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1. EXPRESSO DE HOGWARTS

2.4 Pôsteres da Ordem da Fên

Pôsteres de filmes podem ser aproximados à capas de livros no sentido de que formam um convite visual ao leitor, ou no caso espectador, a experimentar aquela produção. Um pôster cinematográfico também poderá contar com alguns paratextos verbais: nome do diretor, atores e atrizes principais, não somente como um informativo, mas, dependendo da popularidade dos mesmos, também como uma estratégia de chamar a atenção do público. Também poderão aparecer data e lançamento, nome da distribuidora, caso o filme seja adaptado de alguma outra mídia, como livros, o nome do autor também poderá aparecer (bem como informativo ou estratégia).

Segue abaixo alguns dos principais pôsteres de Harry Potter e a Ordem da Fênix:

Imagem 32: Teaser pôster do filme Harry Potter e a Ordem da Fênix. Disponível em: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-58608/fotos. Acesso em: 14.12.2015.

Imagem 33: Pôster do filme Harry Potter e a Ordem da Fênix para os cinemas brasileros. Disponível em: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-58608/fotos. Acesso em: 14.12.2015.

Imagem 34: Pôster final do filme Harry Potter e a Ordem da Fênix para os cinemas brasileros. Disponível em: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-58608/fotos. Acesso em: 14.12.2015.

Teaser pôster de Harry Potter e a Ordem da Fênix para os cinemas (Imagem 32)

O que chamamos de teasers, de acordo com Luzzi (2001) seriam um anúncio do anúncio, ou seja, um teaser promove suspense anterior ao produto principal. No caso dos teaser pôsteres, eles são lançados anteriormente aos pôsteres oficiais, que são aqueles que ganham destaque nas salas de cinemas na época de exibição. Os

teaser pôsteres são marcados por elementos enigmáticos que aguçam a curiosidade

de público, podendo conter uma frase de efeito, uma única imagem, algum conceito minimalista que represente uma parte do todo do filme etc.

O teaser pôster de Harry Potter e a Ordem da Fênix tem a predominância de um fundo preto, do centro deste fundo surge Lord Voldemort, porém ele não está simplesmente inserido neste fundo, ele brota dele. Sua capa também é preta, o que permite também a mistura com esse fundo. Pela luz produzida pela varinha conseguimos perceber que se trata do Lord das Trevas. A personagem não é apenas retratada como uma fotografia, e sim é a personagem no momento de sua ação, no momento em que está fazendo sua magia.

Lord Voldemort está observando o observador com o ar de como estivesse olhando para seu inimigo, ou seja, o observador do pôster faz o papel de Harry Potter, o observador está sendo encarado, como um convite ao enfrentamento. No caso, o pôster promove um convite ao espectador a acompanhar o enfrentamento que esta por vir no filme.

O foco é um contra plongeé, ou seja, Voldemort está sendo visto de cima, o que valoriza ainda mais o seu poder, a sua maldade, a sua pessoa.

Há poucos elementos textuais no pôster, entre eles o título do filme, data de lançamento, o site e os dizeres "Você perderá tudo", citação marcante em Harry

Potter e a Ordem da Fênix que Voldemort dirige a Harry Potter no momento em que

há um duelo entre eles na mente do garoto quando no Ministério da Magia. A frase, como é dirigida ao garoto, no momento do pôster é dirigida ao observador, que é instigado a partir do enfrentamento com o inimigo.

Esse teaser pôster cria um clima de mistério em torno dos elementos que o compõe, que fazem com que o frequentador do cinema e futuro espectador daquele filme crie

expectativas e formule possíveis interpretações para compreender e solucionar os mistérios criados a partir daquele pôster até que se possa assistir ao filme.

Toutain (2007, p. 92) articula essa possibilidade: “Este processo de captar, representar e interpretar a informação é simultâneo, permanente, contínuo; pressupõe um sistema de significação.”.

Quando os filmes geralmente são lançados nos cinemas são escolhidos alguns pôsteres para ilustrarem as salas, indicando que aquele filme encontra-se ali em exibição. A escolha desses pôsteres oficiais pode depender do país em que o filme será exibido.

Primeiro pôster oficial de Harry Potter e a Ordem da Fênix para os cinemas (Imagem 33)

Esse primeiro pôster oficial do quinto longa adaptado da série Harry Potter possui uma atmosfera diferente do teaser pôster, chama a atenção pelas cores, pela presença do protagonista e de seus colegas de escola.

A presença de Rony e Gina Weasley, Hermione Granger, Neville Longbotton e Luna Lovegood dão uma ideia de força: Harry Potter não está sozinho na busca de seu objetivo, ele agora tem uma equipe consigo, a qual o ajudará em sua jornada e todos terão a proteção de uns aos outros caso o mal, os bruxos das trevas, decidam atacar.

O cenário é o Ministério da Magia, quando Harry Potter e seus colegas escapam de Hogwarts para tentar resgatar Sirius Black, após o garoto ter sua mente invadida pelo inimigo mostrando que estava mantendo seu padrinho como refém. Há luz por trás e ao lado das personagens, porém não a luz vinda pela frente. A fotografia dá a sensação de que o caminho vindo pela frente da equipe está escuro, o que remete ao lado sombrio, perigoso, desconhecido, e também ás trevas de Lord Voldemort e seus seguidores.

Esse jogo de luzes remete a ideia de que a luz acompanha a equipe de Harry Potter, não somente por eles serem o bem, a luta contra as trevas, mas também remetem a sabedoria que eles trazem pela instrução de seus professores mentores. O escuro é

o desconhecido que vem pela frente, o destino de cada um deles, impossível de saber o que virá.

Harry Potter, porém, tem em suas mãos dois objetos que poderão ajudá-lo nesse desconhecido: sua varinha, ou seja, sua arma de proteção pessoal, de proteção aos seus colegas, que abrirá seu caminho e iluminará a escuridão, e também a profecia, objeto que diz sobre seu futuro e o futuro do Lord das Trevas. Com a profecia em mãos, há também o simbolismo de que Harry Potter está com o seu destino nas mãos, que ele deverá cumprir o objetivo de derrotar o seu inimigo e livrar a nação bruxa das trevas.

As personagens estão em um leve contra plongeé, o que traz a ideia de enfrentamento, demonstrando que os mesmos têm coragem. O queixo de Harry Potter e dos colegas está levemente para cima, como se estivessem encarando o perigo, ressaltando ainda mais a ideia de determinação.

A frase “A rebelião vai começar” é uma amostra do conteúdo que está por vir no filme. O espectador que assistiu ao filme anterior sabe das circunstâncias que o garoto terá que enfrentar nesse quinto filme, porém ao dizer que haverá uma rebelião, dará a ideia ao espectador de que um conjunto irá contra algo. No caso, a rebelião acontecerá para desconstruir algo que já está constituído, o mal.

Pôster final de Harry Potter e a Ordem da Fênix para os cinemas (Imagem 34)

Vemos Harry Potter e sua equipe formada por seus colegas de Hogwarts, só que, diferente do outro pôster oficial, anteriormente apresentado neste trabalho, as personagens estão com suas vestes da escola. Simbolicamente, podemos dizer que as roupas da escola podem ser comparadas a uma armadura, a um uniforme de exército que dá igualdade a todos, mostrando que são uma legião de alunos que buscam o bem e que defendem a “bandeira” que vestem: a bandeira da escola, defendem seus colegas, a nova geração bruxa que luta contra o mal. Se levarmos em consideração o contexto da narrativa desse quinto longa, essa legião de alunos que se juntam para combater o mal são a chamada Armada de Dumbledore, organizada por Hermione Granger e Rony Weasley para que Harry Potter ajude os

demais colegas a praticar para futuras possíveis lutas contra Lord Voldemort e seus seguidores.

Também diferente do outro pôster oficial, as personagens não estão em um momento da narrativa, mas estão inseridos numa fotografia, perceptível pelas imagens sangradas.

Em primeiro plano enxergamos a principal arma de proteção de Harry Potter, sua varinha. Além disso, seus colegas também estão com as varinhas a postos, prontos para qualquer enfrentamento que esteja por vir.

Observamos aqui as personagens de baixo para cima, e o olhar de Harry Potter ganha destaque pela seriedade que leva. A parte direita de seu rosto está escurecida devido a falta de foco de luz: há iluminação aos lados e de trás. Se pensarmos novamente no contexto da narrativa, sabemos que é um momento em que Harry Potter está enfrentando uma crise de identidade, ele se questiona se está pendendo para o lado das trevas após a reflexão de que tem muitas características semelhantes ao seu inimigo. Essa parte “obscura” do rosto de Harry Potter pode remeter ao outro lado que Harry Potter acredita que está dentro de si, o lado sombrio, o lado das trevas. Por outro lado, a face esquerda do menino está iluminada, já aproximando a ideia do bem, o lado que acredita de fato fazer parte e pelo qual vale a pena lutar.

Em geral, pôsteres têm também o objetivo de promover um atrativo aos espectadores, estimular as pessoas a querer assistir ao filme, a desvendar os mistérios por trás de suas frases e imagens enigmáticas. Por esse conjunto de elementos presentes nos pôsteres que podem influenciar o possível público-alvo, ressalta-se Bakhtin:

Não se pode construir uma enunciação sem modalidade apreciativa. Toda enunciação compreende antes de mais nada uma orientação

apreciativa. É por isso que, na enunciação viva, cada elemento

contém ao mesmo tempo um sentido e uma apreciação. (BAKHTIN, 2012, p. 140).

Esse contato também permite que o espectador crie expectativas e busque as respostas para os mistérios. Sobre isso, Morin reflete:

O espectador ativo colabora tanto quanto autores de uma produção. [...] Assim, o espectador que reliza o filme, confere-lhe todas as racionalizações da percepção, e irrealiza, ao mesmo tempo, esta realidade que acabou de fabricar, situa-a entra-empiricamente, vive-a afetiva e não praticamente, interioriza as suas respostas em vez de as exteriorizar em atos. (MORIN, 1997, p. 182).

Por fim, podemos dizer que há um envolvimento simbólico do público-alvo pelo filme mesmo anterior a experiência propriamente dita, ou seja, mesmo antes de se assistir ao filme a pessoa se envolve naquele mundo.

3. TRANSFIGURAÇÃO

Do outro lado de Harry, Percy e Hermione conversavam sobre as aulas.

— Espero que elas comecem logo, tem tanta coisa para a gente aprender, estou muito interessada em Transfiguração, sabe, transformar uma coisa em outra, claro, dizem que é muito difícil, a pessoa começa aos poucos, fósforos em agulhas e coisas pequenas assim. (ROWLING, 2000, p. 111)

3.1 A magia

Na saga Harry Potter uma das disciplinas ensinadas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts é a Transfiguração. Nestas aulas, os alunos aprendem a transformar objetos e seres em outras formas distintas do que eram inicialmente. Aqui, aproximaremos a magia da Transfiguração ao processo de transformação de um texto em uma forma para outro meio distinto, como é o caso de nosso objeto de estudo em questão, a transposição de um produto literário para um filme.

Nesta parte do trabalho procuraremos compreender o processo que Harry Potter texto literário passou para se tornar produto cinematográfico. Para entender melhor a relação estabelecida entre os livros de Harry Potter e os demais produtos e mídias para as quais a obra foi transposta, não apenas os filmes, abordaremos as definições de Genette (2012, p. 18) que estabelece "por hiper-textualidade toda relação que une um texto B ([...] hipertexto) a um texto anterior A ([...] hipotexto) do qual ele brota [...].". Sendo assim, consideramos aqui a série literária Harry Potter (os sete livros pertencentes à narrativa publicados por Rowling entre os anos 1997 e 2007) como "texto A", ou seja, o hipotexto (produto original).

As diversas adaptações dos livros em forma de filmes, parque temático e site,

games, peça de teatro e livros publicados pela própria autora da série que são obras

pertencentes ao mundo bruxo, mas que não narram a história de Harry Potter serão tidas como "textos B", portanto, como hipertextos. O gráfico a seguir passa a ilustrar este conceito:

Gráfico 1: Exemplo dos objetos de estudo em relação de hipertextualidade. Série literária Harry Potter

(livros lançados entre 1997 e 2007)

Adaptações cinematográficas da série Harry Potter

(filmes lançados entre 2001 e 2012).

The Wizarding World of Harry Potter

(mundos em parques temáticos inaugurados em 2010 e 2014).

Pottermore

(site interativo e com conteúdos inéditos lançado em 2009).

Livros que se passam no mesmo universo de Harry Potter, mas

que não narram a história da personagem.

(Exemplos: Quadribol Através dos

Séculos e Animais Fantásticos e Onde Habitam, lançados em 2001).

Video games

(lançados entre 2001 e 2012, após

a estreia dos filmes). Outros produtos.

Hipotexto (texto original)

Hipertextos (textos baseados no orginal)

Genette (2012, p. 22) ainda caracteriza a definição de hipertexto como "todo texto derivado de um texto anterior por trans-formação simples [...] ou por transformação indireta [...].". No caso de nosso objeto de estudo, o processo foi a transformação de uma mídia (literária) em outra plataforma, outra mídia (cinematográfica), ou seja, a transformação de um sistema em outros.

O termo "mídia" utilizado anteriormente pode ser definido:

[...] como um meio de comunicação convencionalmente distinto, especificado não só por canais (ou um canal) de comunicação particular(es), mas também pelo uso de um ou mais sistemas semióticos que servem para transmitir mensagens culturais. (CLÜVER, 2006, p. 34)

Entendendo que nesse processo diferentes mídias estão envolvidas, ou seja, são diferentes canais de comunicação, a transposição da obra literária Harry Potter para demais mídias estabelecem uma relação de intermidialidade, pois há processo de transcodificar uma mídia a outra diferente.

Termo genérico para todos aqueles fenômenos que (como indica o prefixo inter-) de alguma maneira acontecem entre as mídias. ‘Intermidiático’, portanto, designa aquelas configurações que têm a ver com o cruzamento de fronteiras entre as mídias [...]. (RAJEWSKY, 2012, p. 18).

Ainda sobre a relação de transformação entre mídias, é importante salientar que para se tornar um produto cinematográfico, o produto literário Harry Potter passou por um processo de adaptação. Tendo em vista a consideração feita por Hutcheon (2011, p. 09), devemos compreender como “uma forma de transcodificação de um sistema de comunicação para outro.”.

Vale ressaltar que processos de adaptação são de extrema importância para o meio cultural, pois são capazes de conservar, renovar, recontar histórias através de

A adaptação é (e sempre foi) central para a imaginação humana em todas as culturas. Nós não apenas contamos, como também recontamos nossas histórias. E recontar quase sempre significa adaptar – “ajustar” as histórias para que agradem ao seu novo público. (HUTCHEON, 2011, p. 10)

Como tratamos de uma passagem de livro para filme, podemos falar que os dois meios midiáticos podem possuir algumas características que se aproximam. Brito (2006, p. 07) afirma que existem afinidades semióticas entre o cinema e a literatura: entre a verbalidade da literatura e a iconicidade do cinema. O autor expõe seu levantamento em relação ao cinema:

Uma arte heterogênea que soma características básicas das outras modalidades de arte existentes, um autentico compósito que sintetiza em si mesmo, entre outras coisas: a plasticidade da pintura, o movimento e o ritmo da música e da dança, a (pseudo)tridimensionalidade da escultura e a arquitetura, a dramaticidade do teatro e a narratividade da literatura. (BRITO, 2006, p. 135).

Por esse ponto de vista compreendemos que o cinema traz em sua completude diversas características que se aproximam de outras reproduções midiáticas e consegue ser capaz de reproduzir uma ideia, um pensamento, uma história com as mesmas características das demais artes em conjunto.

Eagleton (1994, p. 04) ressalta uma das características da literatura como: “Uma reunião mais ou menos arbitrária de ‘artifícios’ [...]. Os ‘artifícios’ incluem som, imagens, ritmo, sintaxe, métrica, rima, técnicas narrativas; [...].”. A partir desta fala conseguimos aproximar a literatura com o cinema, uma vez que o mesmo é “constituído” de uma base de sons e imagens, o ritmo pode ser assemelhado ao desenrolar do filme, a sequência de conteúdos narrados, a sintaxe compara-se à linguagem utilizada, porque bem como existe uma linguagem literária há uma linguagem cinematográfica, a métrica e a rima, como características de uma

construção poética no cinema também pode ser aproximada à sua linguagem, técnicas narrativas também estão presentes na construção do conteúdo de um filme. A referência principal para nossa melhor compreensão será buscada a partir das contribuições de Julio Plaza acerca da Tradução Intersemiótica, uma vez que a passagem entre as mídias a serem estudadas consiste na tradução entre linguagens distintas (2010, p. 11): “A Tradução Intersemiótica [...] consiste na interpretação dos signos verbais por meio de sistemas de signos não verbais, ou de um sistema de signos para outro.”. Ainda sobre a definição, o mesmo autor reflete:

A Tradução Intersemiótica se pauta, então, pelo uso material dos suportes, cujas qualidades e estruturas são os interpretantes dos signos que absorvem [...]. Diz mais respeito às transmutações intersígnicas do que exclusivamente à passagem de signos linguísticos para não-linguisticos. (PLAZA, 2010, p. 67).

No caso de nosso objeto de estudo, estamos trabalhando a partir de um sistema trabalhado com signos verbais – Harry Potter literatura – que passa a ser interpretado com signos não verbais – Harry Potter filme (que podemos considerá-lo como “adaptador” do primeiro meio) – portanto, dizemos que há transmutações intersígnicas, no caso, o processo pode ser caractreizado como uma tradução. Diferente de uma tradução entre dois idiomas, ou seja, de uma tradução interlingual, a qual ocorre um processo em um mesmo meio, na tradução intersemiótica são levadas em consideração as relações entre sentidos em meios e códigos distintos. O ato tradutório seria o intervalo entre uma imagem passada para uma nova imagem, essa imagem passada exerce uma influência no produto presente, sendo este paralelo e recíproco ao original, mas ainda assim autônomo. Sobre isso, Plaza articula:

Tradução é [...] repensar a configuração de escolhas do original, transmutando-a numa outra configuração seletiva e sintética. [...] Criação e tradução se confundem num único objeto: renovar [...]. (PLAZA, 2010, p. 40).

Ressaltamos novamente que numa tradução intersemiótica ocorre uma tradução entre diferentes signos, tendo este como algo que representa uma ideia a partir de um veículo que o comunica. Salientando que, em uma tradução o processo é crítico- criativo, entendemos que o tradutor deverá ter um original como leitura base a qual fará uma nova leitura, ou seja, uma releitura, uma reescritura, uma re-produção e esse novo produto exigirá do mesmo novas características que tornarão o novo não apenas como autêntico, mas como um complemento. Essa complementaridade entre o original e a tradução propõe um trânsito de sentidos e formas, criando um diálogo entre os signos, uma reescritura da história.

A seguir será ilustrado por meio de um gráfico, exemplificado a partir de nosso objeto de estudo, Harry Potter e a Ordem da Fênix, a questão da criação no processo de tradução intersemiótica conforme explicado por Julio Plaza (2010, p 08):

Na medida em que a criação encara a história como linguagem, no que se diz respeito a tradução, podemos aqui estabelecer um paralelo entre o passado como ícone, como possibilidade como original a ser traduzido, o presente como índico, como tensão criativo-tradutora, como momento operacional e o futuro como símbolo, quer dizer, a criação à procura de um leitor.

Gráfico 2: Exemplo dos objetos de estudo em um processo de tradução intersemiótica.

Nesse processo de tradução entre meios, ressalta-se que houve uma adaptação, logo o novo signo produzido (o filme) representa o seu objeto original (livro) em outra linguagem distinta que, apesar de se aproximarem, conforme discutido anteriormente, não são idênticas e diferem-se em certos aspectos, podendo atribuir, inclusive, novas qualidades materiais que permitirão interpretações na relação entre os signos ou até mesmo novas interpretações conforme defende Julia Plaza (2010, p. 23): "A linguagem, que acentua seus caracteres materiais, distrai-se da incompletude do signo e dos significados fechados para tornar-se completa e aberta à interpretação.".

O momento operacional se caracteriza por uma tensão criativo-tradutora porque o tradutor deverá encontrar alternativas que realizem a passagem de um meio para o outro em sua completude através de procedimentos de transição de linguagens,

Objeto Original: livro Harry

Potter e a Ordem da Fênix

(escrito) por J. K. Rowling.

Objeto Traduzido: filme Harry

Potter e a Ordem da Fênix

(dirigido) por David Yates. PASSADO - ÍCONE