• Nenhum resultado encontrado

7. Professor fora do pavilhão

7.4. Trabalho colaborativo – na Escola com e para os alunos

alunos

Existiram momentos e atividades em que o Bruno e os seus colegas tiveram uma participação ativa, verdade, mas com grau de responsabilidade mais reduzido. Chamemos a essas atividades “Atividades de Colaboração”. O projeto de Professor teve a oportunidade de acompanhar Professores mais experientes, com métodos de trabalho próprios, vendo-os de perto e procurando aprender com eles.

Sem querer atribuir maior importância a algumas atividades em detrimento de outras, o Bruno ficou positivamente marcado por duas em específico, onde a chegada a casa acabou por ser das mais positivas de todo o ano, sendo estas o Sarau de final de ano e a Caminhada/BTT. A magnitude das atividades referidas era algo que se assemelhava ao corta-mato escolar, pois a maioria dos alunos da escola estariam presentes.

No que concerne à Caminhada/BTT, a mesma consistiu, como o nome indica, numa caminhada de cerca de quatro quilómetros, desde a escola a um jardim da cidade. Estiveram presentes na atividade imensos alunos e também Professores, das mais distintas disciplinas, bem como imenso pessoal não docente.

140

Numa altura em que se preparava para começar a caminhar, o nosso pequeno adulto dá de caras com uma visão um pouco confusa. – Mas quem é esta gente toda? – Disse o Bruno, numa frase que, supostamente, seria um mero pensamento, mas que acabou saindo da sua boca como se fosse um simples “olá”. O nosso protagonista havia avistado um elevado número de alunos, Professores e Funcionários, um número tão elevado que não conseguia ver quando e onde começava o grupo. E começava a caminhada.

– Este tipo de atividades junta os Professores e os alunos, junta a comunidade escolar! – Partilhou o Bruno com alguns alunos com quem caminhava, numa altura em que o mesmo havia decidido ir no meio da confusão, no meio das crianças, em detrimento de se deslocar com os Professores, local por onde acabou por ficar, junto aos alunos, do início ao fim da atividade.

A organização deste tipo de iniciativas acarreta uma responsabilidade acrescida, ao mesmo tempo que promove um olhar distinto sobre o que a Escola pode proporcionar aos alunos. A aprendizagem é nuclear, verdade, daí não devendo ser posto de parte o desenvolvimento psicossocial não pode ser posto de parte. Importa que haja um lugar especial guardado e destinado para estas vivências que faz com que os alunos não olhem para a Escola como uma “prisão de conhecimento”, mas sim como um local onde o seu desenvolvimento é procurado na íntegra, na sua totalidade.

Existiu um momento em que o Bruno verteu lágrimas, em que a satisfação pessoal foi por demais evidente. Tal acontecimento leva-nos até à parte final do Estágio Profissional, mais concretamente ao Sarau de fim de ano. Estando presente como colaborador, e sendo um evento fruto de trabalho entre Professores e alunos, desde cedo o Bruno percebeu que o seu papel não seria somente “apanhar pontas soltas”, mas já lá iremos. No próprio dia, e após um trabalho cansativo na Escola e fora dela, o jovem adulto preparou-se para se deslocar para o centro da cidade, local onde aconteceria o Sarau. – Camisa passada, calças de ganga e sapato de fato. – Foram estas as palavras finais do Bruno ao sair de casa, vestido a rigor, diferente do seu dia-a-dia habitual.

Chegando ao local marcado, o pequeno adulto começou por desempenhar funções de porteiro, realizando a venda de bilhetes de admissão.

141

Para tal tarefa, acabou por recorrer a dois alunos da sua turma, dois meninos do 12º ano, algo que comprova o que foi dito anteriormente, que a atividade contou com entreajuda entre docentes e discente.

– Bruno, quando puderes chega aqui. – Disse o Professor Cooperante, mostrando um pequeno sorriso, algo que deixou o Bruno algo apreensivo. – Diga Professor. – Respondeu o pequeno adulto.

– Vamos precisar de ti para ajudar um grupo de alunos na sua peça de teatro. Terás que representar. – Transmitiu o Professor Cooperante, ao mesmo tempo que continha a vontade de sorrir.

Mesmo não sendo o ponto forte do Bruno, este não quis deixar os alunos em apuros, em dificuldades, e acedeu. O que se seguiu foi um momento de magia proporcionado pelo grupo de alunos, com representação, dança e transmissão de uma mensagem forte, uma mensagem que para sempre marcará o pensamento do nosso protagonista. Apesar de uma participação curta, onde somente entrou em palco disfarçado de polícia e prendeu o agressor, a satisfação espelhada na cara do Bruno era imensa, não pelo que havia feito, mas pelo trabalho e dedicação que um grupo de alunos teve numa atividade extra curricular.

– Pronto, o meu trabalho está feito. Só falta ver as minhas alunas e a sua coreografia. – Partilhou o Bruno com o seu colega André, ainda sem saber o que o esperaria.

Volvidos alguns minutos, e com a atuação das suas alunas a começar, o André chama pelo Bruno e diz. – Vais ficar aqui.

O Bruno rapidamente respondeu. – Claro! Ajudei as meninas na coreografia. Quero muito ver o trabalho e o esforço delas. – Mal sabia ele o que o esperava.

Assim, as meninas dançaram, brilharam até, e eis que chega o final da atuação, com palmas à mistura e um pedido diferente, um pedido inesperado. – Gostaríamos de agradecer a muita gente, mas em especial a uma pessoa. – Disse uma das meninas, isto após pedir um microfone e falar para o público. – Queríamos pedir ao Professor Bruno, que nos ajudou imenso, que nos deu força para criar esta coreografia, para vir ao palco. – Finalizou a menina.

142

O Bruno, com um sorriso que lhe ocupava quase toda a cara, lá desceu quase cinquenta escadas, chegando ao palco e fazendo uma vénia para todo o grupo. Foi naquele preciso momento que o nosso pequeno adulto disfarçou a lágrima com um sorriso, pois possuía um sentimento que o mesmo tem dificuldade em adjetivar, tal era a sua satisfação, a sua emoção.