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Operacionalização do estudo de caso conceção e realização da recolha de

Capítulo IV Abordagem metodológica e conceção do estudo de caso

4.4 Conceção e implementação do Estudo de Caso

4.4.3. Operacionalização do estudo de caso conceção e realização da recolha de

Uma recolha de dados eficaz e eficiente para o estudo de caso requer um planeamento cuidadoso, e uma utilização criteriosa do tempo disponível dos participantes e do investigador. A recolha de dados para um estudo de caso pode ser difícil e demorada (Cavaye, 1996).

Formalmente o projeto de investigação iniciou-se com sua apresentação ao presidente do Conselho de Administração da SPMS, em reunião tida nas instalações da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) em Lisboa. Foi evidenciada a oportunidade do estudo, e a mais-valia do estudo para o contexto de partilha de dados em ritmo acelerado de implementação. O estudo de caso pôde assim iniciar com a colaboração da SPMS, a qual foi fundamental no suporte à operacionalização das fases seguintes do estudo. Sem este apoio o acesso às organizações e aos seus profissionais dificilmente teria sucesso.

Numa primeira fase dos trabalhos, foram identificadas, em colaboração com a SPMS, as unidades de análise (organizações) para a recolha de dados, assim como o profissional dentro de cada organização que poderia atuar como interlocutor para a realização do estudo. De uma forma ainda informal, foi realizado um primeiro contacto com estes profissionais, com o objetivo de apresentar o estudo, e perceber qual a sua recetividade em relação à sua realização (veja-se o esquema de trabalho representado na Figura 18). Só após este primeiro contacto, que em alguns casos obrigou a uma reunião presencial, o estudo pôde iniciar formalmente, com a sua apresentação oficial, através do envio da proposta de colaboração aos responsáveis de cada uma das organizações (Anexo VI), acompanhado do protocolo para o estudo de

caso (Anexo I).

Contacto inicial Apresentação oficial do estudo Identificação dos participantes Aprovação oficial do estudo Contacto individual com os participantes Recolha dos dados Com a colaboração do interlocutor local Identificação e contacto com o interlocutor local Envio do “Protocolo para o estudo de caso” Anexo I Envio do “Protocolo para o estudo de caso” Anexo II, III, IV ou V

O facto de o tema em estudo incluir o termo “privacidade”, não facilitou em alguns casos a sua aprovação, tendo sido necessário o parecer adicional das comissões de ética ou mesmo jurídicas, face a preocupações relacionadas com os riscos associados à realização do estudo. Após a aprovação oficial, foi possível para cada uma das unidades de análise, e com a colaboração do interlocutor local, identificar os participantes de acordo com os requisitos dos perfis pré-definidos, e elaborar uma agenda consensual para a realização dos trabalhos de recolha de dados (Anexo VII). Foi sempre prioridade o horário e disponibilidade de cada profissional, procurando perturbar-se ao mínimo a atividade regular de cada organização. Neste sentido, reservaram-se sempre dois dias a cada unidade de análise, facilitando assim a elaboração da agenda. De salientar a excelente disponibilidade de todos os 34 profissionais envolvidos no estudo.

Para cada unidade de análise, e com a antecedência necessária em relação aos dias acordados para a recolha dos dados localmente, procedeu-se ao contacto individual com cada participante, através de correio eletrónico, com o envio de um e-mail (Anexo VIII) com o convite para a sua participação individual no estudo e em anexo foi enviado o protocolo para o estudo de caso de acordo, com o respetivo perfil de participante (Anexos II, III, IV ou V), com uma descrição sucinta do estudo, assim como o elenco de questões a abordar na entrevista. Houve nesta fase uma preocupação em incluir neste documento informação adicional de modo a facilitar a compreensão de alguns termos e conceitos em estudo. Pretendia-se assim que o participante pudesse ter um contacto prévio com as questões em estudo, dando-lhe condições para otimizar o seu contributo face à complexidade dos temas abordados. Verificou-se que muitos dos participantes leram atempadamente o documento, anotaram inclusivamente a sua opinião, o que permitiu encurtar o tempo de resposta em cada questão, e o mais importante, uma maior clareza e fluidez na opinião apresentada. Nos restantes participantes foi necessário uma exposição mais cuidadosa de cada questão, e a utilização de fundamentos adicionais durante a exposição ao participante. As entrevistas foram sempre conduzidas como um diálogo em que se foi evoluindo nos temas previstos. Foi sempre um diálogo a dois e nunca num único sentido, do tipo pergunta-resposta.

Todas as entrevistas foram gravadas em suporte digital, com a autorização do participante, e posteriormente transcritas. No total foram transcritas 34h 37m de suporte áudio, resultado das 34 entrevistas realizadas.

Projeto-piloto

O estudo iniciou com a aplicação do protocolo para o estudo de caso ao projeto- piloto, realizado na ULSNA. O objetivo principal do projeto-piloto foi averiguar da objetividade das questões em estudo, da forma de operacionalização do estudo, das principais dificuldades na interpretação e clareza do elenco de questões por entrevista e, muito importante também, conseguir uma experiência inicial na tarefa de conduzir uma entrevista. No global o resultado obtido foi bastante positivo para a continuidade dos trabalhos de recolha de dados nas restantes unidades de análise. Destacam-se como principais contributos da realização do projeto-piloto: (1) a validação da importância do estudo; (2) a constatação de que algumas questões eram muito extensas e de difícil compreensão; (3) algumas questões não se enquadravam com determinados perfis, nomeadamente no perfil 3 onde foram retiradas algumas questões; (4) verificou-se da necessidade de reorganizar o elenco de questões em alguns perfis, de forma a otimizar a fluidez dos temas a abordar.

Foram promovidas as alterações necessárias ao protocolo para o estudo de caso, e prosseguiu-se com a sua aplicação nas restantes unidades de análise.