• Nenhum resultado encontrado

Os ciclos das emoções vividas inconsciente e conscientemente

CAPÍTULO 5 – Referenciais: Teórico e Conceituais

5.3 Educação Emocional

5.3.1 O autor – Juan Casassus

5.3.2.1 Os ciclos das emoções vividas inconsciente e conscientemente

Casassus destaca a existência das emoções vividas em dois níveis: o inconsciente e a consciência.

Em se tratando do primeiro, ele afirma que o processo inconsciente se inicia em um evento o qual não possuímos controle e que é finalizado numa reação inconsciente, sendo assim, uma vez que não tenhamos consciência do que ocorre com nossas emoções, nós nos sentimos dominados por elas. Desta maneira, acabamos sentindo pela experiência habitual que as emoções nos acontecem de maneira independente de nós mesmos, o que, reitera o autor, é verdade. Ele diz ainda que quando reagimos inconscientemente aos estímulos externos, o mais freqüente é agirmos descontroladamente, nos levando ao arrependimento de nossos atos quando nos damos conta dele (CASASSUS, 2009).

O autor traz ainda que quando não temos consciência de nossas próprias emoções, nos afastamos dos outros, já que não conseguindo perceber, sentir e reconhecer nossas emoções, não as perceberemos, sentiremos e reconheceremos nos outros. Assim, acabamos limitados a viver na incompreensão do que acontece com as pessoas com as quais nos relacionamos, o que nos mantém na incompreensão emocional, aprisionando-nos no espaço racional o que nos leva a não enxergarmos as possibilidades que o mundo emocional nos oferece (CASASSUS, 2009).

Mas Casassus (2009) entende que quando se consegue enxergar o mecanismo segundo o qual esse processo acontece, permite-se que seja iniciado o caminho de se tornar a experiência emocional mais consciente, o que abre a porta para uma vida mais plena. Plena não somente em nível individual, mas também em relação ao outros, o coletivo.

Abaixo, o autor ilustra o ciclo das emoções vivido inconscientemente e em seguida explica os planos os quais circulam a experiência emocional (CASASSUS, 2009).

Figura 3. Ciclo das emoções vivido inconscientemente. Fonte: Casassus, 2009 p.104

- Primeiro plano: o Condicionamento.

É o mais amplo e exterior, e significa o plano do contexto e da configuração do mundo no qual estamos inseridos. Aqui estão localizados: o evento que inicia a emoção, a cultura e a ideologia. Domínios que ocorrem fora do indivíduo e que estimulam reações automáticas diante do experienciar um evento, uma cultura e uma ideologia.

- Segundo plano: a Expressão.

Inclui-se aqui o lugar onde é realizado o fato emocional. É um plano mais interno onde se encontram: o corpo e as lingüísticas – nomear e julgar.

- Terceiro plano: da Ação.

É o menor e mais interno, o que não significa menos importante, pelo contrário, é o mais importante, já que é onde se concretiza nossa forma de conhecer e lançar mão de nossas emoções. É neste plano que são incluídos os principais atos do processo emocional, como sentir uma emoção, conhecê-la pela palavra e reconhecê-la.

O autor observa ao final desta classificação que a experiência emocional ocorre muito rapidamente, acontecendo numa fração de segundo, geralmente de forma automática.

Evento Cultura Ideologia Corpo Linguagem Julgamento

Sentir Conhecer Reconhecer C COONNDDIICCIIOONNAAMMEENNTTOO L LUUGGAARRDDEEEEXXPPRREESSSSÃÃOO R REEAAÇÇÃÃOO

Finaliza este ciclo de emoções inconscientes relatando que em nossa cultura aprendemos desde pequenos a reprimir as mais diferentes expressões emocionais, e exemplifica como observamos abaixo:

[...] uma criança que chora e que recebe, reiteradamente, uma resposta negativa vai aprender que seu choro não é aceito. Como uma criança aprende a reprimir suas emoções? Ela retém a respiração, contrai a garganta, o peito, a cara e, por meio dessa contração, retém as lágrimas. Com o tempo, essas tensões se tornam cada vez mais sutis e, assim, menos conscientes. Dessa forma, a pessoa vai limitando sua capacidade de sentir e de expressar certas emoções e, com isso, perde parte de sua vitalidade natural. Para desenvolver a capacidade de sentir e expressar as próprias emoções, é importante descobrir quão necessário é poder fazê-lo ao mesmo tempo em que se encontra a situação adequada para tal (CASASSUS, 2009 p. 110).

Ao iniciar o ciclo das emoções vividas conscientemente Casassus (2009) afirma que na verdade não há um ciclo neste caso, e que quando uma pessoa foi educada emocionalmente e é emocionalmente madura, o que ocorre é que ela acaba sentindo a emoção em si mesma e entra em sintonia com ela, já que não precisa do primeiro plano (mais externo) para se conscientizar da emoção. Não sendo ainda necessário um evento particular, porque o mundo inteiro é o evento que está se expressando e a consciência disso é a emoção.

Mas o autor traz ainda que as emoções surgem de situações que estão além de nosso controle e reitera que é importante notarmos que existem mecanismos que as regem, como por exemplo: a tristeza, vem de situações conhecidas como a perda de alguém no âmbito pessoal; a alegria, de encontros com pessoas queridas; a raiva, geralmente vem das frustrações. Isso, ele declara, é universal e sempre se manifesta por determinadas regularidades.

Isso se traduz na lei do intercâmbio entre o interno e externo para Casassus. Nesta lei se manifesta a energia vital, como se entrasse em nós uma perda e saísse uma tristeza; entrasse um encontro desejado e saísse uma alegria; entrasse uma frustração e saísse uma ira. Ele esclarece que um mesmo evento é interiorizado de formas diversas em diferentes pessoas, por isso é de se esperar que o que sai nem sempre é igual para todos. Isso dependerá diretamente das estruturas de significação que a pessoa terá, do que ela pensa a respeito daquela situação, do seu nível de consciência sobre o que está acontecendo e ainda sobre o grau de abertura em relação às leis. Constitui uma situação o que a pessoa percebe e avalia, declara o autor.

Então, o que o indivíduo avalia depende não somente do ambiente externo, mas também de sua experiência interna. Com isso, o autor compreende que uma vez que o papel da percepção particular varia de indivíduo para indivíduo, as emoções além de se ligarem a uma realidade objetiva também se vinculam a uma realidade interna, mais subjetiva (CASASSUS, 2009).