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PARTE I. INTRODUÇÃO E ENQUADRAMENTO INTRODUCTION AND RESEARCH CONTEXT

Capítulo 1. Ecossistemas Ripícolas e Bacia Hidrográfica do Tejo em Portugal – Síntese e Contextualização.

1.4. Objetivos da Tese Aims of the Thesis

Com base na análise do estado da arte e lacunas evidenciadas, na discussão dos conceitos e no contexto da área de estudo os objetivos específicos desta tese, englobados num objetivo geral de elaborar um estudo geobotânico da Vegetação Ripícola Potencial da Bacia Hidrográfica do Tejo em Portugal, foram:

(1a) Caracterizar a flora presente nos bosques e galerias ripícolas da área de estudo: o Sistematizar o conhecimento do género Salix de forma a apurar os táxones

potencialmente presentes na área de estudo e em Portugal Continental; o Caracterizar os elencos florísticos da flora nativa e exótica inventariados;

(1b) Classificar a VRP da área de estudo comparando a metodologia fitossociológica clássica com a metodologia numérica;

(2) Estabelecer uma tipologia dos bosques e galerias ripícolas com base nas comunidades de VRP definidas e suas correlações com fatores ambientais:

o Caracterizar ambientalmente as comunidades de VRP; o Delimitar as geosséries ripícolas;

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(3) Avaliar o estado de conservação da vegetação ripícola com base na vegetação ripícola atual e potencial;

(4) Avaliar a proliferação das espécies exóticas nas comunidades de VRP;

Os objetivos apresentados procuraram assim responder às questões inicialmente levantadas no subcap. 1.1.4 e definem a estrutura da nossa investigação apresentada na Fig. 6. Da análise das características da parte portuguesa da Bacia do Tejo parece-nos evidente que o estudo da sua VRP servirá posteriormente de base ao desenvolvimento/revisão da tipologia desta vegetação para o restante território continental. Devido às características físicas peculiares onde estes bosques e galerias se instalam acabam por ser, muitas vezes, autênticos “canais de biodiversidade” no seio de ambientes mais inóspitos (demasiadamente artificializados). O papel destas formações vegetais, como vimos, ultrapassa a sua própria essência natural, pois, a vegetação ripícola ao contribuir para a «regulação física do meio», nomeadamente para a melhoria da qualidade da água, torna-as «ecossistemas necessários à vida humana» (Cunha et al., 2004). Assim, qualquer intervenção na vegetação deverá ser feita tendo consciência da sua importância, pelo que o desenvolvimento de uma tipologia consistente é essencial para a sua correta gestão e ordenamento.

O conhecimento sobre os ecossistemas ribeirinhos em Portugal encontra-se numa fase de expansão, nomeadamente com os estudos efetuados após a transposição para a legislação nacional das Diretivas Europeias supracitadas. Contudo, há ainda determinadas áreas deste conhecimento não totalmente exploradas. Neste sentido, esta investigação pretendeu colmatar algumas dessas lacunas, muitas delas apresentadas no PNA (INAG, 2001b). Apesar dos avanços no desenvolvimento de tipologias/classificações procuramos elaborar tipologias que reunissem as vantagens das metodologias fitossociológicas e ecológicas. Para além das tipologias procuramos dar atenção a uma das maiores ameaças à biodiversidade do planeta – as espécies invasoras – é importante avaliar a proliferação das espécies exóticas na VRP e perceber até que ponto os cursos de água podem ser também “canais de invasão” para os restantes ecossistemas. Um bosque ripícola em bom estado de conservação contribui para uma série de funções ecológicas importantes, pelo que o estudo da sua composição florística atual e potencial é uma ferramenta importante quando são equacionadas intervenções nos cursos de água. Pensando nas inúmeras intervenções humanas a que os cursos de água estão sujeitos, e sempre estiveram ao longo dos tempos, estejam relacionados com os recursos agrícolas, energéticos, proteção contra perigos naturais, transportes, turismo, etc., o conhecimento da VRP e suas características é essencial para se conseguir gerir todos estes conflitos de interesses de forma a evitar erros do passado e melhorar as práticas futuras. A finalidade última deste trabalho é, assim, promover a preservação das áreas bem conservadas e a conservação de outras, se necessário através de um restauro ecológico ativo da VRP. Neste sentido, gerir as atividades antrópicas e controlar a proliferação das exóticas, que degradam estes nichos de vegetação autóctone, no seio de paisagens eminentemente urbanizadas e/ou agroflorestais, deve ser uma prioridade de conservação. A consciencialização da Sociedade para este problema parece-nos ser outro fator prioritário.

Em suma, pretende-se estudar os bosques e galerias ripícolas não só para compreender as suas características intrínsecas e suas correlações com os fatores ambientais, mas também para auferir como esse estudo poderia beneficiar o ordenamento do território e a própria gestão e conservação dos ecossistemas ripícolas, que, por sua vez, têm de se coadunar com os padrões de sustentabilidade exigidos pelas diretivas de conservação da natureza a nível europeu.

92 Fig. 6. Esquema da Investigação. Research Scheme

Bosques e Galerias Ripícolas

Espécies nativas e exóticas

Composição & Estrutura

Matriz Ambiental

Lab.: recolha e organização

de dados indiretos

Natural (Clima, Água, Formas, Substrato, Sedimentos, ...) Campo: inventários florísticos e de habitat; Lab.: determinação da flora, processa- mento dos dados – elenco florístico e

inventários

Humana (Usos e Usu- frutos, Intervenções, ...) Classificação da VRP

Tipologias da VRP e GR

Estado Ecológico

Extrapolação para as outras bacias hidrográficas e Sistematização da tipologia ibérica Ferramenta para o:

Ordenamento e Gestão

do Território dos Recursos

Destruição de habitat, artificialização, plantações de exóticas, invasões biológicas, …

Conservação de Funções e Recursos Ecológicos & Económicos

Intervenções & Restauros Ecológicos Deteção das Ameaças Matriz florística

Cluster Analysis Comparação Tabular

Lab.: Análise dos dados – classificação e ordenação. Tabelas de Inventário, dendrogramas,

BACIA HIDROGRÁFICA DO TEJO

em Portugal Lab.: Cartografia – Geosséries Ripícolas; Estado Ecológico Engenharia natural, espécies dominantes (bioindicadoras), restauro ecológico passivo e ativo Proliferação das

Espécies Exóticas

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