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4.4 ANÁLISE COMPARATIVA DO RESULTADO DA PESQUISA SOBRE

4.4.7 Organizações Não Governamentais

O crescimento das ONGs vem fortalecendo as parcerias das empresas com a sociedade, pois as organizações não governamentais têm contribuído significativamente para que todos tenham a responsabilidade de construir uma sociedade melhor e mais humana (CAPRA, 200 0; DRUCKER, 1997; MATURANA, 1998).

A imagem atual das instituições da sociedade moderna (sociedade do conhecimento) está intrinsecamente ligada com suas ações de responsabilidade social na sua comunidade (CAPRA, 2000; DRUCKER, 1997).

O surgimento e o crescimento das organizações não governamentais (ONGs) estão diretamente relacionados com a incapacidade do Estado em promover o bem - estar-social. O Estado geralmente tem sido ineficiente no gerenciamento, na condução e na execução dos programas sociais. Os espaços ocupados pelas ONGs demonstram que é possível ao terceiro setor, além de contribuir como agente gerenciador de programas de cunho social, agir também como agente fiscalizador das próprias ações do Estado, bem como das empresas do primeiro setor (CALLE MBACH, CAPRA, GOLDMAN, LUTZ, MARBURG, 1993; GUERREIRO RAMOS, 1983).

As organizações estão criando suas fundações e institutos para facilitar e controlar projetos sociais que tenham objetivos específicos e comuns para as suas comunidades. A criação e manutenção de fundações e instituições não lucrativas têm por objetivo também, vincular a imagem de empresas cidadãs e responsavelmente sociais que se preocupam com a comunidade na qual estão inseridas.

Os avanços das relações de trabalho vêm crescendo e criando novas formas de produzir e gerar bem estar social desvinculado do aspecto econômico. A prática de dispor pessoal em horário de expediente para contribuírem com as ONG’s significa um avanço nas relações interpessoais (empregados e trabalhadores).

A contribuição individual com o amparo da organização poderá gerar benefícios como saúde ocupacional e, ainda, a satisfação de estar contribuindo para o bem estar da comunidade e da melhoria da qualidade de vida das gerações do presente e do futuro.

Por se tratar de uma temática recente os percentuais de discordâncias de 82, 76 e 96% respectivamente das empresas A, B e C apontados na Tabela 2.7, são relevantes e devem ser levados em conta pelas empresas na sua programação de negócios.

Por outro lado, os percentuais de 18, 24 e 4% de concordância, que podem ser visualizados nesta Tabela indicam que as empresas já começam a perceber a importância das ONGs, pois como afirmam Galbraith (1996) e Drucker (1997), as organizações não lucrativas exercerão um papel relevante na condução dos negócios na sociedade do conhecimento.

Tipo de Empresa A (Cooperativista) B (Pública) C (Privada) TEMA CT % C % I % D % DT % CT % C % I % D % DT % CT % C % I % D % DT % Avaliação do tema: ONGs 7 11 49 26 7 4 20 38 13 25 0 4 4 66 26

Tabela 2.7: Análise das práticas de responsabilidade social sobre ONGs Fonte: Figuras do Apêndice D.

Na Tabela 2.7 temos um indicativo de que é preciso não só divulgar as novas parcerias, mas também envolver todos os cidadãos. Nesta Tabela 18% dos entrevistados da empresa A percebem a existência e o relacionamento da organização com as instituições do terceiro setor. Para 82% dos entrevistados indiferentes e discordantes este tema provavelmente não está claro e deve ser divulgado de modo mais eficiente na organização.

No tema Organizações não Governamentais, os itens auditoria, financiamento e manutenção de instituições e fundações e disponibilidade de pessoal para atuar em projetos sociais foram avaliados com expressiva percentagem negativa. A fala do entrevistado da empresa A corrobora a avaliação negativa dos colaboradores, de acordo com o entrevistado, nunca houve uma auditoria na empresa feita por qualquer ONGs e a manutenção ou convênios com instituições está fora de cogitação, uma vez que é intenção desta empresa criar uma fundação para beneficiar associados, funcionários e a comunidade local.

Sobre a liberação de pessoal para trabalhar em projetos comunitários o entrevistado da empresa A diz que “nunca foram disponibilizados funcionários para atuarem em o utras instituições filantrópicas em horário de trabalho”. Todavia, caso haja algum pedido de liberação pode-se estudar a possibilidade, desde que a liberação do funcionário não atrapalhe a execução das suas tarefas na organização.

O percentual de 24% de entrevistados da empresa B que concordam que a empresa relaciona-se com organizações do terceiro setor é relevante, pois, conforme já foi salientado anteriormente, trata-se de uma empresa pública. Os percentuais de 38% de indiferentes e de 38% de discordantes refletem a falta de interesse e apatia dos colaboradores internos, bem como a falta de informações sobre o tema e ainda a incapacidade da empresa em comunicar estas práticas para o seu público interno.

O tema organizações não governamentais, nos itens auditoria, financiamento e manutenção de institutos e fundações e disponibilidade de pessoal para atuar em projetos sociais, na empresa B, tiveram avaliações negativas expressivas. A avaliação negativa dessas questões é refletida na fala do entrevistado 2, que segundo o seu entendimento, “não cabe a uma ONG fazer qualquer auditoria em uma instituição pública e que estas nem sempre são organizações politicamente corretas, uma vez que muitas recebem recursos monetários estrangeiros e não fazem as aplicações socialmente corretas”.

A avaliação do tema organizações não governamentais apresenta-se novo na sociedade, existe muita desinformação do que venha a ser uma ONG. A desorientação quanto à temática ONG foi observada pela pesquisadora na hora da aplicação dos questionários na empresa C. Na Tabela 2.7 identifica-se o índice de 96% dos entrevistados desta empresa que não concordam ou são indiferentes. O percentual é significativo e a empresa deveria levá-lo em conta para estabelecer um melhor relacionamento com as ONGs. Se a organização tem parcerias ou contribui com as ONGs deverá no futuro envolver os seus colaboradores e melhorar o seu processo de comunicação tanto interna como externamente, para que os seus colaboradores

possam perceber as práticas de responsabilidade social no relacionamento com as organizações não governamentais.

Na empresa C, no tema organizações não governamentais, todos os itens foram avaliados negativamente pelos colaboradores. A fala da entrevistada 3 corrobora esta avaliação negativa, ela afirma que “a empresa não participa de nenhuma fundação e até o presente momento nunca disponibilizou empregados para exercer atividades em instituições filantrópicas ou ONGs no horário de trabalho”.

Sobre a temática organização não governamental cabe aqui uma reflexão. Espera-se e acredita-se que esse tipo de organização seja uma espécie de empresa benigna. Entretanto, é importante frisar que independente de modelo, setor e/ou atividade econômica, as organizações são abstrações humanas. Logo no presente e no futuro o que deve ser benigno são as ações do homem, dentro e fora das organizações.