoven (2017), que olha e aprofunda o ensino, vendo o mesmo como algo moral, sustentado em valores como o respeito e a confiança.

Com todas as mensagens que ia captando, fosse do Professor Cooperante, dos familiares e amigos, ou até mesmo das pesquisas que efetuava, o nosso pequeno adulto acabou por se deparar com uma ideia de Bento (2003), que defende que um Professor deve sempre conhecer os seus alunos, saber como se desenrola a vida dos mesmos, preocupando-se com todas as vertentes da mesma, sejam estas problemáticas ou relativas a interesses pessoais.

– O conhecimento sobre os alunos, sobre a realidade em que os mesmos estão inseridos, será importantíssima para o correto desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem durante o presente ano letivo. – Dizia o Bruno, para si mesmo, de forma recorrente e audível.

Com o passar do tempo, à medida que ia observando as aulas, os alunos, o Bruno conseguiu aferir e reagir à diversidade de situações específicas evidenciadas pelos alunos, fossem estas de índole comportamental ou, até mesmo, pessoal. A procura incessante pela construção de um ambiente positivo e apelativo foi sempre alvo de uma constante procura por parte do pequeno adulto, isto sem nunca isolar as relações positivas da sua ideia de autoridade, ao mesmo tempo que reforçava a ideia de que os alunos, sem exceção, podiam recorrer ao seu Professor para todo e qualquer problema, em qualquer altura.

Independentemente da turma, residente, partilhadas ou até mesmo as turmas dos seus colegas, o pensamento do Bruno esteve sempre assente na mesma ideia, aquela que este estipulou como basilar. – A construção de um ambiente positivo, de uma relação de respeito e confiança, que permite que os alunos aprendam, se transcendam e adquiram novas ferramentas. É esta “a tarefa” promotora de sucesso, que permite que os objetivos possam ser alcançados. – Prosseguiu o Bruno, enquanto esboçava um sorriso, disfarçando alguma apreensão.

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“Consigo manter uma relação positiva com a maioria das pessoas que me rodeia, sendo que no caso dos alunos e restante população escolar, não é diferente. Ter um ambiente positivo durante as aulas é algo que no meu entender é nuclear, potencializando imenso as aulas a lecionar” (Documento sobre fragilidades e potencialidades, final de ano).

Foi com o desenrolar do presente ano, das experiências vividas e dos objetivos alcançados, que o nosso pequeno adulto aprendeu a atribuir uma grande importância à relação estabelecida com os seus alunos, ao marco que conseguiu deixar no coração de cada um deles, ao mesmo tempo que sentia o coração preenchido por pequenas atitudes, por pequenos gestos que os alunos lhe haviam proporcionado ao longo de todo o ano. O referido anteriormente acabar por coincidir com a ideia defendida por Ponte et al. (2001), onde é atribuída uma grande importância aos primeiros anos de prática pedagógica de um professor, caracterizados por um período de desenvolvimento incessante do conhecimento pedagógico e profissional, algo que se encontra diretamente ligado com a relação pedagógica e a sua importância. Deste modo, o nosso pequeno adulto terminou de coração cheio, com um misto de tristeza e alegria, pois havia contribuído para a formação de futuros adultos, cidadãos com consciência sobre o peso que o relacionamento interpessoal terá nos seus futuros.

6.2. Todos iguais ou todos diferentes? – Trabalho