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Um Catecismo de Doutrina Bíblica. Por William R. Downing

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Um Catecismo de

Doutrina Bíblica

Por William R. Downing

.

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Traduzido do original em Inglês

A Catechism on Bible Doctrine (Version 1.7)

An Introductory study of Bible Doctrine in the Form of a Catechism with Commentary

By W. R. Downing • Copyright © 2008

Publicado por P.I.R.S. PUBLICATIONS

Um Ministério da Sovereign Grace Baptist Church (www.sgbcsv.org) Publicações Impressas nos Estados Unidos da América

ISBN 978-1-60725-963-3

Todos os direitos reservados somente ao autor. Nenhuma parte deste livro deve ser reproduzida em qualquer forma que seja sem a permissão prévia do autor.

Tradução por Hiriate Luiz Fontouro

Revisão por Paul Cahoon, Benjamin Gardner, Albano Dalla Pria e Erci Nascimento Edição Inicial por Calvin G. Gardner

Revisão Final por William Teixeira e Camila Rebeca Almeida Edição Final e Capa por William Teixeira

Imagem da Capa: São Paulo perante o Areópago, por Rafael (Domínio Público)

1ª Edição: Janeiro de 2016

As citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida Corrigida Fiel | ACF Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Publicado em Português como fruto de uma parceria entre os websites oEstandarteDeCristo.com e PalavraPrudente.com.br, com a graciosa permissão do amado autor W. R. Downing (Copyright © 2008) e do amado, saudoso e agora glorificado, Calvin G. Gardner.

(4)

Sumário

INTRODUÇÃO ... 10

As Escrituras ... 10

O Termo “Catequizar” ... 11

C. H. Spurgeon Sobre Catequizar ... 11

O Uso Prático de um Catecismo ... 12

Algumas Objeções Contra o Catecismo Respondidas ... 13

Perguntas e Respostas Acerca do Uso de um Catecismo ... 17

PARTE I — O CRENTE E O SEU DEUS ... 23

Pergunta 1: Qual é a única verdade inspirada, infalível e inerrante para o homem? ... 23

Pergunta 2: Qual é o fim principal do homem? ... 25

Pergunta 3: Quem é o único grande Objeto de nosso conhecimento, adoração e prazer? ... 26

Pergunta 4: Como nós podemos conhecer a Deus? ... 29

Pergunta 5: Quais são os dois tipos de revelação divina que Deus nos deu para que possamos conhecê-lO? ... 31

Pergunta 6: Qual é a importância das Escrituras? ... 32

PARTE II — AS ESCRITURAS SÃO A PALAVRA DE DEUS ... 34

Pergunta 7: O que é a Bíblia?... 34

Pergunta 8: Quais são os termos importantes acerca da Bíblia como a Palavra de Deus escrita?... 36

Pergunta 9: O que se entende por “inspiração” das Escrituras? ... 37

Pergunta 10: O que se entende pela “autoridade” da Escritura? ... 38

Pergunta 11: Qual é o significado da “infalibilidade” das Escrituras? ... 40

Pergunta 12: O que significa a “inerrância” das Escrituras? ... 41

Pergunta 13: Qual é o significado da “suficiência” das Escrituras? ... 42

Pergunta 14: O que significa a “canonicidade” das Escrituras? ... 43

Pergunta 15: O que se entende por “iluminação”? ... 45

Pergunta 16: De que forma Deus nos deu a Sua Palavra? ... 46

Pergunta 17: Qual é a mensagem central da Bíblia? ... 48

Pergunta 18: Por que é vital para cada crente estudar as Escrituras? ... 50

Pergunta 19: O que Deus exige de todo crente, em Sua Palavra? ... 51

(5)

Pergunta 20: O que podemos conhecer acerca de Deus a partir de Sua Palavra? ... 54

Pergunta 21: Quais são os nomes de Deus? ... 57

Pergunta 22: Quais são os atributos de Deus? ... 58

Pergunta 23: O que as Escrituras ensinam sobre a natureza da Divindade? ... 61

Pergunta 24: Quem é Deus o Pai? ... 62

Pergunta 25: Quem é o Senhor Jesus Cristo? ... 62

Pergunta 26: Quem é o Espírito Santo? ... 67

Pergunta 27: O que as Escrituras ensinam a respeito do propósito de Deus? ... 68

Pergunta 28: O que as Escrituras ensinam sobre o caráter moral de Deus?... 72

Pergunta 29: O que as Escrituras ensinam sobre a bondade amorosa de Deus? ... 73

PARTE IV — AS OBRAS DA CRIAÇÃO E DA PROVIDÊNCIA DE DEUS ... 75

Pergunta 30: Qual é a obra da Criação? ... 75

Pergunta 31: Como Deus criou o homem? ... 79

Pergunta 32: De acordo com as Escrituras, por que Deus criou o homem? ... 81

Pergunta 33: As Escrituras ensinam que Deus criou o homem em um estado de inocência ou de justiça original? ... 82

Pergunta 34: O que as Escrituras ensinam sobre a relação de Adão para com o resto da raça humana? ... 83

Pergunta 35: Quais são as obras da providência de Deus? ... 84

PARTE V — O PECADO E A LEI ... 87

Pergunta 36: De acordo com as Escrituras, o que é pecado?... 87

Pergunta 37: Qual foi o pecado de Adão? ... 89

Pergunta 39: Qualquer ser humano por seu próprio esforço ou mérito pode ganhar aceitação diante de Deus? ... 92

Pergunta 40: De acordo com as Escrituras, o que Deus deu para evitar que o homem tente salvar a si mesmo por seu próprio esforço ou obras? ... 94

Pergunta 41: Será que a lei foi destruída pela obra redentora do Senhor Jesus Cristo? 96 Pergunta 42: Qual é a relação entre a lei e o Evangelho? ...100

Pergunta 43: Qual é a soma dos Dez Mandamentos? ...102

Pergunta 44: Qual é o Primeiro Mandamento? ...104

Pergunta 45: Qual é o significado do Primeiro Mandamento? ...104

Pergunta 46: Qual é o Segundo Mandamento? ...106

Pergunta 47: Qual é o significado do Segundo Mandamento? ...106

(6)

Pergunta 49: Qual é o significado do Terceiro Mandamento? ...108

Pergunta 50: Qual é o Quarto Mandamento? ...110

Pergunta 51: Qual é o significado do Quarto Mandamento? ...111

Pergunta 52: Qual é o Quinto Mandamento? ...113

Pergunta 53: Qual é o significado do Quinto Mandamento? ...113

Pergunta 54: Qual é o Sexto Mandamento? ...116

Pergunta 55: Qual é o significado do Sexto Mandamento? ...116

Pergunta 56: Qual é o Sétimo Mandamento? ...119

Pergunta 57: Qual é o significado do Sétimo Mandamento? ...119

Pergunta 58: Qual é o Oitavo Mandamento? ...122

Pergunta 59: Qual é o significado do Oitavo Mandamento? ...122

Pergunta 60: Qual é o Nono Mandamento? ...125

Pergunta 61: Qual é o significado do Nono Mandamento? ...125

Pergunta 62: Qual é o Décimo Mandamento?...127

Pergunta 63: Qual é o significado do Décimo Mandamento? ...127

PARTE VI — O PROPÓSITO REDENTIVO E O REDENTOR...130

Pergunta 64: Deus deixou toda a humanidade perecer sob a condenação, no estado de pecado e miséria? ...130

Pergunta 65: O que é a redenção? ...132

Pergunta 66: O que é a Aliança da Graça? ...135

Pergunta 67: Quem são as Pessoas Divinas envolvidas na Aliança da Graça, e quais são as Suas respectivas obras? ...137

Pergunta 68: O que é a eleição Divina? ...139

Pergunta 69: O que é a predestinação Divina no contexto da redenção? ...141

Pergunta 70: Quem é o Redentor dos eleitos de Deus? ...143

Pergunta 71: Como o Senhor Jesus Cristo se tornou o Redentor dos eleitos de Deus? 145 Pergunta 72: Quais os ofícios que o Senhor Jesus Cristo executa como nosso Redentor? ...147

Pergunta 73: Como o Senhor Jesus Cristo executa o ofício de um Profeta? ...149

Pergunta 74: Como o Senhor Jesus Cristo executa o oficio de um Sacerdote? ...150

Pergunta 75: Como o Senhor Jesus Cristo executa o ofício de um Rei? ...152

Pergunta 76: Como somos feitos participantes da redenção comprada pelo Senhor Jesus Cristo? ...154

(7)

PARTE VII — SALVAÇÃO E EXPERIÊNCIA CRISTÃ ...162

Pergunta 78: Qual é o ministério da graça Divina na salvação e na experiência do crente? ...163

Pergunta 79: Por que é vital considerar tanto os aspectos objetivos ou eternos, quanto os subjetivos ou temporais e experienciais da salvação? ...167

Pergunta 80: Qual é a confiança, garantia e encorajamento do crente nesta vida e em sua experiência pessoal? ...169

Pergunta 82: Aqueles que são efetivamente chamados participam de quais benefícios nesta vida? ...174

Pergunta 83: O que é regeneração? ...177

Pergunta 84: Qual é o exato ministério do Espírito Santo sobre pecador antes da conversão, na mesma pessoa durante a conversão, e como um crente após a conversão? ...181

Pergunta 85: O que é a convicção salvífica do pecado? ...188

Pergunta 86: O que é conversão? ...190

Pergunta 87: Qual é a relação necessária entre a regeneração e a conversão? ...192

Pergunta 88: Qual é a diferença entre a conversão bíblica e o “decisionismo” moderno? ...193

Pergunta 89: O que é a fé evangélica ou salvífica? ...197

Pergunta 90: O que é o arrependimento evangélico ou salvífico para a vida? ...201

Pergunta 91: Qual é a relação lógica e cronológica entre a fé e o arrependimento? ....202

Pergunta 92: O que é a justificação? ...203

Pergunta 93: O que é adoção? ...209

Pergunta 94: O que é santificação? ...211

Pergunta 95: Quais são os três aspectos necessários da santificação? ...216

Pergunta 96: Quais são os dois aspectos da santificação progressiva ou prática? ...221

Pergunta 97: O que é a oração? ...228

Pergunta 98: Qual é o significado da oração na vida e experiência do crente? ...232

Pergunta 99: Qual foi a regra que Deus deu para a nossa direção na oração? ...236

Pergunta 100: O que o prefácio da Oração Modelo nos ensina? ...238

Pergunta 101: O que a primeira petição da Oração Modelo nos ensina? ...239

Pergunta 102: O que a segunda petição da Oração Modelo nos ensina? ...240

Pergunta 103: O que a terceira petição da Oração Modelo nos ensina? ...241

Pergunta 104: O que a quarta petição da Oração Modelo no ensina?...244

(8)

Pergunta 106: O que a sexta petição da Oração Modelo nos ensina? ...246

Pergunta 107: O que a conclusão e a doxologia da Oração Modelo nos ensinam? ...247

Pergunta 108: Existem falsos Cristãos, bem como verdadeiros Cristãos?...248

Pergunta 109: Como é possível saber a diferença entre o “Cristão meramente professo” e o Cristão verdadeiro?...250

Pergunta 110: Qual é a segurança da fé? ...252

Pergunta 111: Existe uma defeituosa segurança de fé bem como uma segurança verdadeira e bíblica da fé? ...253

Pergunta 112: Quais são os aspectos bíblicos da segurança da fé? ...254

Pergunta 113: Do que o crente é salvo ou liberto? ...260

Pergunta 114: Qual é a relação do crente com o pecado? ...261

Pergunta 115: Se o crente é efetivamente trazido em união com Cristo, com toda essa união implícita, por que e como ele ainda peca?...264

Pergunta 116: O crente pode obter a vitória sobre qualquer pecado? ...267

Pergunta 117: Como o crente deve tratar com o pecado em sua vida? ...268

Pergunta 118: O que se entende por “liberdade Cristã”? ...269

Pergunta 120: O que é uma visão de mundo e de vida? ...274

Pergunta 121: O que é uma visão de mundo e de vida bíblica ou Teísta Cristã? ...275

Pergunta 122: Como a visão de mundo e de vida do crente difere da do incrédulo? ...277

Pergunta 123: Por que uma visão de mundo e de vida bíblica é necessária para um Cristianismo consistente? ...278

Pergunta 124: Qual é o padrão moral para a vida do crente? ...279

Pergunta 125: O que Deus infalivelmente ordenou como o objetivo espiritual comum para todo e cada crente? ...283

Pergunta 126: Quais são os meios particulares da graça que Deus ordenou para o bem-estar espiritual, crescimento e maturidade dos crentes? ...285

Pergunta 127: Quais são os meios públicos da graça que Deus ordenou para o bem-estar espiritual, crescimento e maturidade dos crentes? ...287

Pergunta 128: O crente, como filho de Deus, um cidadão do Seu Reino celestial, está isento dos problemas e males comuns ao homem? ...289

Pergunta 129: O crente, ainda que esteja sujeito aos males, problemas e tristezas comuns ao homem, pode, contudo, esperar encontrar contentamento, satisfação e alegria na vida presente? ...292

Pergunta 130: Quais são os principais inimigos do crente nesta vida? ...294

(9)

Pergunta 132: Qual é o conforto do crente ao longo da vida, em seu leito de morte, e na

hora da morte? ...298

Pergunta 133: Todos os crentes morrem com plena segurança, conforto e expectativa gloriosa da glória? ...301

PARTE VIII — EVANGELISMO E O MINISTÉRIO DO EVANGELHO ...303

Pergunta 134: O que é o Evangelho?...303

Pergunta 135: O que é evangelismo? ...311

Pergunta 136: O que é Apologética?...312

Pergunta 137: Quais são as responsabilidades evangelísticas e apologéticas incumbidas para cada crente? ...316

Pergunta 138: O que é a pregação? ...317

Pergunta 139: O que se entende pela “livre oferta do Evangelho”? ...319

Pergunta 140: Qual é a relação do chamado eficaz e a regeneração para a pregação do Evangelho? ...321

Pergunta 141: Todo crente é chamado para o serviço Cristão?...323

Pergunta 142: Quem deve se entregar ao ministério público da Palavra? ...324

Pergunta 143: O que é um avivamento ou despertamento espiritual? ...326

Pergunta 144: Os avivamentos religiosos devem ser esperados nesta era moderna da história da igreja? ...331

Pergunta 145: Quais são os dois precursores bíblicos e históricos para o avivamento e o despertamento espiritual? ...337

PARTE IX — A IGREJA E AS ORDENANÇAS ...339

Pergunta 146: O que significa a palavra “igreja”? ...339

Pergunta 147: O que é uma igreja Neotestamentária ou igreja evangélica? ...341

Pergunta 148: Qual é a distinção entre a igreja e o Reino?U ...343

Pergunta 149: Sempre existiram igrejas Neotestamentárias desde o ministério terreno de nosso Senhor até os dias de hoje? ...345

Pergunta 150: Quem é o fundador e fundamento da igreja Neotestamentária? ...347

Pergunta 151: Qual é o propósito de uma igreja Neotestamentária? ...348

Pergunta 152: Qual é o poder de uma igreja Neotestamentária? ...351

Pergunta 153: Qual forma encontrada de governo da igreja é a mais próxima do ensino do Novo Testamento?...352

Pergunta 154: Quais são os ofícios em uma igreja Neotestamentária? ...354

Pergunta 155: Quais são as duas Ordenanças da igreja Neotestamentária? ...355

(10)

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

Pergunta 157: Qual é o modo bíblico e quem são os sujeitos adequados para o Batismo?

...357

Pergunta 158: Os filhos de crentes professos devem ser batizados? ...360

Pergunta 159: O que é a Ceia do Senhor? ...362

Pergunta 160: Quais são os elementos apropriados para serem utilizados na observância da Ceia do Senhor? ...363

Pergunta 161: Todos os Cristãos devem comungar juntos na Ceia do Senhor? ...366

Pergunta 162: Quem deve participar da Ceia do Senhor? ...369

Pergunta 163: O que é a disciplina da igreja? ...370

Pergunta 164: Qual deve ser a principal marca distintiva dos verdadeiros Cristãos em sua relação de uns com os outros? ...374

PARTE X — AS ÚLTIMAS COISAS ...377

Pergunta 165: Quais são as várias “mortes” descritas nas Escrituras? ...377

Pergunta 166: O que é a morte física? ...379

Pergunta 167: Por que os crentes morrem? ...381

Pergunta 168: Qual é o estado intermediário? ...383

Pergunta 169: O que é a ressurreição dos justos? ...386

Pergunta 170: Quais são os três principais pontos de vista sobre o milênio? ...387

Pergunta 171: O que é a ressurreição para o juízo? ...391

(11)

Um Catecismo de Doutrina Bíblica

Um Estudo Introdutório da Doutrina Bíblica

Em Forma de Catecismo com Comentário

Por W. R. Downing

INTRODUÇÃO

As Escrituras

“Tão-somente guarte a ti mesmo, e guarda bem a tua alma, que não te esqueças da-quelas coisas que os teus olhos têm visto, e não se apartem do teu coração todos os dias da tua vida; e as farás saber a teus filhos, e aos filhos de teus filhos. O dia em que estiveste perante o Senhor teu Deus em Horebe, quando o Senhor me disse: Ajunta-me este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, e aprendê-las-ão, para me temerem todos os dias que na terra viverem, e as ensinarão a seus filhos” (Deuteronômio 4:9-10).

“Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos e delas falarás as-sentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas” (Deuteronômio 6:4-9).

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Timóteo 3:16-17).

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15).

“...Pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor” (Efésios 6:4).

(12)

O Termo “Catequizar”

A palavra portuguesa “catecismo” é derivada do verbo Grego katēchēo, “entoar em voz alta,

ensinar oralmente, instruir pela boca”. Este termo tinha originalmente a ideia de “falar para baixo ou por cima”, ou seja, de atores num palco elevado. É uma composição da preposição

kata, “para baixo, por toda parte, completamente”, e do verbo ēchēo, “soar”, a fonte da

nos-sa palavra portuguenos-sa “eco”. Parece haver nesta etimologia a ideia de uma resposta res-ponsiva. Catequese tem a conotação de instrução oral completa ou repetida, e é apenas um dos vários termos relacionados para instrução ou ensino encontrado nas Escrituras. O termo em si ocorre oito vezes no Novo Testamento (duas vezes como “informado”, em Atos 21:2, 24, referindo-se à informação boca-a-boca):

“Para que conheças a certeza das coisas de que já estás catequizado” (Lucas 1:4).

“Este era catequizado no caminho do Senhor e, fervoroso de espírito, falava e ensinava

diligentemente as coisas do Senhor” (Atos 18:25).

“E sabes a sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo catequizado por lei”

(Ro-manos 2:18).

“Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para

que possa também catequizar os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida”

(1 Coríntios 14:19).

“E o que é catequizado na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o

cate-quiza” (Gálatas 6:6).

C. H. Spurgeon Sobre Catequizar

(Da introdução de seu próprio Catecismo Batista)

Em matéria de doutrina você encontrará congregações ortodoxas habitualmente mudadas para heterodoxia no decorrer de trinta ou quarenta anos, e isto acontece porque, frequente-mente, não tem havido a catequese das crianças nas doutrinas essenciais do Evangelho. Da minha parte, estou cada vez mais convencido que o estudo de um bom catecismo bíblico é de valor infinito para os nossos filhos... Mesmo que os jovens não entendam todas as per-guntas e respostas... contudo, permanecendo em suas memórias, elas serão de infinito valor quando o tempo do entendimento chegar, por ter conhecido estas mui excelentes,

(13)

sábias e judiciosas definições das coisas de Deus... Será uma bênção para eles — a maior de todas as bênçãos... uma bênção na vida e na morte, no tempo e na eternidade, a melhor das bênçãos que Deus pode dar... Estou convencido de que o uso de um bom catecismo em todas as nossas famílias será uma grande proteção contra os erros crescentes dos tem-pos, e, portanto, eu compilei este pequeno manual... para o uso de minha própria igreja e congregação. Aqueles que fizerem uso dele em suas famílias ou classes devem se esforçar para explicar o sentido; mas as palavras devem ser cuidadosamente aprendidas de cor, po-is serão melhor entendidas com o passar dos anos.

O Uso Prático de um Catecismo

O uso prático deste catecismo pode ser sumarizado nas seguintes considerações:

1. A catequese é uma prática bíblica. É ensinada tanto no Velho como no Novo Testamento tanto por preceito como por exemplo.

2. Muitos podem ter um conhecimento geral da Bíblia, porém há uma grande falta no que diz respeito à capacidade de raciocinar a partir das Escrituras de uma forma doutrinaria-mente consistente. Nós devemos conhecer a Bíblia doutrinariadoutrinaria-mente e devemos conhecer nossa doutrina biblicamente. A menos que cheguemos a um conhecimento doutrinário consistente das Escrituras, o nosso conhecimento da Palavra de Deus é tanto deficiente quanto defeituoso. O uso de um catecismo leva alguém a pensar tanto biblicamente como doutrinariamente. É uma introdução muito básica e necessária para a doutrina Bíblica e para a teologia elementar.

3. Este é um catecismo com comentário. Tal trabalho se destina a educar toda a família. Os comentários são destinados para os pais e alunos mais velhos como um meio de edu-carem a si mesmos na doutrina básica da Bíblia. As notas são destinadas a servir de base para a instrução da família e discussão da verdade bíblica.

4. As perguntas e respostas são seguidas por um ou mais textos-prova, e devem ser memo-rizados com a pergunta e sua resposta.

5. Quanto à metodologia, é sugerido que os pais instruam seus filhos nas perguntas, res-postas e textos-prova e, então discutam os assuntos envolvidos. Os filhos menores podem ser capazes apenas de memorizar as perguntas e respostas, enquanto os filhos mais velhos serão capazes de memorizar uma ou mais referências bíblicas. Aqueles que são mais velhos também podem começar a assimilar os assuntos envolvidos.

(14)

Algumas Objeções Contra o Catecismo Respondidas

PRIMEIRA OBJEÇÃO: Por que, como Batistas, usar um catecismo? Os catecismos não

pertencem apenas aos Romanistas, Luteranos ou Cristãos Reformados? Nós temos ape-nas um credo: a Bíblia! Nós não colocaremos e não podemos colocar qualquer literatura no mesmo patamar com as Escrituras, ou adicionar à Palavra de Deus de forma alguma. RESPOSTA:

1. A catequese ou a instrução oral repetitiva é bíblica. Ela foi dada por ordem Divina no Antigo Testamento e é ratificada no Novo Testamento pelo exemplo inspirado Apostólico. 2. Esta não é uma questão de acrescentar algo às Escrituras, mas, sim, o uso de uma ajuda necessária para uma compreensão abrangente do seu ensino doutrinário. Deus nos criou racionais, seres moralmente responsáveis, criados à sua imagem e semelhança. Fomos criados tanto com capacidade como com necessidade de organizar. Uma abordagem orde-nada ou sistemática à verdade Divina é uma necessidade, como pode ser visto na existên-cia necessária de doutrina e teologia. Infelizmente, muitos que se opõem ao uso de um catecismo se voltam para o uso muito questionável de outros materiais de ensino religioso que são doutrinariamente superficiais ou doentios.

3. A catequese é uma abordagem elementar organizada para a verdade da Palavra de Deus. É uma introdução primária ao ensino doutrinário das Escrituras.

4. Há uma grande necessidade que todos os crentes têm de pelo menos dois tipos de co-nhecimento sobre a verdade de Deus: Primeiro, cada jovem deve ter pelo menos um conhe-cimento geral das Escrituras. O que muitos chamam de “Histórias Bíblicas” dá à criança mais jovem um conhecimento geral da Bíblia, seu formato histórico, os princípios básicos da história redentora e algum conhecimento sobre os vários livros da Bíblia e seus perso-nagens principais. Segundo, todo jovem deve ser ensinado a compreender, pensar e racio-cinar doutrinariamente a partir das Escrituras. Durante séculos, este tem sido o propósito de um catecismo doutrinariamente sadio. A catequese cessou entre nossos antepassados Batistas quando eles não mais enfatizaram seus distintivos doutrinários e Confissões de Fé. Nas escolas dominicais os catecismos foram substituídos pelas revistas “trimestrais”, as quais têm-se provado, acreditamos nós, ser vastamente inferiores.

5. Os Batistas usaram catecismos extensivamente e com muito proveito espiritual até o século passado. Esta objeção por si mesma demonstra o triste desvio de alguns Batistas de seus próprios distintivos e práticas doutrinários, e a ignorância de alguns Batistas

(15)

moder-nos sobre a sua própria história e herança espiritual. A seguir estão alguns dos catecismos mais conhecidos, escritos e usados pelos Batistas:

• Henry Jessey, Batista Particular, Um Catecismo para Crianças, ou para os Pequeninos, 1652.

• Hercules Collins, Batista Particular, O Catecismo Ortodoxo (adaptado do Catecismo Heidelberg), 1680.

• Thomas Grantham, Batista Geral, Catecismo do São Paulo (baseado nos seis princípios dos Hebreus 6), 1687.

• Benjamin Keach e William Collins, O Catecismo Batista, 1693.

• A Associação Batista Filadélfia de Batistas Particulares publicou um catecismo anexo à sua Confissão de Fé Filadélfia, 1742.

• William Gadsby, Evangelho Padrão Batista, publicou um catecismo intitulado As Coisas Certamente Mais Cridas Entre Nós, 1809.

• C. H. Spurgeon publicou Um Catecismo Batista (compilado a partir do Breve Catecismo de Westminster e Catecismo Batista de Keach), 1855.

• A Diretoria da Escola Dominical da Convenção Batista do Sul publicou dois cate-cismos: o primeiro de J. P. Boyce, Um Breve Catecismo da Doutrina Bíblica (1864) e o segundo de John A. Broadus (1892). A última obra foi publicada em conjunto por ambas as Convenções Batista do Sul e a Sociedade de Publicação Batista Americana.

SEGUNDA OBJEÇÃO: Os catecismos não introduzem o erro no pensamento de muitos?

RESPOSTA:

1. Isto pode ser verdade, mas a culpa não está no uso de um catecismo por si só, mas em pressuposições não bíblicas e nas tradições religiosas, que foram sobrepostas sobre a Palavra de Deus.

2. Um catecismo é verdadeiro e útil apenas quando ele comunica com precisão a verdade das Escrituras.

(16)

3. Idealmente, o evangelismo através de catequese leva a uma profissão de fé confiável. 4. Um catecismo deve ser um conservante da verdade e não uma introdução ao erro. Um catecismo é dado apenas como bom, verdadeiro ou preciso no que respeito às pressuposi-ções doutrinárias e teológicas de seu(s) autor(es). Como a própria Palavra de Deus em si deve ser abordada com pressuposições consistentes, assim acontece como toda a litera-tura religiosa, inclusive um catecismo.

TERCEIRA OBJEÇÃO: Há um grande perigo em se desviar da linguagem bíblica, tanto na

redação quanto na forma. RESPOSTA:

1. Há sempre um perigo em desviar-se das Escrituras, tanto da doutrina e da prática. Isto é verdade em qualquer tipo de pregação ou ensino.

2. A melhor prevenção contra tal desvio tem sido o uso conciso, declarações compreensivas que afirmam precisa e consistentemente a verdade dos Credos, Confissões e Catecismos Escriturários — se eles forem doutrinariamente sadios e refletirem com precisão o ensina-mento das Escrituras.

3. Há uma necessidade de proposições e resumos concisos e consistentes doutrinários ou teológicos. A palavra “modelo” em 2 Timóteo 1:13 refere-se a um esboço distinto ou resumo da verdade Divina. Uma dada proposição ou declaração teológica é necessariamente mais concisa do que qualquer verso da Bíblia, porque, se verdadeira ou fiel e coerente com a Palavra de Deus, é baseada na analogia da fé (o ensino total, autoconsistente da Palavra de Deus, uma vez que incide sobre qualquer aspecto dado da verdade Divina), e não sobre um ou mesmo vários textos-prova.

QUARTA OBJEÇÃO: É muito perigoso ensinar jovens e crianças não-convertidos a dar

respostas bíblicas ou corretas ás questões doutrinárias. RESPOSTA:

1. Esta objeção é baseada numa preocupação grande e legítima pelas almas das crianças, a saber, que elas podem se tornarem Cristãos meramente professos por meia da simples memorização e recitação da verdade sem uma operação interior da graça salvífica.

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2. Esta objeção pode ser igualmente trazida contra os jovens e crianças não-convertidas tendo lido ou memorizado a Escritura, aprendido a orar ou assentado num ministério educa-cional de pregação consistente.

3. Cada meio legítimo para a comunicação da verdade Divina deve ser usado para convic-ção, conversão, edificação e maturidade espiritual de nós mesmos e nossas famílias. Isto inclui todos os meios da graça, tanto públicos como privados — leitura e oração pessoal e familiar, adoração coletiva, o ministério público da Palavra, comunhão santificada com o povo de Deus e a leitura de literaturas religiosas sadias.

4. O instrumento primário depois das Escrituras deveria ser o uso de um catecismo sadio. Isto com o fim de manter os princípios de instrução Divinamente ordenados na Escritura. Um catecismo é destinado a suplementar e reforçar, e não para substituir a primazia da Palavra de Deus.

QUINTA OBJEÇÃO: O uso de um catecismo não promove a prática perigosa de

desenvol-ver mentalmente um “texto-prova”, isto é, o perigo de basear um sistema doutrinário em algumas passagens comparativamente selecionadas da Escritura, um método usado por várias seitas? Além de outras práticas nocivas que sempre produzem tanto um mau entendimento como uma má interpretação da Escritura.

RESPOSTA:

1. Esta objeção é baseada em parte na falácia que a Palavra de Deus deve declarar uma dada doutrina repetidamente como sendo verdade. Uma vez é suficiente, embora nenhuma verdade bíblica esteja apenas num texto isolado. A necessidade de repetição de qualquer aspecto dado da verdade Divina para estabelecer sua validade revela uma visão muito deficiente tanto de Deus como da Escritura. Cada declaração da Escritura é verdadeira e verdade.

2. A verdade da Escritura existe como um todo compreensivo, consistente, unificado. En-quanto que o catecismo pode dar apenas uma declaração ou duas para verificar o ensino doutrinário da Escritura, se estas declarações forem claras e consistentes com a “analogia da fé”, elas formam uma base bíblica para a fé de alguém. Muitas vezes no testemunho evangelístico ou no rigoroso exercício de apologética evangelística, uma clara declaração sadia da Escritura pode ser o único firme ou possível fundamento para discussão.

3. É quase impossível que qualquer catecismo possa ou deva existir sem uma determinada quantidade de explicação ou a necessidade de um estudo mais aprofundado. As perguntas,

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respostas e textos-prova do catecismo fornecem uma introdução ao ensino doutrinário da Escritura, não a palavra final e exaustiva. As perguntas e respostas despertam necessaria-mente a curiosidade da criança ou do novo-convertido e pedem por explicação adicional e discussão.

Perguntas e Respostas

Acerca do Uso de um Catecismo

As seguintes perguntas e respostas servirão para analisar e resumir os assuntos envolvi-dos, e impor a grande necessidade do uso consistente de um catecismo sadio.

PERGUNTA 1: Por que usar um catecismo?

RESPOSTA: Existem várias razões pelas quais as igrejas, famílias e indivíduos devem fazer um bom uso de um catecismo adequado:

1. O uso de um catecismo é bíblico em princípio e é baseado no mandamento Divino para a instrução bíblica no Antigo Testamento e também o exemplo inspirado do Novo Testa-mento (Deuteronômio 4:9-10; 6:4-9; Lucas 1:4; Gálatas 6:6, Efésios 6:1-4). O formato de perguntas e respostas dos catecismos modernos é incidental ao princípio bíblico que per-meia a catequese, que evidentemente consistia de instrução oral repetitiva, compromisso com a memória e uma resposta oral.

2. Toda pessoa precisa de dois tipos de conhecimento bíblico: primeiro, toda pessoa deve-ria ter pelo menos um conhecimento geral da Bíblia, seu formato histórico, os princípios básicos da história redentora e algum conhecimento acerca dos vários livros da Bíblia, as circunstâncias históricas da escrita deles e seus principais personagens. Segundo, toda pessoa deveria ser ensinada a compreender, pensar e raciocinar doutrinariamente a partir das Escrituras. Desde os tempos Bíblicos, este tem sido o propósito de um catecismo dou-trinariamente sadio. Estes dois tipos de conhecimento, bíblico e doutrinário, necessaria-mente se complementam. A verdade doutrinária é a mensagem da Bíblia, a verdadeira “alma” da Escritura.

3. O uso de um catecismo é o método mais conciso e melhor para incutir a verdade Divina na mente e no coração e imprimi-la na memória.

4. Os catecismos podem ser escritos (e têm sido escritos), de tal forma a serem adequados e apropriados para qualquer idade ou nível de desenvolvimento espiritual.

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• As criancinhas podem pelo menos aprender as perguntas e respostas de um cate-cismo muito simples, e muitas vezes começam a memorizar pelo menos um verso da Escritura em cada conjunto. Muito deve ser feito quando a mente é jovem, propensa a aprender e absorver, e em grande parte desocupada das questões da vida.

• As crianças mais velhas e os novos-convertidos podem tirar muito proveito dos catecismos, que, necessariamente, e, naturalmente, exigem explicação e discussão. • O processo real de catequese pressupõe que aqueles que catequizam os outros tenham um fundamento suficiente e maturidade na verdade para explicar a partir das Escrituras as verdades declaradas no catecismo.

PERGUNTA 2: Quais são os requerimentos necessários para um catecismo?

RESPOSTA: Os requerimentos necessários ou essenciais para um catecismo sadio são

pelo menos quatro em número:

1. O catecismo deve ser completamente bíblico na formulação de suas respostas.

2. Os textos-prova devem ensinar claramente a verdade referente à pergunta e a resposta dada. As pressuposições doutrinárias do catecismo devem ser sadias.

3. As perguntas e respostas devem ser adequadas, ou seja, de tal natureza que elas não estejam nem muito envolvidas nem sejam complexas para serem memorizadas nem sim-ples demais para serem úteis àqueles que são mais velhos.

4. Alguns catecismos são mais adequados para crianças pequenas, outros são mais ade-quados para crianças mais velhas e adultos. Algumas perguntas exigem respostas estendi-das para transmitir adequadamente a verdade. Algumas estendi-das respostas neste catecismo são necessariamente longas.

PERGUNTA 3: Qual é o propósito de um catecismo?

RESPOSTA: O propósito para o uso de um catecismo é pelo menos nônuplo:

1. Instruir no essencial da Fé Cristã. O assunto é a verdade, a verdade Divina! Nós devemos fazer tudo o que pudermos para imprimir esta verdade na mente e no coração tanto dos salvos quanto dos não-salvos, e especialmente dos nossos filhos. Existem duas questões:

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primeiro, toda criança e todo novo-convertido deve ser instruído nos fundamentos ou es-sências da Fé Cristã, tanto quanto possível (3 João 4). Segundo, todo Cristão deve procurar tornar-se tanto um estudante da Bíblia como um teólogo (2 Timóteo 3:16-17; Hebreus 5:11-14; 2 Pedro 3:18).

2. Para imprimir a verdade Divina no coração e na mente. A concisão do catecismo como uma série de declarações doutrinais claras derivadas da Escritura, é projetada para incutir a verdade no processo de pensamento e imprimi-la na mente e no coração. A menos que a verdade doutrinária seja cuidadosa e biblicamente contemplada, ela nunca será verdadei-ra e plenamente compreendida, devidamente abverdadei-raçada nem terá sua prática implementada na vida (Salmos 119:11).

3. Para evangelizar os não-convertidos. Os pais Cristãos catequizando os seus filhos constituem o melhor meio de evangelizá-los verdadeiramente de uma forma consistente e equilibrada. As mentes deles têm que lidar com a verdade e as consciências deles podem ser sondadas no contexto de todo o conselho de Deus. Nos anos posteriores, a verdade pode ser aplicada à consciência através da lembrança de tal instrução (Efésios 6:1-4; 2 Timóteo 3:15).

4. Para preparar para o ministério público da Palavra. A pregação pública da Palavra de Deus deve abordar uma série de assuntos: a verdade do Evangelho, uma cosmovisão Cristã, toda a gama de doutrina Cristã e sua aplicação à vida da igreja e do indivíduo, a família Cristã, a relação do Cristão com a sociedade não-regenerada em que vive e as va-riedades da experiência Cristã. Catequizar necessariamente prepara os pais, as crianças e jovens convertidos para o ministério da Palavra por incutir neles uma consciência de Deus, permitindo-lhes começar a pensar de forma consistente a partir das Escrituras, dando-lhes uma compreensão básica das verdades bíblicas e doutrinárias, e familiarizando-os com terminologia doutrinária e teológica (2 Timóteo 1:13; 2:2)

5. Para atuar como uma prevenção contra o erro e a heresia. A melhor prevenção contra o erro e a heresia é a Palavra de Deus certamente (correta ou consistentemente) compreendi-da. O catecismo é uma declaração concisa e exata da Palavra de Deus em sua expressão doutrinária (Efésios 4:11-16; 2 Timóteo 4:1-5; 2 Pedro 3:16-18).

6. Para atuar como uma prevenção da decadência espiritual. O verdadeiro conhecimento das Escrituras é, necessariamente, um conhecimento consistente (e, portanto, não-contra-ditório) do seu ensino doutrinário. O uso de um catecismo como uma abordagem concisa, lógica, sistemática à verdade Divina deve refrescar a mente e o coração e avivar o zelo de alguém. Há uma relação necessária e imediata entre a verdade e a consciência e entre a verdade e o zelo, se o Espírito e a graça de Deus estão presentes (Hebreus 5:10-14; 2 Pedro 3:16-18).

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7. Para edificar os crentes de todas as idades e níveis de maturidade espiritual. Todos sem exceção vão se beneficiar com o uso de um catecismo. As criancinhas e os novos-conver-tidos serão instruídos consistentemente na fé, crentes maduros devem ser renovados e vivificados pela reiteração da verdade e os crentes idosos devem ser sustentados e ani-mados pela verdade imutável estabelecida pelas Escrituras.

8. Para rever a essência da Doutrina Cristã. O âmbito do seu ensino e da concisão de suas respostas fazem de um catecismo uma fonte primária para uma revisão de qualquer aspec-to da verdade doutrinária, declarada de forma simples, concisa e bíblica.

9. Para proporcionar uma grande e necessária ajuda em defesa da Fé. A concisão do catecismo em expressar a verdade doutrinária, e a memorização dos textos-prova, forne-cem os elementos essenciais necessários para defender a fé ou explicá-la aos outros de forma clara e bíblica (2 Coríntios 10:3-5; 1 Pedro 3:15; Judas 3).

PERGUNTA 4: Quanto tempo e esforço devem ser dados ao uso de um catecismo?

RESPOSTA: O tempo e o esforço gastos na utilização de um catecismo devem ser tanto

quanto ou mais do que o tempo e esforço gasto em qualquer outra disciplina. Muito tempo pode ser dado a eventos esportivos para o desenvolvimento motor e habilidades sociais necessárias, mas qual é o bem que estes fazem para a alma? A catequese é tanto para o tempo presente quanto para a eternidade. Como o estudo da matemática, história, o uso básico de ferramentas manuais ou mecânicas, e a aquisição geral de habilidades são consideradas necessárias para a educação da criança, assim o tempo e o esforço devem ser despendidos para instruir a mente e o coração e, assim, alcançar a alma. Que instrução é mais importante do que a verdade Divina? Que habilidade é mais importante e duradoura do que a de compreender o ensino doutrinário das Escrituras?

PERGUNTA 5: Quem deve se beneficiar do uso de um catecismo?

RESPOSTA: Qualquer pessoa deveria se beneficiar grandemente do uso de um catecismo:

1. As criancinhas, que precisam ser instruídas nos ensinos básicos da Escritura, para o bem de suas próprias almas e sua salvação, e prepará-las para se sentarem sob a pregação do Evangelho de forma inteligente.

2. As crianças mais velhas e jovens adultos, que precisam conhecer a verdade da Palavra de Deus e do caminho da salvação.

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3. Os novos-convertidos, que necessitam ser confirmados na fé através da instrução básica na verdade doutrinária.

4. Os Cristãos maduros, que necessitam ter um conhecimento abrangente da verdade a fim de viver de forma consistente e inteligente na fé e também para instruir os outros nas coisas Divinas.

5. Os anciãos, ministros e professores, que não só devem ser firmemente radicados na fé, mas devem também ensinar e ministrar aos levando em conta seus respectivos níveis. Uma revisão de um catecismo em pontos doutrinários essenciais deve ser uma parte essencial da preparação do sermão.

6. Os não-convertidos de qualquer e todas as idades. No catecismo eles encontrarão a verdade biblicamente, de forma simples e consistentemente explicada. Isto certamente trabalhará para a sua compreensão da pregação, e pode cooperar para a sua convicção de pecado e para que, de forma inteligente ele abrace a Cristo por meio da fé salvífica.

PERGUNTA 6: Quais são os valores de um catecismo?

RESPOSTA: Existem dois grandes valores no uso de um catecismo:

1. Um valor imediato ou primário. Isto consiste em inculcar a verdade Divina na mente ou no coração, e através disto, na consciência e na vida. Para os descrentes, ele fornece uma base bíblica para a verdade do Evangelho e para a esperança de salvação. Para o salvo, ele constrói uma base bíblica e doutrinária sólida para toda a vida.

2. Um valor final ou secundário. O catecismo a um determinado grau marcará a pessoa para a vida, sendo salva ou não-salva. A verdade uma vez comissionada à memória encon-trará a sua marca em incutir uma consciência de Deus, despertando a consciência e proporcionando um sentido bíblico do certo e do errado.

Que situação diferente existiria hoje em nossas famílias e na sociedade em geral, se a maioria tivesse sido instruída com um catecismo sadio! Um clima moral diferente prevale-ceria, um abençoado ponto de contato com a verdade do Evangelho já teria sido implantado na mente e no coração. Hoje nós vivemos em uma sociedade abertamente secularizada onde muitos homens e mulheres não têm nenhuma crença em Deus ou em um conceito de verdade qualquer que seja. Nada existe em seus corações ou mentes para evitar a sua queda em mergulho para a impiedade e imoralidade. Ao mesmo tempo as barreiras espiri-tuais e morais necessárias não foram erguidas e implementadas com o uso de um cate-cismo sadio em grande parte da sociedade.

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O que dizer da atual falta, ou até mesmo, do desprezo pela verdade doutrinária entre os Cristãos professos? Um verdadeiro e completo conhecimento das Escrituras é um conheci-mento doutrinário. A menos que nós cheguemos a um conheciconheci-mento doutrinário da Escritu-ra, o nosso conhecimento necessariamente permanecerá em um determinado tamanho parcial, inadequado e, muitas vezes, bastante inconsistente. Nós devemos conhecer a Bíblia doutrinariamente e devemos conhecer a nossa doutrina biblicamente. Este é o objetivo da catequese.

E o que dizer de nossas igrejas? A tendência atual em direção à mera tradição, ao munda-nismo, ao subjetivismo e o irracionalismo é em grande parte o resultado da terrível ausência da verdade, verdade acreditada e inculcada através da pregação e do uso de um catecismo sadio. Que diferença seria vista em nossas igrejas hoje se nossos pais tivessem sido fiéis em catequizar esta presente geração! Numa época que questiona toda a autoridade, desafia a veracidade da Escritura e em grande parte se recusa a ouvir a pregação bíblica com autoridade do púlpito, um fundamento bíblico e doutrinário sólido é extremamente necessário. Que diferença será vista se nós mesmos revertêssemos este triste desvio da prática bíblica e começássemos sistemática, amorosa e pacientemente a instruir e doutrinar esta geração! Não seria isto por si mesmo um verdadeiro avivamento?

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PARTE I

O CRENTE E O SEU DEUS

O estudo das coisas Divinas em geral é chamado de “Teologia”, do Gr. Theos, “Deus”, e

logos ou logia, “palavra, estudo ou doutrina”. A doutrina do homem é chamada de

“Antro-pologia”, do Gr. anthropos. Literalmente, tudo é determinado por uma doutrina de Deus

revelada através da Escritura. É de extrema importância que seja tanto bíblica como pie-dosa em tal estudo.

Pergunta 1: Qual é a única verdade inspirada, infalível e inerrante para o homem?

Resposta: A única verdade inspirada, infalível e inerrante para o homem é a Palavra escrita

de Deus, a Bíblia.

2 Timóteo 3:16-17: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar,

para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17 para que o homem de Deus seja

perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”.

Mateus 4:4: “...Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4:4).

Veja também: Gênesis 2:17-19; 3:1-12; Deuteronômio 8:3; Hebreus 1:1-3; 2 Pedro 1:20-21; 3:15-16.

Comentário

Alguns catecismos e obras sobre teologia começam com Deus e daí a razão para as Escri-turas ser como uma revelação necessária e de Deus. Esta é uma abordagem filosófica. Nós devemos começar com as Escrituras. Somente a Bíblia é a verdade objetiva e escrita (2 Timóteo 3:16-17). Isto deve garantir que o nosso pensamento permanecerá bíblico em vez de filosófico, tanto em consistência quanto em nossa abordagem das realidades Divinas. A Bíblia é a nossa única regra de fé (crença, doutrina) e prática (vida). A Escritura é a nossa única fonte objetiva de verdade e de conhecimento, e nosso padrão para uma vida adequada, porque é a real Palavra de Deus escrita. Veja as Perguntas 7, 9 e 10. É através das Escrituras que nós temos um verdadeiro conhecimento de Deus, de nós mesmos e do

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universo ao nosso redor. Nós podemos saber muito sobre Deus através de Sua criação (Romanos 1:18-20) e a partir do nosso próprio processo de pensamento instintivo, como fomos criados à imagem e semelhança (revelação natural) de Deus. Mas a autoconsis-tência moral de Deus (Seu caráter absolutamente justo), Seu amor redentor, Sua graça e misericórdia, e outras características morais necessárias só podem ser conhecidas através da história redentora escrita em sua Palavra (revelação especial). Veja a Pergunta 5. É apenas nas Escrituras que encontramos a salvação do pecado, a esperança de libertação por meio da obediência ativa e passiva do Senhor Jesus Cristo; a verdadeira e objetiva reconciliação com Deus e a certeza da esperança para o futuro. A natureza pode nos ale-grar com as suas belezas e maravilhas; nós podemos ter pensamentos elevados e sublimes em nossas imaginações, mas somente nas Escrituras é que vamos encontrar o coração de Deus revelado e descobrir a glória e a doçura do Evangelho.

Além disso, nós devemos entender que a Queda afetou os processos de pensamento do homem, e sua percepção das realidades espirituais é muito limitada ou distorcida pelo

pecado (os efeitos noéticos do pecado, do Gr. noeō, “perceber, entender”. O processo de

pensamento moral, intelectual e julgamento do homem caído ficou aleijado pela Queda. Cf. Romanos 1:21-25; 1 Coríntios 2:14; Efésios 4:17-19). Veja as Perguntas 37 e 38. Assim, a revelação natural (Deus revelado através de Sua criação) torna-se distorcida através de uma perspectiva caída e pecaminosa. Finalmente, o homem busca suprimir a verdade que ele conhece através da revelação natural em qualquer medida (suficiente para mantê-lo indesculpável), uma vez que agrava a sua mente, convence sua consciência e opõe-se às suas pressuposições naturais e pecaminosas (Romanos 1:18-20). Veja a Pergunta 10. A Escritura não revela tudo (Deuteronômio 29:29), mas revela suficientemente o que nós necessitamos saber: que nós somos pecadores diante de Deus, como ter o perdão dos pecados, como se reconciliar com Deus através do Senhor Jesus Cristo, como viver de modo aceitável perante Ele nesta vida e nos preparar para a eternidade. É apenas através das Escrituras que nós temos uma cosmovisão Teísta Cristã consistente, uma experiência Cristã válida e uma fé transcendente, contudo prática. Veja a Pergunta 121.

Acreditamos que a Bíblia é a real Palavra de Deus escrita e não algo meramente teórico ou abstrato. É a substância de uma fé viva que repousa na verdade da Palavra de Deus, independentemente das circunstâncias. Tal crença não é mero fideísmo (uma fé irracional, incoerente). Nossa fé é fundamentada na Palavra racional de um Deus autorrevelado e inteligente. O testemunho do Espírito Santo autentica esta Palavra para a mente, para o coração e para a alma do crente. Seus mandamentos, profecias, advertências e promessas são total e infalivelmente verdadeiros. As Escrituras devem, portanto, formar a verdadeira estrutura de nossas vidas. Veja a Pergunta 10.

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presumir que existam inconsistências no sistema Cristão. Estes se opõem à Divindade do Senhor Jesus Cristo, ao Nascimento Virginal, à natureza vicária da morte de nosso Senhor ou à ressurreição, etc. Estes são pensados como sendo irracionais, ou seja, contrários à razão. Tais realidades nunca são a questão real. A questão primária é que Deus falou clara-mente e com autoridade absoluta para o homem (Hebreus 1:1-2), e este registro foi escrito. Esta revelação Divina em forma escrita continua com plena autoridade (o significado de

“está escrito” (Gr. gegraptai, tempo perfeito) é “Ela permanece escrita com autoridade

inalterada”). A verdadeira questão é sempre a veracidade de Deus na e através da Bíblia. As Escrituras são a Sua Palavra, e nós somos obedientes ou desobedientes a Ele e à elas. Veja a Parte II.

Será que as Escrituras têm seu devido lugar em nossas vidas? As nossas vidas refletem a sua orientação e poder transformador? Será que nós amamos e obedecemos a Deus, conforme revelado em Sua Palavra?

Pergunta 2: Qual é o fim principal do homem?

Resposta: O fim principal do homem é glorificar a Deus, e deleitar-se nEle para sempre.

1 Coríntios 10:31: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus”.

Apocalipse 4:11: “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”.

Veja também: 1 Crônicas 29:10-14; Eclesiastes 7:29; 12:13-14.

Comentário

Este universo e todas as coisas e todos que estão nele existem para o bom prazer e glória de Deus. O homem é o portador da imagem de Deus, criado como Ele e para Ele (Gênesis 1:26-28). O homem foi criado originalmente justo para encontrar significado e satisfação em servir a Deus e desfrutar de Sua comunhão (Eclesiastes 7:29). Veja a Pergunta 33. O primeiro homem, Adão, foi criado para “pensar os pensamentos de Deus e segui-los”, isto é, para dar o mesmo significado a tudo o que Deus tinha dado a ele em virtude de seu ato criativo. Veja a Pergunta 31. No contexto da criação primitiva, não-caída, nada mais poderia ser acrescentado à alegria e satisfação do primeiro casal. No entanto, em Adão a raça humana caiu da sua retidão original e tornou-se intelectualmente incapacitada, moralmente depravada e empiricamente pecaminosa (Gênesis 3:1-8; Romanos 1:18-25; 5:12; 1

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Corín-tios 2:14; Efésios 4:13-17). Veja as Perguntas 34, 37 e 38. A salvação no tempo e na história humana é a redenção da imagem Divina no homem (Romanos 8:29). Isto exigiu a encar-nação, humilhação e exaltação do Senhor Jesus Cristo (Filipenses 2:5-11), e a união dos crentes com e em Cristo (Romanos 6:1-14; 8:28-39; Colossenses 3:1-4). Veja a Pergunta 125. Finalmente, todos os atributos Divinos serão glorificados, seja no julgamento ou redenção do homem e do universo (2 Pedro 3:7-13).

A natureza e o caráter de Deus revelados nas Escrituras formam a base de toda a verdade, conhecimento, esperança e confiança para o crente. Nós confiamos em Deus e descansa-mos nEle pela fé, não por causa do que Ele fez, faz ou pode fazer por nós, para nós ou através de nós, mas, sim, por causa de Quem e do que Ele é, ou seja, a fé repousa na Pessoa de Deus, não meramente em Suas ações. Nós só encontramos sentido e plenitude quando o fazemos no contexto do verdadeiro prazer e glória de Deus.

Você já descobriu a principal finalidade do homem? Você está percebendo porque Deus criou você e situou você neste ponto do tempo na história? A glória de Deus é seu constante e maior objetivo? Você encontra prazer em seu relacionamento com o Altíssimo?

Pergunta 3: Quem é o único grande Objeto de nosso conhecimento, adoração e prazer?

Resposta: O único grande Objeto de nosso conhecimento, adoração e prazer é o Triuno,

o autorrevelado Deus da Escritura.

Salmos 29:2: “Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome, adorai o SENHOR na beleza da santidade”.

Salmos 73:25-26: “Quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje

além de ti. 26 Minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu

coração, e a minha porção para sempre”.

Salmos 96:9: “Adorai o Senhor na beleza da santidade; tremei diante dele toda a terra”. Provérbios 1:7: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução”.

Provérbios 9:10: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é o entendimento”.

João 17:3: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”.

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1 Coríntios 10:31: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus”.

Veja também: Romanos 1:18-32; 11:33-36; Atos 17:27; Efésios 4:17-19.

Comentário

Existem várias abordagens para a crença ou descrença em Deus. Nenhuma crença, ou sistema é simplesmente neutro; cada um traz consigo implicações teológicas, morais e éticas necessárias. Estas implicações foram e são vistas ao longo da história da humani-dade e em suas várias culturas e sociehumani-dades. Cada religião, portanto, tem uma visão de mundo e da vida correspondente.

O teísmo é a crença em um Deus ou deuses. O ateísmo é a descrença em Deus ou deuses. O ateísmo, como sustentado pelo homem moderno, secularizado, pressupõe a evolução, o acaso e o destino. O deísmo é a ideia racionalista de que Deus é um ser pessoal absoluto e criador do universo, mas que Ele nem Se revelou nem está envolvido nos eventos da natureza, história ou no drama humano. Assim, o homem não precisa temer a Deus ou a retribuição. O politeísmo é a crença em vários deuses. O politeísmo não pode trazer todas as características Divinas em um só ser. O ceticismo, negando a revelação Divina, acredita que a razão não pode provar a existência de Deus. O panteísmo sustenta que Deus é semelhante à criação. É a negação da personalidade de Deus, e, portanto, de qualquer responsabilidade para com Deus. O Panenteísmo fornece uma base filosófica para o teísmo aberto ou Teologia do Processo. Deus é identificado com o universo, mas Ele é mais do que o universo. Ele é a mente eterna da qual o universo é o corpo, por assim dizer. Tanto Deus quanto o universo estão em processo de expansão; o futuro é desconhecido. O Pluralismo Religioso, característica da filosofia pós-moderna, é a ideia de que todas as religiões têm algo de bom, e os homens podem ter um relacionamento significativo com Deus através de vários caminhos religiosos. Todas estas várias visões carecem de uma fonte revelada definitiva, uma revelação Divina autoatestada, e, portanto, uma base epistemológica suficiente (fonte da verdade e do conhecimento).

O Cristianismo Bíblico não é meramente teísta, ou seja, não se limita a acreditar na existên-cia de um Deus. O Cristianismo Bíblico sustenta o Teísmo Cristão, o que necessariamente significa que o Triuno, o Deus autorrevelado Se revelou na Criação, na Providência, na História, em sua Palavra escrita e no Senhor Jesus Cristo. Apenas o Teísmo Cristão possui a base suficiente, como religião revelada, para fornecer um sistema coerente de verdade para a teologia, criação, história, moral e ética — uma cosmovisão inclusiva. Veja Perguntas 120-123. O Teísmo Cristão como um sistema de crenças sustenta que o Deus Triuno

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reve-lou a Si mesmo, que Ele é o único Grande Objetivo do conhecimento, e que ter um relacio-namento correto com Ele através da Pessoa e obra de seu Filho leva ao mais elevado grau de significado e satisfação.

O Triuno, o autorrevelado Deus da Escritura é a fonte de todo o conhecimento verdadeiro. O homem como um ser criado deve encontrar a fonte da verdade e do conhecimento fora de si mesmo. Assim, o homem é por necessidade uma criatura de fé. Embora o homem moderno de bom grado se considere científico e empírico em sua epistemologia (ciência do conhecimento e reivindicações da verdade), ele é necessariamente levado a um princípio de fé, e, portanto, a uma postura pressuposicional para aquilo que ele considera ser verda-deiro e verdade. Como o portador da imagem de Deus, o homem deve encontrar o sentido — a verdade e o conhecimento — em seu Criador. Veja as Perguntas 31, 120 e 121. Para o homem conhecer a si mesmo, ele deve, como o portador da imagem de Deus, começar com Deus.

Deus é o Criador, Sustentador e Governador do universo criado, e Suas leis reinam em todas as esferas — espiritual, moral e física (Romanos 11:36). Conhecer a Deus é possuir o verdadeiro conhecimento; suprimir o conhecimento de Deus é negar a possibilidade da verdade, do conhecimento e da realidade. Ter um relacionamento correto com Deus no

contexto de Sua Lei — Palavra, ou seja, ser reconciliado com Deus por meio de Jesus

Cristo pela fé é realmente conhecê-lo e, assim, possuir a única base correta e consistente para verdadeiramente entender algumas coisas ou a totalidade das coisas. Ter um relacionamento correto com Deus, através da Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo é encontrar o perdão, a reconciliação, a paz e a comunhão, e, portanto, a comunhão com alegria em Deus (Romanos 3:21-26; 5:1-2; 1 João 1:3-7).

Para os crentes, a Palavra escrita de Deus constitui a nossa única regra de fé e prática. Sob o senhorio soberano de Jesus Cristo (Mateus 28:18; Atos 2:36), esta Palavra deve go-vernar todas as esferas da vida — os reinos espiritual, religioso, moral, ético, social, político e espiritual. Jesus Cristo é o Senhor soberano do universo e Sua palavra é a lei do crente. As reivindicações totalitárias de Cristo Jesus como Senhor soberano devem ser acredita-das, amadas e obedecidas alegremente, declaradas e defendidas em todas as esferas da existência humana.

Como o Senhor DEUS é o Criador, Possuidor e Governante Soberano do céu e da terra, como todo fato é um fato criado e como nós devemos fazer tudo para a glória de Deus, não há nada que seja secular; tudo é, enfim, sagrado. Assim, tudo em nosso pensamento, fala

e atos é afinal uma forma de adoração — ou deveria ser. A adoração formal, seja pública

ou privada, deve refletir o caráter de Deus; deve ser santa, justa, reverente, alegre e hon-rosa a Deus, ou seja, a adoração deve ser teocêntrica (centrada em Deus) e não

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antropo-cêntrica (centrada no homem). A verdadeira adoração deve ser regulada pela Palavra de Deus, e não pela inovação do homem. Adoração e entretenimento são mutuamente exclusi-vos. Muito do “culto” contemporâneo nem é digno desse nome, nem glorifica ao Deus da Escritura. Ver Perguntas 144 e 151.

A verdadeira espiritualidade é essencialmente intelectual, visto que alguém deve apreender e entrar em acordo com a verdade de Deus escrita a fim de conhecer ao Seu Evangelho e consistentemente aplicar esta verdade à sua vida e experiência. Não existe lugar para uma religião irracional. Uma fé inteligente, que é baseada na Bíblia, dá a base adequada e sufi-ciente para o sentimento. A verdade e as emoções estão inerentemente relacionadas. A primeira deve servir de base para a última ou a religião será irracional e inconsistente. Veja a Pergunta 7.

Você conhece a Deus? Você se alegra nEle do modo como Ele tem se revelado a você em Sua Palavra? O seu culto honra a Deus? Ele reflete Seu caráter santo e justo?

Pergunta 4: Como nós podemos conhecer a Deus?

Resposta: Nós podemos conhecer a Deus apenas como Ele tem tido o prazer de

revelar-Se a nós.

Jó 11:7: “Porventura alcançarás os caminhos de Deus, ou chegarás à perfeição do Todo-Poderoso?”.

Salmos 19:1-3: “Os céus declaram a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra das

suas mãos. 2 Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite.

3 Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz”.

Atos 17:27-28: “Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem

achar; ainda que não está longe de cada um de nós; 28 porque nele vivemos, e nos

move-mos, e existimos...”.

Veja também: Gênesis 1:1; João 1:9, 18; Romanos 1:18-25; 2:14-16; Colossenses 2:9; 1 Timóteo 3:16; Hebreus 1:1-3.

Comentário

Deus é o nosso Criador; nós somos Suas criaturas. As Escrituras devem cuidadosamente manter esta distinção e relação Criador-criatura. Portanto, nós só podemos conhecê-lO à

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medida que Ele tem o prazer de revelar-Se a nós. Ele é infinito; nós somos finitos. Ele é absoluto (autoexistente e sem quaisquer limitações externas); nós somos relativos (depen-dentes de Deus e das circunstâncias externas para a nossa existência e significado). Nós não somos apenas limitados por nossa condição de criaturas, mas também pelas conse-quências intelectuais (efeitos noéticos) do pecado (Romanos 1:18-25; 1 Coríntios 2:14). Deus Se revelou a nós de várias maneiras. Estes meios são de natureza progressiva e histórica:

Primeiro Deus revelou-se a nós através da luz da natureza. O homem é o portador da imagem de Deus e possui um instinto para o Divino. Os efeitos noéticos do pecado têm entorpecido e distorcido isto. O homem por natureza é incuravelmente religioso, mas falta tanto a capacidade como a motivação para buscar a Deus corretamente (Atos 17:22-31). Ele é epistemologicamente falido, ou seja, pecaminosamente fútil em seu raciocínio, incapacitado e suprime o que Ele sabe da verdade, como seu ser interior está “em trevas” (Romanos 1:18-25; Efésios 4:17-19).

Segundo, Deus revelou-Se em e através de Sua criação a ponto de o homem caído tornar-se inescusável, embora ele suprima este testemunho (Romanos 1:18-20). Veja a Pergunta 10.

Terceiro, Deus revelou-Se através de Suas relações providenciais na história, mas o homem as interpreta supersticiosamente segundo suas próprias pressuposições em termos de acaso, destino ou sorte, não dando glória a Deus (Romanos 1:21-25; 2 Pedro 3:3-6). Veja a Pergunta 35.

Quarto, Deus revelou-Se através da Sua Palavra. Esta revelação foi escrita e preser-vada (João 17:17; 1 Timóteo 3:16; 2 Pedro 1:20-21). Permanece em todo tempo como testemunha da natureza, do caráter, do propósito e da veracidade de Deus. Somente nas Escrituras está a mensagem da salvação e reconciliação.

Finalmente, Deus revelou-Se em e através do Senhor Jesus Cristo, Seu Filho eterno e o único Redentor (João 1:14, 18; Filipenses 2:5-11; 1 Timóteo 3:16; Hebreus 1:1-4). Veja as Perguntas 25, 70-75.

É através das Escrituras que nós podemos conhecer a Deus, a nós mesmos, compreender o mundo à nossa volta, e ter uma revelação definitiva e com autoridade acerca da salvação do pecado, de uma vida justa, da história humana e de nosso próprio destino. Você O conhece? Você O conhece e a si mesmo como revelado em sua Palavra? Você O conhece salvificamente no Senhor Jesus?

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Pergunta 5: Quais são os dois tipos de revelação divina que Deus nos deu para que pos-samos conhecê-lO?

Resposta: Deus nos tem dado tanto a revelação geral quanto a revelação especial.

Mateus 4:4 “Ele [Jesus], porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”.

Gênesis 2:16-17: “E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim

comerás livremente, 17 mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás;

porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”.

Veja também: Gênesis 1:28-29; Salmos 19:1-14; Romanos 1:18-20; Hebreus 1:1-3.

Comentário

A revelação geral inclui a luz da natureza, a criação e as obras da providência. A revelação especial é falada diretamente de Deus para que nós entendamos. O homem não foi desti-nado a viver separado nem nunca esteve sem uma Palavra direta e compreensível da parte de Deus. Mesmo antes da Queda, vivendo ainda Adão no Jardim do Éden ele tinha uma palavra direta de Deus para governar sua vida e suas ações (Gênesis 2:15-17). Ninguém pode entender simples e completamente a verdade de Deus a partir da natureza (Romanos 1:18-20) ou a partir de seu próprio pensamento ou sentimentos. A revelação natural é insuficiente por si só, embora seja suficiente para deixar o homem inescusável quanto à realidade e o poder de Deus. A filosofia começa com o homem e sua busca pelo definitivo; a Escritura é uma revelação direta de Deus.

A consciência sozinha não é um guia seguro ou infalível, já que o homem é um pecador, um ser caído (Atos 26:9; Romanos 1:18-32). A consciência deve estar sujeita à Palavra e ao Espírito de Deus (Romanos 9:1). Veja a Pergunta 10.

O homem foi criado “para pensar os pensamentos de Deus e segui-los”, isto é, para dar o mesmo significado a tudo o que Deus tinha dado a ele. Isto foi necessário porque o homem era uma criatura e foi colocado em um mundo que já havia sido criado e estabelecido por Deus. O homem foi criado e continua como uma criatura de fé porque a fonte da verdade e do conhecimento permanece externa a ele mesmo. Mesmo aqueles que não reconhecem a Deus ou a Sua Palavra são criaturas de fé, isto é inevitável. O homem por natureza tem que acreditar. Ele deve acreditar em alguém ou em algo. Na verdadeira raiz de seu ser, cada pessoa é uma criatura de fé, e pressupõe ou presume isto quando procura interpretar qualquer fato ou raciocinar sobre qualquer assunto. Atrás do racionalismo, do empirismo (o

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moderno método científico) ou intuição, o homem ainda postula sua abordagem pela fé em algo ou em alguém. Ele continua a ser, por natureza, um pressuposicionalista.

A Palavra que Deus deu ao homem é inteligente, compreensível e perpétua. Deus deu Sua

Palavra para ser compreendida e obedecida. Sua Palavra permanece para sempre — ela

nunca diminui em sua autoridade. Embora Deus tenha dado Sua Palavra a milhares de anos atrás, ela é tão completa e cheia de autoridade como se Ele tivesse acabado de falá-la. Observe as palavras: “Está escrito”, quando o Novo Testamento refere-se às Escrituras do Antigo Testamento. A Palavra de Deus escrita permanece para sempre com plena auto-ridade.

Você conhece Deus através de ambas as revelações, natural e especial?

Pergunta 6: Qual é a importância das Escrituras?

Resposta: As Escrituras são necessárias para conhecer, servir, gozar e glorificar

verdadei-ramente a Deus.

2 Timóteo 3:16-17: “Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar,

para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17 para que o homem de Deus seja

perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”.

Mateus 4:4. “Ele [Jesus], porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”.

Veja também: Salmos 1:1-3; 19:7-14; 1 Coríntios 10:31; 2 Timóteo 3:15-17; 1 João 5:13.

Comentário

À parte das Escrituras, o nosso conhecimento de Deus, de nós mesmos e do mundo ao nosso redor seria seriamente, mesmo fatalmente, imperfeito. A intuição natural, a especula-ção e a razão provam ser tanto insuficientes quanto enganosas por causa dos efeitos noéticos do pecado e da aversão natural contra Deus (Romanos 1:18-32; 8:7; 1 Coríntios 2:14; Efésios 4:17-19). Não importa quão fervorosa ou emocional a experiência religiosa seja, sem uma base de estabilização necessária na revelação Divina. Nós igualmente necessitamos ter uma palavra direta, inteligente e suficiente de Deus.

A afirmação de abertura da Escritura: “No princípio criou Deus o céu e a terra” (Gênesis 1:1), é determinante para todos que seguem completamente a revelação Divina escrita.

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Esta afirmação é pressuposicional acerca da existência de Deus, Sua soberania absoluta e a eterna relação e distinção Criador-criatura, e a verdade que cada fato é um fato criado, ou seja, não existem quaisquer fatos “brutos” (indefinidos ou não-criados) no universo. Veja a Pergunta 30.

Porque o homem é criado à imagem e semelhança de Deus, ele só pode realmente conhe-cer a si mesmo começando com um estudo de Deus. Deus só pode ser conhecido verda-deira e adequadamente ao passo que Ele tenha prazer em revelar-Se em Sua Palavra escrita. Assim, as Escrituras nos revelam quem Deus é, quem somos, o que ocorreu na Queda, como devemos ser reconciliados com Ele, viver para Ele e antegozar o estarmos para sempre com Ele. As Escrituras revelam tudo o que é necessário a nós para vivermos piedosamente nesta vida e nos prepararmos para a eternidade. Assim, a Escritura deve ser nossa única regra de fé (o que acreditamos) e prática (como devemos viver). Da Palavra de Deus nós devemos encontrar e implementar uma cosmovisão Cristã Teísta ou filosofia bíblica e abrangente de vida que seja piedosa e consistente. Veja as Perguntas 120-123. Você reconciliou-se com o Deus que Se revelou em Sua Palavra? Você busca alinhar a Sua vida à verdade dEle?

Referências

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