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Os relatórios do Conselho dos Julgados de Paz de 2002 a 2012

CAPÍTULO 3 – JULGADOS DE PAZ

3.7. Os relatórios do Conselho dos Julgados de Paz de 2002 a 2012

Com a Lei n.º 78/2001, de 13 de julho, foi criado o CJP cuja missão seria acompanhar a instalação e funcionamento dos projetos experimentais dos JPs e apresentar um relatório de avaliação à Assembleia da República entre 1º e 15.06.2002, o que foi devidamente realizado. No ano seguinte, entre os meses de junho e julho, o 2.º relatório foi aprovado e apresentado pelo Conselho; neste, foi prevista a apresentação anual de relatórios institucionais os quais foram sendo aprimorados sucessivamente mediante o uso de novas tecnologias e recursos informáticos.

O primeiro relatório datado de 4 de junho de 2002 surgiu após 4 meses de instalação do projeto de JPs portugueses e além de analisar seu funcionamento concreto, abordou a “questão prévia” de validade dos órgãos por meio do mérito da instituição sob o aspecto causa-final145. Sobre os dados desse documento destaca-se o tom crítico à expressão “experimentais” 146 atribuída aos JPs, uma vez que, de acordo com o relatório anual (CJP, 2015, p. 2) as figuras dos juízes de paz constam desde o início da nacionalidade com o Regimento de 1519, reapareceram nas Constituições Políticas e demonstraram experiências positivas nas ex-colônias como, por exemplo, o Brasil.

Além disso, o relatório propagou a rentabilização dos quatro JPs até então existentes; propugnou o desenvolvimento da rede tanto no Continente como nas Regiões Autônomas; defendeu o alargamento de competências e a unidade de funcionamento; propôs um novo processo de formação, designadamente, de juízes de paz; propôs alterações legislativas e concluiu que os JPs se tratavam de um projeto não apenas útil, mas também necessário à cidadania a ser visto numa perspectiva de complementaridade aos serviços de justiça.

O segundo relatório foi aprovado e apresentado em junho de 2003 pelo Conselho e impôs a apresentação anual de relatórios institucionais147. Consta mais uma vez de

145 Dados constantes do 15º Relatório Anual do CJPs aprovado na sessão de 27.04.2016 por deliberação

do Conselho (CJP, 2015, p. 2).

146 De acordo com o documento (CJP, 2015, p. 2) chamaram-se de “projetos experimentais” aos primeiros

quatro JPs da era moderna.

147 Nos termos do Relatório Anual 2015 (CJP, 2015, p. 7) o trabalho de orientação, recolha e tratamento

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forma expressa a afirmação segundo a qual os JPs são uma instituição necessária à cidadania e à justiça, tendo sido feitas propostas concretas na linha da justiça de proximidade (CJP, 2015, p. 3).

No terceiro relatório de 2004 são apontados o aumento da rede (considerado efetivo, mas limitado) e o reforço das funções historicamente conciliatória e pacificadora dos JPs. O quarto relatório publicado em 2005 conservou as mesmas propostas e dificuldades de seu antecessor. O quinto relatório de 2006 apresentou alguns progressos, sendo o maior dos problemas apontados a baixa quantidade de julgados instalados. O sexto relatório de 2007 é marcado pela apresentação de indicadores mais desenvolvidos e preconizava a necessidade de um concurso para juiz de paz, que, apesar de realizado, não impediu que o sétimo relatório de 2008 previsse a necessidade de um segundo concurso (CJP, 2015, p. 3-4).

Em 2009, o oitavo relatório concluiu que apesar das dificuldades apresentadas até então, os JPs constituíam uma instituição sólida caracterizada por uma exclusiva vertente municipalista sintonizada com sua origem secular. Portanto, foi ratificado o direito de todos disporem de JPs e para isso era preciso aumentar a rede disponibilizada aos cidadãos.

No nono relatório publicado em 2010 o ponto mais relevante foi a constatação de que no ano anterior houve uma entrada global de 7.171 processos contra 7.440 acabados o que só veio reforçar a importância desempenhada pelos JPs, juízes de paz e funcionários bem como a necessidade de ampliação estrutural dos órgãos no país.

O décimo relatório publicado no ano de 2011 apresentou uma mostra estatística mais desenvolvida em comparação aos anos anteriores e insistiu mais uma vez na necessidade de formação adequada dos juízes de paz, no tratamento igualitário dos cidadãos e no aumento da rede dos JPs (CJP, 2015, p. 4-5).

O décimo primeiro relatório de 2012 relembrou que a causa-final constitucional dos JPs é o direito cívico fundamental à justiça nos termos do artigo 20.º da Constituição e informou que até o final do ano anterior, dos 50.053 processos recebidos,

objetivos são: 1) dar conhecimento mensalmente ao Conselho e aos próprios juízes de paz (que são responsáveis pelos dados que fornecem ao Conselho) sobre o funcionamento da instituição e o grau de eficiência (a fim de descobrir as carências que motivarão as intervenções do Conselho junto dos juízes de paz e de outras entidades; 2) viabilizar a recolha de dados pelo Conselho que vão sendo analisados e que no momento apropriado integrarão a maior parte do relatório anual. De acordo com o relatório este trabalho ultrapassa o simples campo estatístico, mas abrange a análise que o conjunto desses dados viabiliza, tanto pelo Conselho como pelos juízes e funcionários dos JPs.

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96,09% tiveram eficácia resolutiva. O relatório relembrou ainda o apelo presente no Memorandum de Entendimento da Troika para fomentar o desenvolvimento dos JPs em Portugal.

Até 2013, ano da promulgação da Lei n.º 29/2013, de 19 de abril, os relatórios do CJP apresentaram duas características principais em comum: apontaram a insuficiência no número de juízes de paz e destacaram a necessidade de ampliação da rede de julgados pelo país e Regiões Autônomas, reconhecendo a potencial importância desses órgãos para o Sistema de Justiça português. Sobre a mediação os dados globais demonstraram que desde a instalação a média de processos resolvidos por mediação foi de 23%.