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PARTE II MATO GROSSO NO CONTEXTO DO PATRIMÔNIO

CAPÍTULO 4 – O CENTRO HISTÓRICO: LINHA DO TEMPO E AS

4.2 OS TOMBAMENTOS QUE SUCEDERAM AO INVENTÁRIO

A seguir apresento uma ilustração cronológica dos tombamentos ocorridos no centro histórico de Cáceres, que darão a dimensão da movimentação empreendida pelos três entes federativos no município, sob a justificativa de preservação do Patrimônio Histórico existente na área central cidade. Faço uma pontuação dos mais expressivos pela concentração de monumentos e, não menos importante, cito alguns outros tombamentos de forma individual, realizados pelo estado e pelo município na área urbana e no campo. Muito embora esses tombamentos que o município vem realizando não sejam alvo desta pesquisa, eles vão aparecer no quadro com a finalidade de demonstrar que os tombamentos ocorridos no centro histórico, que tiveram como base o inventário cadastral de 1988, foram significados para a valorização do patrimônio histórico que se encontra também fora do centro histórico e da área urbana.

Quadro 4 - Cronologia dos tombamentos no centro histórico em Cáceres-MT

DESCRIÇÃO ANO ORIGEM PERCURSO ATO/TOMBAMENTO

Centro Histórico 1991 Tombamento Estadual Provisório Percurso limitado – imóveis tombados isoladamente

41 imóveis tombados – pela PORTARIA 76/1991 assinada em 06.10.91 e publicada no – DOE em 25/10/1991

Centro Histórico 1996 Tombamento

municipal Imóveis isolados

41 + 7 = 48 – sem documento comprobatório

Centro Histórico 2002 Tombamento

Estadual

Perímetro: Definido por ruas na área central Portaria 027/2002 de 03.07.2018 – publicada no DOE, 12.07.2002 Centro Histórico 2010 Tombamento Nacional IPHAM PROCESSO nº 1542 Percurso Ampliado – Poligonal e área de entorno PORTARIA Nº 85, DE 22 DE JUNHO DE 2012 Homologa o tombamento do Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico da Cidade de Cáceres, Município de Cáceres, Estado do Mato Grosso.

Elab.: Autora (2019).

O primeiro tombamento que priorizou um percurso, mas que foi orientado pelos imóveis identificados com referências culturais centro histórico. O ponto de partida para esse tombamento foi o inventário realizado na cidade, entre os anos de 1987 e 1988, que culminou com o tombamento estadual provisório no ano de 1991. Alguns documentos que compõem o processo de tombamento do Estado de 1991, anexo ao processo de tombamento definitivo de 2002 e, mais recentemente, o processo de tombamento Federal, trazem a descrição do tombamento provisório de imóveis isolados. De fato, a área tombada privilegiava os 41 imóveis identificados como monumento no inventário cadastral de 1988, mas o critério utilizado e descrito na Portaria nº 076/1991 do Estado foi de um percurso orientado por ruas, que formaram o perímetro tombado.

O segundo tombamento ocorreu em 1996 sob a responsabilidade do município, que também tomou como base o inventário cadastral de 1988, mas, desta vez, relatos e alguns registros dão conta de que foram tombados 47 imóveis isolados. A necessidade do tombamento municipal se percebe, diante dos dados, que foi justificada pelo entendimento na administração pública municipal de que o prazo do tombamento provisório realizado pelo Governo do Estado havia se esgotado. Mas, em diálogo com servidores, que na época atuaram na Fundação Cultural

de Cáceres, estes disseram que “o tombamento individual do Município, ocorreu em função do interesse de isentar alguns imóveis do IPTU e da necessidade de justificar que o município possuía monumentos históricos, para o pleito do tombamento federal” (Diário de Campo, 02/10/2018).

O terceiro tombamento ocorreu no ano de 2002, quando o estado, através da Secretaria Estadual de Cultura, resolveu tombar pela segunda vez o centro histórico, desta vez em caráter definitivo. Na solenidade de tombamento, além da assinatura da portaria, o evento serviu para reforçar a importância do inventário cadastral realizado em 1988 e do tombamento estadual em 1991, como ilustra um jornal local, ao noticiar o ato de assinatura da portaria:

Nesta Terça feira (09/07), o Secretário de Estado de Cultura Jurandir Antonio assinou a Portaria de Tombamento do Centro Histórico de Cáceres, às 14 horas, na sede da Fundação Cultural do município. No ato, foi oficializada também a Comissão Especial de Preservação e Tombamento do Município e a posse do Conselho Municipal de Cultura.

“As pesquisas para o cadastramento do Centro Histórico de Cáceres tiveram seu início em 1987, e a assinatura do Tombamento Provisório pelo Governo de Mato Grosso, por meio da antiga Fundação Cultural de Mato Grosso, em 1991”, disse a coordenadora de preservação cultural da Secretaria de Estado de Cultura, Bernadete Durães Araújo. (GOVERNO DE MATO GROSSO, 2002)86.

Muito embora esse tombamento tenha ocorrido onze anos após o tombamento provisório, ele foi uma confirmação de que havia na cidade patrimônio histórico de interesse do estado e, desta vez ampliando a área que formou o percurso tombado definitivamente, se comparada ao percurso do tombamento provisório de 1991.

O quarto e último tombamento foi realizado pelo IPHAN em 2010 e teve início com a retomada do processo no ano de 2007, mas o trâmite inicial foi no ano de 1993. Na ocasião a gestão administrativa municipal solicitou ao IPHAN o tombamento de 42 imóveis, inventariados em 1988. O tombamento Federal ocorreu em 2010 e teve suas justificativas assentadas na soma dos elementos antigos presentes na área central que, juntos, formaram o conjunto de bens culturais que levou o Conselho Consultivo do IPHAN a confirmar o tombamento. O entendimento que predominou foi de que a cidade possuía referências culturais que “o centro histórico, na verdade, é um registro físico da história da cidade” (Ata 66, Reunião do Conselho Consultivo em 09 de dezembro de 2010, p. 15). Diante disso, o processo seguiu,

sempre fazendo referências ao conjunto de valores históricos e não mais aos monumentos isolados como se pretendia inicialmente.