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2 INSTRUMENTOS E ESTRATÉGIAS PARA CONSERVAÇÃO DA

3.5 PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE

permitindo a passagem de alguns e impedindo a de outros. Com a função “fonte”, servem de origem de onde se emanam alguns organismos. Finalmente, com função “degenerativa”, servem para eliminar organismos que eventualmente adentrem sua área.

Os corredores podem ter funções diferentes para espécies diferentes (HESS & FISCHER, 2001). Uma vez que a função do corredor é identificada, o termo tem significado explícito e pode ser medido e avaliado. Se o corredor tem múltiplas funções, múltiplas medidas de conectividade podem ser necessárias. De fato, muitos corredores têm várias funções, apesar de, muitas vezes, terem sido projetados com apenas uma intenção em mente (HESS & FISCHER, 2001). É extremamente difícil descrever a função de um corredor sucintamente. A menos que seja projetado corretamente, é improvável que cumpra sua função desejada (HESS & FISCHER, 2001).

Os gestores dessas áreas devem ter em mente as possíveis conseqüências negativas advindas da implantação de corredores mal planejados.

3.5 PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE

A complexidade em torno da implementação de um corredor exige que, para obtenção de êxito, a sua condução seja partilhada por todos os segmentos da sociedade (SWIOKLO, 2004). Os cidadãos que vivem dentro e nas regiões do entorno das áreas protegidas são tratados muitas vezes como se fossem inimigos.

Adotando procedimentos profiláticos, e dando um enfoque transdisciplinar à criação do corredor, evitar-se-ia a prática odiosa da fiscalização “protegendo” os corredores (SWIOKLO, 2004). A legislação vigente assegura o direito de participação da sociedade na criação e gestão das unidades de conservação, bem como dos mosaicos que as contém.

As consultas públicas têm a finalidade de apresentar e, ao mesmo tempo, subsidiar a localização, a dimensão e os limites mais adequados à unidade. A gestão integrada e participativa do mosaico de UCs é feita por um conselho presidido por um dos chefes das unidades que o compõem (HOROWITZ, 2003).

O Conselho gestor, do qual os vários atores envolvidos fazem parte, tem uma série de competências, entre elas: acompanhar a elaboração e implantação do plano de manejo da unidade; buscar a integração da unidade de conservação com as demais unidades e espaços territoriais especialmente protegidos e com seu entorno; envidar esforços para compatibilizar os interesses dos diversos setores sociais relacionados com a unidade; avaliar o orçamento da unidade e o relatório financeiro anual elaborado pelo órgão executor com relação aos objetivos da unidade e, por fim, opinar, no caso de conselho consultivo, ou ratificar, no caso de conselho deliberativo, a contratação e os dispositivos do termo de parceria com a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público que compartilha a gestão (HOROWITZ, 2003).

Para integrar e otimizar as atividades desenvolvidas em cada UC, as seguintes diretrizes e ações serão propostas pelo conselho: a) compatibilização dos usos na fronteira entre as unidades; b) melhor controle sobre o acesso às unidades; c) fiscalização conjunta; d) monitoramento e avaliação dos planos de manejos; e) definição de prioridades para pesquisas científicas; e f) definição de prioridades para destinar os recursos advindos da compensação referente ao licenciamento ambiental de empreendimentos com significativo impacto ambiental (HOROWITZ, 2003).

Para Anderson & Jenkins (2006), os corredores são iniciativas complexas e de longo prazo que demandam apoio de diversos setores da sociedade. Na maioria dos casos de sucesso, os corredores contavam com lideranças bem definidas, fortes coalizões institucionais e apoio do público em geral.

É importantíssimo envolver e comprometer pessoas estratégicas que sejam visionárias e motivadas a atuarem em favor do corredor. Uma vez que pessoas assim se juntam ao projeto, outras pessoas e suas instituições também se juntarão. Experiências ao longo de todo o mundo mostram que, geralmente, poucas pessoas são responsáveis por levar a cabo importantes iniciativas de conservação.

A liderança local tem 3 vantagens expressivas (ANDERSON & JENKINS, 2006): podem projetar soluções mais apropriadas baseadas no conhecimento local; reduzem a percepção de um interferência externa; e são essenciais para mobilizar outras pessoas e

instituições locais. Por outro lado, atores não locais, como ONGs internacionais, por exemplo, tem um papel mais importante em iniciativas de larga escala. ONGs também são bastante efetivas em captação e mobilização de recursos de fontes diversas, além de prestarem assistência técnica qualificada.

As coalizões intra-institucionais também são fundamentais para dar suporte às iniciativas dos corredores. Geralmente, esses arranjos institucionais surgem de segmentos da sociedade relativamente pequenos, mas comprometidos com a conservação da natureza como, Centros de Pesquisas, ONGs ambientalistas locais e até os governos locais. Em longo prazo, coalizões compostas por instituições públicas e privadas podem alavancar importantes projetos de conservação.

Obter apoio da população é essencial para o sucesso de iniciativas de corredores ecológicos, inclusive porque reduzem a resistência a projetos desse tipo. Isso implica em identificar possíveis aliados e adversários, e como eles podem contribuir ou prejudicar os objetivos dos projetos. Exceto em casos bastante específicos, os instrumentos de comando e controle não são apropriados para a implementação de corredores ecológicos, pois, em longo prazo, tem pouca probabilidade de obterem sucesso (ANDERSON & JENKINS, 2006). Os incentivos econômicos vêm sendo mais efetivos na tarefa de envolver e motivar pessoas a apoiar a implementação dos corredores.

Devido ao fato de que os corredores de áreas mais extensas inevitavelmente abarcam vários tipos de proprietários, as iniciativas demandam incentivos econômicos tanto positivos quanto negativos. Uma grande variedade de políticas de incentivo à conservação tem surgido nos anos recentes. Geralmente, são projetados para encorajar a conservação e serviços ambientais, como proteção dos mananciais.