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Outros direcionamentos possíveis?

E este pensamento vale bem Um pífano

C APÍTULO 3 I MAGEM –E SCRITA NAS F OTOBIOGRAFIAS

3.4 Outros direcionamentos possíveis?

Procuramos ao longo desta Parte II intitulada Imagem-Escrita nas Fotobiografi as apresentar uma ordem de refl exões. Ora, em torno de possíveis aportes heurísticos, com Anne-Marie Christin, quando revisitamos as dimensões matriciais e fundadoras da fala e da escrita num diálogo entre Claude Lévi-Strauss e Jack Goody.

Tal pano de fundo operacional nos remete evidentemente ao que, num texto já datado, mas sempre - pensamos – de atualidade dizia Ernst Gombrich:

“Se considerarmos a comunicação do ponto de vista privilegiado da linguagem, há de se perguntar, primeiro, qual, entre essas funções [expressar,

despertar e descrever] a [função] que pode assumir a imagem visual.

Vamos descobrir que a imagem visual é sem igual no que diz respeito à sua capacidade de despertar. Que sua utilização para fi ns expressivos é problemática, e que, reduzida a si mesma, a possibilidade de se igualar à função enunciativa da linguagem lhe falta radicalmente” (1983, p. 324).

Poderemos, certamente, enriquecer e abrir o debate com esse outro questionamento de Didi-Huberman (2006, p.14): “A que gênero de conhecimento a imagem pode abrir espaço? Que tipo de contribuição ao conhecimento histórico este “conhecimento pela imagem” é capaz de trazer? Precisaríamos, para responder melhor, reescrever uma Arqueologia do saber

das imagens e, na medida do possível, fazê-la seguir de uma síntese que poderia se intitular As Imagens, as palavras e as coisas.”

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3.5 Segunda pausa – A Imagem

O que poderiam nos dizer as fotografi as de cinco pessoas anônimas sobre as quais – tanto as pessoas como as suas fotografi as – não possuímos nenhum conhecimento prévio? A questão nos parece fundamental diante de uma problematização acerca de questões relacionadas a interrelações do visual e do verbal na perspectiva de uma Fotobiografi a. De que maneira nos colocaríamos a ler pontualmente esses conjuntos fotográfi cos?

Essa evocação aparentemente ingênua nos levou a realizar algumas experiências, cujas impressões apresentamos a seguir. A tentativa de ler fotografi as de um conjunto, cujo informante desconhecemos, primeiramente, nos faz trabalhar com hipóteses e pontos de interrogações. Quer dizer, que ao mostrar (fi guras, lugares, situações), a mesma fotografi a “cega” e lança-se na aventura do imaginário. Eis mais uma questão interessante tratando-se de Fotobiografi as. Nelas, queiramos ou não, estamos cooptados de antemão.

A Fotobiografi a de uma pessoa desconhecida não afasta os caminhos da nossa. Pelo contrário, nos alicia! E, portanto, os pontos de interrogações se multiplicam. O que não signifi ca que as fotografi as que estamos vendo não dizem nada. Falam demais, talvez. Determinadas fotografi as podem nos remeter àquelas que temos na nossa memória, mas que são nossas e não do informante, podemos nos fascinar por outras e tentar descobrir porque nos fascinam, evidentemente, porque as associamos aos nossos próprios fascínios. Por exemplo, o alpendre da fotografi a (MTM 04) de Dona Maria Teresa pode me conduzir ao alpendre da minha antiga casa e, mais profundamente, me lembra o sítio tão saudoso de minha infância, onde passei a maior parte do tempo na companhia também de meus avós paternos. A fotografi a – sobretudo no horizonte de uma Fotobiografi a – nos interpela, ressuscita e deixa afl orar outros instantes de nossa própria existência. Por natureza, uma Fotobiografi a será sempre uma interrogação sobre a nossa. É por esta razão que nos cativa e, ao mesmo tempo, nos atormenta e nos questiona.

Notamos que geralmente não se vê e não se entende porque não se dá verdadeiramente atenção às imagens. Não chegamos a lê-las, pois não temos aprendido a lê- las, a tomar o tempo de procurar lê-las. Nessa analogia podemos nos perguntar: será que foi num único dia que chegamos, a ler uma palavra, uma frase? E, qual terá sido o caminho que percorremos para ler essas letras (consoantes e vogais, vírgulas e pontos de todos os tipos...) agrupadas, umas ao lado das outras, formando uma palavra... e, logo depois, associando-se

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a outras letras, acentos, etc... para decifrar outras letras (consoantes e vogais) formando uma outra palavra, associada à primeira e, assim, por diante... até chegar a ler uma frase inteira....

frases...ou melhor contar uma outra história261.

E se, deste modo, nos colocávamos a pensar as “imagens” como se fossem – eis outra analogia - essas “consoantes” e essas “vogais” que formariam “palavras”, depois frases, depois toda uma história? Uma história, muito complexa e densa, no caso da imagem, os “signos visuais presentes” [as “consoantes” e as “vogais”, todavia, “visuais”] nela,

superabundam (a imagem é cem vezes mais densa em relação ao que entra na composição de

uma palavra [com suas consoantes e vogais unívocas e codifi cadas27, em um sistema lógico

e racional]) e na medida em que, além de conjugar signos não unívocos e não codifi cados em um sistema aproximadamente ‘ajustado ao da percepção e da imaginação’, ela conjuga tempos e espaços de toda natureza.

Existem duas espécies de pensamento: o pensamento discursivo [lógico] e o pensamento estético [intuitivo]. Os sonhos são a expressão do pensamento intuitivo ele próprio; eles são o pensamento estético próprio. É o pensamento diretamente formulado em imagens... [IONESCO, p. 22] [um pensamento que é formado por imagens e que somente a partir de imagens pode ser formulado].

Essa analogia imagem/palavra já foi lançada num artigo que fi zemos para Cadernos Cedes, mas numa outra direção. Eis o que foi escrito, na época:

“No tocante à referência com a escrita, levantamos essa questão: por que conferimos – sem reticência alguma– à organização de palavras (por exemplo: um sujeito, um adjetivo, um verbo, um pronome relativo, um complemento direto ou indireto, um gerúndio ou um simples artigo...), numa frase qualquer, uma capacidade de ideação (isto é essa possibilidade de suscitar um pensamento e “idéias”)? Por que deveríamos, então, duvidar das potencialidades que os componentes sígnicos de uma imagem ou de várias imagens, ao se associarem, teriam a nos oferecer ideações de outra ordem (em termos de formas, de traços, de cores, de movimentos, de vazios, de relevos, de interações, de outras pontuações sígnicas e signifi cativas)?” (BRUNO e SAMAIN, 2007, p. 29-30).

26 A “palavra”: conjunto articulado e codifi cado de vogais e de consoantes formando uma palavra. A “frase” é,

por sua vez, um conjunto organizado e codifi cado de um conjunto de palavras, as quais são conjuntos codifi ca- dos de vogais e de consoantes. Uma “história” é um conjunto de conjunto de conjunto.

27 “Codifi cadas”. O que explica a existência e o funcionamento de “palavras cruzadas”. Será que poderíamos

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3.6 Memória de Memória

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Quando produzimos fotos ou as deixamos aos cuidados de outros, é, na maioria dos casos, para guardar a lembrança de acontecimentos, de encontros ou de momentos rituais de todo tipo, que acompanham nossas vivas. Esses eventos foram, ora, meticulosamente organizados, estandardizados em termos de seus preparativos (casamento, festa de formatura); ora quase fortuitos. Muitas vezes, queríamos simplesmente - na hora de fazê-la - privilegiar um instante, uma impressão, uma surpresa ou um encantamento.

Lembranças, memórias que geralmente não passam de divertimentos, momentos lúdicos, ocasionais, banais, muitas vezes, tendo como destino: o esquecimento. Muitas fotografi as, de fato, morrerão, segundos após o seu nascimento, graças a nossas máquinas guilhotinas, mas tantas outras sobrevirão. Será que “morrer”, aliás, representa o verbo apropriado quando se tratam de fotografi as que compõem as nossas histórias de vida? É verdade que podem deixar de existir ou que podem vir a apagar-se. Pois, o que dizer então desses pequenos montões de cinzas que um sopro de vento é capaz de fazer também re-arder

(DIDI-HUBERMAN, 2006, p.11-52)294? Eis que voltaremos a este campo que guarda tanto

quanto constrói lembranças e imagens: a memória. Nossa memória está, sim, em evolução e reorganização constantes.

***

As fotografi as que fazemos, circulam, viajam: entre parentes, amigos, amantes. Terão, no entanto, uma curta vida visível. Além dos avós que ocuparam uma parede da casa; do executivo que deixará à mostra, no ângulo do seu gabinete de nobre carvalho, a mulher e os fi lhos; além das fotografi as dos fi lhos e das fi lhas que crescem e estão sobre uma mesa de porta-retratos na sala principal da casa, muitas fotografi as uma vez vistas – não necessariamente olhadas – voltam para o silêncio dos álbuns, das caixas de lembranças, dos

28 No âmbito desta tese não pretendemos abordar a complexidade das questões levantadas pela memória: Como

adquirimos lembranças? Como estocamos e como se organizam as informações na memória? Qual é o trabalho de nossa memória? Como se expressa a memória na lembrança? Quais os processos de recuperação das lem- branças? Memória individual e memória coletiva? Assinalamos a recém-tradução: RICOEUR, Paul. A memó-

ria, a história, o esquecimento. Campinas: Editora da Unicamp, 2008 [or.fr.:2000]. Remetemos à bibliografi a

geral que oferece.

29 Fazemos aqui alusão a Didi-Hubermann e seu belíssimo trabalho “L’image brûle” sobre as imagens e as

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bolsos, dos arquivos - espécies de relicários - onde serão guardadas, antes de serem engavetadas com respeito. Sim, um respeito crescente, à medida em que crescerá o esquecimento de suas presenças. Como as grandes árvores, as fotografi as precisam envelhecer.

Será que existem, deste modo, verdadeiras diferenças entre as fotografi as viajantes de que acabamos de falar e as fotografi as escolhidas e montadas por nossos informantes? Não existem aparentemente diferenças capitais: aqui eis o radioso Seo Manoel Rodrigues Seixas, então vice-prefeito de Jaguariúna, saudado por Paulo Maluf; lá, Dona Celeste encarnando Carmen Miranda, uns anos antes de seu casamento; aí, a fotografi a do pai do Seo Moacir e a casa que ele lhe havia ajudado a construir. O que nossos informantes reuniram são acontecimentos, simples acontecimentos. Dito isto, se existir, todavia, algo novo nessas fotografi as reencontradas, escolhidas, ordenadas, são dois componentes que são referências da memória humana: o tempo e o espaço. Sem temporalidade e espacialidade não existem

verdadeira memória, verdadeiras lembranças que possam nascer305.

Mas devemos acrescentar um outro dado que nos parece fundamental. No nosso caso, as dimensões sociais, mas principalmente afetivas, da memória são patentes. Basta assim rever os cinco conjuntos de fotografi as para se dar conta que moldadas pelo tempo e dilatadas por outros espaços de vivência humana, as imagens expressam antes de tudo dados

afetivos, sensíveis, emocionais. Eis, sem dúvida, uma das confi gurações maior (pattern) das

fotografi as escolhidas no tempo da velhice e de que falávamos potencialmente no início desta pesquisa: uma confi guração e uma condensação de toda uma história em torno de um núcleo: a família natural, as famílias humanas (escolar, profi ssional, política...). De certo não queremos limitar tal confi guração como única e universal. É muito provável que uma amostra mais consequente do que a nossa nos revelaria outros pólos. É mais provável ainda que os patterns referenciais de histórias de vida mais próximas no tempo nos revelassem novos aspectos não menos signifi cativos de reconfi gurações de nosso universo atual. Para o que nos diz respeito e no quadro exíguo de nossa amostra é evidente que um desses patterns é aquele da família.

***

30 Se conseguíssemos tornar palpável a realidade de nossa memória individual, não faríamos mais apelo a

“meras gavetinhas ou a redes”, cujas malhas seriam as lembranças. Pensaríamos, talvez, em direção aos com- putadores: suas possibilidades de encadeamentos, seus impulsos, suas interações de todo tipo. Para se ter uma idéia desses processos, faça uma “desfragmentação de seu computador”. Entender-se-á melhor o que se quer sugerir aqui.

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Para tanto, buscaremos o que os cinco Cadernos de Arranjos Visuais nos oferecem, limitando-nos às três fotografi as fi nais (ver: dobra 3D) escolhidas pelos informantes.

Dona Celeste escalona três fotografi as. A primeira, quando, no tempo da grande

família do circo, encarnava Carmen Miranda (1909-1955). Dona Celeste tinha então 25 anos

de idade. Há de se perguntar o que podia signifi car ser “mulher”, “fi lha de circo”, “Carmen Miranda” no interior de São Paulo? O que podia representar tais personagens no interior do Estado? Treze anos mais tarde, casará com o farmacêutico Walter com quem constituirá

uma outra família (três fi lhos e uma fi lha). Em 1994 (terceira foto), Dona Celeste discursa,

junto às autoridades (governador Fleury, prefeito Laércio Gothardo), durante a inauguração (precisamente de uma maternidade) que recebe o nome do marido falecido pouco antes. Não devemos insistir sobre a magnitude dessa mãe universal, de grandes olhos, falecida em 10 de novembro de 2006.

Seo Moacir Malachias tem, hoje, 82 de idade. Este fi lho de pais negros casou-se com uma mulher branca, Ivete Teodoro, em 1960, e tiveram cinco fi lhas. Poder-se-ia supor que, sendo homem, teria escolhido três fotografi as representativas de seus vários ofícios profi ssionais. Não será o caso. As fotografi as escolhidas giram, de novo, em torno da família. Na primeira, orgulhoso, Seo Moacir tem fotografada a sua casa em construção com seu pai (no plano baixo da imagem), quem lhe ofereceu a ajuda para construir. A segunda fi xa sua esposa grávida, não por acaso em situação de elevação e de respeito; e a terceira o deixa particularmente contente ao ver sua fi lha portadora de um canudo de diplomação. Seo Moacir resume sua vida como sendo um ato contínuo de construção de uma família: edifi cação de uma casa; criação de uma família; instrução dada aos seus fi lhos.

Com 86 anos de idade nesta hora, Dona Olga foi a discreta embaixadora, que tornou possível a pesquisa. De que falam as suas três escolhas fi nais? Ela que enfrenta momentos severos das sequelas da doença de Alzheimer, diagnosticada em 2003 - mais uma vez, focaliza a família: a primeira foto é a única que guardou de seu pai. Na segunda, Dona Olga em companhia da prima Paulina, passeia pela primeira vez no Mercado Municipal recém inaugurado. Na última, Dona Olga (vestido escuro) está à direita de seu irmão (Teodoro) e de sua irmã Paulina (vestido branco). Suporte indispensável da personalidade, não há vida humana sem memória e, por sua vez, a memória é a ponte entre o passado e o presente. Demonstrando períodos de ausência frente ao mundo exterior, Dona Olga não perdeu de vista sua família: pai, irmão, irmãs e primas.

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Culto, determinado e preciso, Seo Manoel Rodrigues Seixas nuançou os temas das três fotos por ele escolhidas. Se ele remete primeiro a um grupo de crianças em idade escolar, é, todavia, para lembrar sua família escolar e, em especial sua primeira educadora. Se orgulhoso, escolheu nos apresentar a famosa locomotiva 900 é por duas razões diversas e complementares: a primeira é trágica, pois lembra a morte de toda a tripulação e muitos passageiros que pereceram escaldados – durante acidente ferroviário – pelas águas superaquecidas da grande máquina moderna e a segunda ele não precisa dar outra explicação, pois a locomotiva, – a fi gura do trem – e seus amigos constituíam sua grande família

profi ssional. Enfi m, devia escolher a foto de encontro com Maluf. Aposentado, podia entrar

na família política. Numa entrevista fi lmada que nos concedeu, Seo Manoel volta a comentar essas três fotografi as em termos mais lógicos e mais precisos: – “tem a ver com a infância da gente” (primeira fotografi a); “essa é um caso trágico!” (segunda fotografi a); “é a fase da minha vida como político” (terceira fotografi a).

Dona Maria Teresa, delicada e discreta, acaba de falecer (1925-2008). Casada em 1947 com Alberto Ataliba Nogueira Moraes (falecido), foram pais de cinco fi lhos. Dona Maria Teresa optará por três fotografi as que vão se concentrar, mais uma vez, em torno do

pattern da Família. Na ordem, as fotos escolhidas são as seguintes: a primeira nos mostra

Dona Teresa Maria (com sete anos) em companhia de sua mãe (que morrerá ainda jovem, logo depois); a segunda foto a mostra ao lado de seu pai e de seus dois irmãos, frutos de um segundo casamento de seu pai; e a última relembra a foto ofi cial de casamento (em 1947) entre Dona Maria Teresa de Arruda Botelho Moraes com Alberto Ataliba Nogueira Moraes.

***

É bem provável que, no decorrer desta pesquisa, tenhamos falado de “memória de memória”. Parece claramente possível esclarecer esse conceito partindo precisamente do tríplice trabalho realizado pelos cinco informantes, em especial a escolha de Dona Maria Teresa. Pedíamos a eles que compusessem e organizassem dois lotes de fotografi as, passando de 20 para 10, retiradas do lote precedente. Focalizando essa operação, nascia um terceiro bloco composto das fotografi as excluídas (aquelas contornadas de cor branca, apresentadas em ordens diferentes de montagem; ver em Cadernos de Arranjos Visuais: dobra 3B). Sem desconsiderar as três fotografi as solicitadas no fi nal do trabalho, as fotografi as “excluídas”

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não deixaram de ser favoritas: a fantasia do carnaval de 1927; o córrego de água nascente construído pelo bisavô; o Natal com os primos na fazenda da avó Mariquinha; as colegas do curso de secretariado; outras amigas; outra fotografi a de casamento; as fi lhas e o neto. Tal fato deverá necessariamente ser estudado futuramente. Daremos a esse grupo de fotografi as excluídas “Memória de Memória”, pois todas essas fotos sobreviveram na memória de Dona Maria Teresa e continuavam a viver num segundo grau na sua memória. E quais são essas fotografi as excluídas? Na ordem de apresentação de Dona Maria Teresa, eis ao que remetem.

Foto MTM 03

Data: Carnaval de 1927

Local: Residência da bisavó materna, Carlota, em São Paulo

Fotógrafo: Produzida pelo pai da informante, Augusto de Arruda Botelho

Legenda: O pai de Maria Teresa resolveu fotografá-la vestida com sua primeira fantasia para o Carnaval em 1927, aos 2 anos de idade.

Motivo da Escolha: Demonstrou alegria ao se recordar da primeira fantasia; fotografi a muito lembrada durante a escolha.

Foto MTM 05

Data: 1928

Local: Fazenda Pinhal, São Carlos

Fotógrafo: Produzida pelo pai da informante, Augusto de Arruda Botelho

Legenda: Maria Teresa em frente ao córrego com água nascente, construído pelo bisavô, o Conde de Pinhal, a partir de um modelo que conheceu na Europa e era utilizado para tratamento de saúde.

Motivo da Escolha: As lembranças que tem da infância na fazenda do bisavô.

Foto MTM 06

Data: 1929 Local: Jaú

Fotógrafo: Produzida pelo pai da informante, Augusto de Arruda Botelho Legenda: Natal passado com os primos na casa da avó Mariquinha, em Jaú. Motivo da Escolha: Um dos momentos na companhia dos primos, que encontrou registrado em seu álbum.

Foto MTM 11

Data: 1934

Local: Praia de Itanhaém

Fotógrafo: Desconhecido (não identifi cado)

Legenda: Maria Teresa aos 8 ou 9 anos, com sua tia Eloísa e o primo Heládio, na praia de Itanhaém, onde a bisavó Carlota possuía uma casa. Ela conta que eles costumavam caminhar pela praia e parar neste tronco de árvore.

Motivo da Escolha: A foto traz referência a passagem da infância na praia de Itanhaém.

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Foto MTM 12

Data: 1934

Local: Casa da avó Mariquinha, em Jaú

Fotógrafo: Produzida pelo pai da informante, Augusto de Arruda Botelho

Legenda: Maria Teresa na casa da avó usando um vestido, cujo tecido não gostava.

Motivo da Escolha: A lembrança de ter usado um vestido na infância do qual não gostava. Fotografi a bastante lembrada em sua seleção, apesar de haver na foto um elemento, o vestido, que a desagradava.

Foto MTM 14

Data: 1942

Local: Viaduto do Chá, São Paulo

Fotógrafo: Profi ssional Lambe-Lambe (não identifi cado)

Legenda: Maria Teresa acompanhada das colegas do curso de Secretariado. Motivo da Escolha: Recordação de outra fase de sua formação escolar e do importante espaço da cidade: o Viaduto do Chá.

Foto MTM 15

Data: 1942 Local: Jaú

Fotógrafo: Desconhecido

Legenda: Maria Teresa, a amiga Neli e a prima Ana Maria, na casa da avó Mariquinha, em Jaú.

Motivo da Escolha: Uma lembrança das amigas, mas a foto foi incluída ao fi nal da