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PARTE VII — SALVAÇÃO E EXPERIÊNCIA CRISTÃ

Pergunta 83: O que é regeneração?

Resposta: A regeneração é o ato soberano de Deus, realizada abaixo do nível da

cons-ciência, no qual Ele comunica a vida Divina ao pecador, dando uma santa disposição à mente, e é tal que garante uma certa, imediata e voluntária obediência ao Evangelho. João 1:12-13: “Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos

de Deus, aos que creem no seu nome; 13 os quais não nasceram do sangue, nem da

vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.

João 3:3: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus”.

Tito 3:5: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericór-dia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo”.

Tiago 1:18: “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas”.

1 Pedro 1:23: “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre”.

Veja também: Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; João 3:3-8; Colossenses 1:12-13; Mateus 19:28.

Comentário

Muitos equívocos rodeiam a verdade da regeneração ou do “novo nascimento”. Conside-rado negativamente ou o que a regeneração não é: primeiro, a regeneração não é um ritual, ou seja, um sacramento. Muitos acreditam que a regeneração é o resultado de uma função sacerdotal ou eclesiástica, como a regeneração batismal. Necessariamente, incluídos nesta visão estão os que sustentam que o batismo é essencial para a salvação. Ainda inclui aqueles que igualam o movimento físico com a salvação, por exemplo, responder a um “apelo” como sinônimo da própria salvação. As Escrituras ensinam que a regeneração, ou o “novo nascimento” é um ato de Deus separado das ordenanças e rituais humanos (Cf. João 1:12-13; 3:3; Efésios 2:1-5). (Os versos-chave para a regeneração batismal são João 3:5; Atos 2:38; 22:16; Tito 3:5; 1 Pedro 3:21).

um equívoco sobre a natureza da regeneração e uma confusão do símbolo ou figura com a realidade. João 3:5: “nascer da água e do Espírito” refere-se a Ezequiel 11:19-20; 36:25-27 e a promessa da Nova Aliança, que Nicodemos deveria ter claramente entendido (João 3:5-10). Observe Atos 2:38: “...Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados...”, a ordem, apesar de um verbo composto em Português, é desigual em Grego, dando ênfase ao arrependimento, com visão à remissão dos pecados. A ordem para ser batizado é uma ordem muito menor. Atente para o contexto e a declaração de Atos 22:16: “...Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados...”, Saulo estava convertido quando esta ordem foi dada, e por isso deve ser interpretada figurativamente ou simbolicamente. Veja Tito 3:5 e “lavagem da regeneração”. A afirmação é autoexplicativa. O rito do batismo encontra-se dentro da esfera das ações humanas. Finalmente, veja 1 Pedro 3:21. O batismo é a resposta de uma boa consciência; ele não tira fora a imundícia da carne, isto é, não regenera ou purifica o indivíduo.

Em segundo, a regeneração não é uma experiência emocional ou irracional. Alguns confun-dem a regeneração com a conversão, e a conversão com irracionalismo. Outros fazem da regeneração a resposta Divina para a fé do homem. A relação entre a regeneração e a conversão é de causa e efeito. Veja a Pergunta 87. É uma vivificação Divina para a vida espiritual, um “nascimento espiritual”, que é necessariamente evidenciada tanto intelectual quanto emocionalmente no arrependimento e na fé.

A seguinte resposta é geral e resumida para que sua natureza penetrante possa ser percebida. A regeneração é “nascer de cima” ou “nascer de novo” (João 1:12-13; 3:3, 5).

Há seis realidades espirituais essenciais que compõem a regeneração, ou o “novo

nasci-mento”. Se qualquer uma destas realidades não for verdadeira ou real dentro da persona-lidade, o indivíduo é ainda não-regenerado:

Primeiro, a transmissão da vida Divina (João 3:3, 5; Efésios 2:1, 4-5). A não ser que o indivíduo receba tal princípio de vida espiritual, ele não pode nem mesmo “ver” o Reino de Deus, muito menos entrar nele. Ele pode perceber, conhecer ou entender muito, até mesmo de modo a ficar indesculpável, mas sua vontade é quebrada em relação ao pecado e ao mal e seu interior é escurecido (Romanos 1:18-25; 1 Coríntios 2:14).

Segundo, a quebra do poder reinante do pecado (Romanos 6:3-14, 17-18, 20, 22).

Todo ser humano, por natureza, é um escravo disposto ao pecado. Este poder é quebrado por Deus em um ato definitivo da graça, e uma separação radical é feita quanto ao poder reinante do pecado na vida. Veja as Perguntas 94-95.

Terceiro, a remoção da inimizade natural do coração (Romanos 8:7-8; 1 Coríntios 2:14). O homem por natureza tem uma aversão inata contra Deus e contra Sua

verdade. Esta animosidade é removida por um ato soberano de Deus, permitindo o pecador voltar salvificamente para Deus no contexto de Sua verdade.

Quarto, a recriação da imagem de Deus em princípio (Efésios 4:22-24; Colossenses 3:1-10). Ambas as passagens se referem a um ato passado, não a uma súplica. O homem foi criado como o portador da imagem de Deus. Na Queda, esta imagem foi devastada espiritual, moral e intelectualmente; o processo de pensamento tornou-se fragmentado e dado à futilidade. O corpo físico, com seus apetites e desejos, assumiu uma influência controladora sobre o indivíduo (Romanos 6:6, 11-14; Efésios 4:17-19). Na graça regeneradora, Deus recria a Sua imagem em princípio, na justiça, na

santidade da verdade e no conhecimento — uma transformação espiritual, moral e

intelectual. Com a mente assim liberta, e uma santa disposição dado à personalidade, o pecador é habilitado a retornar livremente a Cristo na fé tal como apresentada na mensagem do Evangelho.

Quinto, a remoção da cegueira satânica (2 Coríntios 4:3-6). Acima e além de todos os assuntos da vontade ou do coração, aparece (como que de um nevoeiro) o terrível poder, o poder maligno de Satanás, que cega especificamente os pecadores para a verdade do Evangelho, procura ainda remover qualquer influência do Evangelho de qualquer maneira que puder (Mateus 13:3-4, 18-19; Marcos 4:4, 15; Lucas 8:5, 12). Esta influência ofuscante é removida por um ato da graça de Deus.

Sexto, o dom da fé salvífica (Efésios 2:4-10). A conversão, ou o arrependimento do pecado e a fé no Senhor Jesus Cristo, é inseparável da regeneração. A conversão é a consequência infalível e imediata da obra do Espírito Santo sobre e dentro da personalidade (Atos 16:14). As Escrituras geralmente consideram a regeneração e a conversão inclusivamente como uma só. A conversão, especificamente a fé pessoal no Senhor Jesus e o arrependimento do pecado, necessária e infalivelmente expressa a obra de Deus dentro da personalidade (Atos 13:12, 48; 14:1; 16:14, 27-34; 17:4, 11-12, 34; 18:8, 27; 19:18; Romanos 10:9-10, 13, 17; 1 Coríntios 2:4-5; Efésios 2:4-10). Veja as Perguntas 86-88.

A necessidade de regeneração ou do novo nascimento é encontrada na impotência espiritual absoluta do homem; no poder de cegueira do Diabo; no propósito redentor eterno;

e no caráter justo e na onipotência de Deus. Se qualquer ser humano deve ser salvo ou

libertado do poder reinante do pecado, de sua própria hostilidade inata em direção a Deus, do poder enganoso de Satanás, e finalmente liberto do Inferno eterno, Deus deve iniciar a obra da salvação (Isaías 64:6; Mateus 13:3-4, 18-19; Atos 16:14; Romanos 1:18-25; 3:11, 27-21; 8:5-8; 1 Coríntios 2:14; 2 Coríntios 4:3-6; Efésios 2:1-10; 4:17-19; Tito 3:5; 1 João 5:19). Dizer tudo isso é declarar que a salvação é pela graça.

Por causa do mistério desta operação Divina, pela inabilidade de nossas mentes finitas para compreendê-la totalmente, e pela grande possibilidade de má compreensão de sua natureza, Deus teve o prazer de representar a regeneração em termos humanos, usando figuras ou metáforas para ajudar a nossa compreensão:

A regeneração é descrita como um “nascimento espiritual”. Esta é a designação mais comum. Conferira João 1:12-13; 3:3, 5-8; Tiago 1:18; 1 Pedro 1:23; 1 João 3:9. Como um “nascimento”, é misteriosa e milagrosa e assim expressa em termos figurativos. A regeneração é descrita como uma “vivificação” para a vida espiritual, como um “transplante de coração”. A linguagem do Antigo Testamento de Jeremias 31:31-34; Ezequiel 11:19-20; 36:25-27, como cumprida em 2 Coríntios 3 e Hebreus 8, embora expressa em termos simbólicos do Antigo Testamento, antecipa a Nova Aliança ou Aliança do Evangelho.

A regeneração é descrita como um “translado” de um reino para outro. Os crentes foram transladados para fora do reino das trevas (do mal) para o Reino do Filho do amor de Deus (Colossenses 1:12-13).

A regeneração é descrita como uma “lavagem”. (Tito 3:5), que não pode se referir ao batismo, pois este é um ritual dentro do reino e ao alcance da atividade e do poder humano. Além disso, o batismo não pode vivificar ou limpar espiritualmente (1 Pedro 3:18-21). Isto deve ser entendido simbolicamente e de acordo com a analogia da fé (Ezequiel 36:25-27).

A regeneração é ainda descrita como um “renovo do Espírito Santo”. Esta linguagem é inerente à da regeneração (Tito 3:5). Refere-se à restauração da imagem de Deus no homem (Colossenses 3:9-10; Efésios 4:22-24), o “coração de carne” (Ezequiel 36:25-27), o “novo homem”, ou a personalidade regenerada (Romanos 6:6).

A regeneração é descrita como uma “mudança de natureza” ou “de caráter” (2 Pedro 1:4; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10). Estas passagens referem-se à transformação moral da personalidade ou a restauração da imagem de Deus, em princípio, no homem.

A regeneração é descrita como uma “nova criatura” (Efésios 2:4-10; 2 Coríntios 5:17; 4:3-6). A nova vida, nova natureza ou nova entidade transmitida por Deus é a criação do “novo homem” que corresponde em princípio ao caráter moral de Deus.

Deuteronômio 10:16; 30:6; Jeremias 4:4; 9:26; Atos 7:51-53 compare com Romanos 2:28-29; Filipenses 3:1-3; Colossenses 2:10-13. O antítipo da circuncisão é a regeneração. Os que eram na Antiga Aliança circuncidados, agora na Nova Aliança são regenerados. A regeneração é assim o sinal ou o selo da Aliança do Evangelho ou da Nova Aliança. A regeneração, como o antítipo da circuncisão, é uma operação de coração realizada somente por Deus (“a circuncisão não feita por mão”) tirando a preeminência da carne, ou seja, quebrando o poder reinante do pecado. Confira Romanos 6:1-14. Veja a Pergunta 157.

Quem ou o que é a causa eficiente da regeneração? As duas áreas de tensão teológica são:

Primeiro: que a pessoa deve ser vivificada espiritualmente, a mente e o coração devem ser libertos da cegueira satânica, a mentalidade deve ser restaurada, a inimizade natural remo-vida, e o poder reinante do pecado deve ser quebrado antes que o pecador possa realmente entender, acreditar e salvificamente responder ao Evangelho.

Segundo: as Escrituras implicam que a Palavra pregada é fundamental para a obra da regeneração e especificamente quanto à fé salvífica. Nós nunca devemos confundir a ordem lógica com uma ordem cronológica. O que pode ser consistente e seguramente indicado é que a regeneração ocorre no contexto da audição e compreensão da verdade de Deus, e não fora dela (Mateus 28:18-20; Marcos 16, 15; Lucas 24:44; Romanos 10:13-15, 17; 1 Coríntios 2, 1-5; Efésios 1:3-14; 1 Tessalonicenses 1:4-5; 2:13; 2 Tessalonicenses

2:13-14). Como Deus ordenou o fim — a salvação dos pecadores — assim Ele ordenou

também os meios para este fim que se trata da vivificação dos pecadores (uma convicção salvífica do pecado), renovação (regeneração) e conversão (arrependimento e fé) pela pregação do Evangelho.

Você é uma pessoa regenerada? Você exemplifica as marcas da graça que converte?