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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2.1 Padrões de jogo encontrados para as condutas de Desenvolvimento do Processo Ofensivo

Antes de discutirmos os dados obtidos convém referir, tal e qual é referido no estudo de Silva (2004), dos cerca de noventa (90) processos ofensivos que uma equipa tem, em média, num jogo, só uma percentagem muito reduzida termina com remate à baliza, e destes, apenas um número irrisório termina em GOLO!

Algumas condutas de Desenvolvimento do Processo Ofensivo possibilitam a continuidade do PO e são activadas, excitando essencialmente as zonas do sector defensivo e do sector intermédio defensivo; e outras estão ligadas ao processo de criação de situações de finalização e/ou finalização, sendo activadas e excitando principalmente zonas do sector médio ofensivo e ofensivo.

CONDUTA CRITÉRIO: Desenvolvimento do Processo Ofensivo por acção

individual (DPi)

Quadro 4.1 Padrão de conduta ou “max lag” definitivo para a conduta critério de Desenvolvimento do Processo Ofensivo por acção individual, tendo como condutas objecto as condutas comportamentais (IPO, DPO, FPO); as condutas estruturais (ETJ) e as contextuais (CJ e RJ).

Desenvolvimento do Processo Ofensivo por acção individual (DPi)

CONDUTA CRITÉRIO

Desenvolvimento do Processo Ofensivo por acção individual (DPi)

R -5 R -4 R -3 R -2 R -1 Análise Retrospectiva- Prospectiva R +1 R +2 R +3 R +4 R +5 IPpcpr (2.32) IPplprsv (2.23) Condutas comportamentais Início (IPO) DPpclg (2.29) DPpmprcv (2.05) DPi (11.48) DPpmprcv (11.1) DPpcpr (7.24) DPpmprsv (10.72) Desenvolvimento (DPO) DPpmprcv (7.13) DPpmlgcv (5.71) DPpmprsv (5.43) DPi (12.44) DPcrz (2.11) DPi (3.05) Finalização (FPO) Fof (4.52) Fgl (2.82) Fgra (2.21) 1 (2.38) 7 (3.23) Condutas estruturais 10 (5.33) 12 (4.37) 11 (5.08) 11 (2.41) 12 (2.19) 10 (2.13) 11 (2.01) Espacialização (ETJ) Pinf (2.67) - Psup (2.58) Condutas contextuais

Pinf (6.2) Pinf (6.1) - Pinf (2.46)

Centro do Jogo (CJ) RJr

(2.56) - RJr (8.43) Ritmo de Jogo (RJ)

A partir da análise do Quadro 4.1 podemos verificar que a conduta de Desenvolvimento do Processo Ofensivo por acção individual apresenta uma grande expressão tanto retrospectiva como prospectivamente, no que diz respeito às condutas regulares/comportamentais, estruturais e contextuais.

Através da análise dos dados observa-se também que após a recuperação da posse de bola com passes em profundidade (sem variação de corredor), a condução e o drible são condutas que permitem a progressão da bola para zonas de maior ofensividade até se chegar ao sector ofensivo.

A utilização de acções individuais em zonas de início/construção (1) poderá estar relacionada com o facto de haver respeito das equipas adversárias em relação às equipas analisadas, concedendo-lhes a iniciativa de jogo e baixando o seu bloco defensivo, permitindo que estas tenham algum espaço/tempo para progredir.

Por vezes o passe longo em profundidade associado a acções individuais no sector médio-ofensivo (7) e sobretudo no sector ofensivo (10, 11 e 12) é aproveitado no sentido de beneficiar da desorganização defensiva do adversário aquando da perda da posse de bola. Poderá ter a ver com recuperações efectuadas pelo Guarda-redes e sabemos que apesar de se atribuir maior importância/relevância ao jogo com os pés nesta posição específica, ainda há uma tendência grande de se recorrer ao pontapé longo na longitudinal, efectuado muitas vezes sem qualquer critério. Contudo, se for utilizado num contexto ajustado pode ser uma “arma” importante, provocando ruptura da dinâmica organizativa defensiva dos adversários.

Segundo Silva (2004), a condução de bola (e por inerência o drible) é uma conduta que pelas suas características facilita a progressão longitudinal no espaço de jogo e a superação de contextos menos favoráveis do ponto de vista ofensivo, transformando-os em situações de pré-finalização e/ou finalização.

Durante o Desenvolvimento do Processo Ofensivo, há uma forte relação excitatória entre as condutas por acção individual e as condutas de passe curto e médio em profundidade com ou sem variação de corredor de jogo (nos retardos -1 e +1). No fundo, isto poderá ser consequência do Princípio que refere que um jogador deverá passar se tiver um colega melhor colocado, mas se não tem deverá conduzir até que se crie uma nova possibilidade de passe.

As acções individuais podem acontecer também seguidas por um passe médio em largura com variação de corredor, como consequência da utilização das linhas de passe de segurança, sobretudo do médio-centro (pivô), quando o espaço de progressão está fechado num corredor lateral na zona média- ofensiva ou ofensiva. As equipas observadas têm um processo muito inteligente na posse/circulação da bola, pois antes que os adversários consigam fechar as linhas de passe mais próximas, mudam a orientação do jogo, transportando a bola para outras zonas e corredores.

Este processo poderá ser facilitado pela estruturação do losango no corredor central, o que permite que o jogo seja mais fluído, havendo sempre várias linhas de passe. Por vezes conseguem dar uma referência de marcação aos defesas centrais adversários e noutros momentos retiram-lhes essa

referência, gerando confusão e levando à desorganização da estrutura defensiva.

As condutas de Desenvolvimento do Processo Ofensivo por acção individual são ainda activadas por mais acções individuais, tanto em termos retrospectivos como prospectivos. Daqui se percebe a importância de se perceber que o Desenvolvimento do Processo Ofensivo deve evoluir em termos longitudinais, de mais ordem para menos ordem, de menos criativo para mais criativo, de maior rigor e disciplina táctica para menos rigor e liberdade táctica, de maior solidez técnica para maior repertório técnico (Silva, 2004).

As acções individuais como a condução e drible possuem ligações excitatórias com condutas de Final do Processo Ofensivo (retardo+1), tais como atingir o sector ofensivo com a bola controlada (Final do Processo Ofensivo com eficácia), o final por recuperação da posse de bola pelo Guarda- redes adversário (Final do Processo Ofensivo sem eficácia) e com a obtenção de golo (Final do Processo Ofensivo com eficácia).

Se o Processo Ofensivo não for interrompido (há alguma probabilidade da sua interrupção!), desenvolve-se por acção individual fundamentalmente no quarto de campo ofensivo, ou seja, nas zonas 10, 11 e 12, zonas associadas à criação de situações de finalização. No entanto, a relações excitatórias mais fortes acontecem nas zonas laterais mais ofensivas (10 e 12), associadas à presença de avançados fortes em situações de “um contra um” e na condução da bola, e também como resultado do repetido aparecimento de jogadores vindos de outras linhas/sectores para apoiar o Processo Ofensivo, tais como os laterais ou médios interiores.

Se pegarmos no exemplo da equipa do FC Barcelona constatamos que, tanto o Xavi como o Iniesta, concedem bastante profundidade ao seu jogo através de penetrações em condução pelos corredores laterais, demonstrando grande habilidade para resolver situações de ‘um contra um’ e criando várias situações de cruzamentos precisos para os seus companheiros. Esta condução de bola acontece muitas vezes em progressão para o corredor central (11) ou então seguida de cruzamento. Normalmente expressa-se a necessidade de reduzir a condução e o drible no jogo, mas, na nossa opinião, é importante que se incentive a sua utilização essencialmente no quarto de campo ofensivo e em

situações de igualdade numérica de menor complexidade (ex: 1x1, 2x2, até ao 4x46).

Estas acções individuais são contudo efectuadas com o jogador portador da bola pressionado e em contexto de interacção de inferioridade numérica. É fácil constatar e perceber que as equipas cada vez se desorganizam menos e atacam com menos jogadores, o que reflecte as grandes preocupações defensivas. Por outro lado, as equipas conseguem fazer as “basculações” defensivas de forma cada vez mais rápida e preparam o momento de organização defensiva mesmo antes de o enfrentarem.

Estes aspectos podem estar relacionados com as dificuldades de progressão no espaço longitudinal, originando ataques do tipo posicional e com inferioridade numérica em relação às equipas adversárias.

CONDUTA CRITÉRIO: Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe curto em

profundidade (DPpcpr)

Quadro 4.2 Padrão de conduta ou “max lag” definitivo para a conduta critério de Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe curto em profundidade, tendo como condutas objecto as condutas comportamentais (IPO, DPO, FPO); as condutas estruturais (ETJ) e as contextuais (CJ, RJ).

Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe curto em profundidade (DPpcpr)

CONDUTA CRITÉRIO

Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe curto em profundidade (DPpcpr)

R -5 R -4 R -3 R -2 R -1 Análise Retrospectiva- Prospectiva R +1 R +2 R +3 R +4 R +5 IPi (5.12) IPind (3.65) Condutas comportamentais Início (IPO) DPpcpr (2.27) - DPi (2.94) DPpllgcv (3.6) DPi (4.14) Desenvolvimento (DPO) DPpclg (7.92) DPi (7.18) Finalização (FPO) 5 (3.12) - Condutas estruturais 7 (2.31) 9 (2.09) Espacialização (ETJ) Psup (2.15) Psup (2.27) SPig (2.02) Condutas contextuais

Pig (2.18) SPinf (3.21) - SPig (2.55)

Centro do Jogo (CJ) Ritmo de Jogo (RJ)

Pela análise do retardo-1 no Quadro 4.2, podemos inferir que o passe curto em profundidade é activado através de recuperações da posse de bola

por acções individuais e no seguimento da fase estática do jogo, isto é, utiliza- se após uma infracção ou perda de bola dum adversário (a bola sai do terreno de jogo). A utilização deste tipo de passe após a recuperação da posse de bola terá a ver com o princípio de ‘olhar primeiro para a frente’ e fazer progredir a bola no terreno de jogo em segurança. É óbvio que o passe é tanto mais seguro e preciso quanto mais curta for a distância para o seu receptor.

Poderão ocorrer incursões em condução do Defesa central pelo seu corredor no ataque, de forma a criar situações pontuais de superioridade numérica. Por outro, o médio-centro (pivô), sempre que encontra a equipa adversária desequilibrada defensivamente, ou seja, com espaços entre os seus jogadores e sectores, joga ao primeiro toque preferencialmente em profundidade.

Durante o Desenvolvimento do Processo Ofensivo, a combinação entre os passes curtos em profundidade, com os passes curtos em largura e acções individuais reflecte uma tendência do jogo das equipas analisadas.

Ao contrário do que apresenta Laranjeiro (2009), neste estudo parece que o Processo Ofensivo não é condicionado pelo facto da bola permanecer na mesma zona. Isto terá a ver com um excelente jogo posicional e qualidade na recepção-passe. Note-se que apesar da bola permanecer na mesma zona, isto não acontece durante grandes períodos temporais, havendo frequentes mudanças nos corredores de jogo.

Quando se fala numa Filosofia de posse/circulação, é preciso que os jogadores estejam perto para que haja sempre muitas linhas de passe e o jogo se torne apoiado. As rotações e trocas de posição entre os jogadores do sector intermédio, formando um losango, facilitam o ‘carrocel’ que é criado e o qual é muito difícil contrariar pelos adversários porque a bola ‘viaja’ ao primeiro toque até que se crie espaços para conduzir a bola ou então os jogadores utilizam o drible para ultrapassar adversários e depois voltam a passar.

A criação dum losango no sector intermédio permite que haja sempre pelo menos três linhas de passe para o jogador portador da bola. As desmarcações entre-linhas e intra-linhas do adversário permitem que a bola possa progredir tanto por dentro como por fora no terreno de jogo até zonas de maior ofensividade. A circulação da bola deve ser encarada como um meio

de ‘crise táctica’ e espaços criados na ‘basculação’ defensiva que pode atrasar- se no fecho dos espaços vitais.

O passe curto em profundidade tem relações de excitação fundamentalmente com as zonas laterais 7 e 9 (zona média ofensiva). Quando se fala em jogo curto normalmente associamos a jogar ‘fácil’, sem riscos desnecessários e o passe é a forma mais rápida de progressão da bola para zonas mais avançadas.

A zona média é vital no jogo e requer jogadores com recursos técnicos e tácticos, que joguem com poucos toques e que ofereçam muita velocidade ao jogo durante as acções de passe. Normalmente, as equipas colocam muitos jogadores no centro do terreno, o que pode complicar a progressão pelo meio e isso direcciona o jogo para os corredores laterais, nomeadamente após circulação da bola com mudanças de corredor.

Em relação aos contextos de interacção no centro do jogo os dados não são explícitos.

CONDUTA CRITÉRIO: Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe curto em

largura (DPpclg)

Quadro 4.3 Padrão de conduta ou “max lag” definitivo para a conduta critério de Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe curto em largura, tendo como condutas objecto as condutas comportamentais (IPO, DPO, FPO); as condutas estruturais (ETJ) e as contextuais (CJ, RJ).

Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe curto em largura (DPpclg)

CONDUTA CRITÉRIO

Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe curto em largura (DPpclg)

R -5 R -4 R -3 R -2 R -1 Análise Retrospectiva- Prospectiva R +1 R +2 R +3 R +4 R +5 IPind (2.63) Condutas comportamentais Início (IPO) DPplprcv (2.42) DPpcpr (6.87) DPi (3.84) Desenvolvimento (DPO) DPpmat (3.12) DPpcpr (2.96) DPi (2.8) Finalização (FPO) 11 (2.99) - 8 (2.11) - 7 (4.32) 9 (2.97) Condutas estruturais 7 (4.53) 9 (4.1) Espacialização (ETJ) Pinf (3.3) Pinf (2.83) Condutas contextuais SPig (4.14) SPinf (3.92) Pig (2.6) Pig (2.21) Centro do Jogo (CJ) RJl (2.64) Ritmo de Jogo (RJ)

Conforme se pode observar a partir do Quadro 4.3, a conduta de passe curto em largura é utilizada pelas equipas para iniciar o Processo Ofensivo de forma indirecta.

Por aquilo que foi possível analisar, os jogadores deram preferência a este tipo de conduta, na medida em que as equipas adversárias recuavam, esperando que a bola fosse colocada através dum passe médio/longo em zonas do último quarto de campo ofensivo. É um sinal de que há uma opção no sentido da segurança do passe e da continuidade do Processo Ofensivo.

Principalmente no retardo -1 (análise retrospectiva), mas também no retardo +1 (análise prospectiva) é, mais uma vez possível conferir a relação excitatória entre o passe curto em largura e o passe curto em profundidade no Desenvolvimento do Processo Ofensivo. Esta ligação poderá estar relacionada com as triangulações entre os médios, uma vez que a bola tem de passar por

estes jogadores para que tudo tenha sentido e estas equipas organizam-se através das suas missões tácticas em campo.

Depois da conduta de passe curto em largura há probabilidade/regularidade na continuidade do atraso no Centro de Jogo, activando a conduta de Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe médio atrasado.

Constata-se que o passe curto em largura surge na sequência dum ritmo de jogo mais lento nos corredores laterais (zonas médio-ofensivas 7 e 9), num contexto que é desfavorável ao portador da bola (inferioridade numérica), sendo utilizado como meio para colocar a bola num jogador sem pressão (SPig/SPinf), mudando-se depois o Centro de Jogo para outro espaço através do passe médio atrasado. Nas equipas observadas e principalmente na equipa do FC Barcelona é visível o prolongar da posse, demorando na progressão até haver boas condições para a bola entrar nos espaços criados e para isso por vezes a bola tem de ir atrás para fazer ‘rodar’ o jogo para outro corredor. A utilização dos jogadores-janela, situados atrás do jogador com bola, funcionando como cobertura ofensiva e como libertadores de jogo adequam-se a este contexto.

Como já referimos anteriormente a variabilidade na utilização dos espaços evita a mecanização do jogo de ataque, contrariando as forças defensivas do adversário que normalmente se concentram na zona onde está a bola. A conduta de passe curto em largura é o início dessa tentativa de mudança de ângulo pelas linhas de passe atrasadas (de segurança).

CONDUTA CRITÉRIO: Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe médio

atrasado (DPpmat)

Quadro 4.4 Padrão de conduta ou “max lag” definitivo para a conduta critério de Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe médio atrasado, tendo como condutas objecto as condutas comportamentais (IPO, DPO, FPO); as condutas estruturais (ETJ) e as contextuais (CJ, RJ).

Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe médio atrasado (DPpmat)

CONDUTA CRITÉRIO

Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe médio atrasado (DPpmat)

R -5 R -4 R -3 R -2 R -1 Análise Retrospectiva- Prospectiva R +1 R +2 R +3 R +4 R +5 IPpmprsv (2.24) IPind (2.66) IPpmprsv (2.57) Condutas comportamentais Início (IPO) DPpmprsv (2.45) DPpmprsv (3.06) Desenvolvimento (DPO) DPplprsv (3.22) DPplprcv (2.38) DPi (2.33) DPpmat (2.34) DPplprcv (2.7) DPpmprsv (2.24) DPplprcv (2.34)

Finalização (FPO) Finf (3.42)

Fbad (3.02) 8 (2.68) 9 (2.23) 12 (2.16) Condutas estruturais 1 (7.4) 4 (6.16) 6 (5.64) Espacialização (ETJ)

SPig (2.77) - Pig (4.25) Pig (4.25)

Condutas contextuais SPsup (5.72) SPig (3.57) Psup (2.99) SPsup (4.56) Centro do Jogo (CJ) Ritmo de Jogo (RJ)

O Quadro 4.4 permite confirmar que as saídas para o ataque através de passes médios em profundidade sem variação de corredor induzem a conduta de Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe médio atrasado (sem variação de corredor). Provavelmente, depois do passe em profundidade (para a frente da linha da bola), o seu receptor foi imediatamente colocado sob pressão intensa, obrigando-o a jogar para trás novamente para que o Processo Ofensivo pudesse ter continuidade em zonas mais recuadas.

A recuperação da posse de bola de forma indirecta (depois duma infracção às leis de jogo ou bola para fora do terreno de jogo) também pode excitar a conduta de passe médio atrasado, sendo a justificação semelhante à que demos anteriormente em relação ao passe curto em largura.

Ao nível do Desenvolvimento do Processo Ofensivo, é igualmente o passe médio em profundidade sem variação de corredor de jogo que excita o

sobretudo o passe longo em profundidade com ou sem variação do corredor de jogo e as acções individuais.

Ora, no mesmo retardo +1 observa-se que há uma interrupção do Processo Ofensivo através da recuperação da posse de bola pela equipa adversária ou através duma perda da posse de bola por infracção às leis de jogo cometida pela equipa atacante no sector ofensivo, ou passe errado no qual a bola sai do terreno de jogo.

O Final do Processo Ofensivo poderá ter a ver com o menor grau de precisão que acontece quando se executa um passe de longo alcance.

Sabemos que em equipas de rendimento superior como as seleccionadas, os jogadores possuem uma qualidade táctico-técnica muito acima da média, mas ainda que seja pouco utilizado, um passe longo é quase sempre uma conduta que acarreta consigo muito risco de êxito. Ainda assim, a mudança frequente de espaços e a variabilidade de respostas obriga os adversários a um maior desgaste físico e psíquico porque aumenta os seus deslocamentos.

Há uma primazia pela adopção de soluções tácticas pelo lado da segurança, isto é, executando acções que não induzam a perda extemporânea da posse de bola.

Em relação à conduta objecto de espaço refira-se que retrospectivamente é activada pelas zonas de sector intermédio-ofensivo (8 e 9) e ofensivo (12) e prospectivamente, esta conduta excita com elevada força de coesão as zonas do sector defensivo (1) e do sector intermédio-defensivo (4 e 6).

Isto quer dizer que sobretudo na zona intermédia, onde há usualmente uma grande densidade de jogadores de ambas as equipas, é sentida uma necessidade imperial de fazer atrasar a bola para encontrar os espaços de entrada na organização defensiva do adversário.

No que diz respeito ao Centro do Jogo, a conduta do passe médio atrasado, é excitada, retrospectivamente, em contexto de interacção de pressão sobre o portador da bola e em igualdade numérica, sendo utilizada no sentido de evitar que as forças defensivas se concentrem na zona da bola e para que o Processo Ofensivo possa continuar noutras zonas do terreno de jogo.

Na realidade, esta conduta critério de Desenvolvimento do Processo Ofensivo provoca de seguida contextos favoráveis de superioridade numérica, maioritariamente sem pressão sobre o jogador portador da bola.

Se dedicarmos alguns minutos de atenção sobre os adversários das equipas observadas percebemos que estes defendem com o seu bloco defensivo muito baixo, ainda que haja um indicador para subir ligeiramente após um passe para trás e fundamentalmente aquando a bola entrar num corredor lateral. Esta acção de pressing que se desenvolve nos corredores laterais está relacionada com a utilização do passe médio atrasado.

CONDUTA CRITÉRIO: Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe médio

em profundidade sem variação de corredor (DPpmprsv)

Quadro 4.5 Padrão de conduta ou “max lag” definitivo para a conduta critério de Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe médio em profundidade sem variação de corredor, tendo como condutas objecto as condutas comportamentais (IPO, DPO, FPO); as condutas estruturais (ETJ) e as contextuais (CJ, RJ).

Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe médio em profundidade sem variação de

corredor (DPpmprsv)

CONDUTA CRITÉRIO

Desenvolvimento do Processo Ofensivo por passe médio em profundidade sem variação de

corredor (DPpmprsv) R -5 R -4 R -3 R -2 R -1 Análise Retrospectiva- Prospectiva R +1 R +2 R +3 R +4 R +5 IPgr (2.22) IPpmlgcv (2.55) IPgr (2.62) - Condutas comportamentais Início (IPO) DPpmprcv (2.77) DPi (5.99) Desenvolvimento (DPO) DPi (8.55) DPpmat (3.15)

Finalização (FPO) Finf (3.42)

Fbad (3.02) 4 (3.65) 5 (2.88) 2 (3) 1 (2.15) 2 (4.8) 1 (3.58) 3 (2.59) 4 (2.42) Condutas estruturais 10 (5.99) 12 (4.65) 8 (3.44) Espacialização (ETJ) SPsup (4.68) SPsup (2.93) Condutas contextuais

Pinf (7.42) Pinf (3.44) Pinf (2.61) - SPsup

(2.27) Centro do Jogo

(CJ) Ritmo de Jogo (RJ)

Como é visível a partir do Quadro 4.5, a recuperação da posse de bola pelo Guarda-redes da equipa observada (na zona 2), associada a uma saída curta pelo defesa mais próximo (lateral ou central) é facilitada pelo facto das

equipas adversárias fazerem recuar as linhas mais adiantadas para trás da linha da bola quando a perdem.

Quando o Guarda-redes recupera a bola deve analisar se a equipa adversária se encontra recuada no terreno de jogo e organizada/equilibrada sob o ponto de vista defensivo e, como tal acontecia sistematicamente, este optava pelo método de jogo ofensivo de ataque posicional.

Habitualmente no início do Processo Ofensivo, os defesas laterais ‘abrem’ para a linha lateral no sentido de aumentar o espaço de jogo em largura e profundidade e nesse caso, a bola entrava mais frequentemente no defesa central, mas chegava ao defesa lateral do lado contrário à recuperação da posse de bola. O defesa central/lateral que recebia a bola do Guarda-redes iniciava condução de bola sem pressão nenhuma para avançar no terreno de