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2 OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DA BAHIA: QUE COMUNIDADE É ESSA?

2.6 Para não concluir

Este artigo teve como objetivo descrever a trajetória do OEM-BA e analisar em que medida ele se configura como uma CoP. Em vista disso, descrevemos sua estrutura organizacional, os propósitos, práticas e seu modo de gestão e rotina. A partir da descrição e análise dos dados, argumentamos que o OEM-BA evoluiu ao longo de sua trajetória para uma CoP, ao oportunizar a renegociação da prática social e dos empreendimentos na interação constante entre os envolvidos.

Com base nesses resultados, este artigo fornece contribuições para o campo da Educação e Formação de professores no que tange à organização de espaços que permitem o diálogo entre a escola e a universidade (NACARATO, 2016) e à reunião de membros que participam de diferentes comunidades no âmbito da Educação (OLIVEIRA, 2016). Em

particular, esses resultados desconstroem a linearidade dos estágios de desenvolvimento de uma CoP (WENGER, 1998; WENGER; SNYDER, 2001; WENGER; McDERMOTT; SNYDER, 2002) e ajudam a fomentar a formação de professores e/ou desenvolvimento profissional docente, no âmbito de um programa reconhecido e legitimado por uma instância governamental, o OBEDUC.

Assim, contribui em relação à trajetória que essas comunidades podem trilhar para que os membros busquem empreendimentos que favoreçam o seu desenvolvimento e aprendizagem, ratificando os argumentos e sugestões de outros estudos da Educação Matemática (CYRINO, 2009; GRAVEN; LERMAN, 2010; RODRIGUES; SILVA, MISKULIN, 2017). Além disso, esses resultados contribuem ao mostrar que há diferença dessa CoP comparada a outras já socializadas na literatura em Educação Matemática (FIORENTINI, 2009; BELINE, 2012; ROCHA, 2013; NAGY, 2013; BALDINI, 2014; GARCIA, 2014; TINTI, 2016).

Entretanto, esta investigação não se esgota aqui, visto que outras investigações merecem ser desenvolvidas para aprofundar a forma como os membros participaram e negociam significados na CoP OEM-BA, bem como as relações que os diferentes partícipes estabeleceram ao constituir-se em uma Comunidade de Prática, e etc. Isto é, analisar a dimensão engajamento que configura uma importante fonte de coesão à prática social dessa CoP.

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3 AS RELAÇÕES DE PODER NA NEGOCIAÇÃO DE SIGNIFICADOS EM UMA