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MOSTRA COMPETITIVA 58 53 51 50 59 57 44 34 44 37 25

lhos submetidos afetou na escolha dos dossiês. O jurado daquela edição, Ricardo Resende, pontuou que “a dificuldade é escolher o melhor dentre tantas boas obras” (RESENDE apud, O LIBERAL, 2009 p. 7). O que pode sinalizar nesse contexto são critérios ainda mais preci- sos adotados pelo júri durante a seleção como, por exemplo, talvez obras com propostas que não conseguiam estabelecer diálogos entre elas como um todo, como aconteceu na se- leção de 2012, quando Alexandre Sequeira, um dos componentes do júri daquela edição contou que muitos trabalhos de qualidade não participaram da mostra porque não dialoga- vam com o recorte construído pelo júri, "algumas obras saem devido ao conjunto que vai sendo desenhado. O trabalho da curadoria passa por aí” (SEQUEIRA apud O LIBERAL, 2012, p. 3).

Por outro lado, quando levantamos sobre o número de candidatos inscritos para dispu- tar uma vaga na mostra, no ano de 2010, a quantidade diminuiu para 280 dossiês, isto repre- senta uma queda na demanda de quase 40%, se comparada ao ano anterior (O LIBERAL, 2010, p.3). Seria uma diminuição na credibilidade dos artistas à mostra por essa rigidez dos jurados durante a seleção ou simplesmente um caso isolado? Seja qual for o motivo, o fato é que naquela edição a pouca demanda de dossiês se refletiu na quantidade de artistas da região e de outras participando do evento. Neder Charone, um dos componentes do júri daquela edi- ção, reconheceu esse fato. “Lamentamos, no entanto, não termos a presença mais forte do Norte e ainda ausência do Nordeste nessa seleção. Não teremos nenhum artista de Manaus ou Macapá, onde a cena artística é forte” (CHARONE apud LIBERAL, 2010, p. 11).

Em 2011, diferentemente dos anos anteriores, percebemos que o número de artistas selecionados para aquela edição foi previamente estipulado para somente 30 deles, porém a tabela mostra que o júri foi mais flexível, permitindo um número maior de seleciona- dos. Nesse contexto, as Organizações Romulo Maiorana preocupada com o declínio no nú- mero de submissões no ano anterior, inova ao permitir com que os artistas pudessem sub- meter seus dossiês não somente pelos correios, mas pela internet (O LIBERAL, 2011, p.2). Isto permitiu, além de facilitar a participação de artistas de outras regiões, a retomada posi- tiva na demanda na busca pelo Salão daquele ano. Segundo o levantamento feito naquela edição, foram quase 800 dossiês submetidos, sendo 396 deles feitos pela internet.

Ainda nesta mesma edição, o Salão também trás uma proposta de incentivo que não ocorria em nenhuma das suas edições anteriores, oferecendo um prêmio de 1.500 reais para todos os artistas selecionados como ajuda de custo na produção, independentemente de serem escolhidos ou não para o Prêmio Aquisição e Grande Prêmio, que tradicionalmente o Salão oferece (O LIBERAL, 2011, p.9). A medida é semelhante à política de incentivo adotada na

primeira edição da mostra do “Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia”, em 2010, a qual ofereceu o valor de 1.200 reais aos artistas selecionados para custear a instalação dos seus trabalhos no evento, visando minimizar seus custos com a produção. Isto, a nosso ver, também visa atrair o interesse dos artistas em submeter-se a seleção e melhorar a demanda na próxima edição (EDITAL, 2010, p. 7).

As mesmas medidas de incentivo pontuadas aqui continuaram sendo tomadas na edição de 2012, a qual teve um total de 525 dossiês e apenas 25 artistas escolhidos, como mostra a tabela (CARVALHO apud LIBERAL, 2012, p.5). Medidas estas que mesmo assim não foram capazes de manter a mesma demanda do ano anterior, o que sinalizou a prorroga- ção das inscrições naquela edição que corria o risco, a nosso ver, de ser ainda menor (O LI- BERAL, 2012, p.2).

Por outro lado, ainda segundo a Tabela 1, analisando a presença de artistas convida- dos, categoria presente na mostra desde sua primeira edição, parece fazer grande diferença no resultado total de artistas compondo a mostra. Decerto que na edição 1982 participaram somente quatro artistas convidados (CATÁLOGO, 1982, p. 3), bem como dez anos depois, em 1991, foram apenas seis artistas (CATÁLOGO, 1991, p. 91). Entretanto, no ano de 2000, a quantidade de artistas convidados cresceu substancialmente, 23 deles eram con- vidados, um aumento de 20% se comparado a primeira edição (CATÁLOGO, 2000, p. 24- 32; 53-54; 72-91).

As edições do Salão Arte Pará desde o ano 2000 seguem uma quantidade estável de artistas convidados, diferentemente dos artistas selecionado para a mostra competitiva e, se nessas perspectivas observarmos a tabela 1, o recorte confirma isto. A tabela nos sinaliza que, na maioria dos anos, a quantidade de artistas convidados superou o total de artistas da mostra competitiva, como mostra a edição de 2006, por exemplo, que chegou a quase 50% do total. Qual a importância de se privilegiar a participação de artistas convidados mais do que artistas na mostra competitiva? Quando identificamos quais são alguns desses artistas, começamos a visualizar o interesse nisso.

No ano de 2002, a temática do Salão Arte Pará foi: Mestres Modernistas. Poética da Forma e da Cor. Com esse tema, o Salão contou com as esculturas do artista Franz Weiss- mann, e as pinturas de Tomie Ohtake, bem como Arcangelo Lanelli, Loio-Pérsio e Aluízio Carvão (CATÁLOGO, 2002, p.11). Também, em 2003, o Salão vem sob o tema “O moder- nismo como inspiração e diálogo”, contanto com obras de Alfredo Volpi, Antônio Bandei- ra, Cândido Portinari, Emiliano Di Cavalcanti, Ismael Nery, Tarsila do Amaral, dentre ou- tros (CATÁLOGO, 2003, p. 8-36). O cuidado na escolha de obras e de artistas nessa quali-

dade, para fazerem parte da mostra pode partir não somente como complemento da magni- tude do Salão, tampouco no que tange ao caráter didático que a temática possibilita ao pú- blico, mas pelo fato de obras e artistas conceituadíssimos estarem dentro do Salão. Isto con- tribui, a nosso ver, para o prestigio e reconhecimento, tanto dos artistas na competição como para a boa imagem do evento em si.

Não podemos negar, é claro, que muitos dos artistas que participaram no Salão Arte Pará foram paraenses e tiveram espaço para difundirem seus trabalhos nele, tanto na mostra competitiva como participando na condição de convidados especiais, como é o caso do fotógrafo Luíz Braga, em 2003, que participou no Salão nessas duas categorias (CATÁLO- GO, 2003, p. 75-83). Entretanto, sendo um Salão “genuinamente paraense”, visando fortale- cer a produção artística local, entende-se que a mostra admitiria apenas artistas da região, porém isto não aconteceu durante suas edições.

Nesse sentido, analisando o primeiro catálogo do Salão, nele não se expõe a proce- dência de cada participante, bem como nas reportagens sobre o vernissage, não é possível identificar. No entanto, em 1984, os catálogos começam a identificar a procedência dos ar- tistas e se participam como convidados ou competindo, e é exatamente nessa edição que os dirigentes decidem oficializar a participação de artistas de outras regiões na mostra com- petitiva (CATÁLOGO, 1984, p.3). Portanto, a partir desse momento o Salão passa a admitir oficialmente artistas de outras regiões, política que permanece até hoje. Por meio dessa modificação no evento, ele passa a agregar valores nacionais, isto é, o Salão continua apoi- ando artistas paraenses, porém difundindo os trabalhos de artistas de diferentes localidades do país juntamente com o deles.

Em 1984, foram cinco artistas de outras regiões do país participando na mostra competitiva, estes, oriundos de Fortaleza, São Paulo e Pernambuco e, na categoria convida- do, temos um de Fortaleza (CATÁLOGO, 1984, p. 7-10). Mas para frente, nos anos de 2002 a 2012, começamos a compreender o Salão Arte Pará como um evento consolidado, no que se refere a sua repercussão e, portanto, visualizando uma abrangência nacional, por meio de políticas de incentivos a participação de artistas de fora, submissão por dossiê, por exemplo, o número de participantes de outras localidades do país torna-se significantemente maior e, em certos momentos, ultrapassa os da própria região Norte, como mostra a Tabela 02 a seguir.

Tabela 02 – Artistas paraenses no Salão

Fonte: Liberal (2002; 2003; 2004; 2005; 2006; 2007; 2009; 2010; 2012.) e www.frmaiorana.org.br,2014.

No ano de 2002, por exemplo, além do Pará, o evento contou com artistas partici- pando na mostra competitiva oriundos dos estados de São Paulo, Rio de janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Distrito Federal, Pernambuco, Minas Gerais e Bahia. No total daquele ano, o estado de São Paulo liderou com 10 representantes (CATÁLOGO, 2002, p. 48-91). Ainda no contexto da tabela, constatamos que os estados que mais disputaram uma vaga no Salão Arte Pará, foram São Paulo e Rio de janeiro. Na edição de 2004, por exemplo, 12 dos selecionados eram do Rio e 9 de São Paulo (O LIBERAL, 2004, p. 7). Na edição de 2006, praticamente ficaram empatados, 11 cariocas e 10 paulistas (O LIBERAL, 2006, p.1). En- tretanto, em 2010, São Paulo abre vantagem com 15 artistas e o Rio de janeiro aparece com 10 (MENEZES apud O LIBERAL, 2010, p. 11). E, na edição de 2011, o estado também li- dera o ranking com 13 artistas contra 8 do Rio de janeiro (MENEZES, apud O LIBERAL, 2011, p. 9).

Por outro lado, ainda no recorte da tabela, o Salão Arte Pará não se resume apenas a estes dois grandes polos das artes, muitos outros estados fizeram parte da mostra, destaque também para Minas Gerais e Ceará. Praticamente, nos anos mostrados na tabela, em cada edição participou no mínimo um artista mineiro, em especial, o ano de 2004 em que seis deles tiveram trabalhos selecionados (CATÁLOGO, 2004, p 104-108). Os artistas cea- renses não participaram em todas essas edições, porém vale destacar que em 2005 tive- ram sete artistas no Salão (O LIBERAL, 2005, p. 2). No que se refere a Bahia, Matogrosso do Sul e Alagoas, todos aparecem com apena um artista. Além destes estados também pas- saram artistas da Paraíba, Goiás, Santa Catarina, Maranhão, Acre e Manaus.

Portanto, a diversidade de artistas vindos de diferentes regiões do país torna o Salão Arte Pará indubitavelmente num evento não mais regional, e sim, nacional. Como sua re- percussão chegou ao conhecimento dos artistas das demais regiões do país, principalmente por meio da internet, o interesse desses artistas em participarem do evento pode se justificar talvez pela possibilidade de verem seus trabalhos apresentados fora de sua região, isto pode lhes possibilitar não somente a aquisição de prêmios, mas prestígios, pois ter uma obra exposta num salão de arte onde participam também artistas renomados no cenário artístico