3.2 EDUCAÇÃO E O MEIO DIGITAL
3.2.4 Panorama da EAD no Brasil
Segundo o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira), responsável pelo Censo da Educação Superior, divulgado
anualmente, o número de novos alunos em cursos de graduação a distância tem
crescido substancialmente nos últimos anos, dobrando sua participação no total de
ingressantes, de 20% em 2008 para 40% em 2018. Nos últimos 5 anos, as novas
matriculas nos cursos de graduação presenciais diminuíram 13% (INEP, 2019a,
p.20).
Segundo o Censo, o aumento dos ingressantes em cursos de graduação,
entre 2017 e 2018, é ocasionado, exclusivamente, pela modalidade a distância, que
teve uma variação positiva de 27,9% no período. Já os cursos presenciais sofreram
uma variação de -3,7% (INEP, 2019b, p.15). O número de matrículas a distância
atingiu mais de 2 milhões, em 2018, o que representa uma participação de 24,3% do
total de inscrições de graduação (INEP, 2019b, p.20).
Gráfico 01 - Distribuição das matrículas em 2018
Fonte: produzido pela autora com base no Censo da Educação Superior (INEP, 2019b).
Segundo o estudo “Um ano do Decreto EAD: O impacto da educação a
distância na expansão do ensino superior brasileiro”, divulgado em maio de 2018
pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), caso
ambos os modelos mantiverem as atuais taxas de crescimento anual, a EAD irá
superar a modalidade presencial até 2023 (ABMES, 2018, p.12). Esse dado
demonstra o potencial do mercado para a EAD e como os esforços de
pesquisadores se fazem necessário para o aperfeiçoamento dos processos
educacionais direcionados a esse tipo de curso.
Com relação aos alunos concluintes, o Censo do INEP afirma que, em 2018,
mais de um milhão e duzentos mil estudantes concluíram educação superior de
graduação no Brasil. Após a queda ocorrida em 2016, o número de concluintes na
modalidade a distância teve uma oscilação positiva em 2017 e em 2018,
aumentando a sua participação de 19,7%, em 2016, para 21,7%, em 2018. No
modelo presencial, esse número é de 78,3% (INEP, 2019b, p.31).
O estudo do INEP afirma que o típico aluno de cursos de graduação EAD,
em geral, cursa o grau acadêmico de Licenciatura Ao contrário dos estudantes da
modalidade presencial, que, em sua maioria, cursa Bacharelado (INEP, 2019b,
p.10).
O Censo de 2018 trouxe um dado sobre essa questão que merece
destaque. Pela primeira vez na série histórica do INEP, o número de alunos
matriculados em Licenciatura nos cursos a distância (50,2%) superou o número de
alunos matriculados nos cursos presenciais de licenciatura (49,8%) (INEP, 2019b,
p.25).
Segundo a ABMES, os perfis dos estudantes que escolhem os cursos EAD
são, em sua maioria, mulheres. Elas correspondem a 62% dos alunos, enquanto que
os homens representam 38% dos estudantes.
A faixa etária dos alunos é dividida da seguinte maneira: 12% deles têm até
24 anos; 21% estão na faixa de 24 a 30 anos; 38% têm entre 31 e 40 anos; e 29%
são acima de 40 anos (ABMES, 2018, p.19).
Gráfico 02 - Gênero dos alunos da EAD
Fonte: produzido pela autora com base no documento “Um ano do Decreto da EAD”
(ABMES, 2018).
Com base nas informações acima, o fato de ter mais mulheres entre os
alunos da EAD, está alinhado com os dados do IBGE que afirmam que as mulheres
estudam mais que os homens. Segundo o Instituto, na faixa dos 25 a 44 anos de
idade, 21,5% das mulheres completaram a graduação, contra 15,6% dos homens
(IBGE, 2019).
A EAD é uma oportunidade para as mulheres continuarem seus estudos e,
poderem assim, investir em sua formação, apesar da jornada dupla que muitas são
expostas em sua rotina. O estudo do IBGE também afirma que as mulheres
trabalham, em média, três horas por semana a mais do que os homens, combinando
trabalhos remunerados, afazeres domésticos e cuidados de pessoas (IBGE, 2019).
Gráfico 03 - Faixa etária dos alunos da EAD
Fonte: produzido pela autora com base no documento “Um ano do Decreto da EAD”
(ABMES, 2018).
A ABMES afirma que 26% dos alunos de EAD pertencem às classes sociais
A e B, enquanto que 59% são da classe C e 15% das classes D e E. A pesquisa
apontou que 83% dos alunos trabalham 62% são casados e 75% são oriundos de
escolas públicas. Entre os alunos entrevistados, 23% participaram da última prova
do ENEM (ABMES, 2018, p.19).
Fonte: produzido pela autora com base no documento “Um ano do Decreto da EAD”
(ABMES, 2018).
Gráfico 05 - Origem dos alunos da EAD
Fonte: produzido pela autora com base no documento “Um ano do Decreto da EAD”
(ABMES, 2018).
Os gráficos acima demonstram como os alunos pertencentes as faixas C, D
e E e provenientes de escolas públicas são a maioria entre os discentes da EAD.
Como forma de justificar esses números, alguns pontos podem ser levantados para
reflexão:
• Os cursos EAD são oferecidos com preços mais acessíveis comparados aos
cursos presenciais, o que já os tornam mais atrativos para esses públicos;
• As classes mais pobres, de uma forma geral, residem em locais mais
distantes dos grandes centros, o que implica em um maior tempo de
deslocamento. A decisão de estudar um curso online é uma oportunidade
para aqueles que querem se dedicar aos estudos utilizando o tempo de
trajeto entre casa e trabalho para essa finalidade, já que, como mostrado
anteriormente, a maioria dos alunos trabalham. Há também a opção de
estudar em casa e ter, dessa maneira, mais tempo para se dedicar aos
estudos;
• Outro fator relevante é o fato do aluno, por meio da EAD, conseguir ter
acesso à Universidades Públicas e Privadas, que na modalidade presencial
seriam mais concorridas. Essa é uma oportunidade para ter acesso a
professores e conteúdo de qualidade superior.
Gráfico 06 - Condição de trabalho dos alunos da EAD
Fonte: produzido pela autora com base no documento “Um ano do Decreto da EAD”
(ABMES, 2018).
Gráfico 07 - Estado civil dos alunos da EAD
Fonte: produzido pela autora com base no documento “Um ano do Decreto da EAD”
(ABMES, 2018).
Os gráficos 6 e 7 completam a análise e corroboram com o fato de que a
maioria dos estudantes da EAD são trabalhadores, casados e acima dos 40 anos.
Eles buscam na modalidade a distância uma forma de adaptar suas rotinas e
inúmeras responsabilidades, com os estudos e aperfeiçoamento individual.
No documento
AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO ACADÊMICA CIENTÍFICA BRASILEIRA
(páginas 51-56)