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Objetivos estratégicos da cooperação portuguesa com a Guiné-Bissau

Capítulo 2 O desenvolvimento

2.5. Objetivos estratégicos da cooperação portuguesa com a Guiné-Bissau

A história entre Portugal e a Guiné-Bissau reflete o bom relacionamento político existente entre os dois países e assenta numa matriz cultural, jurídica e institucional comum. Além disso, existem competências técnicas específicas em áreas fundamentais para o desenvolvimento e a língua comum é um elemento facilitador na intervenção da cooperação portuguesa na Guiné-Bissau.

O importante desafio que se coloca a Portugal é o de saber articular, nos planos político, económico e cultural, a dinâmica da sua integração europeia com a dinâmica de constituição de uma comunidade estruturada nas relações com os países e as comunidades de língua portuguesa no mundo e de reaproximação a outros povos e regiões, a que nos ligam, nalguns casos, séculos de história. (Diário da República, documento estratégico1999:2636).

Esta intervenção ao longo do PIC visa obter uma maior eficiência através da concentração sectorial e geográfica no âmbito da sua atuação. Os PIC constituem uma orientação estratégica da cooperação portuguesa para cada sector, indicando quais as principais ações a desenvolver. O período de vigência do presente PIC tem em consideração a necessidade de alinhar a intervenção da cooperação portuguesa com período do DENARP.

Os sectores estratégicos da cooperação com a Guiné-Bissau foram definidos partindo de uma combinação das prioridades estabelecidas pelo governo guineense para o desenvolvimento do país, com os objetivos e as capacidades financeiras e humanas de resposta por parte da cooperação portuguesa e as mais-valias existentes em áreas específicas.

É nesse sentido que a política de cooperação para o desenvolvimento, enquanto vetor essencial da política externa, adquire um particular significado estratégico,

constituindo um elemento de diferenciação e de afirmação de uma identidade própria na diversidade europeia, capaz de valorizar o património histórico e cultural do País, que o coloca como ponto de encontro de civilizações e continentes e como nó de relacionamento da União Europeia com as Américas, a África e a Ásia, tirando partido da sua posição geográfica e da sua história, para ocupar uma posição mais central e relevante no contexto europeu. ( Documento estratégico, 1999:2636)

Assim, a qualidade e eficácia do apoio prestado requer um bom enquadramento político, suportado por políticas adequadas de desenvolvimento da Guiné-Bissau, pelo que as áreas de intervenção são selecionadas em coerência com o quadro de desenvolvimento nacional e as perspetivas prioridades, nomeadamente com a DENARP, que descreve as políticas macroeconómicas, estruturais e sociais do país em apoio ao crescimento e à redução da pobreza, bem como as respetivas necessidades de financiamento externo e as principais fontes de recursos.

Por outro lado, a racionalização de meios financeiros postos à disposição da cooperação portuguesa exige que Portugal assuma critérios de concentração na afetação de recursos e introduza mecanismos que melhorem a eficácia da sua ajuda. Esta eficácia pode ser potenciada melhorando a coordenação e a complementaridade. A cooperação portuguesa poderá participar nos mecanismos de coordenação que o Governo da Guiné- Bissau e os países doadores ponham em funcionamento para melhorar o impacto da ajuda nas várias áreas de intervenção.

Uma estratégia que deve passar pela clarificação dos princípios e dos objetivos da cooperação e por uma mais precisa definição das prioridades, no quadro mais vasto dos princípios e objetivos da política externa portuguesa e atentas as novas orientações e conceções teóricas no domínio específico das políticas de desenvolvimento. (Documento estratégico, 1999:2637)

Relativamente às mais-valias existentes, é consensualmente reconhecido que as vantagens de Portugal, analisadas à luz das necessidades locais e da possível complementaridade com outros doadores, se situam essencialmente em duas área na educação e na formação, dada a comunhão linguística e várias similitudes decorrentes do passado histórico de relacionamento entre os dois países e na capacitação institucional em diversas áreas, resultado de matrizes organizacionais e institucionais semelhantes.

A abordagem privilegiada neste PIC assenta na implementação de projetos bilaterais de cooperação que: “promovam a educação e a formação da população

guineense; apoiem a capacitação institucional nas diversas áreas da administração pública e em áreas essenciais à boa governação; promovam o desenvolvimento sociocomunitário e o alívio a pobreza, através de projetos locais integrados, que permitam criar sinergias entre as diversas áreas sociais e profissionais” (Fonte:

http://www.instituto-camões.pt/guiné-bissau/.../cooperação/cooperação.../guiné... Na conceção dos instrumentos gerais de cooperação entre os dois países foram considerados os ODM, os quais visam o envolvimento coletivo em favor do desenvolvimento durável, da redução da pobreza e a implementação das recomendações tomadas no âmbito da nova dinâmica gerada pelo lançamento e concretização da União Africana e da NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento Africano).

Apesar da limitação dos recursos, a cooperação portuguesa deve ultrapassar o ciclo de relação quase exclusiva com os países africanos de língua portuguesa, tomando cada vez mais em consideração a dinâmica de integração, que todos estes países hoje conhecem no respetivo contexto regional, e tendo, igualmente, em atenção outros países e outras regiões, a que estamos, indelevelmente, ligados por laços profundos, em África, na Ásia e na América Latina. (Documento estratégico, 1999:2637).

Quadro II - Áreas prioritárias de intervenção

Eixo Estratégico 1 Boa Governação, Participação e Democracia

Área de intervenção 1.1 Apoio à Administração do Estado: Segurança, justiça e Finanças

Área de intervenção 1.2 Cooperação Técnico – Militar

Área Estratégica II Desenvolvimento Sustentável e Luta contra a Pobreza Área de intervenção 2.1 Educação

Área de intervenção 2.2 Saúde

Área de intervenção 2.3 Desenvolvimento sócio – comunitário *Fonte: Camões, IP

A escolha destes eixos prende-se com a percepção das vantagens comparativas que Portugal continua a ter, essencialmente, na área da formação de recursos humanos e da assistência técnica em várias áreas e que vão ao encontro das necessidades e prioridades guineenses, expressas no DENARP.

Quadro III - Ajuda Pública ao Desenvolvimento bilateral

Portugal/Guiné-Bissau apontam os seguintes valores em euros:

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

11.517.705 12.370.507 10.361.000 11.868.051 9.634.208 7.400.231 6.054.326

Fonte: Camões, IP (valores em euros)