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Organização da Actividade Educativa

No documento Partilhar saberes e aprender em conjunto (páginas 103-109)

4. Actividade Educativa

4.4. Organização da Actividade Educativa

4.4.1. Jardim de Infância

A Sala de Actividades da Santa Casa da Misericórdia, como tantas outras salas, obedece a uma estrutura e a uma organização. Após um período inicial de observação, constatei que a organização desta sala se alinha substancialmente sob a seguinte estrutura:

HORA TIPO DE ACTIVIDADE TEMPO

+\- 9h Actividade de rotina: pequeno-almoço 15m

+\- 9h 30m Actividade orientada 1h

+\- 10h 30m Actividade livre 1h

+\- 11h 30m Actividade de rotina: arrumação da sala 15m

+\- 11h 45m Actividade de rotina: Higiene 15m

+\- 12h Actividade de rotina: Almoço 1h

+\- 14h Actividade de rotina: Higiene 15m

+\- 14h 15m Actividade orientada 1h e 35m

+\- 15h 50m Actividade rotina: Higiene 15m

+\- 16h Actividade de rotina: Lanche 40m

Quadro 4- Estrutura típica de um dia na sala de actividades das crianças da sala mista da STM

É de salientar que esta estrutura não se apresenta exactamente igual todos os dias. Sendo o período semanal do estágio referente a três dias (segunda-feira, terça-feira e quarta-feira) as segundas-feiras eram dedicadas, durante um certo período da manhã (+\- 1hora), à actividade de avaliação das presenças semanais e distribuição de tarefas. Esta actividade era efectuada apenas à segunda-feira, por ser o início da semana.

De igual modo, a quarta-feira apresentava duas novas actividades durante o período da manhã e da tarde, a sessão de Expressão motora de manhã e a sessão de Expressão Musical durante a tarde.

De acordo com a tabela anteriormente apresentada, podemos constatar a existência de três tipos de actividades:

 Actividades Orientadas: são, segundo a perspectiva de Cardona (1992), actividades orientadas pelo Professor/Educador ou por uma das crianças que não se apresentam directamente dependentes da organização do espaço e dos materiais. Estas são as actividades planificadas pelo Educador/Professor e, consequentemente realizadas com as crianças em grande grupo, em pequeno grupo ou individualmente, de acordo com as necessidades do grupo e de cada criança.

Diariamente eram disponibilizadas aproximadamente cerca de três horas para este tipo de actividades.

Actividades Livres: apresentam-se como sendo actividades “que se realizam informalmente a partir da organização do espaço-materiais e que não são directamente dirigidas pelo educador, podendo ser quotidianamente escolhidas pelas crianças.” (Cardona, 1992:10)

Apesar destas actividades, contrariamente às anteriores, não serem dirigidas pelo Educador/Professor estas devem ser supervisionadas pelo mesmo. Este tipo de actividades permite que as crianças desenvolvam a sua autonomia, criatividade, iniciativa e socialização. As actividades livres podem ser realizadas por grupos de crianças em paralelo com actividades orientadas. Para este tipo de actividades é, por vezes, dispensada cerca de uma hora. Este limite temporal não é fixo e pode ser reduzido de acordo com o trabalho da sala de actividades, nas actividades orientadas.

Actividades de Rotina: «(…) o dia de uma criança (…) desenrola-se através de uma sequência de situações que se intercalam e que são ora as actividades pedagógicas do educador com o seu grupo, ora as situações a que na gíria chamamos de “rotina”. » (Folque, 1989:17)

Estas actividades de rotina são actividades que se repetem com determinada frequência, algumas diariamente, outras mensalmente, contribuindo para a construção de crianças mais seguras. Essa segurança provém da capacidade de estas anteciparem eventos futuros devido à sua regular repetição. Deste modo, estas permitem às crianças adquirem noções temporais e de espaço.

desvalorizadas e cabe ao Educador valorizar essas mesmas rotinas “… tornando-as um tempo nobre, um espaço de aprendizagem afectiva, um rito prometedor, a festa criadora, num dia que só assim será todo ele significativo desde o abrir ao fechar dos portões.” (Folque, 1989:18)

Na Santa Casa da Misericórdia (IPSS), existiam rotinas diárias, semanais e mensais. Para as actividades de rotinas diárias eram dedicadas cerca de 1hora e 30 minutos.

De acordo com as rotinas semanais, as já referidas actividades de Expressão Motora e as de Expressão Musical eram realizadas todas as quartas-feiras.

Semanalmente eram avaliadas as planificações realizadas em grande grupo com as crianças. Esta avaliação realizava-se fazendo a verificação das actividades propostas que não saíram do papel e as efectivamente realizadas. Para esta rotina de avaliação eram utilizadas as planificações anexadas no placar das planificações.

Mensalmente, existia a avaliação final do mapa das presenças e a contagem e avaliação dos trabalhos realizados durante o respectivo mês. Esta avaliação era realizada com o suporte da avaliação semanal do mapa das presenças.

A organização do grupo de crianças da sala de actividades variava de acordo com o desejo da Educadora e dos objectivos das actividades que construía. Utilizando normalmente o trabalho em grande grupo, a Educadora Cooperante tirava partido também da organização em pequeno grupo, quando esse facto se justificava e se mostrava necessário. “Uma forma de lidar com as diferenças (…) é agrupar as crianças para trabalhos.” (Spoked e Saracho, 1998:139)

As actividades não se realizavam em grupo, quando se figurava necessário as crianças trabalhavam individualmente. As actividades individuais, geralmente, exigem maior apoio da Educadora, como, por exemplo, os trabalhos para as datas fortes da Instituição (Dia da Mãe, Páscoa, Natal, etc.), Nestes momentos, a atenção da Educadora, e a nossa, ia para as crianças com maiores dificuldades e menor autonomia. “A atenção individualizada mantém constantes os objectivos pedagógicos, mas permite que as crianças realizem as mesmas tarefas em ritmos diferentes.” (Spoked e Saracho, 1998:139)

Um dos problemas que se coloca no desenrolar de actividades livres é a disciplina e a regulação dos comportamentos de acordo com as regras existentes.

Segundo Núñez (2000), a escola tradicional favorece a existência de uma relação hierárquica entre Educador/Professor e alunos. O controlo exercido pelo

Educador/Professor sobre os alunos faz com que se estabeleça uma relação de controlo autoritária, baseada em ordens e instruções. Múltiplas são as vezes em que o docente tenta manter o controlo da sala, dando origem a conflitos e ressentimentos que poderiam ser evitados.

O autor refere ainda que o docente é o controlador no processo de ensino- aprendizagem, tendo como função regular todas as acções, tarefas e actividades a serem desenvolvidas pelo grupo de alunos, com vista a facilitar a aprendizagem e promover o desenvolvimento social dos mesmos. Deste modo, a comunicação é o veículo principal através do qual o docente regula o funcionamento da sala de aula. O educador/professor controla todas as actividades da sala, controla quem, como e quando pode participar na aula.

A forma como o Educador/Professor comunica, organiza e gere a comunicação na sua sala de aula, define a eficácia da relação pedagógica. Deste modo, o docente deverá reflectir sobre a forma como faz a sua comunicação com os alunos. O educador deverá estimular a comunicação nos alunos, evitando juízos de valor sobre o seu discurso, de modo a que estes não se sintam inibidos no que diz respeito à comunicação, pois esta desempenha um papel importante na estruturação do pensamento e na organização dos comportamentos.

A Educadora Cooperante, na sua relação com as crianças, seguia um modelo um pouco directivo, semelhante em algumas vertentes à descrição de Núñez de escola tradicional. Porém, para além de decidir o que se faz, quando se faz e como se faz, a Educadora Cooperante dava espaço para as opiniões das crianças. No entanto, as decisões cabiam à Educadora, que possuía um controlo autoritário sobre o grupo.

Era a educadora quem fazia a gestão dos conflitos, quem formava os grupos de trabalho e, por vezes, quando necessário, a gestão das crianças nos espaços.

Na sala de actividades era observável o carinho, respeito e amizade recíprocos. De igual modo, as crianças apresentam-se à vontade, participativas, colaborativas e entusiasmadas.

4.4.2. 1º Ciclo do Ensino Básico

A sala de aula/ actividades do 4º ano da Escola nº 2 de Mateus obedece a uma estrutura diária, ou seja, com rotinas que, como o próprio nome indica, se repetem, todos os dias, ao longo da semana. Os momentos de actividade orientada correspondem aos momentos de trabalho das áreas disciplinares e não - disciplinares.

HORA TIPO DE ACTIVIDADE TEMPO

+\- 9h Actividade de rotina: Plano de Trabalho 15m

+\- 9h 15m Actividade orientada 1h 15 m

+\- 10h 30m Actividade de rotina: Almoço do meio da manhã 25m

+\- 11h Actividade de rotina: Higiene 10m

+\- 11h 10m Actividade orientada 1h 30m

+\- 12h 40m Actividade de rotina: Arrumação da sala 15m +\- 12h 55m Saída da sala de aula

Quadro 5- Estrutura típica de um dia na sala de actividades do 4º ano da Escola nº2 de Mateus

Todos os dias, os alunos deparavam-se à chegada, ou conforme iam chegando, com o Plano de Trabalho. Depois de lerem e copiarem o Plano, a aula era iniciada, organizada, segundo as matérias disciplinares (Estudo do Meio, Matemática e, por fim, Língua Portuguesa). Este plano de organização era realizado pela docente, mas, com base nos momentos mais adequados à turma, para abordar os referidos conteúdos. Esse plano de aprendizagem era alterado de acordo com os dias da semana, não sendo um plano fixo. É de salientar que à quarta-feira era trabalhada a Área de Projecto.

Na sala de aula, a Professora Cooperante mantinha com os alunos uma relação de proximidade, de cumplicidade e de afecto, facto que se podia verificar na forma como se tratavam (pelo nome próprio). Não existindo propriamente um Conselho de Turma, tanto a Professora como os alunos tinham o direito à palavra em grupo, sempre que oportuno.

Quando existiam conflitos, ou atitudes menos correctas por parte de alguns alunos, a Professora resolvia-os rapidamente procurando ouvir os pontos de vista de todos os alunos implicados. Raramente utilizava reforços negativos, recorrendo constantemente a reforços positivos, para destacar o trabalho de algum aluno, para o

felicitar e incentivar.

Durante o período escolar, os alunos estavam à vontade, felizes, participativos e muito entusiasmados.

De igual modo, a relação entre alunos era saudável, existindo, por vezes pequenos conflitos próprios das idades. Existia entre eles um sentimento de inter-ajuda, quer a nível individual, quer ao nível de grupo, facto que era muito estimulado pela Professora Cooperante.

No processo diário de ensino-aprendizagem, existiam dois factores potencializadores da aprendizagem que eram: a cooperação e a comunicação. A Professora ensinava e os alunos que por consequência, ensinavam os seus colegas. A docente formulava questões sobre a matéria, respondia às dúvidas, organizava trabalhos com eles, dava opiniões, sintetizava e completava conhecimentos adquiridos nas suas pesquisas. Por sua vez, as crianças respondiam às perguntas, colocavam dúvidas, davam opiniões, tomam decisões e realizavam trabalhos escolhidos pela Professora e trabalhos escolhidos de acordo com os objectivos de ambos. Facto que se verificava nas escolhas dos temas da Área de Projecto.

Assim, a Professora Cooperante desempenhava um papel de facilitadora das aprendizagens das crianças, assumindo uma postura que se afasta do autoritarismo. É nesta postura docente, de cooperação e abertura que a Professora Cooperante denotava a sua proximidade com o Movimento da Escola Moderna. Contudo, como já referi, nem os instrumentos, nem as metodologias específicas próprias do MEM eram por ela utilizados.

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