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Os oito feirantes entrevistados são os responsáveis principais pelas seis barracas que atualmente compõe a Ecofeira, sendo que cinco dos quais participam da Ecofeira da Lagoa da Conceição desde o seu início. A feirante da Barraca Essencial participa desde 2001 e as duas feirantes da Barraca Quinta do Maciambú, a primeira responsável pela parte de chás e a segunda pela parte de produtos manipulados, começaram a participar mais tarde, em 2004 e 2003, respectivamente.

Todos os entrevistados são produtores e feirantes. Destes, quatro adquirem suas matéria-primas, transformam-nas e agregam valor sob a forma de novos produtos (Ecomel, Casarão, Manipulados e Essencial) e quatro também produzem a matéria-prima na propriedade (são agricultores) e depois agregam valor _caso das Barracas Dom natural, Quinta do Maciambú e Novo Horizonte. Todos os feirantes também revendem produtos de fornecedores.

Dentre os feirantes, dois têm segundo grau completo, dois têm o terceiro grau, dois primeiro grau completo e dois têm curso técnico e cinco participam de outras associações e organizações. Sete dos feirantes têm outra fonte de renda além da feira, porém quase todos admitem a feira como a principal geradora de recursos. O retorno econômico bruto da feira por barraca é muito variável, dependendo da atividade, e varia de menos de um salário mínimo até 30 salários por mês. Todavia, o custo de produção, transporte, etc, segundo os feirantes, diminui consideravelmente estes valores a quase um terço.

Todos os feirantes pretendem continuar a participar da feira e apenas um deles disse que ainda permaneceria apenas por um período. Sete dos feirantes se declararam satisfeitos com o seu trabalho, mas todos acreditam que este aspecto ainda pode melhorar muito. A descrição de outros aspectos dos feirantes, suas barracas e propriedades estão expostas a seguir:

7.2.1 A Barraca Novo Horizonte

A Barraca Novo Horizonte é representada por Afonso Kloppel, que reside no município de Ituporanga, a 160 km de Florianópolis, no Sítio Novo Horizonte. Este município caracteriza-se pelo clima subtropical mesotérmico úmido com verão quente (Cfa), segundo a Classificação de Köeppen.

O Sítio Novo Horizonte foi convertido em sítio agroecológico a partir de 1996, quando após uma drástica perda na produção de cebolas, principal produto

produzido na época, Afonso Kloppel decidiu dar um novo rumo a sua propriedade, mudando para a produção agroecológica. O Sítio Novo Horizonte é certificado pelo IBD (Instituto Biodinâmico), e atualmente na propriedade trabalham a família (quatro pessoas) e um casal de “meeiros”, responsáveis por parte da produção. Em termos de área, dos 15,8 ha são cultivados com culturas anuais e perenes 5,0 ha, destes 1,5 ha apenas com frutíferas. O restante da propriedade é mantido com áreas de reflorestamento, pastagem, e a maior parte como mata nativa.

A manipulação dos produtos se dá em um galpão dividido em sala de beneficiamento e sala de lavação, onde também são armazenados. O transporte da produção é feito em veículo F4000, protegidos em caixas. A colheita da maior parte dos itens se dá na véspera da feira.

A Barraca é especializada em hortifrutigranjeiros, principalmente frutas, tubérculos e raízes. Ela também está ligada à AECIT (Associação dos Agricultores Ecológicos de Ituporanga), que fornece alguns produtos para venda na Ecofeira.

7.2.2 A Barraca Dom Natural

A Barraca Dom natural pertence à família dos produtores Glaico e Rosa Sell, residentes no município de Paulo Lopes, litoral catarinense, distante aproximadamente 70 km de Florianópolis. Este município, segundo a classificação de Köeppen, caracteriza-se pelo clima subtropical mesotérmico úmido com verão quente (Cfa).

Os proprietários saíram da cidade e foram morar no campo, onde adquiriram uma propriedade e começaram a produzir em meados dos anos 90. A propriedade denominada Don Natural tem aproximadamente 10,0 ha, onde são desenvolvidas atividades com culturas anuais e perenes, além da criação de pequenos animais. A propriedade é dividida em várias glebas, sendo 1,0 ha cultivado com plantas perenes, 1,0 ha com culturas anuais, aproximadamente 1,0 ha de pastagens, 2,0 há de áreas de pousio e o restante dividido em áreas de capoeira e matas preservadas. Trabalham na propriedade a família (cinco pessoas) e mais quatro funcionários, sendo três na produção e um na agroindústria.

Na agroindústria são manipulados, processados, embalados e armazenados os produtos e grande parte deles colhidos na véspera da Ecofeira. Seu transporte se dá através de veículo F4000. A propriedade mantém certificação da Mokitiocada, Rede Ecovida e IBD (em andamento).

Atualmente o sítio Dom Natural está Associado a várias organizações, tal como Rede Ecovida. Esta Barraca comercializa hortifrutigranjeiros, principalmente verduras e legumes e oferece agroindustrializados, como bolachas integrais e orgânicas. Apresenta maior diversidade em verduras e legumes e têm fornecimento de outras propriedades rurais, participantes da Associação dos Agricultores Ecológicos de Paulo Lopes, dentre outras.

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7.2.3 A Barraca Ecomel

Esta Barraca é representada por Vladimir Marques Vincenzi, atual presidente da ECO - Associação de Agricultura Ecológica. Nesta barraca comercializam-se vários tipos de mel e produtos apícolas. Antes o comerciante produzia no Sítio Bela Vista, mas agora apenas mantêm uma série de parcerias com produtores locais, participando destas produções, e também com outros apicultores e empreendimentos do Sul do Brasil, que lhe fornecem os produtos.

O feirante não tem os seus produtos certificados, mas declarou ter interesse em fazê-lo no futuro. A manipulação, envase e embalagem dos produtos são efetuadas em local apropriado, anexo à sua residência, situada na Lagoa da Conceição, Florianópolis, e seu transporte para feira é feito por bicicleta ou veículo utilitário L200.

7.2.4 A Barraca Quinta do Maciambú

Esta Barraca foi anteriormente representada pela Associação Bioativas, mas hoje é responsabilidade de Soraia Zardo, produtora de ervas e plantas medicinais. A Barraca, por este motivo, passa atualmente por um período de transição, quando estão sendo reorganizadas as questões básicas de comercialização, como embalagens dos produtos e fornecimento de matérias-primas.

Soraia possui um sítio de 40 ha na Serra do Tabuleiro, onde são produzidas principalmente ervas e plantas medicinais, que são transformadas em chás ou vendidas como mudas, bem como algumas frutas secas e pós. Todo este processo ocorre na sua propriedade, através de uma estufa recentemente construída. Outros produtores e pequenos empreendimentos também fornecem alguns produtos para a Barraca. Na propriedade trabalha Soraia, seu marido e mais um funcionário, e atualmente o sítio está em processo de certificação pela Rede Ecovida e IBD. O transporte dos produtos é feito de utilitário S10.

Está associada à barraca, Graciela Noemi Alvarez de Grace, que é responsável pelos produtos manipulados ofertados, cuja produção se dá na sua própria residência.

7.2.5 A Barraca Casarão

A Barraca Casarão é encabeçada por Herbert Sebastiani, também detentor de um ponto de comercialização no Campeche, bairro distante 10 km da Lagoa da Conceição, mas era antes comandada por Verônica Loss. Neste local são elaborados e embalados os produtos ofertados pela Barraca, que comercializa uma gama de produtos farináceos, grãos, sementes, cereais, óleos, pastas, pães, dentre outros produtos, sendo a maioria deles orgânicos. Trabalham na produção cerca de seis pessoas. Alguns produtos da Barraca Casarão provêm na atualidade de muitos fornecedores espalhados pelo Sul do Brasil. Os produtos são certificados pela Ecocert, e seu transporte é feito de utilitário (Kangoo).

7.2.6 A Barraca Essencial

A Barraca Essencial é representada pela culinarista Marisa Gularte, especializada em lanches macrobióticos diferenciados, compostos, em sua maioria, por ingredientes orgânicos certificados. A produção é feita na residência da própria feirante, onde ela e o filho trabalham. O transporte dos produtos é feito de carro.