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O que as Escrituras ensinam a respeito do propósito de Deus?

PARTE III — A NATUREZA, O PROPÓSITO E O CARÁTER DE DEUS

Pergunta 27: O que as Escrituras ensinam a respeito do propósito de Deus?

Resposta: As Escrituras ensinam que Deus propôs eternamente todas as coisas sem

exceção para a Sua própria glória e para o bem maior.

Efésios 1:11: “Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predesti-nados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade”.

Romanos 8:28-30: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem

daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. 29

Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem

de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. 30 E aos que

predes-tinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou”.

Veja também: Salmos 115:3; Isaías 46:9-11; Romanos 11:33-36; Efésios 1:3-14; 2:1-10; Apocalipse 4:11.

Comentário

Deus como uma Pessoa com personalidade distinta é um Ser com propósito e determina-ção. Como o próprio Deus é infinito, eminente e eterno, o Seu propósito em relação a Sua criação é necessariamente um propósito todo-inclusivo e eterno. Assim como Sua persona-lidade é infinitamente sábia e inteligente, Seu propósito deve ser semelhante.

As Escrituras revelam que Deus “faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade”, isto é, que Ele propôs ou predeterminou todas as coisas. Isso é conhecido como pré-ordenação ou predestinação. Por definição “predestinação” significa “determinar o destino de antemão”. O termo tem um uso triplo na Escritura referindo-se: primeiro ao propósito abrangente e eterno de Deus (Efésios 1:11); segundo ao Seu propósito soteriológico (per-tencente a salvação) (Romanos 8:28-31; 9:1-24; Efésios 1:3-14); e terceiro ao propósito escatológico realizado na glorificação do crente e conformidade final para com a imagem de Cristo (Romanos 8:29).

O uso abrangente do termo pode ser descrito como o eterno (Isaías 46:9-10; Atos 15:18; 1 Pedro 1:20; Apocalipse 4:11), o imutável (Isaías 14:24; 46:11; Provérbios 19:21), o todo-inclusivo (Atos 17:25, 28; Efésios 1:11; Apocalipse 4:11), o onisciente (Jr 51:15; Romanos 11:33-35;16:27; Efésios 3:10-11; 1 Timóteo 1:17; Judas 25), o justo (Isaías 45:21; Sofonias 3:5; Romanos 9:14), o santo (Êxodo 15:11; Isaías 57:15) e o amoroso (Romanos 8:38-39; Efésios 1:3-5) decreto ou propósito de Deus (Isaías 14:24; Daniel 4:17, 24; Efésios 1:11), por meio do qual, desde a eternidade, de dentro de Si mesmo (Salmos 115:3; Daniel 4:35; Romanos 11:33-36; Efésios 1:5, 9) e para a Sua própria glória (1 Crônicas 29:11-13; Efésios 1:3-6, 12-14; Apocalipse 4:11), Ele determinou tudo o que acontece (Romanos 11:33-36; Colossenses 1:17; Hebreus 1:3; Neemias 9:6).

Embora os termos “predestinar”, “predestinação” e “pré-ordenado” ocorram raramente nas Escrituras, há uma grande variedade de termos nas Línguas originais (trinta e dois em Hebraico e Grego) que conotam o propósito Divino, a determinação, a vontade, a soberania e a predestinação. Eliminar a ideia da predestinação Divina das Escrituras mudaria comple-tamente a natureza e o caráter de Deus, e assim tornaria as Suas promessas e profecias relativas, nulas e vazias, destruindo a própria essência e o feitio das Escrituras. Seria, com efeito, o abandono completo do Cristianismo Bíblico para um “Teísmo Aberto” ou “Teologia do Processo” no qual o próprio Deus estaria crescendo e se expandindo com o universo, e o futuro permaneceria desconhecido, até mesmo para Ele. Dizer “Deus” é dizer “propósito”,

e dizer “propósito”, no contexto de Deus como revelado nas Escrituras, é dizer

“predes-tinação”.

intensamente prática. Como parte da revelação Divina, a predestinação deve ser conheci-da, estudada e acreditada (Atos 20:20, 26-27). Ela preserva a relação Criador-criatura que permeia as Escrituras. A predestinação é a fonte de toda a graça, dando à livre e soberana graça Sua natureza gloriosa e caráter distinto (Romanos 11:5-6; Efésios 1:3-11, 2:1-10). É a expressão do soberano, eterno e imutável amor de Deus para com os Seus, e é o próprio fundamento da confiança do crente e certeza da salvação (Deuteronômio 7:6-8; Romanos 8:28-39; Efésios 1:13-14; 1 Pedro 1:3-5; 18-20; 1 João 4:9-10, 19). A predestinação é a fonte bíblica de toda a ousadia, encorajamento e conforto na aflição (Romanos 8:28-39; 1 Coríntios 15:58; Gálatas 6:7-9; Efésios 2:8-10). Corretamente entendida, é um incentivo adequado para a santidade bíblica e ação responsável (Efésios 1:4; 2:8-10; Filipenses 1:29; 2:12-13; 2 Tessalonicenses 2:13; 1 Pedro 1:1-2; 1 João 2:28-3:3). Devemos lembrar sempre que, nas Escrituras, Deus ordenou os meios, bem como ordenou também os fins. Veja as Perguntas 67 e 68.

O suposto “Problema do Mal” deve ser considerado. Isso pode ser estabelecido nos seguin-tes termos: “Como pode o mal existir em um universo criado e governado por um Deus todo-poderoso e benevolente (inerente e completamente bom)?”. Este “problema” é mais psicológico do que lógico, teológico ou filosófico. O homem preferiria envolver Deus e suas ações na questão do que se submeter a Deus em completa confiança, mesmo sendo esse um Deus benevolente no contexto de Sua onipotência e justiça (Romanos 9:11-24). Essa questão é grandemente um assunto de incredulidade diante do testemunho bíblico concer-nente ao propósito e paciência de Deus, no cumprimento de Seu eterno propósito. Mas continua a ser uma questão frequentemente lembrada como uma refutação aos crentes em geral, e àqueles que sustentam a soberania Divina bíblica em particular.

As respostas possíveis, de acordo com o raciocínio humano, são:

Primeiro, se o mal existe (e ele de fato existe como uma realidade triste e terrível), então, não há nenhum Deus onipotente (todo-poderoso) e benevolente — o argumen-to do ateu.

Segundo, o mal existe, e, portanto, se Deus existe, Ele deve ser ou limitado em Seu

poder ou arbitrário em Seu caráter moral — o argumento dos que defendem um

conceito não-bíblico (pagão) de Deus.

Terceiro, o mal existe, portanto, há mais de um único Deus, ou há forças iguais (o bem e o mal) em conflito. Este é o argumento não-bíblico (pagão) daqueles que postulam um dualismo (um “deus bom” e um “deus mau” ou forças opostas ou princípios do bem e do mal iguais) em conflito pelo controle do universo.

Quarto, o mal não existe, exceto como uma ilusão no nosso pensamento humano — a visão de alguns cultos ocidentais e religiões orientais (por exemplo, da Ciência Cristã (Christian Science) e o Budismo). Isto faria qualquer distinção final entre o bem e o mal arbitrária e, portanto, nega a autoconsistência moral do caráter Divino.

Quinto, o mal existe como um mistério, independente de Deus, que permanece em um determinado (limitado) grau poderoso e benevolente, necessariamente operando em um sentido utilitário. Esse é o argumento inconsistente de alguns (incluindo os Pelagianos e os Arminianos) que tentam livrar Deus da acusação de ser o “autor do pecado”, e ainda procuram manter a Sua bondade.

Finalmente, o mal existe no universo de um Deus benevolente e onipotente, o Qual é completamente soberano sobre ele e usa-o para a Sua própria glória e para o bem maior — o consistente argumento do Cristão bíblico (Calvinista consistente).

Esta afirmação final é a única visão que pode ser consistentemente alinhada com o ensino das Escrituras (por exemplo: Gênesis 50:20; Juízes 2:15; 9:23; 1 Samuel 16:14; 2 Reis 22:16; Salmos 76:10; Isaías 10:5-15; 45:7; Amós 3:6; Atos 4:27-28; Romanos 8:28; 9:11-21). Qualquer outra visão, decorre de raciocínio humanista pecaminoso, e, assim, questio-nador de Deus e de Suas ações (Romanos 9:19-21), procura apontar uma incoerência (inconsistência) nas Escrituras e no sistema Cristão. Essas visões negam a Deus e o Seu poder sobre o mal ou limitam Deus e procuram rebaixá-lO até o nível finito (Romanos 1:21-25) e destruir Sua soberania e autoconsistência moral — e assim qualquer fundamento sufi-ciente ou consistente para coerência Divina.

Não é incoerente, a existência do mal em um universo criado e governado por um Deus todo-poderoso e benevolente se Deus tem uma razão moralmente suficiente para este mal existir. Tal visão não tira todo o mistério do problema do mal. Deus é infinito, e assim são também Sua sabedoria, poder e propósito. Nós somos finitos, e simplesmente não pode-mos compreender tudo o que está implícito neste profundo assunto. Por que Deus, o Altís-simo, que é de forma absoluta autoconsistente moralmente, deveria ordenar o mal, deve em um determinado grau permanecer um mistério para os seres finitos.

Além disso, ao considerar o problema do mal, alguém deve levar em conta a realidade do tempo. O que poderia ser considerado como o mal no contexto da realidade passada ou presente pode mais tarde vir a ser grande bênção ou resultar em tal (Gênesis 42:36, 50:20; Atos 4:27-28; Romanos 8:28-31). Finalmente, apenas se Deus está no controle absoluto do mal é que Ele pode ordená-lo para o bem, e nós podemos confiar no propósito, profecias e promessas de Sua Palavra.

Confiamos no propósito de Deus, embora não possamos entendê-lo? Reclamamos contra Sua providência? Pela fé podemos compreender a verdade de Romanos 8:28?