• Nenhum resultado encontrado

Questionados os docentes avaliadores sobre as vantagens da observação de aulas, a docente A3 expressa uma opinião iminentemente favorável, referindo:

“É dentro da sala de aula que tudo se passa, por isso contribui para melhorar o desempenho profissional. É através do trabalho desenvolvido na sala de aula que os professores podem evoluir,…”, mas acrescenta “no entanto têm que ter esse desejo de melhoria.”;

por isso conclui que a observação de aulas também é vantajoso para o processo de avaliação, porque é aí que se pode avaliar o trabalho do professor com os alunos. Facilmente identificamos esta posição com a de Reis (2011). Este sentir sobre a observação de aulas também é identificado na resposta da entrevistada D1, “ porque

tudo se passa na sala de aula”, associando a melhoria dos resultados escolares à ação

do professor neste espaço. No entanto D1 considera que a sala de aula “continua a ser uma ilha fechada, isolada, onde o professor entra e tudo o que se lá passa dentro fica

numa caixinha fechada.” Defende a abertura da sala de aula ao exterior, “Não no

sentido de recriminar, mas sim no sentido de partilhar técnicas, de partilhar materiais”. Acrescenta que a observação de aulas é essencial para o desenvolvimento do professor e dos próprios alunos, tal como é “importantíssimo” para o processo avaliativo porque “ o essencial do ensino está dentro da sala de aula. É ali que tudo acontece, e para mim é ali que se distinguem os bons professores. É dentro daquele espaço.”

Também a avaliadora A1 apresenta como aspeto positivo o facto da observação de aulas contribuir para uma reflexão e possibilitar a melhoria do desempenho do professor, no entanto quanto ao processo avaliativo afirma que “duas aulas não dá para

benefícios para a melhoria do desempenho do docente nem para o processo avaliativo, porque “há pessoas que se sentem intimidadas por estarem a ser observadas”(A2) ou “porque se são colegas partimos do princípio que são bons profissionais” e “apesar de ter alguma formação na área da avaliação de desempenho, foi muito pouca e tive muita dificuldade em desempenhar o papel de avaliadora ”.(A4)

A maioria dos professores avaliados reconhecem vantagens na observação de aulas, para o desempenho do docente, se “por exemplo poderem troca experiências e formas diferentes de atuar em sala de aula (B1); “se me apontasse os pontos fortes e menos fortes,(…) deve ter a capacidade de melhorar a prática do professor avaliado”(B2); “só terá pertinência se a pessoa que nos está a observar tiver uma crítica construtiva para nos dar”(B3); “ poderia ser até é uma mais valia porque eu posso estar a fazer uma coisa como deve ser e depois ao dialogar com o colega (…) há sempre a possibilidade de haver uma troca de experiências, de saberes (B4); “Pode proporcionar uma evolução no sentido de uma melhoria contínua dos processos de ensino aprendizagem” (B5); quando há diálogo e troca de ideias (B6); podemos refletir em conjunto(…)também podemos trocar experiências (B7), “se fosse alguém para corrigir pequenos defeitos” (C1) “se houvesse uma reflexão sobre a aula, …” (C2).

Tal como defende Reis (2011) e Zepeda (2006, cit. por Flores,2010), entre outros, também os professores avaliados vêm uma mais-valia na observação de aulas, ao permitir uma reflexão sobre a ação que os conduza a melhorar o seu desempenho na sala de aula, no entanto reforçam um outro ponto importante, a troca de experiências entre avaliado e avaliador, sendo o diálogo um fator determinante no processo. Podemos subentender, das respostas dos entrevistados avaliados, que a eficácia da observação de aulas, como processo formativo, está muito dependente da ação do avaliador e como o processo é conduzido. Termos como “se”, “depende” “pode”, “quando “, implicam determinadas circunstâncias para o sucesso da ação!

O entrevistado B5 destaca um aspeto importante que não é de menosprezar, ao referir que a observação de aulas pode ter um carater formativo para o avaliador (B5):

“Ao observar-se uma aula e refletir-se sobre o processo de observação, pode haver uma melhoria nesse processo que conduza à melhoria das práticas avaliativas, percebes? Ninguém nasce ensinado! O processo de observação vai-se construindo…”

Os docentes avaliados no terceiro ciclo avaliativo são perentórios em afirmar que não vêm na observação de aulas, qualquer vantagem para o desempenho

profissional. Afirma o C1 “Nestes moldes acho que não tem qualquer vantagem (...) agora desta maneira, assiste, escreve e vai-se embora.” Podemos afirmar, optando pela posição de Formosinho e Machado (2009), que a observação de aulas neste modelo, enquadra-se num quadro de supervisão que visa a certificação e legitimação e não a melhoria das práticas!

Relativamente às vantagens da observação de aulas para o processo avaliativo, há docentes avaliados, indo ao encontro da opinião da docente avaliadora A3 e da D1, que reconhecem a sala de aula como o cenário principal do exercício da atividade profissional do professor (B1 e B6), permitindo avaliar a dimensão científica pedagógica (C2). Num cenário de supervisão clínica, os professores reconhecem, tal como Reis (2011) que na sala de aula o avaliador recolhe evidências do desempenho do professor na dimensão científico-pedagógica.

Mas também podemos encontrar algum ceticismo. De facto alguns docentes não vêm vantagens para o processo avaliativo a observação de aulas, porque não é feito por pessoas com formação especializada (B3) ou não é em duas aulas que se avalia o trabalho do professor (B4, B6 e B7), pondo mesmo em causa o processo:

“ agora como é feito, isso é outra questão (…) Não foram discutidos os parâmetros, por exemplo, não tivemos acesso aos registos de avaliação…”(C2)

“ é um relatório que ela tem, agora o que ela disse não sei…” (C1)

As desvantagens que os professores vêm na observação de aulas reside no facto de serem poucas aulas assistidas e serem programadas (A1,A2, B1), “Aquele momento é apenas uma referência. Não sei se isso é uma verdade da profissionalidade do docente avaliado”, menciona a B1; a falta de formação e atitude do professor avaliado (A1 e B2), “. Nos moldes em que está a ser feito só vejo desvantagens. Se não trás alterações … o bom professor continua a ser bom e o mau a cometer os mesmos erros, porque quem observa não consegue ajudar”, refere o (B2); o stress e mau estar causados ao professor avaliado (A2, C2); o ser uma situação constrangedora (B6, D1), para os alunos e professor (B2), para os alunos (B3), para professores avaliadores e avaliados (B5); porque não é uma prática comum (A4); porque não há feedbck (C1), ou pode causar perturbação na sala de aula (B4).

Vemos que a principal desvantagem está focalizada nas consequências psicológica, nomeadamente o stress, mau estar e o constrangimento sentido, principalmente pelos professores avaliados. No entanto se a observação de aulas for

uma prática comum (B6) e existir trabalho colaborativo entre os docentes (D1) essas situações poderão não se fazer sentir. Refere a D1:

“E se houver esse hábito de partilha eu vou à tua aula e tu vais à minha, então podemos testar várias técnicas e chegar a bons resultados. Se for uma observação unidirecional, se eu sentir que o colega que está a observar está a inspecionar no sentido de ir incriminar, pronto, isso pode ser uma desvantagem, porque não há um processo construtivo.”

O número reduzido de aulas assistidas e a falta de formação do professor avaliador são também desvantagens apontadas pelos docentes.