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1. Modelos Regulatórios

1.4 A regulação discricionária do segmento de distribuição

1.4.5 Parcela B OPEX

Existem basicamente duas formas de apuração do OPEX eficiente. A primeira delas é o modelo de Empresa de Referência, também conhecida como Bottom-Up. Neste sistema, os custos reconhecidos são obtidos a partir da construção de uma empresa eficiente operando na área da empresa real e sujeita às restrições que enfrenta a empresa. É necessário levantar, por exemplo, a quantidadeà deà p ofissio aisà ti a à pa aà adaà depa ta e to;à oà sal ioà dio,à po à fu ção,à deà cada profissional deste departamento; os valores gastos, por ano, em materiais e serviços para cada departamento; o custo de frota; e assim por diante.

Já a metodologia Top-Down pode ser sub-dividida em duas: a primeira, chamada intra-empresa, considera dados da própria concessionária, em sua série histórica, buscando a eficiência máxima que ela mesmo atingiu ao longo de determinado período. A segunda, chamada inter-empresas, considera um benchmarking, ou seja, busca-se dados em empresas congêneres que permitam, mediante linearização dos custos por determinadas variáveis, aquelas que são as mais eficientes, aplicando estes custos às demais empresas.

Houve no Brasil, entre o 2º e o 4º ciclo, um momento de transição entre metodologias. Isso porque, no 2º ciclo, foi utilizado o método de Empresa de Referência para definir o custo ope a io alà efi ie te àdasàdist i uido as.àJ àago a,à oà ºà i lo,àoà todoàdeàdefi içãoàdoàOPEXà à o benchmarking.

Para possibilitar esta mudança de metodologia, o 3º ciclo foi responsável por definir uma trajetória de mudança de metodologias, dentro do Fator X (chamado de componente T). Esta trajetória fez com que as distribuidoras tivessem mais tempo para se adequarem à mudança de regra. O Fator X no 3º Ciclo era composto por três componentes:

 O Componente Pd a ser aplicado nos reajustes tarifários de cada concessionária é definido a partir da produtividade média do setor de distribuição e do crescimento médio do mercado faturado e do número de unidades consumidoras da concessionária entre as revisões tarifárias do 2CRTP e do 3CRTP

 O Componente T tem por objetivo estabelecer uma trajetória na definição dos custos operacionais regulatórios. Essencialmente, trata-se de uma transição entre metodologias diferentes para a definição de custos operacionais eficientes.

 O Componente Q tem por finalidade incentivar a melhoria da qualidade do serviço prestado pelas distribuidoras ao longo do ciclo tarifário, alterando as tarifas de acordo com o comportamento de indicadores de qualidade DEC e FEC.

No 4º Ciclo foram mantidos os mesmos fatores. Houve, entretanto, evolução no componente Q, que passa a absorver também a percepção que os consumidores tem do serviço prestado (ANEEL, 2015d). Ainda, o Componente T permanece neste ciclo já que, como há um limite anual de redução tarifária (atualmente de 5% ao ano), e após o 3º ciclo algumas concessionárias não atingiram o limite do OPEX calculado pelo Benchmarking, a redução gradual dos custos operacionais permanecerá até que a meta seja alcançada (ANEEL, 2015e).

Problemas de Aplicação do Fator X

Há dois problemas principais quando falamos sobre Fator X: o primeiro é que, diferente do que foi originalmente criado para as privatizações britânicas de telefonia e água, onde o Fator X era aplicado sobre os custos iniciais reais das empresas (IBAÑEZ, 2005b), no Brasil o OPEX já parte da f o tei aà deà efi i ia ,à ouà seja,à asà e p esasà j à e e e à oà e o à OPEXà possí elà da ueleà segmento. Isso significa que o Fator X no Brasil tem muito mais relação com o compartilhamento de produtividade pelo aumento de mercado do que propriamente com o incentivo à eficiência, já que toda a eficiência possível já foi capturada no DEA do OPEX. Por isso,à à i justoà o a àdeà forma igual de todas as distribuidoras do país um crescimento de mercado médio, já que existem taxas de crescimento completamente diversas nos estados nacionais – taxas estas que independem por completo da gestão das empresas.

O segundo problema é: mesmo desconsiderando o primeiro ponto, e mesmo assumindo que o Fator X possa ser aplicado a todas as empresas, sua aplicação atual está errada. Para entender o porquê, é importante verificar o que a ANEEL entende como objetivo fundamental do Fator X (ANEEL, 2011):

O Fator X tem por objetivo principal garantir que o equilíbrio entre receitas e despesas eficientes, estabelecido no momento da revisão tarifária, se mantenha ao longo do ciclo tarifário. O Fator X é utilizado nos reajustes tarifários para corrigir o valor da Parcela B. Assim, o objetivo perseguido na definição do Fator X é de estimar os ganhos potenciais de produtividade da Parcela B ao longo do período de vigência das tarifas estabelecidas nos reajustes tarifários.

A fórmula vigente para a aplicação do Fator X nos reajustes tarifários é (ANEEL, 2016):

= × � − (Equação 1.4.5-1)

Onde:

VPB: O valor da Parcela "B" nas datas posterior (1) ou anterior (0);

IGPM: Índice Geral de Preços do Mercado, também designado IVI. É uma das versões do Índice Geral de Preços (IGP) calculado pela FGV;

X: Também designado Fator X. É o valor a ser subtraído do IGPM, ou IVI, com objetivo de compartilhar com os usuários e consumidores da distribuidora os ganhos de eficiência empresarial e da competitividade estimados para o período, contribuindo assim para a modicidade tarifária.

Issoà ue àdize à ueàoàFato àXài ideàso eàaàPa elaàBàe àp olàdeàu à estí uloà àefi i ia àdasà concessionárias de distribuição. Ocorre que a Parcela B possui três componentes: a Quota de Reintegração Regulatória (QRR), a Remuneração de Capital (RC) e os Custos Operacionais (OPEX).

Efi i ia à àu à o eitoà ueàsig ifi a,à asi a e te,à faze à aisà o à e os .àEsteà o eitoà à e p egadoà oàestudoàdoàOPEXàdaàáNEEL,à ueà o side aàosà ustosàope a io aisà o oà i su o ,à e ua toàoà e ado,àaà edeàeàaà ua tidadeàdeà lie tesàsãoà o side adosà p odutos .àBus a-se, portanto, quem oferece mais produtos com menos insumo. Este conceito é perfeitamente defensável quando falamos do OPEX. No entanto, consideramos que não é coerente aplicar o Fator X sobre a QRR, muito menos sobre a RC. Isso porque ambas são variáveis diretas do CAPEX, calculadas da seguinte forma:

QRR = [Base Bruta (-) 100% Depreciados (-) Obrigações Especiais Líquidas] x [Taxa Média de Depreciação]

Ora, se a BRR é aferida por meio de uma metodologia de Valor Novo de Reposição, que já traz certa eficiência ao cálculo do CAPEX, se as taxas de depreciação são definidas pelo Manual de Controle Patrimonial do Setor Elétrico (MCPSE) e não podem ser questionadas pelas concessionárias, e se o WACC é regulatório e também não pode ser alterado, onde reside a oportunidadeà deà efi ie tiza à estasà pa elasà dasà e p esas?à Éà oà í i oà i oe e teà o a à destes componentes da Parcela B uma eficiência impossível de ser conseguida, já que falamos de determinações da própria ANEEL que não estão sob gestão das distribuidoras. Este problema fica ainda maior caso adotados os módulos propostos pela NT 071/2015, que já definirá um CAPEX

efi ie te .

Um estudo com 23 concessionárias17 a participação de cada componente na Parcela B destas

distribuidoras no 3º Ciclo de Revisão Tarifária.

Tabela 6: Distribuição dos componentes da Parcela B

Custos Operacionais (OPEX) 7.061.332.721,57 54,38% Remuneração do Capital (RC) 3.612.205.173,19 27,82% Quota de Reintegração (QRR) 2.310.564.628,04 17,80%

Fonte: FARIA, 2012.

Assim, podemos observar que o OPEX representa 54,38% da Parcela B, ao passo que as componentes ligadas ao CAPEX – que não poderiam receber interferência do Fator X – representam 45,62%. Conclui-se, portanto, que quase a metade da Parcela B recebe, incorretamente, um estímulo à eficiência além do possível.

Assim, se faz pouco sentido ter um fator X para o segmento de Distribuição no Brasil, para o de geração faz menos sentido ainda – poisà ãoàest àp ese teà e à es oàoà au e toàdeà e ado ,à que poderia gerar ganhos de produtividade ao longo do contrato. Mesmo assim, foi incluída no termo aditivo ao contrato de concessão das usinas cotistas a condição de Fator X, e novamente aplicada so eà todaà aà pa elaà deà GáGà e ui ale teà à Pa elaà B à dasà dist i uido as, compreendendo o CAPEX). Assim, o erro que nasceu na distribuição não só foi perpetuado, como foi agravado.

17 AES Sul, Amazonas, Bandeirantes, Caiuá, Ceal, Celpa, Celpe, Celtins, Cemar, Cflo, Chesp, Cocel, Coelce, Copel, Cosern, Eflul, Elektro, Eletrocar, Eletropaulo, Jaguari, Light, RGE e Vale do Paranapanema.