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Operacionalização do MRP

O MRPI é uma técnica que permite determinar as necessidades de compra dos materiais que serão utilizados na fabricação de certo produto. O sistema levanta os quantitativos dos diversos materiais e, primeiramente, faz a checagem nos estoques; caso não haja disponibilidade, gera ordens de produção ou compra. Ou seja, ele tem como objetivo gerar ordens de produção e/ou solicitações de compras baseado em uma previsão de consumo dos materiais – Plano Mestre de Produção (PMP).

Esse sistema de produção é conhecido como sendo do tipo push. Os processos

push são aqueles executados em antecipação às necessidades efetivas. No período de

execução de um processo push, a demanda não é conhecida e deve ser prevista. Os processos push também podem ser definidos como processos especulativos, porque respondem a uma especulação (ou previsão) e não a uma demanda real. Ao contrário do ponto de pedido (processos pull), em que a ordem é emitida independentemente de uma demanda (previsão) futura, ou seja, o processo de produção é executado por uma exigência de atendimento de um pedido já consolidado, o pedido efetivado é que está puxando a produção.

Por outro lado, o MRPI só funciona se houver uma previsão confiável, o que nem sempre é possível na prática. A indústria automobilística, por exemplo, trabalha muito com previsões, mas também é muito sensível a qualquer mudança da política econô- mica. E essas mudanças, se feitas em cima da hora e em quantidades significativas, causam enormes problemas no processo produtivo. Em vista disto o MRPI tem que fazer algo mais do que a simples explosão do produto acabado, e descer nível a nível até chegar às matérias-primas para fazer os ajustes necessários. Muito disso é conse- guido graças a informações adicionais incluídas na estrutura dos produtos, tais como componentes alternativos, sequência de montagem etc.

A partir da lista de materiais, que é obtida a partir da estrutura analítica do produ- to, também conhecida por “árvore do produto” ou “explosão do produto”, e em função de uma demanda dada, o computador calcula as necessidades de materiais que serão utilizados e verifica se há estoques disponíveis para o atendimento. Se não há mate- rial em estoque (almoxarifado) na quantidade necessária, ele emite uma solicitação de compra – para os itens que serão comprados – ou uma ordem de fabricação – para os itens que são fabricados internamente, caso de indústrias manufatureiras seriadas.

Antes de se entender a operacionalização MRPI, MRPII, ERP (que será analisada posteriormente), deve-se entender antes as questões relacionadas à produção, ou seja, é necessário fazer uma análise do planejamento e controle da produção (PCP) e ressaltar os objetivos e funções do mesmo em um sistema produtivo genérico (TUBINO, 1999).

G estão de Est oques e Oper aç ões I ndustr iais

Sist emas de I nf or mação e Tecnolog ia de I nf or mação na log ística

As atividades do PCP são desenvolvidas por um departamento de apoio à produ- ção, dentro da gerência industrial. O PCP está encarregado da coordenação e aplicação dos recursos produtivos, de forma a atender os planos estabelecidos em níveis estraté- gico, tático e operacional.

Para os planos estabelecidos em nível estratégico são definidas as políticas es- tratégicas de longo prazo na empresa e nesse nível o PCP participa na formulação do

planejamento estratégico da produção (PEP). O PEP gera um plano de produção para

determinado período (longo prazo), como, por exemplo, estimativa de vendas, o qual prevê os tipos e quantidades de produtos que se espera vender no horizonte do pla- nejamento estabelecido.

A seguir serão apresentadas ilustrações dos diversos níveis através de fluxos, para melhor entendimento dos processos.

PCP PEP Plano de produçãoLongo prazo

Estimativa de vendas

Nível estratatégico (longo prazo)

No nível tático, são estabelecidos os planos de médio prazo para a produção, e nesse nível o PCP desenvolve o planejamento mestre de produção, obtendo o plano

mestre de produção (PMP) de produtos finais. O PMP é detalhado no médio prazo, a

partir do plano de produção (gerado no PEP), com base nas previsões de vendas de médio prazo ou nos pedidos já confirmados.

Nível tático (médio prazo)

PCP Plano de produção PMP

No nível operacional, são preparados e acompanhados os programas de curto prazo de produção. O PCP desenvolve a programação da produção administrando es- toques, sequenciando, emitindo e liberando as ordens de compras, fabricação e mon- tagem, bem como executa o acompanhamento e controle da produção (ACP).

Nível operacional (curto prazo)

PCP PMP Programação da produção

Acompanhamento e controle da produção

A programação da produção estabelece no curto prazo quanto e quando com- prar, fabricar ou montar de cada item necessário à composição dos produtos finais, com base no PMP e nos registros de controle de estoques.

O ACP, através da coleta e análise dos dados, busca garantir que o programa de produção emitido seja executado convenientemente. O ACP tem como função, além das informações de produção úteis ao PCP, a coleta de dados, como índice de defei- tos, horas/máquina, horas/homem, consumo de materiais, índice de quebras etc., para outros setores do sistema produtivo. Quanto mais rápido os problemas de produção forem identificados, mais efetivas serão as medidas corretivas visando o cumprimento do programa de produção.

Deve-se ressaltar que o PCP tem como um dos objetivos básicos estruturar e dar consistência às informações dentro dos três níveis, isto é, o PMP, gerado pelo plane- jamento mestre de produção, e este somente será viável se estiver compatível com o planejamento estratégico de produção que envolve, por exemplo, aquisição de equi- pamentos, negociação com fornecedores etc. Da mesma forma a programação de fabricação de determinado componente será efetivada de forma eficiente se a capa- cidade produtiva do setor responsável pela mesma tiver sido equacionada no planeja- mento mestre da produção, com a definição do número de turnos, recursos humanos e materiais alocados etc.