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CONHECIMENTOS HABILIDADES ATITUDES Conhecer princípios de

6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

6.1 DESCRIÇÃO DO CONTEXTO AMBIENTAL E DOS SISTEMAS ORGANIZACIONAIS EM QUE AS UNIDADES DE INFORMAÇÃO ESTÃO INSERIDAS

6.1.1 P ODER J UDICIÁRIO

O artigo 2º da Constituição Federal de 1988 determina que: “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Essa divisão do Poder da União em três segmentos deve-se à Teoria da Tripartição dos Poderes do Estado do pensador e filósofo francês Charles de Montesquieu (1689- 1755). Motta (2006, p.375) resume a função dos três poderes da União:

[...] o poder é um só, é uno. Este poder, contudo, se triparte para exercer melhor as três funções essenciais em qualquer grupo social: estabelecer as regras da comunidade, administrá-las e decidir os conflitos em seu seio. São as três funções básicas, que são assumidas por três órgãos descomunalmente grandes, que serão chamados de Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário). Cada um dos três poderes exerce precípua e prioritariamente uma função e, de modo secundário, as duas demais.

Dessa forma, pode-se concluir que cada um dos três poderes possui uma função típica: o Legislativo elabora e aprova as leis, o Executivo administra o Estado e o Judiciário processa e julga os conflitos sociais. Porém, essa função típica não é

exercida de forma rígida, já que cada um dos poderes exerce, de forma secundária, as outras funções que não lhes são próprias.

Para iniciar o processo de compreensão das principais características do Poder Judiciário Brasileiro é necessária a leitura e a análise prévia dos artigos 92 a 125 da Constituição, que apresentam a estrutura do Poder Judiciário, seus órgãos, princípios do Estatuto da Magistratura, garantia dos Magistrados e competências dos Tribunais e Juízes.

De acordo com Silva (2008, p.553), os órgãos do Poder Judiciário têm por função “compor conflitos de interesses em cada caso concreto. Isso é o que se chama de função jurisdicional ou simplesmente jurisdição, que se realiza por meio de um processo judicial”.

Na estrutura do Poder Judiciário, os Tribunais Superiores têm por função revisar as decisões e unificar as jurisprudências decididas nas instâncias inferiores (juízes e Tribunais de 2º grau). O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional, de acordo com o artigo 92, parágrafo 2º da Carta Magna. Isto quer dizer que esses órgãos possuem a prerrogativa de exercer seus poderes jurisdicionais em todos os Estados, Municípios e no Distrito Federal.

O STF é o órgão máximo do Poder Judiciário, sendo o responsável pela decisão e pela interpretação, em último grau, da constitucionalidade das leis. Além do STF, são Tribunais Superiores:

a) Superior Tribunal de Justiça (STJ); b) Tribunal Superior do Trabalho (TST); c) Tribunal Superior Eleitoral (TSE); d) Superior Tribunal Militar (STM).

Motta (2006, p. 479) esclarece que o STJ foi criado para assumir algumas competências do STF, que estava sobrecarregado de processos. Segundo o autor, o STJ tem como principal função unificar a interpretação da lei federal no país.

O TST, o TSE e o STM são tribunais da justiça especializada, encarregados de julgar processos em última instância das áreas trabalhista, eleitoral e militar, respectivamente.

De acordo com as respostas dos gerentes nas entrevistas, o principal papel que desempenha cada Tribunal Superior na estrutura do Poder Judiciário, de acordo com a percepção desses gerentes, pode ser resumido da seguinte forma:

STF: trata das questões constitucionais e define o que é constitucional e o que não é dentro dos três poderes;

STJ: julga as matérias infraconstitucionais em grau de recurso;

TST: uniformiza a jurisprudência trabalhista para dirimir os conflitos de relação de emprego, independente de ser uma relação formal;

TSE: realiza as eleições para cargos eletivos oficiais, acompanha as questões de matéria partidária em relação à administração de contas do fundo partidário, propaganda eleitoral, mudança de partido, fidelidade partidária e outras questões de matéria eleitoral e partidária conforme a Constituição de 1988;

STM: julga os processos de um público muito específico ligado a um direito especializado, o direito militar. Este público é composto pelos integrantes das forças armadas e áreas administradas pelas forças armadas.

Em 18 de março de 2009, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão responsável pelo controle da atuação administrativa e financeira dos tribunais, publicou a resolução de número 70 com o objetivo de aperfeiçoar e modernizar os serviços judiciais. Esta resolução dispõe sobre a obrigatoriedade de todos os tribunais do Judiciário, exceto o STF, elaborarem seus planejamentos estratégicos com abrangência mínima de cinco anos até 31 de dezembro de 2009.

Na resolução em questão o CNJ estabelece o Plano Estratégico Nacional do Poder Judiciário com as seguintes características:

I - Missão: realizar justiça.

II - Visão: ser reconhecido pela Sociedade como instrumento efetivo de justiça, equidade e paz social.

III - Atributos de valor do Judiciário para a Sociedade: a) credibilidade; b) acessibilidade; c) celeridade; d) ética; e) imparcialidade; f) modernidade; g) probidade;

h) responsabilidade social e ambiental; i) transparência.

A resolução 70 também determina os conteúdos que devem ser abordados por cada planejamento a fim de padronizá-los, pois de acordo com o parágrafo 2º do artigo 2º da referida resolução os tribunais que já possuem planejamentos estratégicos estabelecidos devem se adequar ao documento do Plano Estratégico Nacional de acordo com os conteúdos indicados.

Compreendidos os principais aspectos da estrutura do Poder Judiciário e as principais características e papéis desempenhados por cada Tribunal Superior, são necessárias análises particulares de cada um desses Tribunais, que são as

organizações mantenedoras das UIs em estudo. Dessa forma, torna-se possível entender o sistema organizacional em que essas UIs estão inseridas e as competências organizacionais de cada Tribunal. Com isso torna-se exequível o mapeamento das competências gerenciais necessárias aos gerentes dessas UIs no contexto organizacional em que atuam.