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PARTE IV — AS OBRAS DA CRIAÇÃO E DA PROVIDÊNCIA DE DEUS

Pergunta 30: Qual é a obra da Criação?

Resposta: A obra da criação consiste em todas as coisas que Deus fez do nada, pela Palavra do Seu poder, por Si mesmo, no espaço de seis dias, e tudo muito bom.

Gênesis 1:1: “No princípio criou Deus o céu e a terra”.

Hebreus 11:3: “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente”.

Isaías 45:18: “Porque assim diz o SENHOR que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o SENHOR e não há outro”.

Veja também: Gênesis 1:1-31; Salmos 148:1-5; Provérbios 16:4; Isaías 40:26; 42:5; 45:12; 65:17; Atos 17:24-25; Romanos 11:33-36; Efésios 3:9; Colossenses 1:15-17; 2 Pedro 3:4-13; Apocalipse 4:11.

Comentário

O Deus Triuno criou o universo ex nihilo, do nada (Gênesis 1:1-3; João 1:1-3; Colossenses

Triuni-dade em Si mesma, fora da Criação. Veja a Pergunta 23. (Pressupõe-se que neste nada ou vazio, Ele criou este universo). Também deve ser evidente que se Deus criou todas as coisas, então cada fato é criado e a Criação foi um ato definitivo. Assim, cada fato deve ser interpretado ou entendido no contexto de Deus e seu significado pretendido e significância. Isto tem grandes implicações doutrinárias, científicas e morais.

As palavras de abertura da Escritura, Gênesis 1:1, são profundíssimas e colocam em ordem o restante da revelação Divina. Esta declaração de abertura é mais do que uma declaração histórica sobre a origem do universo ou de um texto-prova contra a evolução. É uma decla-ração determinante para tudo o que se segue nas Escrituras. A Bíblia é inspirada? É infa-lível? Ela é inerrante? É coerente? Se assim for, então, como a própria Palavra de Deus é necessária e totalmente a autoridade final, autoconsistente e não-contraditória. Veja a Parte II. O que encontramos no discurso de abertura deve se provar consistente até a própria conclusão das Escrituras — de Gênesis a Apocalipse.

Primeiro, existe um princípio pressuposicional. As Escrituras começam com uma postura pressuposicional. A Bíblia nunca busca “provar” a existência de Deus; isto é pressuposto desde o próprio início. Este princípio é fundamental. O homem foi criado à imagem de Deus como uma criatura de fé, tendo a fonte da verdade e do conhecimento fora de si mesmo, e, portanto, foi criado como um pressuposicionalista. Ele foi colocado em um mundo já criado e definido por Deus, ele foi, em outras palavras, criado para “pensar os pensamentos de Deus e segui-los”, isto é, para dar o mesmo significado a tudo o que Deus tinha lhe dado. Fazer o contrário seria pecado. Este princípio pressuposicional é absolutamente determi-nante para a humanidade. As nossas pressuposições, tomadas em conjunto formam a nossa visão de mundo e vida, determinam necessariamente nossos pensamentos, motivos, palavras e ações. Ver as Perguntas 120-123. De fato, todos os fatos são interpretados por nossas pressuposições. Isto é absolutamente inevitável. Em última análise, portanto, todas as coisas derivam de um princípio de fé — sistema de crença de alguém — se alguém é crente ou incrédulo. Veja as Perguntas 31, 120 e 136.

Segundo, a Bíblia necessariamente começa com uma afirmação declarativa ou reveladora sobre o poder e a obra de Deus. Este princípio também caracteriza as Escrituras de maneira completa. O homem por natureza começa com as suas necessidades; Deus começa com uma declaração em Sua autorrevelação, seja criativa ou redentora (por exemplo: Gênesis 1:1-3; 17:1; 28:10-17; 35:11; Êxodo 3:1-6; 19-20; 5:2; 6:1; 20:1-2; Atos 7:2; 9:3-6; 22:14; Romanos 9:17). A Criação em si é parte desta revelação Divina. Ela reflete o Seu poder e Divindade, e existe para revelar Sua glória. Esta revelação natural é tão difundida que faz o homem indesculpável com o Seu testemunho (Romanos 1:18-20; Salmos 19:1-3; Apoca-lipse 4:11).

Terceiro, nós encontramos a autoexistência e natureza infinitas de Deus, ou Sua absoluta independência da Sua criação. Dizer “...Deus criou...” é sustentar que Ele não é parte da Sua criação. Ele está acima e além dela, é antecedente a ela, separado dela; e assim não depende de forma alguma dela. O homem não pode acrescentar coisa alguma a Deus, nem pode tirar nada dEle, exceto em Sua própria imaginação depravada — a qual não tem qual-quer efeito sobre a realidade objetiva de qualqual-quer natureza (Romanos 1:18-32). Este princí-pio separa a verdadeira da falsa religião.

Quarto: somos confrontados com a soberania absoluta de Deus sobre a Sua Criação. Veja a Pergunta 22. Isto, as Escrituras consistentemente sustentam. Deus é infinito, onipotente, imanente e transcendente. O homem é finito e cercado com as limitações de criatura. O homem nunca, jamais deve difamar Deus em nem um jota, atribuir-Lhe atributos finitos ou limitações humanas, ou difamar Sua glória. Suas perfeições são necessariamente imutá-veis. Qualquer limitação ou inconsistência percebida na natureza Divina é apenas subjetiva e irracional, e deriva de um princípio inato de incredulidade e hostilidade pecaminosa. Quinto, nós devemos observar que cada fato é um fato criado. Isto necessariamente sig-nifica que não há fatos “brutos”, ou seja, não interpretados ou fatos “neutros” no universo porque cada fato é criado, todo o terreno, literal e figurativamente, pertence a Deus. Assim, não existem fatos “neutros” aos quais os incrédulos ou a ciência secular possam recorrer. Não existe um “terreno neutro”, no qual o crente e o não-crente possam se encontrar para uma troca significativa. Existe um terreno comum ou um ponto de contato, mas este está no contexto do homem, sendo o portador da imagem de Deus, tendo a lei de Deus indele-velmente inscrita em seu coração, e existindo no contexto dos fatos criados que ele incons-cientemente pressupõe (Gênesis 1:26; Romanos 1:18-20, 2:14-15). Esta verdade é deter-minante para a adoração, para a pregação do Evangelho, para a defesa da fé, para a vida Cristã, para a ciência e para a filosofia Cristã da educação. Deve ser lembrado que todos os fatos são necessariamente interpretados pelas pressuposições de alguém. Veja a Pergunta 136.

Finalmente, nós temos uma revelação da distinção e relacionamento Criador-criatura. Deus é o Criador, o homem é a Sua criatura. O homem não está no processo de se tornar Deus, e não se deve humanizar Deus, o Todo-poderoso. Da declaração de abertura até a de encerramento, a Bíblia sustenta esta distinção Criador-criatura. O homem é agora, e para sempre será, totalmente dependente de Deus para a Sua própria existência e tudo o que

pertence a ela. Não há, nem jamais poderá haver, qualquer autonomia humana real —

qualquer independência real ou percebida de Deus — nem no tempo, nem na história, nem em um estado de pecado, nem em um estado de graça, nem na terra, nem no Céu e muito menos no Inferno.

Estas realidades reveladas são fundamentais para toda adoração, apologética e para todos os aspectos da vida Cristã. Como Cristãos, nós somos sempre desafiados no ponto de nos-sa fé, e nosnos-sa fé é sempre denos-safiada em seu ponto de contato com a Palavra de Deus. Esta era a verdade de Adão e Eva (Gênesis 3:1-12). Eles foram tentados no ponto em que a fé deles foi fundamentada na Palavra de Deus. Cada desafio ou ataque e toda tentação vem

aos crentes neste mesmo ponto crucial como o foi com nossos primeiros pais — e pela

mesma razão — separar-nos da Palavra de Deus e seduzir-nos a agir de forma autônoma. Nossa fé, se ela for bíblica, não é irracional; é necessariamente inteligente e consistente, visto que é dada por Deus e distinta da mera confiança humana (Atos 18:27; Efésios 2:8-10). Esta fé comunicada por Deus nos capacita primariamente a acreditar que a Bíblia é a

própria Palavra de Deus escrita. Todo o restante flui a partir desta realidade vital — a

pressuposição básica e essencial — nossa crença na Criação, em oposição à evolução,

nossa compreensão e resposta ao Evangelho, nossa compreensão da doutrina bíblica, nos-so crescimento na graça e maturidade espiritual, e nosnos-so serviço para o Senhor Jesus Cristo. Esta é a conexão vital entre as Escrituras e a fé. Veja a Pergunta 9. A Bíblia é o fundamento da nossa “epistemologia com revelações”, nossa única regra de fé e prática — e, qualquer que seja o desafio ou ataque, este é o terreno que deve ser sustentado a todo custo. Veja a Pergunta 13. Amar reverentemente seu Autor, estudá-la minuciosamente, viver com humildade em obediência a seus mandamentos e manter sua autoridade absoluta e veracidade diante de um mundo descrente, é o chamado primário e tarefa de todo Cristão. É neste contexto abrangente das Escrituras que nós devemos considerar a Criação Divina do universo, do mundo e do homem.

A ideia de evolução não é nem benigna ou neutra, nem ainda meramente acadêmica. Na ciência secular moderna e no moderno sistema de educação secular estatal, a necessidade de evolução é uma questão predominante na filosofia do ateísmo. A crença na evolução capacita os homens a excluir completamente Deus do mundo deles (um “universo fechado”, sem lugar para o sobrenatural). Ela alegadamente responde à questão dos assuntos finais (metafísica) origens, moralidade e significado. O homem é deixado como o seu próprio “deus”, autônomo, e assim determinando por si mesmo o que é certo ou errado (Gênesis 3:1-7; Romanos 1:18-32; Efésios 4:17-19).

Se a evolução fosse verdade, seria necessariamente verdadeira apenas em princípios ate-ístas. Não haveria nenhuma base consistente para o reino espiritual, para a moralidade, para a ética, para a ordem social ou esperança para o futuro. Toda a existência seria final-mente sem sentido. Qualquer tentativa de lidar de maneira consistente com estas realida-des necessárias seria completamente arbitrária e baseada na tentativa relativa de um consenso humano. O Darwinismo Social (os princípios da evolução aplicados à sociedade) tem trazido apenas materialismo, relativismo, doença, morte, destruição, socialismo e

totali-tarismo forçado. Não é sem razão que as filosofias modernas tendem a ser materialistas, relativistas, pluralistas, existencialistas e niilistas. Veja a Pergunta 120.

A crença na Criação ou na evolução é uma questão de fé — fé em Deus e na Sua Palavra infalível ou fé na percepção humana caída dos pressupostos “fatos” “brutos” ou neutros (Hebreus 11:6). Cada fato é interpretado pela pressuposição de alguém. Assim, nenhuma quantidade de evidência pode ser completamente convincente. Uma abordagem científica verdadeiramente consistente com a ideia da evolução falha quando alinhada com o método moderno, científico (empírico ou baseado na experiência). É, essencialmente, uma suposi-ção baseada na fé. A crença na Criasuposi-ção Divina repousa em uma fé inteligente dada por Deus na Sua Palavra inspirada e infalível.

O Deus Triuno criou o universo e este mundo para si mesmo como o palco no qual Ele iria demonstrar a glória múltipla de Seus atributos para e através da Criação (Salmos 19:1-3; Romanos 11:33-36; Apocalipse 4:11). Aprouve a Deus levar seis dias literais para o proces-so criativo. A ideia de idades geológicas na referência a “tarde e manhã” é intrusiva e ilógica no contexto do registro bíblico (Gênesis 1:5, 8, 13, 19, 23, 31). Tudo na criação original era “muito bom”, e isto inclui o homem primordial, Adão. Os defeitos, sofrimentos e horrores observados no mundo atual são o resultado do pecado do homem (Gênesis 3:1-19; Roma-nos 5:12; 8:19-23). O propósito redentor inclui necessariamente a restauração completa do universo ao seu estado primitivo e sem pecado (Isaías 65:17; 66:22; 2 Pedro 3:7-13; Apocalipse 21:1).

Uma visão Cristã da Criação é aquela inclusivamente bíblica, abrangendo questões como a Teologia, a Criação ou o Mandato Cultural (este mandamento para se multiplicar, encher e dominar a Terra foi dado ao homem na Criação, Gênesis 1:26-28, mas deveria ser cum-prido no contexto de uma determinada cultura, portanto, podia ser denominado o Mandato Cultural: a ciência natural, a redenção, uma ética de trabalho, meio ambiente e a escato-logia). Nós devemos “pensar os pensamentos de Deus”, segui-lo em todas as áreas e aspectos da Criação.

Devemos?