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3 FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA

3.1 Panorama da Revisão Bibliográfica

No Brasil, na medida em que o Mercado de Seguros foi se expandindo, surgiram estudos acadêmicos sobre contabilidade de seguros e de análise econômico-financeira das demonstrações financeiras das companhias seguradoras. No entanto, ao longo desses 30 anos de produção acadêmica, nota-se pelos trabalhos analisados, os quais estão sendo apresentados em ordem cronológica, que há poucos estudos ou trabalhos acerca do resultado operacional, bem como de análises econômico-financeira com a aplicação dos índices combinados.

Florentino (1976), um dos precursores escritores da Contabilidade Brasileira, apresentou em sua obra um estudo dos principais indicadores econômico-financeiros para uma realização da análise de balanço das companhias de seguros. O autor realizou, também, uma revisão das principais normas gerais de auditoria e de contabilidade. Contudo, não faz menção quanto à utilização de indicadores de desempenho provenientes do resultado operacional, uma vez que nessa época, esses índices não eram comumente conhecidos.

Alguns anos depois, Standerski & Kravec (1979) estudaram sobre a estrutura organizacional e de funcionamento de uma companhia de seguros, as normas e práticas contábeis de contabilidade editadas pelo CNSP e SUSEP, bem como as demonstrações contábeis de uma

seguradora. O trabalho aborda, também, sobre os aspectos técnicos e contratuais da atividade de seguros e as provisões técnicas. Ressalta-se que o foco de análise desses autores foi, basicamente, em aspectos conceituais e normativos vigentes na época.

Em 1985, preocupado com a necessidade de apuração adequada do resultado operacional das companhias seguradoras, uma vez que na época, seguindo a orientação da SUSEP, as seguradoras classificavam a correção monetária como um resultado patrimonial, Standerski aborda em sua tese a questão do impacto da correção monetária dos ativos garantidores das provisões matemáticas na análise do resultado operacional das seguradoras. O autor propôs a criação de uma conta transitória no plano de contas das seguradoras para registrar os débitos e créditos relativos à correção monetária e, com isso, evitar que as demonstrações contábeis apresentassem resultados distorcidos.

Assim como Standerski (1985), Figueiredo (1991), Luporini (1993) e Castiglione (1997), diversos autores também, demonstraram preocupações com a questão da análise dos resultados das seguradoras ao apresentarem em suas obras novos modelos ou métricas de análise de desempenho/avaliação das seguradoras.

Figueiredo (1991) propôs um modelo de desempenho de empresas de seguros, baseado nos princípios e fundamentos do Sistema de Informação de Gestão Econômica (GECON), possibilitando que sejam apurados resultados e desempenhos que sirvam de instrumento para a otimização do processo decisório. O trabalho, também, menciona importantes aspectos técnicos, econômico-financeiros e de gestão de uma seguradora. A autora enfatiza em sua obra sobre a importância de conhecer como, quando e onde o lucro foi gerado, para que as ações eficazes sejam implementadas, onde e quando necessárias.

Enquanto Luporini (1993) desenvolveu, em sua tese de doutorado, o tema sobre a Avaliação de Companhias Seguradoras, no que tange as insuficiências dos critérios existentes. Ele propôs um novo modelo adaptado às suas necessidades gerenciais e às condições conjunturais brasileiras, sendo que na época de sua elaboração o Brasil vivenciava um cenário de altas taxas de inflação. O modelo proposto para a avaliação das seguradoras compreende as demonstrações contábeis, em correção monetária integral, adaptadas ao uso gerencial, critério específico para avaliação dos negócios, análise dos investimentos, eficiência operacional e

indicadores econômico-financeiros. O trabalho descreve as principais características técnicas, econômico-financeiras e de gestão de uma seguradora, não tratando especificamente da análise baseada nos índices combinados.

Castiglione (1997), por sua vez, aborda em sua obra, além dos principais conceitos, critérios de avaliação de resultados de uma seguradora, através do uso de indicadores de avaliação de desempenho e de análise econômico-financeiros aplicados. O trabalho menciona, também, alguns aspectos técnicos e operacionais da atividade de seguros no Brasil. Todavia, o livro não apresenta uma análise detalhada do resultado operacional das principais seguradoras do mercado brasileiro.

Com enfoque nas seguradoras de ramos elementares, Silva (1997) propôs em sua dissertação a utilização de um sistema de ratings classificador de riscos. Através de notas, configuradas por letras, classifica a empresa de melhor desempenho e baixo risco (“AAA”) a de pior desempenho e alto risco (“CCC”), facilitando, dessa forma, a análise de uma companhia de seguros. A autora finaliza o estudo, agregando os resultados apresentados pelo sistema aos 20 maiores grupos/companhias seguradoras do mercado brasileiro para o período de 1992 a 1996.

Já as obras escritas por Figueiredo (1997) e Silva (1999) foram direcionadas e são utilizadas, especialmente, para o ensino da disciplina de “Contabilidade de seguros” nos cursos de graduação em Ciências Contábeis e Atuariais.

Em 1997, Figueiredo apresentou uma breve retrospectiva histórica do seguro no Brasil, as principais características das atividades de seguros, o plano de contas, as demonstrações contábeis das companhias seguradoras e exemplo de registro das transações de seguros com a finalidade de fixar os conceitos apresentados. Contudo, não aborda a questão da análise do resultado operacional das seguradoras. Enquanto que Silva (1999) discorre, em seu livro, sobre os principais aspectos técnicos, jurídicos, contábeis e operacionais relativos à operação de seguros no Brasil e, também, apresentando os principais conceitos e exemplos de cálculo dos indicadores econômico-financeiros utilizados de uma seguradora.

Em 2000, diante de um cenário de estabilização da economia brasileira e de aumento da concorrência, os autores Leite (2000) e Lucas Filho (2000) estudaram em suas dissertações, respectivamente, sobre a evolução e projeções futuras do mercado segurador e a metodologia utilizada pelas seguradoras para a formação do preço.

Leite desenvolveu o tema sobre a evolução do mercado segurador brasileiro após a estabilização da economia com a implantação Plano Real no período de 1994 a 1999, bem como elaborou projeções para os anos de 2000 a 2004, em dois cenários econômicos: um pessimista e outro otimista.

Lucas Filho (2000) buscou identificar o método utilizado pelas seguradoras brasileiras para a formação do preço de venda dos seguros. O autor observou que as seguradoras focam no componente estatístico, base de cálculo do prêmio comercial, dando pouca ênfase a outros componentes, especialmente, aos relativos às despesas administrativas e tributárias. O autor propõe que na formação de preço dos seguros sejam considerados os tributos, uma vez que não são apropriados diretamente aos produtos; as receitas financeiras, bem como que haja um desdobramento do item “despesas administrativas” em três variáveis distintas (despesas com tributos diretos, despesas administrativas diretas e despesas administrativas indiretas).

A dissertação de Kalsing (2005), também, abordou sobre o cenário econômico Pós-Plano Real e as transformações ocorridas em diversos setores empresariais, focando nas fusões e aquisições e na tendência à concentração de ambas as indústrias. O trabalho consistiu em avaliar os modelos de alianças estratégicas nas indústrias bancárias e seguradoras no Brasil no período de 1995 a 2003, através de um estudo transversal aplicado aos resultados das organizações.

Preocupado com a percepção dos gestores financeiros das companhias seguradoras brasileiras, Pereira (2006) discorreu em sua dissertação sobre a importância da utilização de indicadores econômico-financeiros para análise de desempenho dessas companhias, cujos dados foram coletados, mediante a aplicação de questionário de pesquisa específica para uma determinada amostra de seguradoras. Adicionalmente, o trabalho apresentou um referencial histórico do seguro, o mercado segurador brasileiro, bem como os conceitos básicos e técnicos de suas operações.

Diferentemente dos demais autores citados, a dissertação de mestrado de Rodrigues (2008) teve como objetivo principal investigar o gerenciamento da informação contábil, através das provisões técnicas constituídas pelas seguradoras como resposta à regulação econômica e tributária do Mercado Brasileiro de Seguros; uma vez que mudanças nos valores dessas provisões podem afetar significativamente os valores do passivo, do patrimônio líquido e do lucro tributável dessas sociedades seguradoras.

Cabe destacar que no estudo aqui proposto, relativo à análise do desempenho operacional das companhias seguradoras atuantes no ramos de automóveis, não estão sendo considerados os efeitos decorrentes de uma possível ocorrência de gerenciamento da informação ou manipulação das provisões técnicas.

Conforme é possível verificar, nos trabalhos pesquisados e apresentados, não foi observado um enfoque na análise do desempenho operacional das seguradoras pela utilização dos índices combinados.

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