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Este capítulo traz a análise documental, ilustrada por algumas falas (extraídas das entrevistas), que foi realizada para compreendermos melhor a proposta de inserção da criança como sujeito participativo no contexto do município estudado, por meio da elucidação dos seus princípios, suas diretrizes e suas opções políticas materializadas em ações.

É importante demarcar, primeiramente, que essa política municipal se desenvolveu em meio a um cenário nacional bastante favorável para a educação brasileira, especialmente a pública, no qual o Governo Lula realizou mudanças estruturais como a universalização da Educação Básica; a demarcação do conjunto de metas do Plano Nacional de Educação/PNE, a serem alcançadas mediante a cooperação com os entes federados; a aprovação do FUNDEB, que aumenta a sub-vinculação dos impostos, a partir de contribuição de todas as esferas de governo (federal, estadual, municipal) e calcula um piso salarial nacional, assim como a instituição do Plano de Desenvolvimento da Educação/PDE, com foco nas Regiões Norte e Nordeste, entre outras ações que ratificam a concepção de educação como um direito humano indispensável à realização de outros direitos. Esta contextualização reforça o que buscávamos, desde o inicio, com o exemplo deste município, que adotou o programa Participação Criança, a partir de princípios adotados na administração municipal, no contexto da gestão nacional.

4.1 – A Política Educacional da Prefeitura Municipal de Olinda (2001-2008)

A cidade de Olinda, como a maioria dos municípios brasileiros, acompanha estes avanços e desafios em um contexto de grande densidade demográfica (cerca de 9.029 hab/km²), precariedade da infra estrutura sanitária; forte desigualdade entre os seus moradores (um dos maiores índices de concentração de renda da Região Metropolitana do Recife), além do desemprego, dos baixos salários, da precária

qualificação profissional dos trabalhadores, da reduzida receita tributária e outros problemas estruturais, como a criminalidade, a violência doméstica, a exploração sexual, o consumo de drogas, o trabalho infantil, a gravidez na adolescência, entre outros que interferem diretamente sobre a qualidade de vida e as perspectivas de futuro das populações jovens. Por não ser uma “ilha” isolada das outras cidades da RMR, Olinda também é bastante afetada pela concentração dos problemas urbanos, típicos das regiões metropolitanas.

A administração municipal do período em foco (2001-2008), na perspectiva de enfrentamento dos problemas locais, investiu na construção/reconstrução de uma política inclusiva e de qualidade, principalmente pela implementação de programas focados nas populações mais excluídas, com vistas a fortalecer e reconduzir, em nível municipal, a inversão de prioridades e os investimentos sociais introduzidos pelo Governo Federal.

Dessa forma, foi disseminado, desde 2001, um modelo de gestão que privilegia mecanismos concretos de participação popular, a exemplo da adoção do “Orçamento Participativo, instrumento democrático de planejamento e gestão, que envolve a organização de plenárias, constituídas por delegados eleitos pela população [das 10 Regiões Político-Administrativas – RPAs] para participar das diversas instâncias deliberativas, que definem, ao lado do Plano Plurianual – PPA, as prioridades de parte dos investimentos a serem realizados nos Municípios” (OLINDA, 2007, p. 16).

Na vivência de dois mandatos consecutivos, o governo da Prefeita Luciana Santos (2001-2008) assumiu, no âmbito de sua política educacional, os compromissos com a democratização do ensino e com a oferta de uma escola pública de qualidade social para todos. Estes compromissos constituem históricas lutas reivindicativas dos educadores e fortalece a educação escolar pública, como um imprescindível instrumento para a superação das injustiças sociais e para a emancipação humana. Nesta direção, a realização de Conferências Municipais de Educação foi um marco importante em meio aos processos democráticos de participação das forças sociais na construção coletiva do Plano Municipal de Educação de Olinda.

A Rede de Educação Pública Municipal de Olinda oferta Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos, através de um parque escolar constituído por 44 escolas e 50 anexos (espaços alugados ou cedidos como extensão das salas de aula da Escola Base), além das 14 creches (02 municipalizadas e 12

conveniadas) distribuídas nos diversos bairros da cidade.

O tema central da gestão, eleito pela Secretaria de Educação e Desporto de Olinda (SEDO), é “a educação cidadã”, ao lado dos princípios da “democratização do acesso com permanência, a democratização da gestão e a qualidade social da educação”, que se expressam por meio de uma educação inclusiva, voltada para a formação integral do ser humano ético e solidário, da valorização dos docentes e da participação de professores e demais trabalhadores da educação, de alunos e dos pais nas instâncias decisórias da comunidade escolar (OLINDA, 2007, p. 10).

Em concordância com as diretrizes da política educacional do município, elegeu-se o tripé: Educação Cidadã, Gestão Democrática e Qualificação dos Espaços Educacionais, sob o alicerce da educação enquanto um direito social indispensável à formação da cidadania e à construção coletiva de um projeto de inclusão e de qualidade social para o conjunto da população. Essa concepção propõe um amplo processo educativo, cujo cerne reside na formação de um sujeito crítico, criativo, ético e autônomo, capaz de exercitar uma convivência solidária e de contribuir efetivamente na construção coletiva de um projeto social justo, solidário e, sobretudo, mais humano. (OLINDA, 2003).

Assim, no âmbito da sua política pública municipal, a gestão assume o compromisso com um projeto social que possibilite a superação de situações de desigualdades sociais e educacionais e prioriza uma formação humana fundada nos princípios da solidariedade, da cidadania responsável e da justiça social (OLINDA, 2003).

Esse entendimento, por sua vez, demanda a concretização de uma educação escolar que fortaleça a identidade sociocultural dos indivíduos e dos grupos, como expressão de suas diferenças e riquezas simbólicas e materiais. Ou seja, uma educação democrática que compreenda a cultura da escola e dos seus processos, de forma a articulá-los às relações sociais mais amplas. Entre as prerrogativas básicas dessa educação escolar priorizada, merecem destaques: os processos de gestão democrática; a busca da permanência, da criança, com qualidade (implantação dos ciclos de aprendizagem); a valorização dos profissionais/educadores; o desenvolvimento de programas e projetos articulados com as famílias e a comunidade local.

suas ações, priorizou a inclusão das crianças de 06 anos, ampliando o Ensino Fundamental para 09 anos, assumindo a reestruturação gradativa do ensino em ciclos de aprendizagem, respeitando os diferentes tempos e ritmos dos estudantes, investindo na formação continuada dos educadores da Rede Municipal de Ensino de Olinda, com destaque para a leitura e a escrita, e convocando a população para enfrentar o analfabetismo na cidade.

No eixo da política, reafirma-se a concepção de sujeito participativo, enquanto pessoa capaz de realizar mudanças. Um sujeito que, por sua vez, precisa encontrar na escola as condições necessárias para continuar aprendendo com autonomia, o que for importante à sua condição de cidadão (OLINDA, 2003).

Com relação à gestão democrática, faz-se necessário assinalar alguns mecanismos de participação popular e controle das ações públicas educacionais, tais como: o fortalecimento e a ampliação dos Conselhos Escolares para todas as unidades de ensino do município; a valorização do Conselho Municipal de Educação enquanto instância de consulta, de articulação com a sociedade e de deliberações educacionais; a eleição direta dos dirigentes das escolas; as comissões setoriais; o Fórum de Gestão da SEDO; a realização de Conferências Municipais de Educação de Olinda, a cada dois anos, com o objetivo de avaliar e propor a política educacional a ser adotada no Município; e a elaboração do Plano Municipal de Educação (PME) de Olinda, que analisa, faz a crítica da realidade educacional e indica os objetivos e metas a serem exercidas nos diversos níveis e modalidades de ensino que estão sob a jurisdição do município (OLINDA, 2007).

O PME de Olinda foi construído, através de um amplo processo de participação da sociedade olindense (gestores municipais, educadores, entidades não governamentais, movimento estudantil, sindicatos, conselhos de direitos, comunidade educativa em geral). O seu texto abrange um conjunto de medidas para aprimorar a participação cidadã, a gestão democrática, o financiamento do ensino público, a atualização do currículo, a reestruturação da rede física escolar, a valorização dos profissionais da educação, entre outras, ratificando, assim, a qualidade social da

educação, que foi adjetivada em consonância com o documento síntese da V Conferência Nacional de Educação:

Qualidade social implica providenciar educação com padrões dignos e adequados aos interesses da maioria da população, tendo como valores

fundamentais: a solidariedade, a cidadania, a autonomia e a justiça e, como consequência, a inclusão social, mediante a qual todos as/os brasileiras/os se tornem aptoas/os a responder questionamentos, a problematizar situações, à tomada de decisões buscando as ações coletivas possíveis e necessárias ao encaminhamento dos problemas individuais e da comunidade onde vivem e trabalham (CONED, apud OLINDA, 2007).

Dessa forma, a política educacional adotada pelo governo municipal de Olinda expressa, na implementação de sua proposta pedagógica, os princípios e as diretrizes do seu projeto social, reafirmando a gestão democrática e a participação dos diversos atores sociais, incluindo o educando do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Educação – enquanto sujeito social – capaz de ensaiar seus primeiros passos na co-construção dos processos educativos vivenciados na escola e para além dela, a exemplo do incentivo à implantação de grêmios estudantis (a partir dos anos finais do EF) e a instituição do Programa Participação Criança (a partir dos primeiros anos do EF), ações estas, que representam marcos na construção coletiva de um projeto político pedagógico participativo e democrático.

4.2 – A Instituição do Programa Participação Criança

Na perspectiva de fortalecer a cultura participativa entre os meninos e as meninas do Ensino Fundamental, no cotidiano das escolas da Rede Municipal de Educação, a Secretaria de Educação e Desporto de Olinda (SEDO) instituiu, em julho de 2005, o Programa Participação Criança, incluindo os estudantes, desde os primeiros anos de escolaridade, no exercício da construção do espaço escolar e para além dele. Assim, conforme depoimento de uma técnica da Secretaria de Educação,

“(...) na medida em que você fortalece o processo democrático, desde a Educação Fundamental (e desde a Ed. Infantil), você está contribuindo para que a criança, desde cedo conviva de forma democrática e possa crescer em sua cidadania, desde o período escolar, desde a infância” (T- SE).

A instituição do Programa expressa o reconhecimento da criança, enquanto um sujeito social aprendente, e da escola enquanto, espaço público de aprendizagens, de questionamento do existente, de criação cultural, de investigação, de constituição do indivíduo como um membro da sociedade.

Soma-se a essa compreensão, a necessidade de aprimorar, na formação dos meninos e meninas da Rede Municipal de Educação de Olinda, o item referente ao exercício da cidadania, pois muitos dos alunos das escolas municipais circulavam em diversos outros espaços abertos na dinâmica da cidade, a exemplo das Conferências dos Direitos das Crianças e Adolescentes de Olinda, das plenárias do “Opzinho”, da Conferência do Meio Ambiente, e de outros projetos desenvolvidos a partir da esfera municipal.

Tais iniciativas, por sua vez, demandavam mais desenvoltura das crianças e adolescentes, pois eram espaços instigantes da fala, da argumentação, da defesa de pontos de vista, da iniciativa, assim como da apresentação pública das próprias idéias e proposições, conforme o depoimento que se segue:

“O Programa Participação Criança começou por uma necessidade que a Secretaria sentia de que as crianças tivessem algumas oportunidades, alguns canais de expressão das suas idéias, dos seus pensamentos, das suas vivências... porque a gestão democrática da escola já dava essa condição aos alunos maiores, aos professores e funcionários, mas as crianças, sobretudo as menores, não tinham espaços, como nos Conselhos escolares, por exemplo. (...) E o programa foi sendo criado. Ele foi surgindo, foi se formatando. Não foi copiado de nenhum outro lugar, embora já houvesse a experiência do Orçamento Participativo do Recife (e de outras cidades), mas o nosso não tinha o caráter de definir o orçamento e, sim, oportunizar a abertura deste canal de expressão da criança. (...) Havia na época também, através da Secretaria do OP, que realizava as plenárias com os adultos; e as crianças, que acompanhavam os adultos, ficavam por lá, mas sem nenhuma finalidade. Foi, então, que se criou o Opzinho, que reunia as crianças em torno de atividades de artes para (durante a plenária dos adultos) apresentarem suas produções com seus sentimentos em relação à cidade. Mas, era uma coisa ainda pontual, só naquele momento. Depois não tinha um prosseguimento, uma sequência e nem organizava as crianças. Porque a questão não é só que as crianças opinem, mas também possam se organizar” (SE).

Nesta perspectiva, as Secretarias de Educação e do Orçamento Participativo, em conjunto, planejaram o formato mais apropriado da formação dos meninos e das meninas, que já tinham conquistado em lei o direito à participação, como um mecanismo democrático fundamental de exercício das competências de cidadania e da vivência dos valores éticos.

No primeiro ano de implantação do Programa, a coordenação, então composta por educadores das duas secretarias (SEDO e SOP), iniciou um processo de sensibilização e motivação, para que os professores e educadores das escolas aderissem à experiência de forma voluntária e consciente da importância deste trabalho, no âmbito da formação humana e cidadã.

A proposta para as unidades educativas era a de que, considerando os objetivos do projeto político pedagógico, o envolvimento das famílias e da comunidade e o próprio processo de amadurecimento didático pedagógico, buscassem coletivamente o melhor momento e o jeito próprio de envolver a criançada nos processos participativos do cotidiano escolar, nessa bonita empreitada para e pela cidadania, na qual os meninos e meninas se tornem capazes de se transformar, através das vivências de novas experiências e socializações, e de transformar seu entorno, “na construção da sua humanidade” (SOUZA, apud PRESTES, 2008, p. 08).

Assim, o desafio de abrir/ampliar os canais de participação das crianças na rotina da escola e da cidade, desenvolveu-se em diferentes ritmos, de acordo com a disposição, a compreensão e o amadurecimento de cada escola, de cada dirigente, de cada professor, de cada educador. Conforme a disposição de cada unidade educativa para experimentar o novo, expandir o diálogo, dividir as tarefas, compartilhar os saberes, concretizar um projeto com parcerias locais, com o envolvimento dos membros das comunidades, das famílias, dos poderes públicos e das organizações sociais. Alguns depoimentos ilustram este momento/idéia/ideário, conforme o que se segue:

“Tínhamos o Programa de gestão democrática na rede, que está mais voltado para os conselhos escolares: a eleição direta dos diretores; o estímulo à criação dos Grêmios Livres de estudantes (a partir dos anos finais do EF); os próprios alunos que representam o segmento no Conselho Escolar. Mas não é aquele trabalho “de formiguinha” dentro da sala de aula. E a gente com esse programa conseguir chegar à sala de aula.(...) Ele contribui com a gestão democrática, na medida em que a criança passa a ser reconhecida entre os seus próprios colegas, além de promover uma participação mais qualificada do aluno, no dia a dia da escola. Esse é o grande diferencial do programa. E, para nós, é o aspecto mais positivo que tivemos” (SA).

“Considerando a Proposta de um governo democrático e participativo, o desafio era como dar conta disso, não só no momento da gestão, mas, para além; pensar também no futuro. E envolver as crianças nesse processo é assegurar uma

formação continuada na direção do ser cidadão contribuir construindo” (DE).

“Apesar de eu ter pegado o bonde andando, acredito que, pela história de participação na cidade de Olinda, o objetivo da Secretaria foi a democratização do ensino que, com a criança maior, já acontecia na escola, por meio da participação nos Conselhos Escolares. Mas, a Secretaria queria mais que só representação. Importava participar. Ouvir a fala, a opinião da criança sobre a escola, sobre sua comunidade, sobre sua cidade” (T-DE).

O lançamento do Programa, em julho de 2005, realizou-se na formação coletiva dos educadores, por meio de uma oficina pedagógica intitulada A criança brinca, joga, estuda e participa! No término dos trabalhos, os professores motivados, pela temática, em continuar o debate e também levá-lo para o interior da escola em que trabalhavam, deixaram seus nomes e os seus contatos em uma lista, para a constituição de uma rede de interessados em desenvolver, de forma experimental, esse trabalho na Rede Municipal de Educação de Olinda.

Esse mesmo procedimento foi adotado em vários outros espaços de formação: gestores, professores, equipe técnico-pedagógica, nos quais o conjunto dos educadores da rede, em meio aos processos de estudos e sensibilização, é desafiado a comparecer na formação cidadã das crianças do Ensino Fundamental do município.

Os vários segmentos de educadores foram sensibilizados para que o debate da participação da criança pudesse ser ampliado no interior de cada escola, de forma coletiva e, em seguida, as escolas confirmavam, ou não, se gostariam de vivenciar essa experiência.

A formação dos educadores

A formação dos educadores participantes do Programa se deu em três dimensões. A primeira, de forma geral e ampla, com o conjunto dos professores da Rede, em grandes momentos semestrais, na perspectiva de fundamentar o debate em prol de uma educação que possibilite o pleno exercício da cidadania, por meio de conferências, mesas redondas, círculos de diálogos, oficinas pedagógicas e os mini- cursos voltados para as múltiplas dimensões do ser humano: “o singulus, o civis, o socius, ou seja, a pessoa em suas relações individuais, civis e sociais” (ASSIS, 2000, in

Olinda, 2007, p. 29).

A segunda dimensão é mais específica, pois é dirigida aos professores/educadores que, de forma espontânea ou consensuada com o coletivo da escola, aderiram ao Programa e assumiram uma postura de liderança/referência junto à comunidade escolar. Esse processo formativo realiza-se nos encontros periódicos bimensais e nos seminários anuais com os educadores responsáveis pelo Programa (um por escola ou por turno) para estudos, avaliações, socialização das iniciativas locais, busca coletiva de soluções para os problemas comuns e temáticas outras, demandadas pelo Programa nas diversas realidades.

A terceira modalidade de formação é a que se realiza de forma continuada, no interior das escolas, seja em momentos de planejamento, de estudos, de ações conjuntas com as famílias, comunidade local, Conselho Escolar, Conselho de Representantes de Turma e, principalmente, o desdobramento das propostas de trabalho ressignificadas e desenvolvidas em sala de aula, produto de uma relação dialógica entre alunos e professores.

Em meio ao processo de formação continuada dos professores, no âmbito da Rede, ampliou-se o acervo da Biblioteca do Professor, no qual se destacam obras e autores que realçam a formação cidadã, a exemplo de Paulo Freire (Pedagogia da Autonomia); Miguel Arroyo (Ofício de Mestre, imagens e auto-imagens); Moacir Gadotti (Escola Cidadã), entre outros.

Tal formação buscou fortalecer o processo de fundamentação teórico- metodológica dos principais atores do Programa, para que pudessem escolher, de forma coerente e consistente, os mecanismos mais apropriados de promoção da participação infantil. Ou seja, eleger os recursos e estratégias que melhor respondem ao trabalho junto às crianças, por considerarem, ao mesmo tempo: a singularidade própria do momento de vida e de escolaridade da criança, os objetivos do Projeto Político Pedagógico da instituição, as diretrizes do Governo Municipal, o movimento dinâmico artístico e cultural da cidade e, também, a temática intitulada para cada ano letivo.

A expectativa era que, com esta compreensão, as escolas pudessem construir e vivenciar projetos e subprojetos interdisciplinares de cidadania, nos quais os professores e os demais educadores estimulassem os educandos a expressarem, com liberdade, suas idéias e sentimentos sobre a vida na escola, no bairro e no município.

Em meio às atividades lúdicas, artísticas, literárias e culturais, as crianças poderiam, cada vez mais, desenvolver habilidades de expressão, de compartilhamento de tarefas, de repartição de responsabilidades, de planejamento conjunto, de avaliação e de construção coletiva de acordos de convivência. E isso, sempre com respeito às diferentes opiniões dos colegas, dos familiares e demais pessoas da sua comunidade e em situação de intervenção concreta, a partir de uma problemática real, localizada e eleita como uma prioridade pelo conjunto dos estudantes.

Para uma melhor compreensão deste trabalho, é importante indicar algumas das temáticas escolhidas coletivamente, a exemplo das destacadas nos projetos de cidadania das escolas, tais como: O meio ambiente precisa viver (Escola Municipal Pró-